Trajetória da sufragista negra Almerinda Farias Gama

Almerinda Farias Gama, em 1933, na eleição de representantes classistas para a Assembleia Nacional Constituinte

Almerinda Rocha Gama nasceu em Maceió no dia 16 de maio de 1899. Era filha de José Antônio Gama e de Eulália da Rocha Gama, que se casaram no início de 1896 de acordo com o proclame publicado em 2 de janeiro de 1896 no jornal maceioense O Gutemberg. O nome de solteira de sua mãe era Eulália Maria da Rocha.

Seu pai vivia do aluguel de casas populares e sua mãe foi professora (pelo menos até o casamento), como informa um jornal de 1893. Era aluna-mestra e tinha sido autorizada a dar aulas, enquanto frequentava a Escola Modelo uma vez por semana.

Almerinda Farias Gama foi morar no Pará quando tinha 8 anos de idade

Com a morte de seu pai, que faleceu em 14 de maio de 1907 (O Gutenberg de 22 de maio de 1907), sabe-se pelo convite para a missa de sétimo dia que tinha irmãos. Seu irmão veio a ser, no Pará, o tipógrafo José da Silva Gama (nasceu em 1891 e faleceu em setembro de 1941, quando já trabalhava no Rio de Janeiro). Sobre sua irmã, que nasceu em 1897, não se tem outras informações.

Por esta relação com a tipografia de José da Silva Gama, pode-se esperar que Manoel Romeiro Gama, que foi tipógrafo do jornal Gutenberg em Maceió e seguiu para o Pará em abril de 1899, sejam parentes.

A falta de condições para manter os filhos após perder o marido, levou Eulália a enviá-los (pelo menos dois deles) para serem criados por uma tia em Belém do Pará.

Foi nessa condição que Almerinda deixou Maceió em 1907, com apenas oito anos de idade. Como sabe-se que ficou até 1916 sem frequentar escolas, deduz-se que sua tia não vivia em boas condições financeiras.

Nesse período, aprendeu em casa algumas artes das chamadas prendas domésticas: corte, costura e música. Entretanto, mesmo sem escola formal, estudava com a tia e lia muito, o que a levou a escrever poesias e contos para os jornais de Belém.

Em 1919, com 20 anos de idade, teve seu O Milagre de Natal premiado com o terceiro lugar no concurso Um Conto de Natal, do jornal Estado do Pará, como foi publicado em sua edição de 25 de dezembro de 1919.

A partir do ano seguinte, após receber a herança do pai, passou a estudar na Escola Prática de Comércio em Belém. O jornal Estado do Pará informa, em sua edição de 7 de março de 1921, que a aluna Almerinda da R. Gama, cursando o 3º ano, foi premiada por sua aplicação nos estudos. Seu desempenho era tal que a partir do 2º ano já trabalhava como monitora na Escola, o que lhe permitia pagar seus estudos.

Uma nota publicada nos jornais de Belém noticia o falecimento, no dia 1º de agosto de 1920, de Almerinda da Silva Gama, “alagoana, branca, 74 anos, viúva, câncer da abobada palatina”. É muito provável que tenha sido uma parente de Almerinda, de quem pode ter herdado seu nome de batismo.

Casamento

Após um breve namoro, casou-se, em março de 1923, com um primo, o jovem escritor, poeta e jornalista Benigno Farias Gama, também alagoano (nasceu em 1º de julho de 1897) e que até poucos anos antes morava no Acre, onde fez história. Em 1921 era professor na Escola 7 de Setembro, em Xapuri.

Benigno Farias Gama, marido de Almerinda

Autor do livro de versos Epopeia Acreana, além de Miragens, Os novos e o centenário, As noites da virgem, Lorotas, Desperta e Águas e selvas (um estudo sobre a Amazônia).

Era filho de Maria Farias, professora alagoana que morava em Xapuri, no Acre, quando faleceu em 29 de agosto de 1915 aos 38 anos de idade. Já era viúva.

Benigno Farias Gama faleceu em dezembro de 1925, vítima da tuberculose. Tinha então 28 anos de idade. Almerinda chegou a ter um filho com ele, mas o bebê não viveu por muito tempo.

Não há informações sobre as atividades de Almerinda nos três anos seguintes, mas em fevereiro de 1929 desembarcou no Rio de Janeiro em busca de sua realização profissional e artística, já utilizando o nome de Almerinda Farias Gama.

