Dr. Angelo Neto e a antiga Rua do Arame no Alto do Jacutinga

Rua Ângelo Neto em 1908

Angelo José da Silva Neto nasceu em Maceió no dia 16 de abril de 1872. Era filho do advogado e político dr. José Angelo Márcio da Silva e de Eulália Angela Menezes da Silva, que solteira assinava como Eulália Angela Barreto de Menezes. Casaram-se em 13 de julho de 1869.

Seu pai, José Angelo Márcio da Silva, nasceu em Alagoas em 1825. Foi deputado provincial nas legislaturas 1858/59, 1860/61, 1863/66, 1876/79, e deputado geral em 1864/66 e 1876/79. Era advogado diplomado pela Faculdade de Direito de Olinda em 1846. Esteve na direção de vários jornais nesse período. Em 1873/77 era o senhor do Engenho Rio do Meio, em Ipioca. Faleceu em 1889.

Eulália Angela Barreto de Menezes nasceu em Maceió no dia 14 de dezembro de 1845 e faleceu no Rio de Janeiro em 31 de julho de 1937. Filha de Luiz Correia de Menezes e de Francisca Ribeiro Paes Barreto, era a segunda esposa do dr. José Angelo Márcio da Silva.

Do primeiro casamento, o dr. José Angelo Márcio da Silva teve pelo menos dois filhos:

José da Silva. Nasceu em 1867.

Maria Eulália da Silva. Nasceu em 26 de setembro de 1868 e faleceu em 21 de julho de 1930, num acidente automobilístico em que viajava também o seu marido, o general João Gomes Ribeiro Filho. Já se denominava Maria Eulália Gomes Ribeiro.

Do segundo casamento, realizado em 13 de julho de 1869, foram encontrados os registros de seis filhos:

Jacintho Paes Pinto da Silva. Nasceu em 25 de setembro de 1870 e faleceu em 27 de julho de 1927.

Angelo José da Silva Neto. Nasceu em Maceió no dia 16 de abril de 1872.

Olímpio Fausto Menezes da Silva. Nasceu em 19 de dezembro de 1875.

Francisca Menezes. Nasceu em 25 de junho de 1879.

Francisco da Silva. Nasceu em 25 de junho de 1880.

José Angelo da Silva. Nasceu em Maceió.

Dr. Ângelo Neto

Angelo José da Silva Neto, o dr. Angelo Neto

Sabe-se da infância e adolescência de Angelo Neto, que estudou inicialmente nos colégios de Maceió e fez os preparatórios no antigo Liceu. Depois matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife, onde completou o curso seriado em dois anos e meio. Foi diplomado em 1893.

Logo após a sua formatura, foi nomeado como amanuense dos Correios de Pernambuco, mas não aceitou o cargo. O presidente do país era então o alagoano Floriano Peixoto.

No final de 1894, quando já tinha retornado a Maceió, voltou a ser nomeado para um cargo público. Era governador de Alagoas o Barão de Traipu, de quem era amigo. Tomou posse como contador da Subcontadoria do Distrito Telegráfico de Alagoas. Permaneceu nesse cargo até 1897.

Dr. Ângelo Neto

Foi por meio dessa amizade e por seu trabalho na imprensa local, que nasceu sua candidatura vitoriosa a deputado federal em 1896. Durante esse mandato deu-se a divisão interna nas hostes do Partido Republicano Federal — inicialmente era o Partido Republicano Constitucional —, com o fortalecimento do grupo liderado pelo gaúcho Francisco Glicério, em franca oposição ao presidente Prudente de Moraes. Angelo Neto manteve-se Republicano, sempre acompanhando o Barão de Traipu.

Em 1900, com a eleição de Euclides Malta, genro do Barão de Traipu, e por solicitação deste, Angelo Neto foi novamente incluído na chapa de deputado federal. Mas quando Euclides impôs o seu irmão, Paulo Malta, como seu sucessor em 1903, houve o rompimento entre Euclides Malta e o Barão de Traipu. Angelo Neto continuou com o amigo e por isso foi duramente atingido por seus correligionários.

Atuando na oposição a Euclides Malta,  fundou o Correio de Alagoas, em companhia dos senadores Bernardo de Mendonça e Manoel Duarte, e do deputado federal Wanderley de Mendonça.

Foi deputado federal nos mandatos 1897/99, 1900/02 e, em 1906, até 10 de dezembro, quando faleceu.

Bonde após a Curva do Farol, na Rua Ângelo Neto, em frente ao Colégio Sacramento

A Rua do Arame

Em 27 de abril de 1895, Angelo Neto anunciou nos jornais que estava vendendo a chácara onde morava com a família, no Alto do Jacutinga. É possível que esta sua residência fosse na na antiga Rua do Arame.

Coincidentemente, quatro dias antes, às 8h da noite de 23 de abril de 1895, um homem embriagado provocou o dr. Acindino Simões em frente ao seu sítio, no então arrabalde de Mangabeiras. Segundo a denúncia deste advogado, opositor ao Barão de Traipu, quem causou a ameaça a sua vida foi um servente de campo da linha telegráfica. Graças à intervenção de dois amigos do dr. Acindino, o indivíduo foi desarmado. O fato foi comunicado à Polícia e José Lopes de Lima, o José Pernambuco, foi preso. Era assíduo em criar problemas quando embriagado.

Acindino, motivado pela política, não se conteve em atribuir a autoria intelectual do “atentado” ao dr. Angelo Neto, que respondeu energicamente à insinuação e o assunto dominou os jornais por alguns dias.

Teria sido este o motivo que o levou a anunciar a venda de sua chácara? Também não se sabe se ele concretizou a venda, mas desde 1899 que a Lei nº 53, de 2 de março havia estabelecido uma homenagem ao parlamentar ainda em vida: a antiga Rua do Arame, no Alto do Jacutinga, fora denominada Rua Dr. Angelo Neto. Os arames que deram nome a esta via eram os fios do Telégrafo.

Como sempre acontece, a Rua do Arame lutou bravamente para permanecer como tal. Esta pesquisa somente encontrou em 6 de maio de 1906, no jornal Gutenberg, a primeira citação da Rua Dr. Angelo Neto. Na década de 1910, a Rua do Arame já estava esquecida.

Angelo Neto faleceu em 10 de dezembro de 1906 no Rio de Janeiro. Seis meses antes tinha iniciado o tratamento de uma tuberculose pulmonar. Era um jovem de 34 anos de idade.

2 Comments on Dr. Angelo Neto e a antiga Rua do Arame no Alto do Jacutinga

  1. Claudio de Mendonça Ribeiro // 4 de fevereiro de 2025 em 07:19 //

    Muito grato, Ticianeli.

  2. Sabino Oliveira // 5 de fevereiro de 2025 em 12:46 //

    Linda história alagoana é muito bacana
    Temos sempre que nos orgulhar de nossos antepassados alagoanos e pioneiros.

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