Modesto de Souza, o ator alagoano que liderou as lutas de sua categoria no Brasil
Filho de Manoel Ferreira de Souza e Ana Rocha Bittencourt de Souza, pequenos plantadores de cana de açúcar, Modesto de Souza Bittencourt nasceu no dia 13 de novembro de 1894 em São Miguel do Campo, Alagoas.
Em depoimento, lembrou que passou parte da sua infância tendo convivência com os pescadores da praia do Pontal do Coruripe.
Seu pai impunha disciplina rígida ao filho e o colocou para trabalhar, ainda adolescente, numa farmácia em São Miguel dos Campos. Como era irrequieto, resolveu fazer algumas experiências com os produtos químicos do estabelecimento.
O resultado foi uma tremenda explosão que quase destrói o estabelecimento e por pouco não o deixou com limitações físicas. Foi demitido imediatamente e passou a ser mais vigiado pelo pai.
Tinha 18 anos de idade, em 1912, quando chegou à cidade um grupo de variedades. Sua principal estrela era a atriz-bailarina-cantora Irene Conseptine, uma italiana muito alta.
Apaixonado pela “grande” atriz, Modesto ingressou no grupo para trabalhar como “ponto”, socorrendo os atores lendo o texto em voz baixa.
Essa ousadia escandalizou a família e a sociedade miguelense. Na época, o artista mambembe era considerado um vagabundo e tratado como um marginal pela polícia.
Quando a trupe resolveu partir, Modesto resolveu acompanhá-la, movido pelo amor ao teatro e à atriz italiana.
Percorreram o Nordeste durante meses até chegarem à cidade paraibana de Araruna, na chapada da Serra da Borborema. Nestas andanças, Modesto passou também a atuar, aprendendo a arte nas condições mais adversas.
Em Araruna, o ator descobriu um novo amor. Desligou-se do grupo e iniciou um namoro com a jovem Elisa Ferreira de Macedo, com quem casou-se em 1916. Para sustentar a família nascente, montou um bilhar num armazém alugado.
No ano seguinte, não se submetendo às imposições do seu padrinho de casamento e chefe político da família Targino, mudou-se com a esposa para Sapé, outra cidade paraibana.
Lá, em 1918, nasceu seu filho Jackson de Souza, que mais tarde viria a dividir o palco com ele.
Não conseguindo viver do comércio e sem aceitar as injustiças e perseguições dos seus concorrentes, voltou ao teatro mambembe.
Montou seu próprio grupo, que atuava ora por conta própria, ora contratado por companhias com sede em Recife ou Salvador. Assim percorreu sertões, caatingas, agrestes e litorais de diversos estados brasileiros.
Nesse período, como revelou depois, passou fome e viajou de canoa, de jangada, e “até como clandestino em navios da Costeira”.
Depois de 15 anos de estrada, comendo poeira, a sorte sorriu para ele no início do ano de 1927. Estava em Recife apresentando a dupla caipira Isidoro e Isidorinho, com o seu filho, quando foi convidado por Vicente Celestino para integrar a companhia de operetas que estava sendo montada para estrear no Rio de Janeiro, no Teatro Phenix, a peça Aves de Arribação, de autoria dos pernambucanos Samuel Campelo e Waldemar de Oliveira.
Ainda em setembro de 1927, fez temporada no Teatro Guayra em Curitiba com a Companhia Nacional de Operetas, de Vicente Celestino. Apresentaram as seguintes peças: Patativa, Duquesa do Bal-Tabarin, Viúva Alegre e Jurity.
Ator comediante de muitos recursos, logo fez sucesso no Rio de Janeiro e chegou a montar sua própria companhia. Com ela, fez temporada no Cine Alfa em Madureira, no Rio de Janeiro.
Em março de 1928 participou da nova companhia do Teatro Recreio, ficava na Rua Pedro I no Rio de Janeiro. A estreia foi no dia 13 com a “grandiosa revista” Mello das Crianças dos escritores Marques Porto e Luiz Peixoto. Modesto era apresentado como uma revelação em “papeis cômicos”.
A partir de então não parou mais de atuar nos grandes teatros do Brasil.
Militância política
Sua trajetória política foi marcada por forte militância sindical e por vinculação aos movimentos progressistas.
Sem informar onde e como, Modesto de Souza revelou em entrevista para sua campanha a vereador no Distrito Federal em 1954, que travou seus primeiros contatos com luta sindical em 1927.