Feminista

O primeiro registro em jornal da presença da alagoana no Rio de Janeiro ocorreu em 7 de março de 1930 no Diário da Noite. Revela uma Almerinda já envolvida com as lutas lideradas pela Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino (FBPPF). Mas sabe-se que ela já estava filiada a entidade presidida por Bertha Lutz desde o ano anterior.

O citado jornal havia promovido uma enquete para saber dos leitores se as mulheres poderiam pertencer à Academia Brasileira de Letras. O acadêmico Humberto de Campos respondeu que não e quem contestou seus argumentos foi a “sra. Almerinda Farias Gama, escritora do Norte, colaboradora do ‘Estado do Pará’, da ‘Folha do Norte’, do ‘Correio do Pará’, da ‘Belém Nova’ e outras publicações”.

Na carta publicada, Almerinda diz que “esperava uma opinião favorável ou, quando menos, uma justificação eruditamente fundamentada, para apoiar o seu voto contrário ao ingresso da mulher no cenáculo das letras. Tal não se efetivou. Sem apertar a cravelha, o ilustre imortal fez vibrar a corda da ‘tradição’”.

Almerinda Farias Gama nasceu em Maceió em 1899

Mais adiante, endureceu a crítica: “Já houve até um imortal que em resposta apresentou o ‘disco’ — ‘A mulher é o anjo do lar’. Qual seria o ‘imortal’ que, ouvindo Madame Curie, na Academia de Medicina, se lembrasse de aconselhá-la a ir cerzir meias e mudar os pensos dos netos?”.

E concluiu: “E agora, ilustre acadêmico, os respeitos de uma admiradora que não está longe dos 55 anos, e que, mesmo assim, sabendo que os intelectuais não se deixam apenas arrastar e guiar pelo instinto genésico, não temeria candidatar-se à imortalidade, se já estivesse consagrada pela sua pena, como Zelma Langerloff, Georg Sand, Julia Lopes de Almeida e outras, que dispensam plenamente o sufrágio das urnas acadêmicas, que elegem muitas vezes ‘ilustres desconhecidos’, cujos nomes se sepultam nas próprias urnas que os sufragam”.

Em julho de 1930 já participava de eventos da Federação no Rio de Janeiro. Um deles foi o chá de despedida oferecido pela FBPPF no Automóvel Clube ao governador do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, que estava no Rio em gozo de férias. Ele foi um dos responsáveis pela conquista do voto feminino em 1927 em seu Estado.

Em 16 de setembro de 1930, quando da inauguração do Centro de Sócias da FBPPF, Almerinda participou declamando alguns dos seus poemas.

Nesse período, trabalhava como secretária do escritório do advogado Clóvis Dunshee de Abranches, que se notabilizou por defender mulheres envolvidas em crimes, principalmente os conjugais. Em 1931 passou a trabalhar como auxiliar no Cartório do 9º Ofício de Notas.

Estimulada por Bertha Lutz, criou e foi a primeira presidente do Sindicato dos Datilógrafas e Taquígrafas (foi reconhecido somente em 1933).

Já identificada como liderança desta categoria, participou, em junho de 1931, do II Congresso Internacional Feminista, no Automóvel Club, no Rio de Janeiro, organizado pela FBPPF.

O Congresso foi instalado em 20 de junho de 1931 com a presença de Getúlio Vargas. Almerinda Farias Gama foi citada nos jornais como representante da filial da FBPPF em Alagoas, “segundo as credenciais”: “Alagoas — Almerinda Farias Gama”.

Almerinda secretariando o II Congresso Internacional Feminista de 1931, no Rio de Janeiro

Entretanto, nesta data não há registro em Alagoas da existência de nenhuma filial da FBPPF. Além disso, também não informações sobre se Almerinda mantinha algum tipo de contato com qualquer movimento feminista em Maceió.

Almerinda, que foi eleita para a comissão de redação deste Congresso, declarou em entrevista ao Diário da Noite, publicada no dia 22 de junho, que “o trabalho será a alavanca do progresso feminino, como tem sido em todas as classes sociais o motivo da independência individual”.

Na plenária sobre Educação realizada no dia 27 de junho, Bertha Lutz presidiu a mesa. Maria Eugênia Celso foi a vice-presidente e Almerinda Farias Gama secretariou. Orminda Bastos foi a consultora parlamentar.

