João Lins Vieira Cansanção, o Visconde de Sinimbu

João Lins Vieira Cansanção nasceu em são Miguel dos Campos
Visconde se Sinimbu

Visconde se Sinimbu

O primeiro e único Barão e Visconde com grandeza de Sinimbu — recebeu o título em 16 de maio de 1888 — nasceu em São Miguel dos Campos, no Engenho Sinimbu, em 20 de novembro de 1810, e faleceu no Rio de Janeiro, em 27 de dezembro de 1906.

Era filho do capitão de ordenanças Manoel Vieira Dantas (nasceu em Porto Calvo em 1795 e faleceu em 30 de julho de 1850 ou 1855) e Ana Maria José Lins, duas figuras lendárias das lutas republicanas de 1817 e 1874. Ana Lins descendia dos holandeses e de Cristovão Lins, de Porto Calvo, enquanto Manoel Vieira era filho de Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque e Catarina Vieira Dantas.

O Visconde de Sinimbu teve os seguintes irmãos: Manoel Duarte Ferreira Ferro, barão de Jequiá; Francisco Frederico da Rocha Vieira; Franscisca Vieira Lins; Ignácio de Barros Vieira Cajueiro; e Ana Luísa Vieira de Sinimbu.

Os apelidos Ferro, Cansação de Sinimbu e Cajueiro foram incorporados aos seus nomes, segundo o jornal Correio Mercantil de 12 de setembro de 1867, em 1831 “Do civismo dessa família, de seu brasileirismo, nasceu a adoção dos apelidos — Ferro, Cajueiro e Sinimbu — com que pretenderam exibir pela simples enunciação de seus nomes os seus caracteres patrióticos, naquela época de luta com o partido Corcunda que pretendia a restauração do primeiro reinado, e preponderância de Portugal nos negócios políticos do novo império”.

O jornal destaca ainda que sempre foram Liberais e que mesmo asssim o Barão de Jequiá quando “muito moço“, “foi um dos principais auxiliares da administração daquuela província no tempo da regência”. Como se verá mais adiante, o jornal se referia a campanha contra os “Cabanos”.

Seu pai foi a maior liderança alagoana nas lutas de 1817, a Revolução Pernambucana, e de 1824, a Confederação do Equador.

Por ter enfrentado a monarquia, foi encarcerado e condenado a morte, mas fugiu espetacularmente de uma fortaleza em Pernambuco, contando com a ajuda do filho Manoel.

O capitão Manoel Vieira Dantas e outro filho, Frederico, tiveram que fugir de Alagoas por anos.

Em 1824, João Lins Vieira e sua mãe, Ana Lins, se entrincheiraram na casa grande do Engenho Sinimbu e travaram a última batalha da Confederação do Equador, enfrentando à bala as tropas imperiais até que a falta de munição os levou a se renderem.

Ana Lins e seu filho, futuro Visconde de Sinimbu, foram levados para a Cadeia Pública de Alagoas.

Carreira política

Ana Lins

Em Pernambuco, estudou Direito na Academia Jurídica de Olinda e teve uma vida ativa como jornalista, escrevendo para o Olindense ou para o Eco de Olinda, criado por ele. Dirigiu ainda o Equinocial e o Velho Pernambuco, jornais importantes na época.

Não demorou em Pernambuco e seguiu para a Europa onde aperfeiçoou seus estudos. Em Paris, durante um ano estudou medicina legal e química. Depois seguiu para a Alemanha, em 1835, e obteve um doutorado na Universidade de Iena.

Após formado, foi para Cantagalo, em Minas Gerais, onde assumiu a função de Juiz de Direito. De volta a Alagoas, foi eleito deputado para a 3ª legislatura e ainda assumiu a vice-presidência e presidência da Província de Alagoas.

Casou-se em 1846 com Valéria Touner Vogler, que tinha conhecido em suas andanças pela Europa. Com ela teve quatro filhos.

Casa Grande do Engenho Sinimbu, onde ocorreu a última batalha da Confederação do Equador

Envolveu-se destacadamente no episódio da transferência do tesouro provincial para Maceió, quando assumiu o governo na capital ao saber que o presidente Agostinho da Silva Neves estava em prisão domiciliar, cercado por revoltosos na cidade das Alagoas, hoje Marechal Deodoro.

Imediatamente, diante da dualidade de poder, organizou as forças legalista e pediu ajuda à Bahia e Pernambuco, além de, como vice-presidente, ordenar ao comandante do barco que levaria o presidente detido em Marechal Deodoro para a Bahia, que o deslocasse para Maceió, onde reassumiu o poder.

Por sua ação destemida, logo após o fim do governo de Silva Neves, João Lins Vieira foi nomeado para presidir a sua província. Tinha 30 anos de idade.

Foi ainda presidente da província de Sergipe, deputado geral, ministro-presidente junto ao Uruguai, então província brasileira.

Como jornalista,  ocupou também o cargo de redator-chefe do Diário Oficial do Império. Depois foi presidente da províncias da Bahia e do Rio Grande do Sul. Assumiu ainda a chefia de Polícia da Corte, o Ministério do Exterior, da Agricultura.

Visconde de Sinimbu

Foi eleito para o Senado do Império e ocupou o cargo de Conselheiro Extraordinário, presidente do Conselho de Ministros e presidente da Câmara Vitalícia.

Como monarquista convicto, foi surpreendido com a proclamação da República em 1889, quando já estava prestes a completar 80 anos.

“Sou monarquista, morrerei monarquista, mas nunca conspirei contra a República. Receio que o Brasil se fragmente em republiquetas, o que será uma desgraça”, vaticinou. Não viveu para assistir a atuação do seu conterrâneo Floriano Peixoto, que impediu a fragmentação.

Faleceu em sua casa na Rua da Serra, zona rural do Rio de Janeiro, no dia 21 de dezembro de 1906. Morreu pobre, recusando receber uma pensão do Governo Republicano, que reconhecia os relevantes serviços prestados por ele ao país. Para sustentar a família, vendia os seus livros, jóias e condecorações.

Fonte: pesquisa do professor Douglas Apratto para o caderno Memórias Legislativas, publicado em 11 de janeiro de 1998 pela Assembleia Legislativa de Alagoas.

4 Comments on João Lins Vieira Cansanção, o Visconde de Sinimbu

  1. Fernando A. Goncalves de Lima | Maceio-AL. // 11 de abril de 2016 em 09:25 //

    Outra brilhante pessoa. Merecedora deste relato.

  2. Claudio de Mendonça Ribeiro // 20 de abril de 2018 em 20:26 //

    Lamentavelmente, não mais existem homens públicos do quilate do Visconde de Sinimbú.
    Que brasileiro extraordinário!

  3. Valdemir Nascimento // 18 de janeiro de 2020 em 11:20 //

    Como meu estado teve homens honesto políticos inteligentes .bem diferente dos malandros de hoje .

  4. José Euclides Avila de Alencar // 1 de maio de 2022 em 06:48 //

    Estou querendo achar a biografia do Coronel Francisco da Rocha Cavalcânti, Patrono da Escola Estadual Rocha Cavalcânti em União dos Palmares Alagoas.

    Sei que ele foi senador, deputado e você governador e governador substituto

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