Thomaz Espíndola e a geografia alagoana

Liceu Alagoano, onde Thomaz Espíndola era professor catedrático de Geografia, Cronologia e História
Médico e jornalista Thomaz Espíndola

Médico e jornalista Thomaz Espíndola

Thomaz do Bomfim Espíndola nasceu no dia 18 de setembro de 1830 (1932), em Maceió, Alagoas, e faleceu em 6 de março de 1889, às 22 horas, em sua residência na capital alagoana, vítima de uma congestão cerebral. Foi enterrado na sacristia da Catedral de Maceió.

Era filho de Florêncio do Bonfim Espíndola e de Luzia Rosa do Bonfim Espíndola (faleceu em 21 de outubro de 1895). Teve dois irmãos: Januário Domingos Espíndola e André de Carvalho Espíndola.

Do seu primeiro casamento, com Maria Idalina César Coutinho, teve um filho e uma filha: o médico Octaviano Coutinho Espíndola, que se casou com a Eugênia Bicudo. Octaviano faleceu em São Paulo no dia 12 de junho de 1895; e Maria Idalina Coutinho Espíndola, que se casou em novembro de 1877 com Jose de Amorim Salgado, o Barão de Santo André (nomeado em 14 de abril de 1883). Faleceu no dia 16 de junho de 1897). Tiveram uma filha: Maria José Salgado.

Thomaz do Bomfim Espíndola, viúvo, casou-se, em 26 de janeiro de 1884, com Emília de Andrade, com quem teve três filhas. Uma delas, Eponina, nasceu em 10 de agosto de 1886 e faleceu em 3 de maio de 1889, vítima de febre palustre. Alice Espíndola nasceu em 4 de março de 1885 (casou-se com Simeão de Oliveira e Silva) e Eliza Espíndola em 6 de janeiro de 1888 (casou-se em 1º de dezembro de 1906 com o advogado Eugenio Teles da Silveira Fontes).

 

Maria Idalina Coutinho Espíndola Salgado, a Baronesa de Santo André, filha de Thomaz Espíndola com Maria Idalina César Coutinho  

Eliza Espíndola teve uma vida marcada por dramas. Em 1889, logo após a morte do pai, ficou noiva e encaminhou o casamento com Francisco José de Oliveira e Silva. Poucos dias antes do casamento, em 28 de janeiro de 1901, ela desistiu, o que levou o noivo a invadir sua casa e aplicar-lhe 12 punhaladas, felizmente sem maiores consequências.

O outro incidente, em 25 de outubro de 1919, envolveu seu sobrinho, o estudante de engenharia Aguinaldo de Oliveira e Silva, que fez vários disparos de revólver contra ela, deixando-a em estado grave. Aguinaldo, que não gostou de ver seu nome no Correio da Tarde, de Maceió, procurou o jornalista Costa Bivar, diretor do órgão, e o agrediu.

Emília, nascida em Maceió no dia 2 de dezembro de 1844, era filha do português comendador Eugênio José Neves de Andrade (filho de José de Andrade e de Rita de Andrade), que faleceu em 27 de julho de 1895, aos 78 anos de idade, e de Henriqueta Pinto de Andrade (filha do português Antônio Luiz Pinto e Maria Rosa do Rego). (Gutenberg de 23 de abril de 1908).

Quando casou com Thomaz Espíndola, Emília era viúva de José Joaquim de Oliveira (faleceu em Paris em 10 de abril de 1882), com quem havia contraído matrimônio em 6 de agosto de 1870 e herdado razoável patrimônio.

Após a morte de Thomaz Espíndola em 1889, de quem também herdou valoroso patrimônio, Emília, com 51 anos de idade, voltou a casar (25 de abril de 1896), desta feita com o comerciante Joventino da Silva Cravo, com 30 anos de idade, de quem se divorciou em 1904.

A proposta do divórcio, iniciado em 2 de abril de 1901, partiu de Joventino da Silva Cravo sob o argumento que de que, com a separação, poderiam continuar juntos, mas impediriam que Simeão de Oliveira e Silva, marido de Alice, se habilitasse ao patrimônio. Na verdade se apoderava de metade da fortuna dela. Simeão e Alice entraram na Justiça para impedir o divórcio, que se concretizou em 22 de julho de 1904, dando início a um dos mais rumorosos processos judiciais da época.

Foi concluído em agosto de 1908, desfazendo o casamento com comunhão de bens entre Emília e Joventino, e a consequente divisão do patrimônio. Joventino ficou obrigado a devolver todos os bens e os lucros obtidos com eles.

O professor Thomaz

Fez os estudos inicias e preparatórios em sua cidade natal. Formou-se em Medicina pela Faculdade da Bahia (em 13 de setembro de 1853), tendo defendido a tese Dissertação Acerca da Influência Progressiva da Civilização Sobre o Homem. Saiu de lá formado em Medicina e Cirurgia.

No dia 5 de fevereiro de 1855 foi nomeado professor de Geografia, Cronologia e História do Lyceu de Maceió, futuro Lyceu Alagoano.

Preencheu a vaga deixada pelo professor e bacharel José Próspero Jehovah da Silva Caroatá. Espíndola assumiu interinamente e foi identificado no relatório do presidente da Província como um “moço estudioso e inteligente”.

