O desastre férreo de 1880 em Piranhas
Pesquisa e texto original de Etevaldo Amorim (AQUI). Este texto foi adaptado para o portal História de Alagoas.
A implantação do primeiro trecho da Estrada de Ferro Paulo Afonso, com 28 km entre Piranhas e Olhos D’Água, todo ele em território alagoano, foi marcada por um trágico episódio.
No dia 17 de julho de 1880, entre as 11:00 h e o meio dia, partiu a máquina “Piranhas” de subida para o local das obras, rebocando cinco vagões carregados de material, dormentes e trilhos para o assentamento da via permanente.
Nos carros também iam operários, engenheiros e visitantes. O maquinista faz parar a locomotiva na linha de nível do Cipó, onde havia um depósito e aconteceria o abastecimento de água.
Esta parada ocorreu no final de uma rampa de 4km de extensão. Julgando estar seguro para a manobra, inadvertida e imprudentemente o maquinista desengata a máquina num ponto em que a rampa contava ainda com um pequeno declive de 3 %.
Os vagões, com um peso de aproximadamente 35 toneladas, retornam nos trilhos por uma extensão de mais de mil metros, quando um vagão descarrila, proporcionando a retenção dos demais.
É possível que nada de mais grave viesse a acontecer, não fosse outra intervenção do maquinista que, percebendo a descida os vagões, voltou com a máquina a toda velocidade na tentativa de alcançá-la.
Com houve uma parada brusca provocada pelo descarrilamento de um dos carros, o maquinista não conseguiu frear a locomotiva a tempo, que montou sobre os primeiros vagões, esmagando onze pessoas e ferindo gravemente outras três.
Escaparam ilesos os engenheiros Barcellos e Souza Reis, que pressentindo o perigo, conseguiram saltar assim que os troles começaram a descer.
Treze foram os mortos nesse pavoroso desastre. Entre eles o comerciante pernambucano Maturino Barroso e o Dr. Ferreira de Novaes. Entre os muitos feridos, achava-se ainda um seu irmão, Major João Marinho de Novaes Mello.
O Engenheiro Chefe da Estrada, Dr. Eduardo José de Moraes, telegrafou ao Ministro da Agricultura, Buarque de Macedo, relatando o ocorrido e informando que havia mandado prender o maquinista.
O Ministro, por sua vez, determinou ao Dr. Hermelindo Accioly de Barros Pimentel, 3º vice-presidente, no exercício interino da Presidência da Província de Alagoas (cujo titular era o Dr. Cincinato Pinto da Silva), a adoção de imediatas providências visando a apuração das causas do acidente.
Assim, foi nomeada uma comissão composta do Dr. Theophilo Fernandes dos Santos, Tenente-Coronel Agapito de Lemos Medeiros e Engenheiro Mecânico Eduardo Lima, todos residentes na cidade do Penedo, a fim de examinar com toda minúcia e rigor as causas do desastre.
Antônio Ferreira de Novaes Mello era filho do Major João Machado de Novaes Mello e de D. Maria José Leite Sampaio, e nasceu em Pão de Açúcar no dia 5 de dezembro de 1856. Com apenas 23 anos, já era deputado provincial em Alagoas, integrando as hostes do Partido Liberal.
Seu pai, o Major João Machado de Novaes Mello – Barão de Piaçabuçu, era destacado líder do Partido Liberal e chefe político daquela Região.
No dia 19 de outubro de 1880 ocorreu um conflito entre trabalhadores que construíam a via férrea e a força policial de Piranhas, resultando em dois mortos e dois feridos, todos operários. Há ainda registros de várias amputações em operários que foram vítimas das explosões durante as obras.
A inauguração da Estrada de Ferro Paulo Afonso se deu no dia 25 de fevereiro de 1881. Anos depois esta linha férrea foi estendida até Jatobá, em Pernambuco, e funcionou até o dia 31 de março de 1964.
Foi uma pena a desativação do ramal ferroviário Piranhas-Petrolândia (antiga Jatobá) sob argumento de deficitário. A ideia do ramal foi de D Pedro II com o objetivo de ligar o baixo ao médio S. Francisco. É bom lembrar que o imperador esteve na região ao visitar em 20 de outubro de 1859 à cachoeira de Paulo Afonso. Esse ramal estaria hoje prestando relevante serviço a região e o seu turismo.
Como gostaria de ter mais informações do meu bisavô o engenheiro nomeado Cláudio Lívio dos Reis para a Estrada de Ferro Central de Alagoas em 13.01.1897 .
Ainda alcancei esse trajeto onde eu comprava manopas trazidas pela saudosa Maria de vininho tmb falecido eu adimirava quan o trem se aproximava de piranhas ali onde hj é o restaurante o lampião e entoava um apito q ecoava nas serras. Eita tempos q n voltam mais.
Parabéns pelo Blog, de excelente qualidade, com exposições, fotos e fontes/Referências corretas.
Gostaria de acompanhar e publicar em meu documentário pessoal para Escolas e Secretarias de Educação e Cultura, (sem fins lucrativos e distribuição gratuita) seguindo os mesmo princípios fundamentais e éticos do original.
Solicito permissão. Sou Prof. de Judô, nascido em Piranhas Alagoas, da família Teixeira de Souza.
Com uma família inteira dedicada ao serviço da Rede Ferroviária Paulo Afonso em Piranhas, até 1964.
Meu avô José Teixeira de Souza foi Mestre da Oficina (Gerente), e depois meu Tio Manoel Teixeira de Souza (Nemézio), também foi Mestre da Oficina da R.F.P.A. de Piranhas à Petrolândia, juntamente com meu padrinho Manoel José Pereira (Manoel Roque) a duas maiores autoridades da Rede. Sempre estão colocando seus nomes errados nos Blogs. Lamentavelmente. E em 30.10.1961, Padrinho Manoel Roque, Tio Nemézio, e o Ten J. Bezerra fixaram a primeira Cruz de Ferro em Angico, homenagem funeral à Lampião, no local da sua morte. (Angico-Se.). Vocês fazem um bom trabalho !
Antecipo Agradecimentos:
Prof. Paulo Afonso Lopes-Judô
Um historia muito triste que marcou para a cidade de piranhas do alto sertão
Leiam essa é muito importante para o nosso turismo
Tenho um trisavô que trabalhou aí, Mauricio Maus (ou Maux, Mauss). Será que estava na lista dos falecidos? Onde encontrá-la?