Também revelou que foi ele quem criou, em 1934, o Sindicato dos Artistas, Cenógrafos e Cenotécnicos de São Paulo.
Sua primeira grande participação política se deu em 1935, na Aliança Nacional Libertadora (ALN), que recebia forte influência do Partido Comunista. Tomou parte ainda da mobilização contra o nazismo em 1942 e do apoio e organização da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu na Itália durante a Segunda Grande Guerra Mundial.
Em entrevista concedida em 1954, assim traçava sua história de militância política: “Tenho participado conscientemente de todos os movimentos em defesa da paz e pela emancipação nacional, que surgiram ultimamente no país. Lutando em defesa do petróleo nacional, fui ferido em setembro de 1948, pela polícia, numa solenidade aos pés da estátua de Floriano Peixoto”.
Outro registro de um posicionamento político de Modesto de Souza foi anotado por um agente do DOPS de Pernambuco em julho de 1944. No seu prontuário, de nº 9.368, da Secretaria de Segurança Pública, no dia 29 ele teve uma discussão acirrada com o locutor José Renato em frente ao Grande Hotel em Recife.
Debatiam sobre um incidente entre os Estados Unidos e a Argentina, e Modesto se posicionava favorável aos argentinos. A discussão terminou abordando aspectos da política nacional e o agente anotou que o ator argumentava que no Grito do Ipiranga, Proclamação da República, Revolução de 30 e o Golpe do Estado Novo, não houve derramamento de sangue e vaticinava que haveria um dia em que isso ocorreria no Brasil.
No relatório constava que pelo menos seis pessoas haviam presenciado a discussão, entre elas os integrantes da dupla Buddy & Fantomas (Esteban e Carmen Pose Senile). O documento revela ainda que nenhum dos presentes apreciou o assunto e que após a discussão todos se retiraram e Modesto foi para o Hotel Avenida.
Em março de 1945, quando se dedicava aos shows nos cassinos do Rio de Janeiro, Modesto de Souza propunha que o próximo diretor do Serviço Nacional de Teatro fosse escolhido por eleição. Estava muito insatisfeito com a pouca remuneração dos profissionais de teatro.
Ao ser entrevistado por um repórter da revista paulista Mosacardo (Il Moscone) e perguntado quando voltaria ao teatro, respondeu: “Não me falem nisso, não voltarei a pisar num palco enquanto não houver dignidade profissional!
E continuou: “Suportei tudo: corri o Brasil de Norte a Sul, percorri dezenas de quilômetros a pé, saindo de um lugarejo pela manhã, para representar à noite em outro muito distante; passei, com dois companheiros, três dias com quinhentos réis, comendo broa de milho e chupando cana. Suportei tudo o que um homem de teatro pode suportar, mas não suporto a degradação”.
Concluiu afirmando que “Pedir, pelo amor de Deus, um lugarzinho para trabalhar, andar de repartição em repartição, pedindo coisas, como se fosse mendigo e recebendo migalhas, como recebem os mendigos, isso nunca! Quero trabalhar e ganhar a vida honestamente como sempre fiz, mas não posso nem quero viver de esmolas”.
No dia 11 de setembro de 1945, quando teve início a Semana do Teatro, as entidades dos profissionais do teatro organizaram um desfile de carros abertos da Praça Mauá até o Catete e prepararam uma “Semana do Teatro” para homenagear o presidente Getúlio Vargas, que havia sancionados três decretos-lei atendendo reivindicações do meio teatral. No ato do Catete, Modesto de Souza discursou assistido pelo presidente que estava na sacada do Palácio.
No dia 17 de setembro, no encerramento da Semana do Teatro, o presidente foi homenageado novamente no Municipal. Joracy Camargo falou representando os artistas profissionais e anunciou as medidas adotadas pelo Governo Federal: isenção de taxas e impostos federais sobre os espetáculos, regulamentação da concessão dos espaços públicos e o preço das locações das casas de espetáculos e a criação do Conservatório Nacional do Teatro.
O Congresso do Petróleo foi aberto no dia 23 de setembro de 1948 na sede da ABI no Rio de Janeiro. Após a instalação, foi realizado uma homenagem a Floriano Peixoto junto ao seu monumento em frente à Câmara, no Rio de Janeiro. Mesmo com a presença de generais e coronéis, soldados da Polícia Especial reprimiram violentamente a manifestação. Entre os feridos atendidos no HPS do Rio de Janeiro estava Modesto de Souza.
Ele era um dos vice-presidentes do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN), sediado no Rio de Janeiro. Esta entidade havia sido criada em abril daquele ano pelo professor Henrique Miranda.