Ainda em 1931, no Diário de Notícias de 23 de setembro, o nome de Almerinda voltou a ser citado, desta feita para informar que tinha sido eleita assessora de imprensa da União Infantil Protetora dos Animais.

Um mês depois assinou artigo em O Jornal (25 de outubro de 1931) com o título “Perspectivas”. Comentava sobre a Semana Antialcoólica, uma campanha das Sociedades de Medicina do país, argumentando que a educação social seria o caminho para se alcançar êxitos, em substituição as leis limitantes, que acreditava não funcionar e citava como exemplo os EUA.

Aproveitou para exaltar o papel que as mulheres poderiam cumprir nessa campanha, por serem mães de famílias, educadoras e parceiras dos homens na vida. Para fortalecer seus argumentos, reproduziu as palavras do dr. Oscar de Carvalho, clínico alagoano que meses antes havia proferido palestra na Sociedade de Medicina de Alagoas:

“Dentro do último Congresso Internacional Feminista, reunido no Rio de Janeiro, representou brilhantemente o nosso Estado a sra. Almerinda Farias Gama, cuja inteligência e erudição já, de há muito tempo, se vem destacando, quer no Pará, pela palavra e pela pena, quer na Capital do país, onde o seu nome é largamente conhecido. Essa nossa ilustre coestaduana, bem poderá interessar o movimento feminista, neste particular, atendendo ao apelo que, estamos certos, a Sociedade de Medicina de Alagoas se não furtará de fazer-lhe. E assim teremos a mulher brasileira interessada, intimamente, no movimento antialcoólico nacional”.

Título de Eleitor de Almerinda Farias Gama

Na Conferência de Proteção à Infância, realizada no Rio de Janeiro em setembro de 1933 (Jornal do Brasil de 21 de setembro de 1933), a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino apresentou várias propostas, entre elas, uma defendida por Almerinda Farias Gama, em nome da Federação e da União Universitária Feminina, pleiteando o reestabelecimento do curso de obstetrícia, com estudos teóricos e práticos, em todas as Faculdades de Medicina do país.

Para a formação de “Parteiras Diplomadas”, seriam ministradas disciplinas como “anatomia, patologia, ginecologia, pediatria e todos os ramos da medicina que se relacionassem com o parto, inclusive higiene e enfermagem”.

Almerinda justificava a pretensão da Federação, argumentando que “a mulher que necessita dos serviços de uma parteira, como quem quer que necessite de um trabalho dentário, não se considera doente, a não ser que concorram fenômenos patológicos que generalizem o caso, anteriormente local. Ministrando-se, assim, todos os conhecimentos técnicos de que necessita a parteira, no curso regular, é justo que, pelos motivos expostos, conceda-se-lhes a mesma faculdade de cirurgião, na sua arte, a exemplo do que se faz com os dentistas”.

Participação na Constituinte de 1934

Após as importantes vitórias conquistadas com a publicação do novo Código Eleitoral em 24 de fevereiro de 1932 (Decreto nº 21.076, assinado por Getúlio Vargas), que instituí no Brasil a Justiça Eleitoral, o voto secreto e o voto feminino nacional, o movimento feminista iniciou imediatamente a mobilização para eleger representantes femininas na Constituinte, convocada para funcionar em 1933 e 1934.

Em 8 de abril de 1933, o Jornal do Brasil divulgou que no dia anterior Almerinda Farias Gomes (sic) foi uma das delegadas presentes na Convenção Nacional de Eleitoras, no Rio de Janeiro, composta pelas associações federadas e filiais estaduais da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Uma resolução aprovada neste encontro aconselhava o eleitorado feminino a, quando não puderem votar em candidatas idôneas, “identificadas com as justas reivindicações da mulher”, que votasse nos “candidatos masculinos e partidos que pela ação demonstraram serem feministas genuínos”.

Almerinda Farias Gama, em 1933, na eleição de representantes classistas para a Assembleia Nacional Constituinte

A autora dessa proposta foi a “delegada pelo Departamento Paraense pelo Progresso Feminino”, sra. Almerinda Farias Gomes (sic).

Dias depois, as líderes da Campanha Feminista Brasileira anunciaram que iniciariam a mobilização para levar Bertha Lutz à Constituinte, disputando uma das 214 vagas que seriam ocupadas pela escolha popular.

