Monsenhor Benício Dantas, o eterno pároco de São Miguel dos Campos

Matriz de Nossa Senhora do Ó em São Miguel dos Campos

Monsenhor Benício Dantas estudou em Roma no Colégio Pio Brasileiro e na Pontifícia Universidade Gregoriana

Benício Barros Dantas nasceu em Maceió no dia 1º de novembro de 1924. Era filho de José Dantas de Melo e Laudicéia Barros Dantas.

Não se tem informações onde aprendeu as primeiras letras, mas sabe-se que no início de 1947, quando tinha 22 anos de idade, foi completar seus estudos católicos em Roma, no Colégio Pio Brasileiro e na Pontifícia Universidade Gregoriana.

Ainda na Itália, foi ordenado no dia 8 de dezembro de 1950, voltando à Alagoas no início do ano seguinte em companhia do colega padre Humberto Araújo Cavalcanti.

Maceió vivia o episcopado de dom Ranulpho da Silva Farias, que investiu na formação da Ação Católica e da preparação de religiosos para fortalecer esta instituição da Igreja.

Na capital, o Pinheiro foi um dos bairros a receber benefícios da Ação Católica. Lá, em 23 de maio de 1950, foi inaugurado o Posto de Puericultura São Vicente “para o amparo à maternidade e à infância”.

Obra construída pelo Departamento Nacional da Criança e administrado pela Associação de Proteção à Maternidade e à Infância do bairro, uma organização vinculada ao Departamento Arquidiocesano de Maceió, um dos braços a Ação Católica.

Em 1953, foi inaugurada neste bairro a creche do Serviço Social da Ação Católica, empreendimento que somente foi realizada graças ao empenho do padre Benício Dantas, que naqueles anos ainda estava em Maceió e foi escolhido pároco da recém criada Paróquia do Trapiche.

Segundo o pesquisador e jornalista João Lemos, monsenhor Oliveira da Matriz das Graças era contrário a esta nova paróquia e dizia que só concordaria com a sua criação de para lá fosse designado o seu amigo Benício Dantas.

Não foi possível precisar a data da sua transferência para São Miguel dos Campos, mas em 1958 estava por lá e foi notícia nacional por ter sofrido um atentado, como noticiou o Correio da Manhã de 27 de fevereiro daquele ano:

Praça Monsenhor Benício Dantas no Loteamento José Alves em São Miguel dos Campos

“Atentado – Notícias procedentes de São Miguel dos Campos informam que pessoas não identificadas teriam feito disparos contra a janela da residência do padre Benício Dantas. Embora se desconheça a razão do atentado, comenta-se que a responsabilidade do fato é de correligionários do prefeito daquele município”.

O prefeito era do PSP de Muniz Falcão e foi o único eleito no ano anterior pelo partido do governador.

Independente do seu possível envolvimento político, padre Benício Dantas se notabilizou em São Miguel dos Campos por ser reconhecidamente uma das lideranças mais cultas do município.

Foi um destacado professor de latim e francês no Ginásio São Miguel e, como jornalista, dirigiu a Folha Miguelense e foi redator do jornal católico O Semeador, publicado em Maceió.

Segundo o escritor e historiador miguelense Ernande Bezerra de Moura, monsenhor Benício Dantas “era um sacerdote muito atuante, que gostava do que fazia, tinha vezes que amanhecia dentro da Matriz, percorrendo cantos e recantos, trabalhando pesado no afã de levar a todos as emanações da religião cristã, com muita fé e entusiasmo”.

Ernande lembra dele como um “pregador exuberante, jornalista fecundo, homem de cultura, utilizava a palavra e a pena com maestria a serviço da igreja e dos problemas que afetavam a paróquia”.

Em 1966 graduou-se como bacharel na Faculdade de Filosofia de Alagoas. Foi o orador da turma e sua oração ficou impressa no opúsculo “Para Servir… A Pessoa Humana na Família”.

Em seu trabalho missionário, vinculou-se fortemente aos romeiros do Padre Cícero Romão e participou de várias atividades com eles no Ceará. A de maior expressão foi a celebração da missa durante o ato de inauguração do monumento a Padre Cícero em Juazeiro do Norte, às 17 horas em 1º de novembro de 1969.

A Escola Monsenhor Benício Dantas em Maceió está cedida à Uneal

Moezio de Vasconcellos Costa Santos, advogado, professor e ex-seminarista, revelou que conheceu bem o monsenhor Benício Dantas e recordou dos seus dotes oratórios: “Dava gosto ouvi-lo. Suas pregações eram consistentes e coerentes porque ele não fugia do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

“Era um grande Sacerdote! — continuou o professor Moezio — Era Doutor em Direito Canônico e, segundo os comentários da época, estava muito cotado para o Episcopado, não fosse a sua morte precoce”.

“Quando o conheci, no Seminário Metropolitano de Maceió (Seminário Nossa Senhora da Assunção), fiquei impressionado com a explicação que ele deu sobre o Livro do Martirológio Romano”, recordou Moezio ao ressaltar que ele demonstrava ter conhecimento de causa.

Monsenhor Benício Dantas faleceu vítima de um AVC no dia 4 de novembro de 1974, em Maceió.

Em sua homenagem, na capital, existiu por décadas a Escola Estadual Monsenhor Benício de Barros Dantas, situada na Rua Pedro Américo, no bairro do Poço. Seu prédio foi cedido à Uneal em 2018.

Uma praça no Loteamento José Alves em São Miguel dos Campos também recebeu seu nome.

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