Os generais Horta Barbosa, José Pessoa e Estêvão Leitão de Carvalho foram seus presidentes de honra. Além da coordenação entregue a militares, tinha ainda a participação de estudantes, homens públicos e intelectuais e jornalistas.
Foi o CEDPEN que passou a coordenar a Campanha do Petróleo iniciada no ano anterior. Era a mobilização em defesa do monopólio estatal da exploração do combustível com o slogan “O petróleo é nosso!”, que resultou na criação da Petrobras.
Com recebia o apoio do Partido Comunista, o CEDPEN e seus participantes passaram a ter suas atividades monitoradas pela polícia.
Em maio de 1949, quando o também alagoano Jararaca rompe com seu parceiro Ratinho, forma nova dupla com Modesto de Souza e passam a fazer apresentações na Rádio Bandeirantes.
Como Jararaca era dos quadros do Partido Comunista, uma nota publicada na revista A Scena Muda de 17 de maio daquele ano insinua que Modesto também era comunista: “Essa nova dupla já está apresentando ao microfone da Bandeirantes, e parece que se entende bem, pelo menos professam a mesma ideologia…”.
De 22 a 28 de setembro de 1952, no Rio de Janeiro, Modesto participou ativamente do I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro. Foi nesse encontro que se definiu a criação do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica do Rio de Janeiro. Os jornais da época destacaram que entre os atores somente se expressaram nos debates “Jackson de Souza, o seu pai Modesto de Souza e José Lewgoy”.
Em 1954, em reunião realizada na ABI, os comunistas do Distrito Federal apresentaram os nomes dos seus candidatos para as eleições de outubro daquele ano, sem definir a legenda. Entre os nomes relacionados está o de Modesto de Souza, que deu entrevista como pretendente a uma das vagas de vereador.
Entretanto, seu nome não aparece nem como eleito e nem como suplente numa relação publicada após o pleito.
Como em setembro, a direção do PC orientou abertamente o voto no PTB e nos candidatos getulistas e, somando-se a isso a decretação da ilegalidade do Partido, o que impossibilitava ter candidatos em legenda própria, é provável que Modesto de Souza tenha desistido da disputa.
Ainda nos anos 50, Modesto teve participação destacada nas diversas mobilizações do Sindicato dos Atores Teatrais, Cenógrafos e Cenotécnicos do Rio de Janeiro (Casa do Artista).
Reunião conjunta de estudantes e artistas na noite de 14 de janeiro de 1958, na sede da UNE, decidiu realizar uma passeata para entregar ao presidente da República memorial com as reivindicações em defesa do cinema nacional.
Modesto de Souza, durante a assembleia, disse: “Se a Lei dos oito por um [obrigava a exibição proporcional de oito filmes estrangeiros para um nacional] fosse fiscalizada, talvez o cinema nacional estivesse em melhores condições. Uma cidade de Alagoas há cinco anos não exibe um filme nacional. Essa situação não pode perdurar. Devemos deixar nas mãos dos estudantes o controle da Lei em todos os estados da Federação”. A UBES ficou encarregada de fiscalizar.
Em fevereiro de 1958, esteve com uma delegação de estudantes e artistas com o Chefe da Censura, André Carrazzoni, denunciando os cinemas que estavam descumprindo a Lei de 8×1. “Assim o cinema nacional não poderá se desenvolver”, disse ao responsável pelo Departamento de Censura do Governo Federal.
A zero hora do dia 24 de agosto de 1961 teve início a primeira greve dos radialistas cariocas. Reivindicando aumento salarial, os profissionais paralisaram por 14 horas as 17 estações de rádio e as 3 de televisão. Modesto de Souza não só aderiu à paralisação como foi fortalecer os piquetes nas portas das emissoras. A greve foi vitoriosa, conquistando 40% de reposição salarial.
Em 26 de outubro de 1963 o jornal Correio da Manhã publica nota anunciando a fundação do Comando dos Trabalhadores Intelectuais (CTI), evento ocorrido no dia 7 de outubro no Rio de Janeiro. Modesto de Souza e seu filho Jackson de Souza estão entre os representantes dos atores de teatro junto com Oduvaldo Vianna, Gianfrancesco Guarnieri, Flávio Rangel, Tereza Rachel e Flávio Migliácio.
