Júlio Campina e o seu Subsídio ao Folclore Brasileiro, publicado em 1897
Baixe gratuitamente o livro Subsídio ao Folclore Brasileiro do alagoano Luiz Tenório Cavalcante de Albuquerque

Júlio Campina é o pseudônimo do alagoano Luiz Tenório Cavalcante de Albuquerque. Nasceu em 1867, provavelmente na cidade de Alagoas, atual município de Marechal Deodoro. Foi lá que também nasceram alguns dos seus irmãos e onde residia seu pai, Lourenço Bezerra Cavalcante de Albuquerque Mello (faleceu em 1900 ou 1901), senhor do Engenho Flor do Sumaúma, e sua mãe, Maria Tenória Cavalcante de Albuquerque (faleceu em 16 de setembro de 1916 em Paraibuna, SP).
Esta pesquisa encontrou os seguintes irmãos deste alagoano:
– Maria Cavalcante de Albuquerque – faleceu em 4 de março de 1862 na atual Marechal Deodoro. Havia nascido dias antes.
– Antônio (Augusto) Cavalcante de Albuquerque – nasceu em 21 de março de 1863 (foi batizado em 7 de abril de 1863) no município atual município de Marechal Deodoro
– João Cavalcante de Albuquerque – nasceu em 16 de junho de 1864 em Brejo da Madre de Deus em PE. Era médico e atuou no interior de São Paulo. Casou-se, em 29 de março de 1900, no Rio de Janeiro, com Maria José de Almeida Cavalcante.
– Alexandre Bezerra Cavalcante de Albuquerque Mello – nasceu em 19 de maio de 1870 em Marechal Deodoro. Foi batizado em 19 de maio de 1872.
– Dr. Lourenço Bezerra Cavalcante de Albuquerque Filho – bacharel – Casou-se com Joaquina Accioly Leite.
Não se sabe como se realizaram os primeiros estudos do menino Luiz Tenório Cavalcante de Albuquerque, mas em 10 de dezembro de 1884, aos 17 anos de idade, seu nome aparece em O Orbe na relação dos alunos aprovados nos exames gerais do Colégio Bom Jesus, em Maceió. Para prosseguir os estudos, foi morar no Rio de Janeiro, onde se matriculo no Seminário para seguir a carreira episcopal. Estas informações foram publicadas no Correio Paulistano de 23 de fevereiro de 1910, logo após a sua morte.
Em pouco tempo desistiu de ser padre e em fevereiro de 1891 obteve licença para se matricular na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, a principal instituição a formar profissionais na área da Engenharia no país. Em 16 de abril do ano seguinte já era estudante do 1º ano dessa Escola. Não se sabe se cursou Engenharia Civil e depois Agrimensura ou teve os seus estudos interrompidos para esta última área do conhecimento, mas somente prestou os últimos exames para ser diplomado como agrimensor nos primeiros dias de janeiro de 1901. Uma década depois de ter iniciado o curso.
Em setembro de 1893 seu nome foi citado pelo jornal maceioense Gutenberg (reproduzindo informação do jornal Cidade do Rio) como empregado da prefeitura do Distrito Federal, no cargo de auxiliar da Diretoria de Patrimônio. Foi exonerado, a pedido, dias depois.
O mesmo Gutenberg, em 18 de agosto de 1896, publicou a seguinte nota: “Está nesta capital o primoroso poeta sr. Luiz Tenório Cavalcante, nosso estimado conterrâneo, estudante da Escola Polytechinica. O ilustre moço veio trazer a exma. consorte de seu digno irmão, Antonio Cavalcante, a fim de dar à luz na velha cidade de Alagoas, de onde é oriunda toda a família. Satisfaz ao nosso bairrismo este tão louvável procedimento. Cumprimentamos, pois, aos recém-chegados”.
Outro irmão, o dr. João Cavalcante de Albuquerque, no início do século 20 passou a atuar como médico em Jambeiro e na vizinha Paraibuna, pequenos municípios no entorno de São José dos Campos em São Paulo.
Foi numa das visitas a esse seu irmão que Luiz Tenório resolveu ali se estabelecer. Inicialmente trabalhou em Jambeiro como professor particular e depois fundou, em parceria com Júlio de Moraes, um externato diurno para meninos e aulas noturnas para adultos.
Foi também redator em diversos jornais fundados por ele, que tratava como passatempo: O Tagarela, A Matriarca e A Morte. Colaborou n’O Jambense com artigos literários e sonetos
Como agrimensor, em 19 de novembro de 1904, conseguiu junto ao Ministério da Agricultura um título de garantia provisória para um invento, um “lavrador aperfeiçoado para café”.
Demonstrando que em pouco tempo se destacara na sociedade jambense, ainda em dezembro de 1904 era um dos três componentes da banca dos exames finais para as escolas públicas daquele município.
Dias depois, em 7 de janeiro de 1905, tomou posse como intendente eleito de Jambeiro, cargo que ocupou até 7 de janeiro de 1908. Mesmo exercendo este cargo público, não se afastou das atividades intelectuais e, por sua iniciativa, na noite da virada de ano de 1906 para 1907, inaugurou o Club Literário e Recreativo Jambeirense, proferindo uma palestra sobre O Belo.
Antes do final do mandato de intendente, o prefeito da época, foi eleito vereador em 4 de junho de 1907. Mas pouco exerceu esse mandato. Em 30 de janeiro de 1908, renunciou a vereança para ir morar em Paraibuna, onde já estava seu irmão, o dr. João Cavalcante de Albuquerque, que foi um dos primeiros médicos da Santa Casa daquele município.
Foi lá que Luiz Tenório faleceu em 12 de fevereiro de 1910. Tinha 43 anos de idade. Foi vítima do tifo e de complicações intestinais.
Subsídio ao folclore brasileiro
Não há informações sobre quando Luiz Tenório Cavalcante de Albuquerque incorporou o Júlio Campina e realizou a coleta do material para o seu livro sobre as “anedotas sobre caboclos portugueses; lendas, contos e canções populares; etc”. Na introdução do livro ele dá uma pista, se referindo que conseguiu sua “coleção” nas “viagens que há anos fizemos em plagas sertanejas do norte da República”.
Sabe-se apenas, pela coluna CORREIO do jornal O Paiz (RJ) de 2 e 3 de janeiro de 1897, que naquela data o livro ainda não tinha sido impresso. Neste jornal, o editor responde a Júlio Campina: “É muito difícil encontrar um editor. Demais o colega a quem o senhor se dirigiu não tem tempo de se ocupar com isso. Diga para onde quer que lhe seja devolvido o manuscrito, que é interessante”.
Subsídio ao folclore brasileiro – Anedotas sobre caboclos portugueses; lendas, contos e canções populares; etc foi editado pela primeira vez em 1897 pela Papelaria Mendes Marques & C., com endereço na Rua do Ouvidor, nº 38, Rio de Janeiro. Em 1977, a Edufal, em Maceió, publicou uma edição fac-similada. Era o número 1 de uma série, que não teve continuidade.
No Posfácio da edição da Edufal, de 1977, Théo Brandão reconhece esse livro como a primeira obra de um alagoano sobre o folclore do país e a quinta do país, situando-a ao lado de Couto Magalhães, Barbosa Rodrigues, Sílvio Romero e Melo Moraes Filho.
O História de Alagoas também produziu uma edição desta sua obra. Pode ser acessada gratuitamente clicando na capa do livro abaixo.
Muito grato, Ticianeli.