Guilherme Rogato e o cinema alagoano
Filho de Antonio Guiseppe Rogato (Antônio José Rogato) e Filomena Ponte Rogato, Salvatore Guglielmo (Guilherme) Rogato nasceu em 7 de dezembro de 1898 na Itália, mais precisamente na cidade de San Marco Argentano, região de Consenza, e chegou ao Brasil ainda criança, no dia 16 de setembro de 1910.
Já trabalhando como fotógrafo, casou-se em São Paulo com Maria Rosa Grecco Rogato, com quem teve em 22 de dezembro de 1910 a filha Ada Rogato, que veio a ser uma da pioneiras na viação brasileira e faleceu em São
Paulo, no dia 15 de novembro de 1986.
Não foi possível identificar os motivos e quando se deu a separação do casal, mas nos anos 30 Rogato casou-se novamente. Augusta Pereira dos Santos era de Quebrangulo e quando se uniu ao fotógrafo tinha somente 19 anos de idade. Deste casamento nasceu Flávia Rogato Farias, que veio a ser uma conceituada médica em Alagoas e mãe de Flavia Danielle, Elisa, Ana Paula e Paulo Guilherme Rogato.
Fotógrafo
Antes de desembarcar em Maceió, no final de dezembro de 1918, para realizar em parceria com o argentino Ramon Spá uma exposição de retratos em esmalte no início do ano seguinte, Rogato trabalhou como fotógrafo em São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro. A mostra em Maceió ocorreu somente em janeiro de 1919 no Teatro Cinema Floriano.
Voltou ao Rio de Janeiro no mês seguinte para continuar a trabalhar em seu ateliê. Porém, atraído pelas possibilidades de bons negócios na capital alagoana, retornou a Maceió em junho do mesmo ano para uma breve estada.
Os resultados foram tão expressivos que no início de 1921 já tinha fixado residência em Maceió, na Rua 15 de Novembro, nº 89 (atual Rua do Sol). Fora contratado como fotógrafo oficial do Governo do Estado. Inaugurou o estúdio Rogato Film e passou a oferecer serviços fotográficos e cinematográficos. Suas fotografias são divulgadas nas vitrines da loja A Carioca, no Centro da cidade.
Ainda em 1921 produziu e projetou três curtos documentários curtos: Carnaval de Maceió ou Carnaval de 1921; A Inauguração da Ponte de Vitória, filmado em Quebrangulo; e Homenagem ao Governador Fernandes Lima. Além destes registros, Rogato também filmou, em 15 de junho de 1921, algumas cenas da partida entre o Clube de Regatas Brasil e o Ypiranga, jogo que festejava a posse do governador Fernandes Lima.
Com apoio oficial, começou a produzir, em 1925, o primeiro documentário de grande montagem em Alagoas. Por dois anos capturou imagens das belezas naturais e das atividades econômicas do Estado e em 7 de julho de 1927 apresentou no Cine Floriano Peixoto o seu Terra das Alagoas. Como parte destas filmagens, registrou o Carnaval de 1926, que foi apresentado como documentário em 17 de abril de 1926, também no Cine Floriano Peixoto.
Motivado por sua participação no filme Um Bravo do Nordeste, produzido nos primeiros meses de 1931 em União dos Palmares por Edson Chagas, um pioneiro no cinema pernambucano, Rogato, em parceria com Etelvino Lima, dirigiu e produziu o filme Casamento é Negócio?, exibido a partir de 3 de abril de 1933.
A produção foi assinada pela Gaudio Filmes e teve o financiamento da Companhia de Petróleo Nacional. O enredo do filme utilizou a fórmula romanceada da mocinha disputada por dois pretendentes, um rico e outro pobre, a pretexto de denunciar a ação de agentes estrangeiros no boicote às pesquisas sobre petróleo em Alagoas.
Os protagonistas do filme foram: Luis Girard, Morena Mendonça, Moacir Miranda, Josefa Cruz, Agnelo Fragoso, Armando Montenegro, Orlando Vieira, Antônio Portugal Ramalho, Cláudio Jucá e o Major Bonifácio Silveira.
Por ter motivação política, o filme foi censurado em 8 de fevereiro de 1933. Somente em 3 de abril do mesmo ano a Censura Federal o liberou para que fosse exibido pela primeira vez no Cassino Capitólio, em Maceió. Casamento é Negócio? foi seu último filme.
Vítima de hemorragia cerebral, Guilherme Rogato faleceu no Hospital de Pronto Socorro de Maceió em 9 de setembro de 1966 quando já era viúvo. Seu corpo permaneceu por horas na Igreja de São Benedito para ser velado. Segundo a escritora Heliônia Ceres, em uma crônica publicada na Gazeta de Alagoas, ele ficou sozinho na igreja “aguardando o próprio funeral, entregue a Deus, sem amigos, sem carinho, sem amor, como um grande solitário que descansou“.
Foi enterrado no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade, no Prado.
Fontes: ABC das Alagoas, Cinemateca Brasileira e o artigo “Guilherme Rogato e os seus filmes pioneiros em Alagoas”, de Henrique Méro.
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