No dia 30 de maio de 1965, o Correio da Manhã publica nota assinada por intelectuais e artistas pedindo a “imediata libertação do editor Ênio Silveira, preso por delito de opinião”. Modesto de Souza tem seu nome na relação dos que assinaram a nota encabeçada por Herbert Moses, da ABI, Aurélio Buarque de Holanda e Oscar Niemeyer.
Em agosto de 1965 é um dos signatários da Carta Aberta Intelectuais e Artistas pela Liberdade endereçada ao presidente da República general Humberto Castelo Branco. O manifesto transmitia a “apreensão em face do quadro de ameaças que se vêm armando em torno das atividades culturais brasileiras”.
Foi um dos assinantes do manifesto lançado pela Frente Única de Intelectuais e Empresários, em setembro de 1965, em apoio à candidatura de Negrão de Lima (PSD-PTB) ao governo do Estado da Guanabara. A adesão surgiu devido aos compromissos assumidos pelo embaixador com a redemocratização do país.
Negrão de Lima derrotou Flexa Ribeiro, candidato de Carlos Lacerda, nas eleições de 3 de outubro de 1965. Foi eleito, mas não chegou a governar. Com a edição do Ato Institucional nº 3, em 5 de fevereiro de 1966, os governadores passaram a ser indicados pelas Assembleias Legislativas.
Morte
Com 72 anos, Modesto de Souza participava dos ensaios da peça O Bravo soldado Schweik como um jovem iniciante: faria cinco personagens. A montagem dirigida pelo Antônio Pedro da peça de Jaroslav Hasec seria apresentada, como foi, ainda em agosto de 1967 no Teatro Carioca.
Na madrugada de 6 de agosto de 1967, saiu do ensaio no Teatro Carioca e quando atravessava a confluência da Praia do Flamengo e Rua Paissandu foi atropelado por um veículo que nunca foi identificado.
Foi levado para o Hospital Miguel Couto em estado grave, com fraturas na perna esquerda, três costelas e ruptura da bexiga.
Tal qual o bravo soldado de sua última peça, lutou pela vida até que foi vencido no dia 20 de agosto.
No dia seguinte, seu corpo ficou em câmara ardentes no salão nobre da Assembleia Legislativa e no final da tarde foi levado para o Cemitério São João Batista.
À beira do seu túmulo, Oswaldo Loureiro disse: “Ele não foi um medalhão, mas um dos mais dedicados profissionais do teatro, do cinema e da televisão”.
Em dezembro de 1967, uma das ruas do Rio de Janeiro recebeu o seu nome.
Carreira artística
1928
5 de abril, no Teatro Recreio, no elenco de O Martyr do Calvário, de Eduardo Carrido.
12 de abril, na opereta Estrela D’Alva de Mário Monteiro.
26 de abril, em Os Saltimbancos do original de Maurice Ordonneau, com Vicente Celestino e Laís Areda. Foi a primeira vez que foi apresentada em português.
25 de maio, na opereta Madame Thebes de Carlos Lombardo. Versão em português de Marques Porto e Luiz Peixoto.
1º de junho, na opereta A Rosa Vermelha de Samuel Campello e Waldemar de Oliveira.
5 de julho, em Cadê as Notas?… com Vicente Celestino. Modesto está relacionado entre os atores que se apresentaram em “skechts e cortinas cômicas”.
24 de agosto, o jornal A Manhã publica uma nota com o seguinte teor: “QUEM É RICARDO CAVADO – O ator que está sendo anunciado no elenco da Companhia Norka Rouskava com o nome de Ricardo Cavado é o conhecido Modesto de Souza, que, tendo trabalhado muitos anos no norte, de onde é filho, estreou no Phenix quando da ligeira temporada de Vicente Celestino. Ultimamente fez parte da Companhia Recreio que substituiu a que foi ao sul. Aliás é um ótimo elemento, mas completamente [des]conhecido”.
8 de setembro, estreia na nova companhia no Teatro Phenix com Semi-nu’s, “um conjunto de bailados, anedotas transformadas em sketchs, números de artistas…”. A crítica foi severa: “De homens a Companhia é fraquíssima. Apenas vemos Henrique Chaves, o inteligente intérprete dos nossos sambas e canções, Modesto de Souza, interessante ator de segundo plano…”.
29 de setembro, foi apresentada a segunda revista, Microlandia, também no Phenix. A crítica do jornal destaca que Modesto de Souza estava entre os homens que “foram uns heróis para conseguirem o agrado da peça”.
