Pão de Açúcar, o Espelho da Lua sertanejo
Pão de Açúcar surgiu de um determinismo geográfico, o rio São Francisco, datando o seu povoamento de 1611, com gente branca e índios da serra do Aracaré, Estado de Sergipe.
Parte de seu território pertencia à Casa da Tôrre (Bahia). Não consta, entretanto, que os proprietários tivessem assinalado por qualquer meio o seu domínio, tanto que, em princípios do século XVII, os Urumaris obtiveram de D. João IV terras à margem do rio São Francisco, desde a serra de Pão de Açúcar, pelo lado do poente, até o morro do Aranha, pelo nascente, com quatro léguas de fundo, até a serra do Chitroá.
Deram-lhe a denominação de Jaciobá, que significa “Espelho da Lua” no guarani. As noites de luar, que refletem no São Francisco um gigantesco fio de cristal, talvez lhes tivessem despertado a sensibilidade poética.
A generosa doação de Dom João IV suscitou a inveja dos índios Chocós, residentes na pequenina ilha de São Pedro. Após renhida pugna, em que os invasores venceram, os índios Urumaris mudaram-se para um lugar fronteiro (no Estado de Sergipe), ao qual deram o nome de Jaciobá, o mesmo da antiga pátria, que até hoje é conservado.
Pelo ano de 1634, Cristóvão da Rocha, proprietário da Ilha Grande (Penedo), estava apossado da área onde hoje se ergue a cidade de Pão de Açúcar, porém, em 7 de novembro de 1660, por Carta de sesmaria, as terras passaram ao domínio do português Lourenço José de Brito Correia que, com o fim de explorar a pecuária e o comércio de pau-brasil, pelo porto de Penedo, criou uma fazenda de gado entre os morros Cavalete e Farias, com o nome de Pão de Açúcar.
Deve-se a denominação ao fato de achar-se a casa-grande muito próxima ao Cavalete, cujo aspecto e configuração assemelham-se, perfeitamente, a uma fôrma das que, ordinariamente, se empregavam para purgar e clarificar o açúcar.
Supõe-se que Lourenço José de Brito Correia tenha vendido a referida fazenda a Domingos José Magalhães, pois constam dos arquivos do Cartório do Registro de Imóveis da cidade de Pão de Açúcar os autos de inventário do referido cidadão, em cuja descrição de bens está incluída a Fazenda Pão de Açúcar, então sequestrada pelo Juiz de Ausentes.
Há autos de arrematação e arrendamento anual, a começar de 1775, pelos quais se constata serem arrendatários, respectivamente, João de Souza Botelho, Antônio José da Silva, coronel Luiz Dantas de Barros Leite e o capitão Salvador Rodrigues Delgado.
Em 1814 foi procedida uma demarcação à ordem do Ouvidor e Provedor Geral da Comarca das Alagoas, Dr. Antônio Batalha, do Desembargo de Sua Alteza Real. Concluída a demarcação, as terras da Fazenda foram avaliadas pelos capitães João de Souza Vieira e Antônio da Silva Maia, no valor de dois contos e duzentos mil réis.
Postas em leilão, no dia 26 de fevereiro de 1815, na vila de Penedo do Rio de São Francisco, comarca de Alagoas, Capitania de Pernambuco, foram arrematadas pelo Padre José Rodrigues Delgado e seus irmãos, capitão Salvador Rodrigues Delgado e Inácio Rodrigues Delgado, pelo preço de dois contos e quatrocentos mil réis, quantia paga em duas prestações.
A boa administração dos Delgados impulsionou o progresso da região e o seu consequente povoamento.
Fato marcante da história da vila de Pão de Açúcar foi o pernoite, nos dias 17 e 22 de outubro de 1859, do Imperador D. Pedro II, quando de sua viagem à cachoeira de Paulo Afonso.
O “Anuário do Museu Imperial“, de 1949, publicou o diário particular de S. M., onde faz elogiosa referência à vila, usando textualmente a expressão: “A vista do Pão de Açúcar é bonita” (pág. 142).
A freguesia foi criada em 11 de julho de 1853, pela Lei n° 227, sob a invocação do Sagrado Coração de Jesus. Foi seu primeiro Vigário o Padre Antônio José Soares de Mendonça. Atualmente é subordinada eclesiasticamente à Diocese de Penedo.
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Pão de Açúcar, pela lei provincial nº 227 de 11 de julho de 1853.
Elevado à categoria de vila com a denominação de Pão de Açúcar, pela lei provincial nº 233, de 3 de março de 1854, desmembrado de Mata Grande. Sede na povoação de Pão de Açúcar. Constituído do distrito sede. Instalado em 7 de agosto de 1854.
Elevado à condição de cidade com a denominação de Pão de Açúcar, pela lei provincial nº 756, de 18 de junho de 1877.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município aparece constituído de dois distritos: Pão de Açúcar e Limoeiro.
Pela Lei Estadual nº 1619, de 23 de fevereiro de 1932, o município de Pão de Açúcar adquiriu o extinto município de Belo Monte, como simples distrito.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de três distritos: Pão de Açúcar, Belo Monte e Limoeiro.
O artigo 6º das disposições transitórias da Constituição Estadual, de 16 de setembro de 1935, desmembrou do município de Pão de Açúcar o distrito de Belo Monte. Elevado novamente à categoria de município.
Em divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, o município é constituído de dois distritos: Pão de Açúcar e Limoeiro.
Pelo Decreto Estadual nº 2435, de 30 de novembro de 1938, o distrito de Limoeiro passou a denominar-se Alecrim.
