Orlando Araújo: advogado, político e um dos fundadores da Academia Alagoana de Letras
O advogado Orlando Valeriano de Araújo nasceu em Maceió no dia 22 de novembro de 1882. Era filho único do segundo casamento do comendador Tibúrcio Valeriano de Araújo com Constança Carolina de Araújo. Tibúrcio Valeriano foi pai também de Arsênio Araújo e Maria Eudóxia de Araújo Almeida, filhos do seu primeiro casamento com Eudóxia Georgiana de Araújo.
Na adolescência em Maceió, se envolveu com o teatro, como foi registrado pelos jornais de julho de 1899, citado como um dos associados da Sociedade Dramática Particular Cavaleiros do Epocha. Em 1902, participou também da fundação da Sociedade Dramática Teatral Dias Cabral.
Em 1904 iniciou o curso de Direito na Faculdade do Recife. Ainda estudante, começou a se destacar por seus dotes oratórios e por liderar seus colegas em várias iniciativas.
Mesmo quando de férias em Maceió, promovia ou participava dos principais eventos da capital, a exemplo do carnaval de 1906, quando foi um dos encarregados da decoração carnavalesca da Praça D. Pedro II, onde morava com seus pais na casa nº 4.
Em 15 de janeiro de 1907, liderou seus colegas estudantes na manifestação em homenagem ao Dr. Virgílio de Lemos, um professor e advogado penedense que havia sido eleito deputado federal pela Bahia e se encontrava em Maceió. Foi o orador oficial do ato que aconteceu às 16 horas na Praça dos Martírios.
Participou também, no início de agosto de 1908, da organização do Tiro Alagoano em Maceió, o 28 da Confederação. A reunião preparatória, que foi realizada na redação do Jornal de Alagoas, à rua da Boa Vista, teve como promotores Orlando Valeriano de Araújo e José Guedes Ribeiro Lins.
Bacharelou-se em Direito pela Faculdade do Recife no dia 16 de dezembro de 1908 e voltou a Maceió a tempo de participar, no dia 28 de dezembro de 1908, da fundação do Alagoano Foot-Ball Club. Era o responsável pela elaboração dos estatutos. Atuava como goleiro ou lateral esquerdo.
Dias depois, em janeiro de 1909, foi um dos ativistas da mobilização em apoio à greve dos trabalhadores da Great Western.
Seu primeiro trabalho em Alagoas foi na Secretaria do Tribunal Superior do Estado, contratado como interino nos primeiros meses de 1909.
Em agosto de 1909, representando o Tiro Alagoano, participa da campanha em favor da candidatura de Hermes da Fonseca à presidência da República.
Assumiu por 40 dias a direção do Diário Oficial de Alagoas quando o estado ainda vivia os momentos de turbulência política que derrubou Euclides Malta em 1912. Nomeado por Clodoaldo da Fonseca no dia 7 de maio, foi afastado em 17 de junho para dar lugar a Álvaro Corrêa Paes.
A partir de 1916 começa a trabalhar no Ministério da Fazenda, onde chega a Procurador Fiscal e Consultor Jurídico.
Cada vez mais envolvido com a política partidária, participou da reunião do Diretório do Partido Republicano Conservador (PRC) no dia 11 de janeiro de 1921, quando foram definidas as candidaturas da agremiação. Um mês depois é citado entre os que abandonaram o partido por motivos políticos eleitorais.
Revolução de 30
Com a ascensão das forças políticas ligadas a Getúlio Vargas em outubro de 1930, passa a ocupar lugar de destaque no novo poder em Alagoas. Com a posse do interventor Hermilo Freitas Melro, em 14 de novembro de 1930, o secretário do Interior passou a ser Orlando Araújo e Alfredo de Maya vai para a Secretaria da Fazenda.