1929
30 de maio, estreou no Teatro Phenix a Companhia de Vaudevilles Musicados com a peça Ilha dos Prazeres, de H. H. de Almeida. Modesto fez o personagem Manduca Escovado. A crítica achou a montagem “paupérrima”.
16 de junho, antes de refazer o elenco, a Companhia apresentou Ministro… Kamarada.
21 de junho, com novos artistas foi apresentada a peça As calças do Coronel, de João Moreno.
16 de agosto, estava em São Paulo, no Teatro Apollo, estreando com a Companhia Nouvelles Folies a revista Brodio… Mello e Dias de Gastão Tojeiro.
9 de dezembro, estava em Niterói, no Cineteatro Eden, com a Companhia Sul Americana de Burletas e Sainetes, com a burleta (um tipo de comédia musical) Rancho da Serra de Luiz Iglesias.
1930
Em novembro é anunciado como um dos atores da Companhia Brasileira de Espetáculos Modernos de Abigail Maia e Oduvaldo Viana. Dias depois seu nome surge também como participante da Companhia Regional Brasileira, que tinha a direção de Armando Alvim e do maestro Freire Júnior e realizou recitais no Eden Cineteatro de Niterói e no Teatro República, no Rio de Janeiro.
1931
Em maio participou da Companhia de Iracema de Alencar que viajou para São Paulo, ocupando o Teatro Apollo.
Em julho estava no Democrata Circo apresentando o sketch da revista Se você jurar… com Saul Carvalho, Victória Soares e Nogueira Sobrinho.
25 de setembro, na Companhia de Vaudevilles Brejeiros de Messias de Alencastro e Leão Tinoco. Estreou no Teatro Cassino com Noite de Núpcias.
1932
Em novembro, Modesto de Souza e Esther de Souza estavam de volta ao Rio após excursão ao norte do país.
Dezembro, no Cine Fluminense em São Cristovão, com uma opereta que tinha a participação de Vicente Celestino.
1933
23 de março, na Companhia de Operetas de Laís Areda. Estreou no Cineteatro Haddock Lobo com a peça A Duqueza do Ballabarim.
Abril, no elenco da peça O Mártir do Calvário no Teatro Carlos Gomes. Direção de João Barbosa.
Ainda em abril, no Teatro João Caetano como artista da Companhia Brasileira de Grandes Espetáculos Musicados, com direção de Oduvaldo Vianna. Foi relacionado como ator cômico. A opereta era Kelani, a dama da lua.
Em junho, no Teatro República com a Companhia Yô Yô, dirigida por Manoelino Teixeira, apresentando Ondas Curtas, um revuette de dois atos, de M. Paradella e H. Cunha.
Julho, no Haddock Lobo estreou na Companhia de Lygia Sarmento a comédia de Armando Gonzaga, A Patroa.
Setembro, no Haddock Lobo Eu explico tudo, de José Wanderley.
Outubro, no Teatro Recreio, a comédia Miss Charleston.
1934
Fevereiro, no Teatro Recreio. Festival em comemoração às 50 apresentações da revista política e carnavalesca Há uma forte corrente…
Abril, na estreia da Companhia Brasileira de Teatro Musicado, no Teatro João Caetano, com Foi seu Cabral, de Freire Júnior.
No final de abril, no João Caetano, a peça era A Grande Estreia.
Julho, no Bicho Papão de Viriato Correia. Nesta peça também atuam Procópio Ferreira e Paulo Gracindo.
1936
Agosto, no Teatro Regina, Menor Abandonado, de Joracy Camargo.
Setembro, Uma Conquista Difícil, no Teatro Regina, com Procópio Ferreira e Elza Gomes.
Outubro, Cheque ao portador, de Armando Gonzaga no Teatro Regina. Companhia Procópio Ferreira.
1937
Março, O Anastácio de Joracy Camargo no Teatro Regina, com Procópio Ferreira.
Abril, Adeus Nobreza, no Teatro Regina, com Procópio Ferreira.
Maio, Christiano se diverte, de Ivan Noé no Teatro Regina, com Procópio Ferreira.
Maio, O Presidente, de Paulo Magalhães no Teatro Regina, com Procópio Ferreira.
1938
Março, Que noite, meu Deus! de Franz Arnold e Ernest Bach com tradução de Matheus da Fontoura, no Teatro Carlos Gomes. Estreia da atriz Elza Gomes, com Procópio Ferreira.
Abril, Peso Pesado de J. F. Del Villar, adaptação de Restler Júnior. No Teatro Carlos Gomes, com Procópio Ferreira.
