Praça da Faculdade e o Quartel de Linha de Maceió

A primeira grande construção do descampado que ficava ao lado da Estrada do Trapiche, nas proximidades do Sítio Sobral, área que mais tarde seria o início do bairro do Prado, foi o Cemitério de N. S. da Piedade, que entrou em funcionamento no ano de 1855.
Quando teve início, a partir de setembro de 1868, o serviço de “tramway” entre Jaraguá e o Trapiche da Barra, a praça foi cortada diagonalmente pelos trilhos desta linha, que continuavam o percurso implantado nas atuais ruas Zacarias de Azevedo e Dona Rosa da Fonseca. Após cruzar a área, o bonde atingia a Estrada do Trapiche, atual Av. Siqueira Campos, na altura do Cemitério de Cemitério de N. S. da Piedade.
CLIQUE AQUI E CONHEÇA A HISTÓRIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO EM ALAGOAS
No dia 22 de maio de 1887 foi a vez da inauguração de outro equipamento importante para a praça: o Asilo de Alienados Santa Leopoldina. O projeto de construção foi elaborado pelo engenheiro Manoel Cândido Rocha de Andrade. Este prédio foi demolido entre 1956 e 1958 e em seu local, muitos anos depois, foram construídos três edifícios de apartamentos.
Em 1891, o Império brasileiro construiu num terreno vizinho ao Asilo, com planta do engenheiro militar Carlos Jorge Calheiros de Lima, a sede do Quartel do 26° Batalhão de Infantaria, unidade militar que havia entrado em funcionamento dois anos antes e permaneceu em Alagoas até outubro de 1895, quando foi transferido para Sergipe, após terem surgidos alguns conflitos entre esta guarnição do Exército e a Força Policial do Estado de Alagoas. De Sergipe, Alagoas recebeu, no mês seguinte, o 33º Batalhão de Infantaria.
Antes do início do século XX, o largo formado à frente da sede militar já recebia o nome de Praça do Quartel de Linha, onde se realizavam os exercícios físicos dos militares e de suas montarias.
CLIQUE AQUI E CONHEÇA MAIS SOBRE O ASILO SANTA LEOPOLDINA
Com a aprovação da Lei nº 77, de 25 de janeiro de 1903, a praça passou a ser denominada Calabar. Somente foi inaugurada em 1906, após ser urbanizada na administração do intendente dr. Sampaio Marques. Há registros da realização no local de retretas militares em 1907.
Logo após os movimentos armados de 1922, recebeu o nome de Siqueira Campos, um dos heróis do principal levante de julho daquele ano, que ficou conhecido como os 18 do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. A principal avenida do bairro, antiga Estrada do Trapiche, também prestou homenagem ao episódio ocorrido na então capital federal e passou ser denominada como Av. 5 de julho, data do início do levante armado.

Tropas revolucionárias de 1930 chegam em Alagoas no dia 13 de outubro e acampam na Praça do Quartel, em frente ao Quartel de Linha do 20º BC
Nos anos 30, fazia-se referência à praça como Estádio Major Farias, tratada como área esportiva do 20º Batalhão de Caçadores.
Em homenagem ao médico Afrânio Augusto de Araújo Jorge, que também foi deputado estadual e secretário de Estado, a praça recebeu em 20 de outubro de 1952, por determinação da Lei nº 248, o seu nome.
Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, o dr. Afrânio Jorge foi deputado estadual na legislatura 1917-18 e tomou posse, em 1º de janeiro de 1947, na Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda e Produção, durante o governo de Silvestre Péricles.
Foi ainda Diretor da Saúde Pública, membro do Conselho de Finanças e sócio do IHGAL. Faleceu em Maceió no dia 29 de junho de 1952.
CLIQUE AQUI E CONHEÇA A HISTÓRIA DO DR. AFRÂNIO JORGE
Nesse mesmo período o antigo prédio que foi ocupado pelo 20º Batalhão de Caçadores, substituto em 1917 do 33º BI. Em 1944 foi cedido pelo Ministério do Exército ao projeto Juvenópolis, voltado para jovens carentes e liderado pelo Padre Pinho, da Ação Católica em Maceió.
Como a Faculdade de Medicina de Alagoas dava seus primeiros passos para a sua constituição, o que somente ocorreria em 5 de março de 1951, o prédio passou a interessar aos seus diretores, que convenceram à igreja católica a abrir mão do seu uso.
A cessão definitiva foi autorizada pelo projeto de Lei nº 588, de 20 de julho de 1950, apresentado pelo então deputado federal padre Medeiros Neto. Sua aprovação no Congresso Nacional se deu em 8 de janeiro. A sanção presidencial ocorreu cinco dias depois, passando a ser a Lei nº 1309 de 13 de janeiro de 1951.
Em fevereiro de 1951, após a Faculdade tomar posse do edifício, começaram as reformas e adaptações sob a orientação do arquiteto Sant-Ives Simon, que transformou as linhas neoclássicas do antigo quartel em neocolonial. O material utilizado na obra veio da doação de empresários.
CLIQUE AQUI E CONHEÇA MAIS SOBRE A FACULDADE DE MEDICINA
Atualmente, o prédio que recebeu a Faculdade de Medicina e depois o Centro de Ciências Biológicas da Ufal, está ocupado pelo Museu de História Natural da mesma instituição universitária.