No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de dois distritos: Pão de Açúcar e Alecrim, ex-Limoeiro.
Pela Lei nº 1473, de 17 de setembro de 1949, são criados os distritos de Jacaré dos Homens e São José da Tapera ambos ex-povoados e anexados ao município de Pão de Açúcar.
Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1950, o município é constituído de quatro distritos: Pão de Açúcar, Alecrim, Jacaré dos Homens e São José da Tapera.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1º de julho de 1955.
A Lei Estadual nº 2073, de 9 de novembro de 1957, desmembrou do município de Pão de Açúcar o distrito de Jacaré dos Homens, que é elevado à categoria de município.
A Lei Estadual nº 2084, de 24 de dezembro de 1957, desmembrou do município de Pão de Açúcar o distrito de São José da Tapera. Elevado à categoria de município.
No desmembramento, o povoado Retiro ficou com Jacaré dos Homens e somente foi elevado à categoria de município, com a denominação de Palestina, pela Lei Estadual nº 2469, de 27 de agosto de 1962.
Pela Lei Estadual nº 2090, de 28 de março de 1958, é criado o distrito de Guaribas ex-povoado. Criado com terras desmembrada do distrito de Jacaré dos Homens e anexado ao município de Pão de Açúcar.
A Lei Estadual nº 2250, de 15 de junho de 1960, confirmado pela Lei Estadual nº 2909, de 17 de junho de 1968, desmembrou do município de Pão de Açúcar o distrito de Guaribas. Elevado à categoria de município com a denominação de Monteirópolis.
Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960, o município é constituído de dois distritos: Pão de Açúcar e Alecrim.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 17 de janeiro de 1991.
Pela Lei Municipal nº 083, de 18 de abril de 1994, distrito de Alecrim voltou a denominar-se Limoeiro.
Em divisão territorial datada de 2003, o município é constituído de dois distritos: Pão de Açúcar e Limoeiro ex-Alecrim.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Fonte principal: IBGE
Salvo engano, foi o Senador Romano Cícero quem disse: A história é a alma do passado! Excelente publicação. Mais uma oportunidade que é dada para a compreensão das origens…
Muito boa descrição da história do município de Pão de Açúcar. Mas é preciso corrigir alguns erros na citada história. Por exemplo sobre a diocese de Penedo sendo citada em momento onde nem havia sido criada ainda.
Caro Michael, agradecemos por nos ajudar a corrigir os possíveis erros. Sobre o texto: “É subordinada eclesiasticamente à Diocese de Penedo”, a intenção ao utilizar o tempo presente era a de separar do tempo da criação da freguesia (foi criada…). Mas vamos melhorar a redação para que não paire dúvida.
Muito interessante saber de tudo isso. Nasci em Pão de Açúcar.
Fiquei muito feliz em ler a história de minha amada cidade, apesar de estar há muitos anos morando em Recife, mas sem nunca deixar de acompanhar o seu desenvolvimento, nem esquecer os anos maravilhosos que nela vivi. Agradeço a iniciativa da publicação.
Amei saber a história da minha cidade onde eu nasci, porém, todavia , queria saber um pouco mais sobre a pessoa que deu a iniciativa a estátua do Cristo Redentor no morro do cavalete, e como iniciou a obra, quais os meios que ele teve e como conseguiu fundos para iniciar essa obra, e teve essa tão brialhante idéia, pois é um ponto turístico da cidade e não se fala muito neste homem tão inteligente que trouxe uma obra prima para o município de Pão de Açúcar- Al.
Muito bom,eu gostaria de saber mais sobre a construção da igrejá matriz daqui de pão de açúcar e também a do povoado meirus e limoeiro.
Bom dia! Até o momento essa é a história mais detalhada que encontrei, bem melhor que pela fonte oficial que é o IBGE. Porém, em todas as fontes eu noto uma falta enorme da inclusão do Município de Palestina, que até 1957 pertenceu a Pão de Açúcar, antes de passar para Jacaré dos Homens e se emancipar como município. Por favor, pesquisem mais sobre esses fatos.
A pessoa mais qualificada e que sabe tudo sobre o assunto é o pesquisador local Marcelo Maciel, residente da cidade de Palestina e meu tio.
Estarei linkando abaixo o endereço de uma página no Facebook onde contém um resumo histórico do município, elaborado por ele.
Maycon, fiz a alteração acrescentando que Retiro foi desmembrado de Jacaré dos Homens. O IBGE, entretanto, informa que Retiro foi emancipado de Pão de Açúcar em 1962.
Em alguns livros e sites que eu li sobre a história de Pão de Açúcar dizia que quem doou as terras aos índios foi Dom João VI (sexto) e não Dom João IV (quarto). Qual é o correto?
Se os Uramaris receberam as terras no início do século XVII, só pode ser D. João IV. O outro D. João, o VI, viveu entre 13 de maio de 1767 e 10 de março de 1826. Ou seja: entre o s séculos XVIII e XIX.
Excelente resumo de História! Nunca havia lido algo tão sucinto e completo sobre a História de Pão de Açúcar, onde meus avós maternos viveram com os filhos, na década de XX. Na minha infância minha mãe cantava embalando os filhos: “Eu sou filha, das águas tão belas; cristalinas, azul cor de anil! …..São Francisco é onde nasci!
Você, Ticianeli, é um Repositório, o maior conhecedor e divulgador de nossa história, num período da humanidade em que “se procura DELETAR, à Tarde, todas as notícias divulgadas de MANHÃ.” Parabéns por serdes Vós Quem Sois”!
Já visitei várias vezes esta cidade e não conhecia a real história dessa maravilhosa cidade que é Pão de açúcar.