Maio, O Maluco da Avenida de Carlos Arniches, no Teatro Carlos Gomes, com Procópio Ferreira.
Junho, O Rei do Cobre, tradução de Alberto Queiroz no Teatro Carlos Gomes, com Procópio Ferreira.
1939
Fevereiro, Carneiro do Batalhão, de Viriato Correia no Teatro Carlos Gomes, com Procópio Ferreira.
Agosto, Mauá, de Castelo Branco de Almeida no Teatro Ginástico.
Setembro, Maluco nº 4, de Armando Gonzaga no Teatro Ginástico pela Companhia Delorges.
Outubro, A vida brigou comigo, no Teatro Alhambra.
Novembro, filme Anastácio, de Joracy Camargo pela Sono-Film. Paulo Gracindo também atuou. Foi seu primeiro filme.
Novembro de 1939 – Tiradentes no Teatro Alhambra, de Viriato Correia.
1940
Março, Feia, de Paulo Magalhães no Teatro Rival, Cinelândia. Companhia da comédias e Sainetes de Luiz Iglesias.
Abril, O Troféu de Armando Gonzaga no Teatro Rival.
Abril, Querida de Paulo Magalhães no Teatro Revival.
Julho, filme Simpático Jeremias da SonoFilmes. Dirigido por Gastão Tojeiro.
1941
Fevereiro, A Cuíca está roncando, no Teatro Recreio, organizado por Armando Louzada. Atuaram Oscarito, Silvino Neto, Darci Cazarré, Moreira da Silva e Dick Farney entre outros.
Março, Hotel da Felicidade no Teatro Carlos Gomes. Mesquitinha era o ator principal.
1942
Em abril estava na Companhia Joracy Camargo no elenco de O Sábio, com temporada do Teatro Regina, na Rua Alcindo Guanabara, Rio de Janeiro. Dividiu o palco com Joracy Camargo e Mário Lago.
Ainda em abril participou na Joracy Camargo da consagrada peça Deus lhe Pague, no Teatro Regina. Também com Mário Lago.
Em setembro a Companhia Joracy Camargo percorreu vários estados apresentando o seguinte repertório: O Sábio, Mania de Grandeza, O Chefe de Família, Dança dos Milhões, O Burro, Deus lhe pague, Tudo por você, Sindicato dos Mendigos, O neto de Deus e o Homem que voltou da posteridade.
1943
26 de março, ainda no Teatro Regina, estreia sua Companhia Cazarré-Modesto de Souza com Cem Gramas de Homem de Anselmo Domingos. Do elenco eram anunciados Heloísa Helena, Luiza Satanela (uma atriz portuguesa), Rita Ribeiro e Mário Lago. Essa montagem percorreu o país e realizou mais de 100 apresentações.
Em abril, no Teatro Regina, a Cazarré-Modesto de Souza apresentou Burro de Carga do argentino Ivo Pelay.
Em maio foi a vez de A Casa do seu Tomás.
Com a peça Mania de Grandeza, de Joracy Camargo, a Companhia abriu temporada no Teatro Carlos Gomes no dia 30 de julho de 1943.
Foi substituída em agosto pela peça A Pensão de D. Stela de Gastão Barroso.
Ainda em agosto foi encenada Burro de Carga, uma tradução de Armando Louzada.
Lançado no dia 2 de outubro de 1944, o filme musical da Atlântida Romance de um Mordedor, dirigido por José Carlos Burle, tinha em Mesquitinha e Modesto de Souza os atores principais. Era o quarto filme da Atlântida.
Ainda em outubro, Modesto de Souza rompe a sociedade com Darci Cazarré, que assumiu a Companhia em parceria com Déa Selva.
1944
Dezembro, filme Romance Proibido de Adhemar Gonzaga, pela Cinédia, Rio de Janeiro. Iniciou as filmagens em 1940.
1945
Novela radiofônica O Tesouro da Ilha Perdida, na Rádio Tupi, com Mesquitinha, Natara Ney, Modesto de Souza e outros.
Ainda em 1945, Minha vida é um mar de rosas e O Mistério da Última Carta, também novelas radiofônicas na Tupi.
1946
Maio, no filme Cem garotas e um Capote, com Mesquitinha e Catalano. Produção e direção de Milton Rodrigues. A crítica do jornal A Manhã o considerou como “um desastre da nossa cinematografia”. Os atores foram poupados e considerados sacrificados pela produção e direção.