A partir da instalação desta unidade de ensino superior, a praça foi deixando de lado a homenagem ao dr. Afrânio Jorge e ficando mais conhecida como Praça da Faculdade.
Na gestão do prefeito Guilherme Palmeira foi aprovada a Lei nº 4.047, de 11 de julho de 1991, denominando a praça de Parque Municipal Dr. Afrânio Jorge, com a pretensão de cercar a área e permitir o acesso ao público de terça-feira até o domingo, de 7h às 20h.
Três meses depois, a Lei nº 4.067, de 29 de outubro de 1991 denominou o logradouro de Praça da Faculdade. No texto deste ato legislativo há um erro. Ao pretender devolver o nome original como tendo sido Praça da Faculdade, revogou a Lei nº 248, de 20 de outubro de 1952. O problema é que essa Lei denominou de Praça Dr. Afrânio Jorge a então Praça Siqueira Campos, que ainda não era conhecida como Praça da Faculdade. A Faculdade de Medicina de Alagoas entrou em funcionamento em 1951. Se instalou no prédio em frente à praça somente em 1952.
Como a Lei de 1952 também transferia a homenagem ao herói de 1922 para a Av. 5 de Julho, a sua revogação atingiu a Av. Siqueira Campos, que ficou sem lei que oficializasse sua denominação.
Em 1954 a praça ganhou o Panteon, construído para receber os restos mortais dos marechais Floriano Peixoto, Deodoro da Fonseca e do dr. Tavares Bastos.
A obra, que recebeu um crédito especial de Cr$2.000.000,00 (dois milhões de cruzeiros), foi autorizada pela Lei Federal nº 1.866, de 26 de maio de 1953, uma proposta do então deputado federal Muniz Falcão.
No seu artigo 2º, a Lei definia que seria declarado feriado no Estado de Alagoas o dia do desembarque em Maceió dos “despojos dos insignes brasileiros“.
Isso nunca ocorreu, e o Panteon foi utilizado como Lapinha no Natal, sanitário público e ponto de consumo de drogas por muitos anos, até que seus acessos foram fechados e o equipamento foi reduzido a uma ornamentação no centro da praça.
No dia 1º de junho de 1961, o governador Luís Cavalcanti e o coronel Bendochi Alves, comandante da guarnição Federal em Alagoas, entregaram ao prefeito da capital a posse e o domínio do Panteon.
A partir de dezembro de 1958, a praça passou a receber a Festa Natalina da capital, que até então acontecia na Praça do Pirulito. A mudança se deu após a reurbanização da área, entregue dois meses antes.
Somente em 2016 foi que a Praça da Faculdade ganhou uma reforma e atualmente, reurbanizada, apresenta condições para ser frequentada como espaço de convivência.
essaoraça est´abandonado há bastante tempo entra prefeito e sai prefeito e ela permanrce esquecido, , essa praça facz parte da história viva da os moradores do bairro do prado , faz parte da CULTURA DE ALAGOAS, O TERMINSA TEM QUE SER RECONSTRUÍDO PARA VOLTAR OS VELHOS TEMPOS, ESPERO QUE O RUI PALMEIRA OLHE COM MAIS CARINHO ESSA PRAÇA QUE FA Z PARTE DA HISTORIA DO PBAIRRO DO PRADO
ESSE PANTEON, DEVERIA SER USADOS PARA AQUARTELAR A GURDA MUNICIPAL PARA TOMAR CONTA DO SEU PÓOPRIO PATRIMôNIO
Foi infeliz idéia, usar o Panteon da Praça Afrânio Jorge, como túmulo dos Marechais Deodoro e Floriano Peixoto? Onde estes encontram-se? A demolição do Asilo de Santa Leopoldina? Foi uma idéia maravilhosa? Seguindo a lógica aqui expressa, foi uma idéia e tanto! Esse negócio de preservar o patrimônio turístico, arquitetônico e histórico é coisa para Inglês ver!
A praça foi reformada sim, porem a própria população, digo alguns vândalos estão destruindo os bancos, parte da área de exercícios e etc. Outra coisa se tem barracas de lanches, churrasquinho onde se vende bebidas e por sua vez os proprietários pagam seu impostos, o porquê de não haver banheiros públicos e nem tão pouco manutenção preventiva e policiamento 24hs, certos tipos de frequentadores de má índole. Não se joga uma reforma de um local público sem que haja condições de preservação e segurança.
Meu pai conta pra gente (seus filhos, parentes e amigos) a história da praça Domingos Calabar/Afranio Jorge/da Faculdade faz anos. Gostei demais de ler o texto e saber que ele conta direitinho a história da praça. Além da memória dele estar em dia.
Na verdade, a denominação correta do 33º é Batalhão de Infantaria, e não de caçadores, como foi o caso do 20º BC (1917-1973), hoje 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, que, em breve, mudará de nome para 59º Batalhão de Infantaria Leve.
Grato, João Marcos. Fizemos a correção.
Mais um dos locais históricos e importantes que estão sendo destruídos pelo tempo e descaso das autoridades locais. Resgatar esses locais, recuperaria a história e cultura de Alagoas. O texto poderia falar mais sobre o asilo.
Leni, como sobre o Asilo já existia outra postagem, não aprofundamos as informações neste texto. Veja mais aqui sobre o Asilo: https://www.historiadealagoas.com.br/pioneiros-da-psiquiatria-alagoana.html