Jornal Gutenberg de 1887 explica a origem da Páscoa

Sob o título “Antigos Costumes”, o editor do jornal maceioense Gutenberg, de 22 de junho de 1887, dá informações históricas sobre a Páscoa e principalmente sobre o costume de se presentear ovos nesse período.

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O emblema sagrado da renovação do mundo era no Egito representado pelos ovos; os judeus, depois da saída do Egito, como memória da organização de seu povo, serviam-se conjuntamente com o cordeiro pascoal.

Entre os cristãos simbolizavam os ovos a ressurreição de Jesus, e os coloriam de vermelho, pois que Cristo, para resgatar a humanidade, derramou o seu sangue na cruz.

Outra razão histórica concorreu para o costume dos ovos: outrora com a festa da Páscoa começava o ano novo pelo equinócio da primavera, e não no solstício do inverno, como atualmente, mudança que teve lugar em 1582, com a reforma gregoriana.

E naquela época do ano os povos agrícolas celebravam as festas do ano novo, comendo ovos e fazendo presentes deles a seus parentes e amigos, festejando assim unicamente o rejuvenescimento da natureza, e a esperança de uma boa colheita e ano feliz.

No dia, de Páscoa, ao terminarem as abstinências, no meio da maior festa do cristianismo, traziam-se os ovos à igreja e aí se benziam, para depois serem distribuídos particularmente entre parentes e amigos, que os iam receber à casa uns dos outros.

A rapaziada de algum modo teve o costume de ir em grupo, em grande barulho e música pedir os ovos pelas casas, para depois de benzidos, os comer em grande orgia [anarquia]. Porém isto deu lugar à desordens e abusos, e um aviso Régio pôs termo a tais excursões que ainda são representadas em Portugal pelas Boas Festas e petição do folar.

Esta última palavra vem de folgar, por causa das danças e cantigas usadas nestas petições.

Atualmente a dádiva do folar ou dos ovos conserva-se restrita aos padrinhos, e se impetram nas maiores solenidades, da igreja católica: Natal e Páscoa.