No final de agosto, Modesto de Souza estava com Mesquitinha, Manoel Vieira e João Martins na revista Eu quero é Movimento… no Teatro República. Essa “revista deslumbramento” é de autoria de Mesquitinha e Luiz Peixoto.
1947
No dia 2 de dezembro entrou em cena no Teatro Regina a comédia de Mário Gabriel, Manjar dos Deuses. Modesto de Souza estava no elenco dirigido por Carlos Machado. Foi duramente criticada por Oswaldo de Oliveira em artigo para o jornal A Manhã.
Segundo entrevista ao jornal Imprensa popular de 10 de julho de 1954, Modesto deixou de fazer teatro neste ano. Entretanto ainda participou de algumas montagens, mas claramente se voltou para o cinema, rádio e TV.
Cinema, Rádio e Televisão
1948
Em 23 de setembro foi lançado o filme da Cinédia Obrigado, Doutor!, produzido e dirigido por Moacyr Fenelon. Os atores principais foram Rodolfo Mayer e Lourdinha Bittencourt. Modesto de Souza estava no elenco.
No dia 15 de novembro, outro filme. A comédia Falta alguém no manicômio foi produzida pela Atlântida e tinha Oscarito como o principal ator, com Modesto de Souza no elenco. A direção foi de José Carlos Burie.
O documentário Terra Violenta, baseado no romance Terras do Sem-Fim de Jorge Amado, foi exibido em avant-première no dia 22 de dezembro no cine São Luiz, que comemorava naquela data 11 anos de atividades. No elenco do filme da Atlântida dirigido por Edmond Francis Bernoudy estavam Anselmo Duarte, Maria Fernanda, Grande Otelo, Celso Guimarães, Heloisa Helena e Modesto de Souza. Foi exibido para o público no ano seguinte.
1949
Filme E o mundo se diverte foi lançado no início do ano voltado para o período de carnaval. Produção da Atlântida teve a direção de Watson Macedo e o elenco tinha Oscarito, Grande Otelo, Eliana, Alberto Miranda e os Quitandinhas Serenarders, Modesto de Souza, Catalano, Horacina Corrêa, Lou, Ruy Rey e outros.
1950
Carnaval no Fogo ,da Atlântida, em fevereiro, com Oscarito e Grande Otelo.
Abril, na produção da Atlântida Não é nada disso… com Catalano dirigido, por José Carlos Burie.
Em maio de 1950, no Teatrinho Jardel em Copacabana, estava com a Companhia Brasileira de Comédias atuando na peça A mulher do seu Adolfo, de Oliveira Lima, dividindo o palco com Alma Flora, Déa Selva, Pepa Ruiz, Sueli Rios, Cazarré, Rui Viana e Arlindo Costa.
Em julho, no Teatro Jardel, com a peça Me leva que eu vou de Luiz Peixoto e Geysa Boscoli.
1951
23 de março, no Teatro República, no drama sacro Jesus, o Filho de Deus, com Rodolfo Arena, Modesto de Souza, Jurema Magalhães, Hortência Santos e Jackson de Souza, seu filho.
Filme Cascalho, lançado em abril. Produzido pela Sul Filmes e dirigido por Léo Marten. Produção de Herberto Sales. No elenco José Lewgoy e Sadi Cabral.
Terminou de ser filmado, em outubro de 1951, o filme Tico-tico no Fubá, uma versão romanceada da vida de Zequinha de Abreu. Filmado pela Vera Cruz em São Bernardo do Campo, com Anselmo Duarte, Tonia Carreiro, Marisa Prado, Marina Freire, Ziembinski, Modesto de Souza e Francisco Sá. A produção foi de Fernando de Barros e Adolfo Celi, com direção do deste último.
1952
Foi homenageado no dia 17 de abril por estar completando 40 anos de atividades teatrais. A festa artística aconteceu na Associação Brasileira de Imprensa.
Em abril de 1952 firmou contrato com a Rádio Eldorado.
1953
Em maio estava filmando Rua sem Sol no Estúdio Carmem Santos na Tijuca, produção de Mário Del Rio e direção de Alez Viany com Patricia Lacerda, Glauce Rocha, Carlos Cotrim, Sérgio de Oliveira, Carlos Alberto e Jayme Marine.
Ainda em 1953, participou também das filmagens de Carnaval em Caxias nos estúdios da Flama. Foi lançado para o carnaval do ano seguinte.
1954
Cinco Fugitivos do Juízo Final, peça de Dias Gomes que estreou no dia 3 de setembro. Direção de Bibi Ferreira.