Dias depois recebeu do presidente da Província Sá e Albuquerque a incumbência de fazer o levantamento estatístico e geográfico de Alagoas, trabalho que só foi concluído em 1860.

Esse levantamento foi transformado no seu famoso livro Geografia Física, Política, Histórica e Administrativa da Província de Alagoas, impresso em Maceió na Tipografia do Jornal de Maceió, em 1860.

Eleito para a Assembleia Provincial (atual Assembleia Legislativa Estadual) pelo Partido Liberal, na legislatura 1860-61, pelo 1º círculo, reelegeu-se em 64-65, agora pelo 1º distrito, e voltou a se reeleger em 1866-67, ainda pelo mesmo distrito. Autor, entre outros, do projeto que criou a Biblioteca Pública Estadual. Deputado geral (deputado federal) nas legislaturas 1878-81 e 81-84, pelo Partido Liberal.

Há registros no Diário de Pernambuco de 1º e 31 de março de 1862 da sua presença e do colega médico Ermírio César Coutinho em São Vicente, no interior do Rio Grande do Norte, onde trabalhavam como médicos durante uma epidemia. Foram dispensados dias antes, em 21 de fevereiro, para não correrem mais riscos. Oficialmente serviam à Província de Pernambuco e estava numa comissão médica em Nazareth incumbida de atender os mais pobres atingidos pela Cólera Morbos.

No final de agosto de 1864, era o comissário vacinador da Província de Alagoas e pediu para deixar o cargo, que foi ocupado pelo dr. João Francisco Dias Cabral.

Como presidente da Câmara Municipal, tomou posse no governo de Alagoas a 30 de julho de 1867, permanecendo até 6 de agosto. Em sua administração, de apenas sete dias, foi inaugurada no dia 3 de agosto de 1867 a navegação do Rio São Francisco, unindo Penedo a Piranhas.

Nomeado, em 30 de janeiro de 1878, 1º vice-presidente, assumiu a administração em 8 de fevereiro, permanecendo até 11 de março do mesmo ano.

Fac-simile da capa da obra mais conhecida de Thomaz Espíndola

Fac-simile da capa da obra mais conhecida de Thomaz Espíndola

Ocupou, ainda, os cargos de inspetor-geral da Instrução, comissário vacinador, inspetor de saúde pública, agente auxiliar do Arquivo Público do Império, inspetor de Higiene.

Foi médico consulente do Hospital Regional de Maceió e provedor do Porto de Maceió.

Patrono da cadeira 11 da Academia Alagoana de Letras. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas – empossado em 18 de fevereiro de 1870, sendo patrono da cadeira 38 da instituição.

Seu livro, Geografia Física, Política, Histórica e Administrativa da Província de Alagoas, ganhou uma segunda edição, corrigida e aumentada, sob o título Geografia Alagoana, ou Descrição Física, Política e Histórica da Província das Alagoas, O Liberal, Maceió, 1871. (Baixe AQUI).

Outras publicações: Profilaxia do Cólera Morbus Epidêmico, Sintomas, Tratamento Curativo Desta Moléstia, Dieta, Convalescença, Considerações Gerais e Clinicas, Ceará, 1862; Relatório com que o Dr. Thomaz Bomfim Espíndola, Presidente da Câmara Municipal de Maceió, entregou a Administração da Província de Alagoas ao 1º Vice-Presidente Dr. Francisco Duarte, em 6 de agosto de 1867.

Descrição das Viagens do Dr. José Bento Cunha Figueiredo Júnior ao Interior da Província de Alagoas, Maceió, 1870; Viagem do Presidente da Província Francisco de Carvalho Soares Brandão a Povoação de Piranhas e Paulo Afonso, Maceió, 1878; Relatório da Instrução Pública, 1866, Elementos de Geografia e Cosmografia Oferecidas à Mocidade Alagoana pelo Dr. T. do Bonfim Espíndola, Maceió, Tipografia da Gazeta de Notícias, 1874.

Recebeu o título de Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa das mãos do imperador. Como jornalista, foi o principal redator do jornal O Liberal, fundado em 12 de abril de 1869.

Em sua homenagem, uma das principais vias da capital recebeu o seu nome. A Av. Thomaz Espíndola foi assim denominada por determinação da Lei Municipal nº 51, de 2 de março de 1889. Esta rua era conhecida anteriormente como Beco do Quiabo e depois Rua dos Lavradores, quando esta parte do Farol ainda era conhecida como o Alto do Jacutinga. Há também registros de 1920 se referindo a esta via como Rua das Piabas.

Fonte principal: Pesquisa de José Maria Tenório Rocha para o fascículo nº 2 da coleção Memórias Legislativas, editada pela Assembleia Legislativa de Alagoas em 1997. Outras informações forma colhidas em antigos jornais.

3 Comments on Thomaz Espíndola e a geografia alagoana

  1. Olá,
    tem ideia onde posso conseguir a obra citada neste artigo: Viagem do Presidente da Província Francisco de Carvalho Soares Brandão a Povoação de Piranhas e Paulo Afonso, Maceió, 1878?

  2. Caro Idalino, com certeza no Instituto Histórico ou no Arquivo Público de Alagoas.

  3. Encontrei uma edição em melhor qualidade da obra “Geografia Alagoana, ou Descrição Física, Política e Histórica da Província das Alagoas” no link abaixo, confiram:
    https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/6731/1/45000011918_Output.o.pdf

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