Ecos dos festejos do carnaval de 1920 em Maceió
A reportagem abaixo foi publicada no Jornal do Recife de 28 de fevereiro de 1920, mas escrita pelo correspondente no dia 20 do mesmo mês. Lembrando que naquele ano o carnaval começou no dia 14 de fevereiro, Sábado de Zé Pereira, e se estendeu até o 17, “Terça-feira Gorda”.
Destacamos a informação sobre a realização de algum evento carnavalesco no “Aterro de Jaraguá”, atualmente seria o trecho da Av. da Paz entre o Clube Fênix e a Praça Marcílio Dias, local onde é realizado anualmente o evento carnavalesco Jaraguá Folia.
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O carnaval, este ano, em Maceió e no interior do Estado esteve animadíssimo, suplantando em parte os dos anos anteriores.
Notava-se um movimento extraordinário na capital, onde o povo se espalhava cheio de entusiasmo.
Uma coisa, porém, que esteve abaixo da crítica foi a praça Floriano Peixoto [atual Praça dos Martírios], local destinado aos combates de perfume, serpentinas e confetti, porque além de se apresentar com uma decoração falhada e sem estética, primava pela falta de luz.
A escuridão ali era de se notar e assim nos expressamos em virtude de nos anos anteriores, quando esse serviço estava a cargo do sr. Bonifácio Silveira, a praça Floriano Peixoto ostentava belíssima ornamentação e profusa iluminação elétrica.
Isto realmente é o resultado de vaidades, coisa aliás comum em nosso meio — a praça Floriano Peixoto ser o ponto escolhido para os festejos carnavalescos. Enquanto isso acontecer teremos infelizmente que registrar essas coisas pouco agradáveis, porque não se compreende como em uma capital que dia a dia progride faça-se monopólio de locais para o povo se divertir.
A praça Floriano Peixoto fica em frente ao palácio do governo do Estado!…
E se os festejos carnavalescos fossem realizados em diversos pontos da cidade o carnaval de Maceió seria mais poético, haveria movimento em todas as artérias de nossa “urbs” e o povo se divertiria com maior satisfação. E a prova flagrante desse conceito temo-la: à rua Boa Vista a fina flor e nossa elite para ali se convergia; a rua do Comércio no último esteve maravilhosa; as ruas do Livramento, Alegria e trechos da do Macena excederam à expectativa, enfim o Aterro de Jaraguá foi um primor!…
Ficam esses conceitos para exemplo de nosso povo que não deve absolutamente se levar por essas coisas estéreis.
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Sábado de carnaval foi um dia cheio de festas.
À noite, a Fênix Alagoana, depois de oito anos, exibiu o seu anunciado Zé Pereira, cuja tradição ficou bem patente no nosso espírito não ter mais aquele brilhantismo extraordinário. Toda tradição foi desmentida!
As alegorias teriam melhor efeito se houvesse algum resquício de arte na confecção das mesmas. As ideias foram magnificas, felicíssimas, mas a confecção destoou por completo do sucesso que poderíamos registrar.
O povo esperava outra coisa. Um carro somente destacamos — “Duas grandes conchas” — pertencente ao Centro Sportivo Alagoano. Alegoria elegantíssima, vistosa e feericamente iluminada. Junto as conchas estavam sentados dois pequenos “pierrots” e no centro uma criança despida empunhava a bandeira daquela associação sportiva.
O efeito de luz era magnífico. O Zé Pereira cujo préstito era precedido de numerosos cavaleiros e bandas de clarins, percorreu várias ruas da capital.
A cidade ficou movimentadíssima.
Parabéns carnavalesca de grande importância na memória momesca para carnavalisar os nossos Belo de outrora reviva em nossas alegrias!!!
Infelizmente esse Jaraguá Folia vai acabar, tiraram-no da Sá e Albuquerque… escreve aí!!!
Bela matéria, bom saber das nossas histórias e raízes…