Os primeiros comícios aconteceram na região suburbana do Rio de Janeiro. “Serão oradoras a dra. Maria Luiza Bittencourt, jornalista Almerinda Farias Gama e escritora Maria Sabina de Albuquerque”, anunciava o jornal.

A Constituinte seria composta por 254 deputados, sendo que 40 deles seriam representantes classistas, eleitos por sindicatos legalmente reconhecidos pelo Ministério do Trabalho.

Empregados e empregadores dividiam as vagas, meio a meio. Os trabalhadores teriam que reservar duas de suas vagas para os funcionários públicos. Os patrões, três vagas para os profissionais liberais.

No dia 20 de julho de 1933 foram escolhidos os 18 deputados dos 20 empregados da representação profissional à Constituinte. Dois foram escolhidos pelos servidores públicos. A votação foi presidida pelo ministro do Trabalho, Salgado Filho.

Almerinda Farias Gama votou, em 1933, para a escolha dos representantes classistas para a Assembleia Nacional Constituinte

Os delegados eleitores dos empregados eram em número de 282. Amazonas, Alagoas, Mato Grosso e Goiás não elegeram delegados.

Entre esses delegados tinham duas eleitoras: Almerinda Farias Gama, do Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos do Distrito Federal, e Euphronina Messena, do Sindicato dos Magarefes (açougueiros) de Sergipe.

Bertha Lutz, pela União de Funcionárias Públicas, e Edila Frankel, presidente da Associação de Enfermeiras da Saúde Pública, disputavam a eleição para as duas vagas dos servidores públicos. Não conseguiram êxito.

Com a presença de 270 delegados eleitores (12 não compareceram) no Palácio Tiradentes, foram escolhidos os 18 deputados e 9 suplentes. Almerinda foi a única mulher a votar. A outra, de Sergipe, não compareceu.

Almerinda Gama também foi votada. Estava relacionada em uma das chapas, a da “Oposição”. Seu nome aparece como a última suplente. Esta chapa foi derrotada.

Candidatura a deputada federal

Terminada a etapa de escolha dos deputados constituintes sem que a Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino conseguisse eleger nenhuma mulher (a única mulher eleita foi a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz), Almerinda imediatamente se prepara para disputar uma vaga de deputada federal nas eleições convocadas para 14 de outubro de 1934.

Por sua iniciativa foi cria a Ala Moça do Brasil, uma nova “e próspera associação, de cunho social e político, cuja irradiação vai dia a dia aumentando em todos os sentidos” (Jornal do Brasil de 24 de novembro de 1933).

Panfleto das Eleições de 1934

O lançamento ocorreu no dia 28 daquele mês, às 19h30, na Av. Suburbana, nº 3.618, sede da Ordem Mística do Pensamento. Contou com a presença do Centro Cívico 4 de Novembro, dos Eleitores Livres de Madureira e de partidos políticos e outras associações.

“À frente desse movimento de renovação cívica acha-se a bacharelanda Almerinda Farias Gama, cujas ideias vêm tendo aceitação pelas correntes moralizadoras de todas as opiniões”, informou o jornal, revelando que ela estudava na Escola Livre de Direito do Distrito Federal, curso concluído em 1935.

A Ala Moça do Brasil preconizava em seus estatutos “trabalhar politicamente” pela unidade da Pátria, liberdade de pensamento, desenvolvimento cívico dos brasileiros, adoção da legislação do divórcio, laicidade do Estado e do ensino e pelo amparo legal ao trabalhador de todas as classes.

A diretoria eleita e empossada foi a seguinte: presidente, Almerina Farias Gama; vice-presidente, Erothilde Ferreira; secretaria geral, Lycia Sobral; 1º secretário, Luiz Mello; 2º secretário, Mariana Ferreira da Silva; 1ª tesoureira, Georgina Coutinho; 2ª tesoureira, Olga Silva; 1º procurador, dr. Theodomiro José de Lima; 2º procurador, Juracy Cardoso.

Provavelmente como parte de sua campanha, foi inaugurado o Ginásio Almerinda Gama no dia 18 de fevereiro de 1934. Esse educandário era então dirigido por Laurentino Garrido e estava situado na rua Maria Emília, nº 50, em São João do Meriti. A homenagem à Almerinda ocorreu por sua infatigável agitação das causas do ensino.

