História do tradicional Doce Mangabeiras

Fachada da fábrica Doce Mangabeiras na Av. Gustavo Paiva. Década de 1990

Pesquisa e texto base de Marcos Farias

A família Oliveira Farias começou a fabricar doces caseiros no bairro de Mangabeiras em 1952. Haviam deixado para trás o povoado de São Bento, no município de Maragogi, para tentar a vida na capital.

Se estabeleceram em um sítio na antiga Estrada do Norte, no trecho que havia recebido há pouco tempo a denominação de Av. Gustavo Paiva em homenagem a um dos seus ilustres moradores, falecido em 27 de outubro de 1943.

Ester de Oliveira, José Lins e Antonio de Farias, primeira geração dos fabricantes do Doce Mangabeiras

O casal Antonio de Farias e Ester de Oliveira, acompanhado pelo filho caçula José Lins, ainda adolescente, tiravam o sustento, quando ainda moradores de São Bento, da pesca e do cultivo do coco. Da cultura do coco levaram para Maceió as receitas dos doces e das broas de goma (sequilhos).

No sítio da Mangabeiras, localizado nas imediações onde atualmente está instalada a Sococo e onde permaneceram por 50 anos, improvisaram na mesma casa onde residiam as rústicas instalações da fábrica,  lembrando o cenário alagoano dos engenhos do açúcar e das casas de farinha.

Os primeiros produtos eram os mais simples de se produzir. As bananolas, balas de banana (conhecidas como “Nêgo Bom“) e as broas de goma ganharam mercado rapidamente, o que permitiu, pouco tempo depois, a diversificação dos doces ali fabricados.

Cozimento dos doces na antiga fábrica da Mangabeiras

Assim surgiram a bananada, abacaxi com banana, jaca com banana, caju com banana, manga com banana, goiabada cascão e doce de batata doce. Em calda, passaram a ser fabricados os doces de mamão, mamão com coco, caju, jaca, banana, além dos pastosos doces de leite. Faziam-se, ainda, suspiros, licor de jenipapo e jenipapo desidratado (seco).

A família, além de produzir as guloseimas, também vendia os produtos. Dona Ester e o filho José Lins percorriam escritórios de empresas e repartições públicas oferecendo seus doces, apresentados nas bem confeccionadas cestas de palhas.

Salão de vendas na fábrica da Av. Gustavo Paiva

Aos poucos, seus produtos começaram também a ser procurados no local de fabrico e residência da família em Mangabeiras. “Os clientes acabaram por ser os responsáveis pela escolha do nome da empresa, pois passou a ser comum ouvir: vamos comprar os doces da Mangabeiras! Não haveria então melhor opção que adotar a sugestão da clientela e batizar o nome da fábrica como Doce Mangabeiras“, testemunha Marcos Farias, neto do casal que iniciou o empreendimento.

Foi Marcos Farias quem deu continuidade à fabricação e ao comércio de doces da família a partir do fim da década de 1980. Nesta nova fase, os produtos ganharam as prateleiras de panificações, lojas de conveniências e supermercados em Alagoas.

O reconhecimento da qualidade dos produtos levou o Doce Mangabeiras a participar de feiras e eventos, como por duas vezes na Fispal Food Service, em São Paulo, considerada a maior feira de Food Service da América Latina.

Marcos Farias e a Doce Mangabeiras na Fispal em São Paulo

A Doce Mangabeiras também se orgulhava de ser uma das primeiras empresas de Maceió a ter seus produtos procurados por turistas ou por quem ia viajar para o exterior e queria levar um presente para amigos e parentes em outros países.

A partir de 2002 a fábrica mudou de endereço. Foi para a Av. Júlio Marques Luz, 1534, antiga Av. Jatiúca, onde permaneceu até 2007, quando encerrou sua produção.

“Foram 55 anos de história, onde as doces receitas da família Oliveira Farias passaram a fazer parte da gastronomia das Alagoas. O processo de fabricação totalmente artesanal, as frutas fresquinhas e selecionadas, os tachos de cobre, o forno à lenha, a ausência de aditivos químicos e conservantes, fizeram com que a tradição do Doce Mangabeiras se consolidasse em terras alagoanas”, comemora Marcos Farias.

12 Comments on História do tradicional Doce Mangabeiras

  1. Vera Cordeiro // 13 de fevereiro de 2020 em 23:42 //

    Muitas saudades desses doces. Sinto na boca estes sabores nunca esquecidos

  2. wagner da silva sampaio // 23 de novembro de 2020 em 09:01 //

    NOS ANOS 1980 …ESTUDEI NUMA ESCOLA MUNICIPAL VIZINHO A FABRICA DE DOCE MANGABEIRAS…O CHEIRO DE GOIABA ERA MUITO FORTE. A GENTE FICAVA ENCANTADO ….QUE TEMPO BOM!

  3. Sinto falta toda vez que venho a Maceió! Era muito bom !! Conheci em 1988

  4. Stephane Chagas // 16 de junho de 2021 em 13:55 //

    Era bom demais! Somos só RJ e sempre que íamos a Maceió a gente comprava pra trazer pra casa! Que maravilha! Saudades do doce de abacaxi com banana!

  5. Luiz Alberto Vilas Boas // 1 de agosto de 2021 em 20:25 //

    Faz anos que estou procurando esses deliciosos doces: batata, caju, bananadas , etc. Sempre tenho pedido a amigos, parentes, etc. Se os herdeiros dessa famosa família usassem o juízo jamais fechariam uma vaca leiteira (termo usado no marketing.
    Pois trata -se de doces que serão lembrados por gerações. ..!
    Se houver alguma oportunidade em adquiri-los, por gentileza me enviem.

  6. Luis Gonzaga pereira // 19 de março de 2023 em 22:41 //

    Não conheci tudo isso. Mas posso imaginar o quanto foi tão bom viver esse tempo. Sinto saudade daquilo que não conheci. ” Vê se pode!!! “

  7. Nunca existirá doces tão bons quanto eram esses do “doce Mangabeiras”

  8. Sinto saudades dos doces mangabeiras! Eram divinos! Gostava muito do sabor, bananada, jaca, batata doce, o nêgo bom! 😋😋 iguais a eles, não existem!

  9. Maria Evelina Menezes de Sá // 16 de março de 2024 em 06:15 //

    Lembrancas afetivas de meus pais que adoravam o doce de batata-doce, goiabada cascão e de abacaxi com coco entre outros….como eram bons e quanta saudade deles e de meus pais….

  10. Benedito Batista // 23 de março de 2024 em 03:49 //

    Morei próximo a fábrica de Doce Mangabeiras, quando criança

  11. Realmente era muito bom mesmo lembro-me uma delícia

  12. Eu lembro com carinho dos doces… e com a boca cheia d’água. Felicidades para todos da família. Acho que com essas histórias de cortar doces da alimentação, acabou que cortamos doces muito mais gostosos que esses feitos de leite condensado e esses industrializados que são pura química.

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