Trabalhadores em educação criam o Sinteal em 1988

Professores em assembleia da APAL. Foto de José Feitosa
Reforma da sede da Appal, presidida pela professora Nadir Barbosa, em 1966 com a participação de presos

Reforma da sede da APPA, presidida pela professora Nadir Barbosa, em 1966, com a participação de presos

Após uma longa caminhada, que começou no dia 15 de março de 1965 quando foi criada a Associação dos Professores Primários de Alagoas (APPA), os trabalhadores em Educação de Alagoas fundaram seu sindicato em 1988.

A Associação dos Professores Primários de Alagoas, sociedade civil, foi reconhecida como de utilidade pública pela Lei n° 2791, de 1º de setembro de 1966, e sua primeira diretora foi a professora Maria José Casado Marinho (1965-1966).

Depois vieram a professora Nadir Barboza, para o biênio 1966/1968, reconduzida para mais um biênio. Em 1972 foi eleita a professora Dulcinéia da Costa Bibiano (1972 – 1974).

Vieram ainda Maria Dione de Souza (1980-1983), Tito Cavalcante Alencar (1983-1984) e Maria Alba Correia da Silva (1984-1991).

Sede da ainda APPA após a reforma em 1968

Foi durante a gestão da professora Nadir Barbosa, em 1966, que o casarão conhecido como Vila Amália foi adquirido pelo governo e doado à entidade.

Tinha pertencido a Amália Mendonça Barboza e seu esposo Antônio Silva, pais de Daniel, Nadir, Nair, Nalcir e Nicia Barboza Silva. Como estava abandonado, foi recuperado com o trabalho de presidiários. Esta filha Nadir não tem nenhuma relação com a professora Nadir Barbosa.

Em depoimento ao História de Alagoas, a professora Nadir revelou quando solicitou a colaboração dos apenados, foi advertida dos riscos que corria, mas resolveu assim mesmo trabalhar com eles para dar condições de uso ao antigo prédio.

“Eu mesma era quem preparava a comida deles e levava ao local de trabalho. Nunca tive problemas com qualquer um deles”, testemunhou Nadir, que é assistente social da primeira turma da Escola de Serviço Social Padre Anchieta.

A representação sindical dos trabalhadores em educação de Alagoas permaneceu neste prédio até 3 de abril de 2020, quando toda a área do Mutange foi isolada por estar sofrendo processo de afundamento por problemas atribuídos à exploração de sal-gema em seu subsolo.

Inauguração da sede da APPA em 1968

Inauguração da sede da APPA em 1968

Responsável por organizar e dar voz a uma das maiores categorias de profissionais do Estado, a entidade passou a ser também disputada pelos grupos que buscavam dar-lhe mais autonomia diante dos governantes.

Assim, em 1978, em meio à reorganização do movimento popular após os duros anos de repressão impostos pela Ditadura Militar, surgiu em Alagoas professores decididos a dar uma nova orientação à instituição.

A oposição à diretoria da APAL foi constituída na gestão da professora Dulcinéia Bibiano, inicialmente como protesto contra a discriminação salarial imposta pelo então governador Divaldo Suruagy aos profissionais de nível superior da educação.

Em seguida, a oposição ganhou projeção por também atuar nacionalmente na reorganização e democratização da Confederação dos Professores do Brasil (CPB), participando do I Encontro Nacional de Professores, em Belo Horizonte (MG).

Assembleia que unificou várias associações de trabalhadores e criou o Sinteal

Assembleia que unificou várias associações de trabalhadores e criou o Sinteal

Liderados, entre outros, por Élcio Verçosa, Jarede Viana, Lenilton Alves, Ivanilda Verçosa, Alba Correia, Lenilda Austrelino e Joaquim Santos, professores e especialistas em educação lançaram, em 1980, uma chapa para disputar as eleições da APAL. Era encabeçada pelo professor Élcio Verçosa 

Essa “ousadia” provocou uma reação jamais vista do governo estadual da época.

Guilherme Palmeira lançou mão de todas as “armas” possíveis e disponíveis para manter a entidade nas mãos dos professores com quem tinha vínculos políticos.

Em novembro de 1980, após uma campanha difícil e memorável, saiu vitoriosa a chapa apoiada pelo Governo do Estado, encabeçada pela professora Dione Moura.

PCC

Trabalhadores em Educação mobilizados na luta pelo PCC

Somente nas eleições de 1984, quando os avanços conquistados pelo conjunto do magistério permitiram a ampliação do grupo, a oposição conseguiu apresentar uma chapa competitiva, o que levou a professora Alba Correia à presidência da entidade.

No dia 22 de novembro de 1988, logo após ser promulgada a Constituição Federal, realizou-se o Congresso para a criação do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado de Alagoas, o Sinteal.

Esta nova organização sindical nasceu da fusão de várias entidades do Magistério: Apal, Aoeal, Aseal, Adeal e Apef.

Era a realização de um antigo sonho da categoria, que sabia da importância de agregar todos os profissionais da Educação para se ter um sindicato mais forte e capaz de ampliar as conquistas.

5 Comments on Trabalhadores em educação criam o Sinteal em 1988

  1. Época de glória. Hj reduzisse apenas a aquisições de barganhas políticas.

  2. Sandra Lira // 11 de julho de 2019 em 22:07 //

    Apenas um reparo. A criação do SINTEAL ocorreu em um Congresso com a participação das entidades do Magistério: Apal, Aoeal, Aseal, Adeal, Apef . Durante o Congresso estas associações se uniram para criar o Sindicato por ramo de atividade, ou seja, aberto tanto aos professores como aos funcionários da educação.

  3. O amigo esqueceu de acrescentar o governador de 66, quando da doação da casa ao Sinteal. Parece-me que foi o Lamenha Filho, do ARENA(partido do Regime Militar).

  4. Caro Flávio, não foi esquecimento. Em 1966, ano da doação do imóvel, tivemos dois governantes em Alagoas: João José Batista Tubino (interventor federal que esteve no governo entre 31 de janeiro de 1966 e 15 de agosto de 1966) e Antônio Simeão de Lamenha Filho (governador indicado pela Assembleia Legislativa e que governou de 15 de agosto de 1966 a 15 de março de 1971). Como não conseguimos descobrir qual dos dois fez a doação, preferimos citar apenas que foi o governo. Sabemos apenas que o foi o governador Lamenha Filho quem inaugurou a reforma.

  5. Sandra, vamos incorporar suas informações ao texto.

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