Em 27 de setembro de 1934, poucos dias antes das eleições, o Jornal do Brasil publicou carta de Almerinda Farias Gama, candidata a deputada federal pela chapa do “Decreto do Direito do Trabalho” respondendo à divulgação do Partido Socialista Proletário do Brasil, que informou ter sido ela excluída de suas fileiras por ter se tornado “propagandista do partido imperialista Master Sistema”.

Esclareceu Almerinda que Master Sistema era uma cooperativa de produção e consumo e não um partido, e que o Diretório Central do PSPB não tinha tomado atitude alguma contra ela porque “seria exorbitar de suas finalidades políticas”.

Disse ainda que foi a Master Sistema quem propôs um congresso para formar a chapa “Decreto do Direito do Trabalho – Congresso Master” e ela, representando a “Ala Moça do Brasil”, estava presente e foi indicada como candidata.

Disse que a nota apócrifa tentava insinuar que ela havia traído seus ideais. Reafirmou que era uma trabalhadora que se honra em poder levantar a voz do proletariado consciente, numa afirmação de sua vida consagrada ao trabalho e às reivindicações trabalhistas.

Nas artes

Logo após as eleições, quando não conseguiu votação suficiente para se eleger, Almerina passou a se dedicar a várias atividades intelectuais e artísticas.

Tinha um emprego estável. Desde 14 de julho de 1933 assumira interinamente a função de escrevente juramentada do 9º Ofício de Notas, onde já era auxiliar a partir de 1931. Em 1º de fevereiro de 1944 foi efetivada no cargo.

Em 1935 estabeleceu relações com um engenheiro e com ele teve um filho. Não há informações sobre os nomes e o que fizeram estas pessoas, mas sabe-se que faleceram antes dela.

Almerinda votou para presidente do Brasil em 1989. No primeiro turno em Brizola e no segundo em Collor, que considerava um conterrâneo, sem saber que ele era fluminense

Há registro ainda de que em 1939 era professora do Departamento de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Em junho de 1940, oferecia nos jornais seus serviços. “Cópias à máquina e mimeógrafo. Traduções. Redações. Português. Francês. Inglês. Espanhol”. No ano seguinte, o anúncio era mais amplo, incluindo Caligrafia. Dividia o ensino com alguém de nome S. Moura e o endereço érea a Escola Avalfred, “em frente à Galeria”.

A partir de 1942, quando “Zumbi”, sua obra mais conhecida alcançou sucesso, seu nome começou a aparecer nos jornais sempre envolvido com teatro, poesia, música e livros, a exemplo da sua participação como tesoureira da diretoria do Curso Popular Chiquinha Gonzaga, em 1947.

Trabalhou em O Dia na década de 1950, e como jornalista, em 1956, trabalhou para a instalação da Comissão de apoio à Conferência de Mulheres Trabalhadoras, na Associação Brasileira de Imprensa.

Com o Golpe Militar de 1964, Almerinda foi perseguida como funcionária pública do Governo da Guanabara. Um inquérito tramitou na Corregedoria. Nessa ação, foram demitidos 33 funcionários, 11 aposentados compulsoriamente. Era o combate à “subversão”.

Em 15 de março de 1967, o governador a demitiu. Ainda era a escrevente juramentada do Cartório do 9º Ofício de Notas.

Faleceu em 31 de março de 1999, em São Paulo.

2 Comments on Trajetória da sufragista negra Almerinda Farias Gama

  1. Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros // 8 de março de 2021 em 22:05 //

    Dra. Maria Luíza Bittencourt, uma das oradoras desse primeiro comício, foi minha madrinha de casamento, em 1976.
    Grande advogada, trabalhou com Berta Lutz, enquanto esta viveu. Muito amiga do alagoano Arthur Ramos, era casada com o criador e Diretor da livraria Editora da Casa do Estudante do Brasil, Dr. Arquimedes de Melo Neto . Na Casa do Estudante funcionou a Universidade Aberta, da qual fizeram parte Arthur Ramos e o Maestro Guerra-Peixe. Esta Editora fez a primeira publicação de Geografia da Fome, de Josué de Castro.

  2. Hebelyanne // 8 de abril de 2021 em 13:55 //

    Uma grande intelectual brasileira.

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  1. Almerinda Farias Gama: Uma Vida de Luta e Legado na História do Brasil – TV10

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