O Palácio do Comércio de Maceió
Inaugurado em 19 de junho de 1928 para a ser a sede da Associação Comercial de Maceió (criada em 7 de setembro de 1866), o Palácio do Comércio de Maceió começou a ser pensado em 1920, quando a instituição ainda ocupava modestas instalações no 1º andar do prédio de nº 310 da Rua Sá e Albuquerque, em Jaraguá.
Naquele ano, nas eleições para a diretoria, saiu-se vitoriosa a chapa liderada por Francisco Polito. O vice-presidente era Álvaro Peixoto e Homero Galvão o secretário. Carl Williams Broad cuidava da tesouraria. Na campanha, denunciaram a inércia da Associação e prometeram construir de um edifício sede para ela.
Com a entidade sem caixa e arrecadando com os poucos sócios somente cem mil réis, tinham que encontrar outra forma de conseguir recursos para a obra. Foi proposta a criação de uma taxa por volume exportado, a ser paga pelos exportadores, que concordaram e solicitaram à Assembleia Legislativa e ao Senado Estadual que criassem a referida taxa. Assim surgiu a Lei nº 905, de 9 de junho de 1921, sancionada pelo Cônego Manoel Capitulino de Carvalho, vice-presidente do Senado e governador em exercício (Fernandes Lima estava afastado, em campanha para a reeleição).
Garantidos os recursos provenientes da taxação de cem réis por volume exportado — foram 850 mil volumes exportados, resultando numa arrecadação de 850 contos de réis —, foi escolhida a empresa para a construção do Palácio do Comércio. A Comissão encarregada da seleção, formada por Luiz de Vasconcellos, Guedes Nogueira e Dagoberto de Menezes, entregou o parecer no dia 23 de fevereiro de 1923.
A planta vencedora foi a apresentada pelo arquiteto italiano Ferruccio Brasini (inscrita com o pseudônimo de Sibiquira). Em segundo lugar ficou a do agrimensor Fulgêncio de Paiva e Souza e Fulgêncio Paiva Filho (pseudônimo Mercúrio & Mercúrio). Entretanto, logo após a apresentação do julgamento o presidente da Associação Comercial anunciou que a direção da instituição poderia optar por qualquer uma das selecionadas.
A escolha somente aconteceu no final de maio, quando o arquiteto Francisco Lopes de Assis e Silva, o construtor que se habilitou para erguer o Palácio do Comércio, esteve em Maceió e optou pelo projeto do alagoano Fulgêncio Paiva Filho, que era chefe do escritório técnico da Comissão Topográfica da Prefeitura de Maceió e faleceu no dia 10 de março de 1925, durante a construção do prédio. Seu pai, Fulgêncio de Paiva e Souza, faleceu em 31 de maio de 1934.
Sendo uma das firmas mais requisitadas em Recife e no Rio de Janeiro, a Francisco Lopes de Assis & Cia. também construiu o Palácio Tiradentes, sede da Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro e o Palácio do Governo de Pernambuco. O primeiro contrato estabeleceu o pagamento de 900 contos de réis. Com as modificações e aumento da área construída, foi ampliado para 1.300 contos de réis.
A pedra fundamental foi lançada no dia 27 de maio de 1923. No ato público falaram o presidente da Associação Comercial, coronel Francisco Polito, e o governador Fernandes Lima. Ficou pronto em 1926, mas a maré alta provocou inundações forçando os construtores a elevarem barreiras de contenção, retardando a entrega da obra.
A construção, de estilo neoclássico, foi o coroamento dos investimentos em grandes obras que a elite econômica alagoana realizou em Maceió no período final do século XIX e início do século XX.
O mobiliário, tapeçarias e cortinas foram adquiridos nas firmas Leandro Martins e Laubish, do Rio de Janeiro. Pagou-se aproximadamente 350 contos de réis.
Quando da sua inauguração em 19 de junho de 1928, a entidade era dirigida por Homero Galvão, tendo como vice-presidente Serafim Costa. O secretário era Ezequiel Pereira e Manoel Afonso Viana o tesoureiro.
Na concepção do projeto, os idealizadores definiram que o prédio também receberia eventos públicos. É por isso que o principal espaço do edifício é ocupado por amplos salões. No terceiro andar, o salão nobre e o auditório foram destinados aos eventos solenes.
Ao longo dos anos, o Palácio Comercial também funcionou como sede do Poder Judiciário, da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal de Maceió. Com tantos usos e sem manutenção, o prédio foi sendo abandonado pelos segmentos econômicos que o criaram. Novos e modernos espaços foram sendo utilizados para eventos em Maceió.
No final dos anos da década de 1970, com o surgimento do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Alagoas, novos olhares foram dirigidos para o prédio e tem início os primeiros estudos visando a sua restauração. Ao mesmo tempo surgem manifestações cobrando o tombamento da sede da Associação Comercial de Maceió e do próprio bairro de Jaraguá.
Historiadores e arquitetos conseguiram o tombamento e propuseram as restaurações necessárias, mas a falta de recursos e de representatividade da Associação Comercial impediram a realização das obras.
A retomada do projeto de restauração só voltou a acontecer em 1998, quando um grupo de jovens empresários assumiu a direção Associação Comercial de Maceió e propôs um convênio especial com a Prefeitura de Maceió, envolvendo um comodato que também destinava o uso do Palácio para atividades culturais do município.
Assim, a Prefeitura assumiu a responsabilidade pela restauração arquitetônica e a diretoria ficou com a tarefa de recuperar o mobiliário, modernizar os equipamentos e a climatizar o prédio.
O bairro de Jaraguá também passou por um processo de “revitalização”, que foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e começou ainda em 1996, na gestão de Ronaldo Lessa na prefeitura de Maceió. As obras foram concluídas em 2000, no final da administração da prefeita Kátia Born.
Fonte Principal: Revista Turismo e Negócio. http://www.revistaturismoenegocios.com.
É ótimo Resgate da nossa história, meus Parabéns!
Excelente resgate!
O palácio do comércio não foi projetado pelo Luiz Lucarini??
Essa firma Fulgêncio Paiva foi a mesma que projetou o prédio do Departamento de Saúde da Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos, na cidade de Rio Largo, cuja pedra fundamental foi lançada em 19.03.1924
OBRAS MUITO GRATIFICANTE PRA MEMORIA DA NOSSA CAPITAL DO ESTADO DE ALAGOAS.
Parabéns pelo artigo/história – muito bom!.
Um “relembrar” aos que a viveram e um “despertar/conhecer” aos que não a conhecem.
Na Associação Comercial havia uma barbearia de um tio avô meu: Manoel Accioly. Gostaria de receber dados sobre isso.