Esse foi o primeiro núcleo do poder revolucionário em Alagoas. Carlos de Gusmão, político de projeção do governo deposto de Álvaro Paes, assim avaliou os nomeados: “Tive boa impressão diante dessas primeiras escolhas. Não recaíram sobre revolucionários, que, aliás, não sabia existissem nas Alagoas. Os dois secretários, se não foram homens da situação decaída, e não eram mesmo, estranhos eram também aos quadros da oposição”.
No início do ano seguinte, Freitas Melro começa a perder poder e a criar áreas de atrito com a oposição e aliados. Na verdade, a Revolução de 30 em Alagoas começava a viver o assédio das forças políticas derrotadas, que habilidosamente tentavam voltar ao poder.
Entre os insatisfeitos com o interventor estava Orlando Araújo, que se demitiu do cargo e passou a participar ativamente da mobilização para depô-lo, o que ocorreu em agosto de 1931, sendo substituído por Luís de França.
No início de dezembro de 1932, quando o interventor era Tasso de Oliveira Tinoco, Orlando Araújo participou da assembleia do Club 3 de Outubro, presidido por Luís de França, e se posicionou contra a criação do Partido Socialista Alagoano, avaliando que o Club não tinha competência para criar partido. Sua proposta foi derrotada.
Só voltou a participar do poder após a nomeação do interventor Francisco Afonso de Carvalho, em 10 de janeiro de 1933. Foi indicado prefeito de Maceió no dia seguinte. No final daquele mês, participa da fundação e da comissão executiva do Partido Nacional de Alagoas. Com ele estavam: Afonso de Carvalho, Izidro Vasconcelos, monsenhor Ribeiro Vieira e Silvestre Péricles de Góis Monteiro.
Permaneceu na prefeitura da capital por poucos meses. Pediu demissão no dia 12 de setembro deste mesmo ano. Ele teria se afastado de Maceió para participar de homenagens a Getúlio Vargas em João Pessoa, na Paraíba, sem deixar substituto no poder e sem comunicar ao interventor.
Estava em Recife quando soube do descontentamento do interventor. De lá enviou telegrama comunicando sua demissão. Sabendo que o todo poderoso general Pedro Aurélio de Góis Monteiro estava em Fortaleza, no Ceará, viajou para aquela capital e conseguiu conversar demoradamente com o militar alagoano.
Um dos pontos discutidos foi a sua filiação ao PNA, que queria manter para ser candidato. O general nada pode fazer e ele também foi afastado do Partido Nacional de Alagoas pelo interventor.
Em 1934, com Osman Loureiro nomeado interventor, filia-se ao Partido Republicano de Alagoas (PRA) e foi eleito deputado federal. A chapa do Partido era formada ainda por Rodolfo Motta Lima, Carlos de Gusmão, Rodolfo Lins, Izidro Vasconcelos, Sampaio Costa, Mello Machado e Valente Lima.
Vinculou-se politicamente a Silvestre Péricles e, em 1935, o apoiou publicamente quando enfrentou Osman Loureiro na disputa pelo governo.
Seu mandato vai até novembro de 1937, quando todas as casas legislativas do país são fechadas com a decretação do Estado Novo. No início de 1941, foi nomeado secretário da Fazenda durante a interventoria de Ismar de Góis Monteiro, que se estende até novembro de 1945. Nesse período chegou a assumir interinamente o governo.
Sempre vinculado às letras, foi o sétimo presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, permanecendo no cargo de 2 de dezembro de 1927 até a sua morte em 8 de setembro de 1953. Antes, em 1° de novembro de 1919, tinha participado da criação da Academia Alagoana de Letras e foi o primeiro ocupante da cadeira 9. Quando faleceu, também presidia essa instituição.
Foi casado com Tercila de Albuquerque Araújo, nascida em 1889 e filha do Coronel Arthur Moura Ribeiro, de Pernambuco.
Quando faleceu, 8 de setembro de 1953, estava aposentado do cargo de consultor jurídico da Delegacia Fiscal de Alagoas.
Em sua homenagem existe hoje a Escola de Ensino Fundamental e EJA Dr. Orlando Araújo na Ponta Verde, em Maceió.
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