Moreno Brandão, jornalista, poeta, romancista e historiador
Nascido em Pão de Açúcar, Alagoas, no dia 14 de setembro de 1875, “num casarão amigo, ao pé da igreja”, Francisco Henrique Moreno Brandão era filho do alagoano dr. Félix Moreno Brandão e de Maria Aguiar Moreno Brandão. Era sobrinho em segundo grau de Euclides Malta.
Seu pai, o major e médico-cirurgião do Exército, e sua mãe, uma sobrinha do major, casaram-se no iníciode 1872. Tiveram os seguintes filhos: Manoel Caetano de Aguiar Brandão (*1872), Carolina de Aguiar Brandão (*1874), Francisco Henrique Moreno Brandão (1875-1938) e Maria Moreno Brandão.
Felix, que nasceu em 26 de novembro de 1825, em Mata Grande, Alagoas, era filho de Anacleto de Jesus Brandão e de (1798-1891) e de Maria Francisca da Conceição (1803-1879). Maria Aguiar era filha de Manoel Caetano de Aguiar Brandão (1818-1890) e de Carolina Maria Malta (1821-1879).
Como médico, Félix Moreno Brandão montou um “hospital de sangue” na Guerra do Paraguai, por orientação do Duque de Caxias. Foi condecorado em setembro de 1877 com a Ordem de São Bento de Aviz e, em 1878, foi designado como cirurgião-mor da Brigada do Exército em Maceió. Adoeceu de beribéri e faleceu em Pão de Açúcar em 24 de agosto de 1878. Tinha 52 anos.
Aos três anos de idade, em 1878, órfão de pai, Moreno Brandão fica sob os cuidados do avô materno, major Manuel Caetano de Aguiar Brandão, que além de ser proprietário bem sucedido, tinha grande influência política na região.
Os primeiros estudos de Moreno Brandão foram ainda em Pão de Açúcar com o mestre Jovino da Luz. Depois, em 1887, já em Penedo, iniciou o curso de humanidades no Colégio São José.
No primeiro ano do curso, com 13 anos de idade, escreveu no jornalzinho da escola, A Pirausta, o seu artigo inaugural. Abordava a escravidão. Dois anos depois fez o seu primeiro discurso elogiando o Partido Liberal.
Com a morte do avô que o criava, em janeiro de 1890, interrompeu os estudos por um ano, para retomá-lo em Maceió no Colégio 8 de Janeiro, do professor Adriano Jorge. Em seguida se matriculou no Liceu Alagoano.
Em 1892, morreu a sua mãe e Moreno Brandão interrompeu novamente os estudos e ficou sem rumo. Ele confessou que para fugir da vadiagem a que se entregara, pediu autorização ao ministro da Guerra para se matricular no Colégio Militar do Rio de Janeiro.
Foi atendido, conforme consta na Ordem do Dia do Exército nº 604, de 30 de novembro de 1894.
No final deste ano, morreu a sua irmã Nanci, forçando-o a se deslocar até Pão de Açúcar, onde foi “subjugado pela psicastenia“, como revelou depois.
No ano seguinte, ainda perseguindo o objetivo de estudar na Escola Militar, Moreno Brandão tentou ingressar no 26º Batalhão de Infantaria. Mas ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1895, as matrículas já estavam encerradas. Como opção, integrou-se ao 22º Batalhão, em São Cristovão.
Em 9 de julho de 1895, sofreu duas intervenções cirúrgicas no Hospital Central do Exército e, no dia 28 de agosto, conseguiu baixa e foi morar em Carmo, Rio de Janeiro, com seu tio Anacleto Brandão. Mesmo colaborando em jornal local, Moreno Brandão se considerava um inútil e resolveu voltar para Maceió.
Em 1898, terminou o curso preparatório e, em fevereiro, foi para Salvador onde ficou em dúvidas sobre o que cursar: Medicina ou Direito. Não se matriculou em nenhum dos cursos.
“Minha nevrose, então, se exacerbou muito e, premido por ela, apesar do tratamento a que me submeti, sob a direção do Doutor Nina Rodrigues tive, em setembro, regresso a Entremontes” (na época um distrito de Pão de Açúcar).
Após a volta, passou por momentos de muito sofrimento físico e moral, mas, mesmo assim, colaborou no jornal O Sertanejo, de Pão de Açúcar.