1955
Filme Leonora dos Sete Mares produzido por Roberto Acácio para os Artistas Associados. Direção de Carlos Hugo Christensen, lançado em novembro.
Rio, Quarenta Graus, de Nelson Pereira dos Santos. Também trabalha o seu filho Jackson de Souza. Produção de Moacir Fenelon/Columbia Pictures of Brazil Inc.
1956
Em 7 de março, estreou Agora a Coisa Vai, revista de Saint Clair Sena e Boiteux Sobrinho e direção de Aldo Calvet, da Companhia Silva Filho, na reabertura do Teatro João Caetano.
Ainda em 1956, Modesto desligou-se da Companhia e foi filmar, em São Paulo, Osso, Amor e Papagaio, na Vera Cruz. O filme foi baseado em um conto de Lima Barreto.
1957
Em 5 de abril, voltou a trabalhar com Silva Filho na revista Rumo à Brasília, de Saint Clair Sena e Boiteux Sobrinho e direção de Aldo Calvet, no Teatro João Caetano.
1958
Em 8 de agosto na peça Agora é que são elas no Teatro São Caetano. Produção de Rosa Matheus. Autores: Haroldo Barbosa, Roberto Ruiz e Nestor de Holanda.
1960
Em fevereiro está relacionado como um dos atores do elenco de Teleteatro da TV Continental no Rio de Janeiro.
1961
Em março é um dos atores da adaptação do conto, de Machado de Assis, Chinela Turca para a TV Continental. “Modesto de Souza sobressaiu-se aos demais pelo colorido que conseguiu imprimir ao papel que lhe deram…”, reconheceu a crítica.
1963
Na peça O Círculo de Giz Caucasiano, de Bertold Brecht com direção de José Renato, apresentada no Teatro Nacional de Comédia.
Em outubro estava no elenco e As aventuras de Ripió Lacraia de Francisco de Assis com direção de José Renato. Uma matéria publicada após a apresentação da peça informava que ele não subiu ao palco.
1964
Em março, participou do teatro do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes na peça Os Azeredos mais os Benevides de Oduvaldo Vianna Filho, com direção de Nelson Xavier.
Em 12 de novembro, no Teatro de Arena da Guanabara TAG, com a peça A Torre em Concurso de Joaquim Manoel de Macedo e direção de Paulo Afonso Grisolli.
Sete dias depois os artistas do Teatro de Arena fizeram uma passeata pelo centro do Rio de Janeiro protestando contra o esvaziamento dos teatros, atribuindo isso à “irrisória subvenção recebida […] e do exorbitante imposto estadual de 20%, cobrado em cada ingresso”. Modesto de Souza era um dos manifestantes.
1965
17 de Março na comédia Santo Milagroso, de Lauro Cezar Muniz, com direção de Walmor Chagas, no Teatro Mesbla. Produção do Teatro Cacilda Becker.
Em julho no O Berço do Herói, de Dias Gomes, com direção de Antônio Abujamra, no Teatro Princesa Isabel.
Setembro, O pagador de promessas, de Dias Gomes com direção de José Renato.
Novembro, na peça Como Matar um Playboy, no Copacabana Palace.
1966
Setembro, peça O senhor Puntillia (e seu criado Matti), de Bertold Brecht, tradução de Millôr Fernandes, direção de Flávio Rangel, no Teatro Ginástico.
1967
Abril, Terra em Transe, filme de Glauber Rocha.
Abril, peça Onde canta o sabiá (Sabiá 67) – de Gastão Tojeiro, no Teatro Copacabana.
Agosto, ensaios para a peça O Bravo soldado Schweik, de Jaroslav Hasec, produção do Teatro Carioca de Arte, dirigido por Antônio Pedro, no Teatro Carioca. Modesto faria cinco personagens, mas faleceu e foi substituído pelo diretor Antônio Pedro.
Não condiz com seu nome a sua bem movimentada vida ! Bravo , trabalhador, inteligente e impunha aos seus sua vontade em crescer e trabalhar no que achava mais talhado ao sucesso ! Jamais ouvi falar do Modesto antes desta data onde Ticianeli me aparece com ele ! Parabéns
É impressionante como os alagoanos não tem ciência dos personagens nascidos em sua terra. Sou miguelense e nunca ouvi falar de Modesto de Souza. Em qualquer lugar onde registram os nomes dos alagoanos ou miguelenses famosos nunca foi divulgado o nome do ator. Graças ao História de Alagoas esse erro foi finalmente reparado .