Em 1903 se estabeleceu em Maceió e começou a ensinar no Instituto Alagoano, onde foi vice-diretor. No ano seguinte já estava em Penedo assumindo a cadeira de Pedagogia do Liceu de Penedo. Contribuiu também com vários jornais da cidade e, a partir de maio de 1906, tornou-se correspondente do Gutenberg, jornal da capital.
Em 11 de fevereiro de 1905 casou-se, em Penedo, com Ascendina Linda de Menezes Brandão (1876-1908), com quem teve dois filhos, Danúsia (nasceu em Penedo no dia 7 de março de 1906) e Rui. Ainda teve uma filha adotiva: Marieta Menezes.
Após ficar viúvo, no dia 21 de junho de 1908, casou-se novamente, em 1910, desta feita com sua cunhada, Maria de Menezes Serra Brandão.
Em 1908 e 1909, seu nome surge como um dos conselheiros da Câmara Municipal de Penedo (vereadores da época).
Com o fechamento do Liceu Penedense em 12 de novembro de 1908, continuou residindo naquela cidade ribeirinha, onde lançou e editou, em janeiro de 1909, o jornal O Monitor. Continuava a ensinar Francês e Português “em casa de famílias conforme ajuste“.
O Monitor foi publicado até junho de 1909, quando Moreno Brandão adoeceu e foi tratar-se em Pão de Açúcar, onde permaneceu até meados de outubro. Com a paralisação d’O Monitor, seu irmão, Aguiar Brandão, criou em julho outro importante órgão da imprensa local, O Cruzeiro.
Moreno Brandão continuou o tratamento até novembro em Capela, Sergipe.
Mesmo atuando no jornalismo penedense, já era, neste período, lente catedrático da Escola Normal de Maceió, na cátedra de Português — também lecionou na cadeira de Geografia —, e do Ginásio Alagoano. Conseguiu ainda um cargo de funcionário público, como 3º Escriturário da Recebedoria Central.
Foi professor, da sucursal em Alagoas, do Instituto Comercial do Rio de Janeiro e do Colégio Dias Cabral, dirigido pelo professor Domingos Alves Feitosa. Seu nome surge associado a esta instituição nos jornais de 1911.
No final de março de 1911 foi admitido como redator do jornal Gutenberg. Veio a ser o redator-chefe deste periódico.
Em 1914 assumiu a função de redator do Diário da Noite e, em seguida, em 1916, fundou com Orlando Lins o Instituto Maceioense, que ocupou o Palácio Velho, em frente ao antigo Hotel Bella Vista. Nesse mesmo período editava o O Pyrausta, jornal de sua propriedade.
Além de jornalista e professor, destacou-se também como poeta, romancista e historiador, sendo eleito Deputado Estadual na legislatura de 1921 a 1924.
Era sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e membro da Academia Alagoana de Letras. Foi ainda presidente, a partir de agosto de 1931, da Associação Alagoana de Imprensa.
Autor de vasta obra literária, legou à posteridade dezenas de livros. Aposentou-se no dia 19 de agosto de 1931.
A Iara, Vinho Velho e o Escomungado estão entre os seis romances premiados. Publicou, também, três coletâneas de contos e quatro monografias enfocando aspectos do cotidiano de cidades como Penedo, São Miguel dos Campos, Pão de Açúcar e Maceió, que exerceram influência na sua vida.
Deixou ainda alguns estudos históricos, como Figuras Consulares, Medalhas do Populário Brasileiro e História das Alagoas (1909), o mais famoso de todos, nesse gênero.
Moreno Brandão falava fluentemente francês, inglês, italiano e espanhol. Tinha uma biblioteca de três mil e quinhentos volumes. Com 63 anos de idade, adoeceu e passou vários meses sofrendo até que faleceu no dia 27 de agosto de 1938, em sua residência na Rua Aristeu de Andrade, nº 377, no bairro do Farol.
Meu bisavô. Muito orgulho.
Sou neto do Morendo Brandão, filho de Danusia de Menezes Brandão Aires. (Professora de português da escola técnica federal de Alagoas.
Sou tataraneto de Moreno Brandão e neto de Dante Hugo Brandão Ayres e tenho muito orgulho do meu tataravô e da marca que ele deixou em nosso estado.
Meu Bisavô, que com muito orgulho ostento o seu nome!