CSA x CRB: o clássico do Leprosário de 1941

Time do CSA campeão de 1941. Em pé: Ernani, Rui, Prazeres, Palito, Raul, Massa, Paurílio e Clywton. Agachados: Nhô, Pedro, Emiliano, Toscano, Pedrinho, Sales e Murilo

Quando o interventor Ismar de Góis Monteiro assumiu o governo de Alagoas, no início de 1941, encontrou ainda em obras o Leprosário da capital, uma construção que havia sido autorizada por Getúlio Vargas em 1938.

Tinha sido inaugurado, sem ter sido concluído, em 15 de novembro de 1940 por Osman Loureiro. Em março de 1941 o Leprosário recebia 22 pacientes e tinha sido denominado Colônia Eduardo Rabelo. Anos depois passou a ser Cidade de Menores Humberto Mendes.

O interventor Ismar de Góis Monteiro, que pretendia ver a instituição completamente construída, não media esforços em busca de recursos para a obra, mas obtinha muito pouco. Assim, viu se aproximar o fim do ano de 1941 sem resolver os problemas do Leprosário.

Leprosário em 15 de novembro de 1940

Como o campeonato alagoano de futebol de 1941 tinha sido muito disputado e a partida final entre CSA e CRB foi envolvida em muita tensão, Ismar de Góis Monteiro foi aconselhado a tirar proveito dessa animosidade e promover uma partida amistosa entre as duas equipes, com a arrecadação destinada as obras da Colônia Eduardo Rabelo.

O CSA, que tinha conquistado o Turno ao vencer o CRB na Pajuçara por 6 x 4, disputou em 28 de setembro a final do Returno no Mutange com chance de se sagrar campeão alagoano. O jogo foi muito tumultuado e o lance do gol que deu a vitória ao CSA, uma cabeçada de Sales, aconteceu após o árbitro Waldomiro Breda ter revertido uma marcação de tiro de meta para escanteio, atendendo a sinalização do auxiliar.

A partida, que deu o título de campeão invicto ao CSA, terminou com agressões e expulsões. Um detalhe: os expulsos, Clywton (CSA) e Gabino (CRB) foram presos no local.

Foi nesse clima de rivalidade exacerbada que dias depois surgiu a proposta da partida amistosa entre o campeão e o vice.

O presidente do CSA, Paulo Pedrosa, não gostou da ideia. Sua torcida ainda comemorava o título, que interrompeu um ciclo de quatro anos de campeonatos sucessivos do rival, o CRB. Não era a hora de oferecer a possibilidade de revanche. Além disso, o time da Pajuçara tinha anunciado a contratação de alguns reforços logo após a derrota.

Paulo Pedrosa, presidente do CSA em 1941

Ismar de Góis Monteiro, sabendo da reação do CSA, convocou uma reunião com os presidentes dos dois clubes. No Palácio dos Martírios o interventor apresentou suas motivações a Paulo Pedrosa e a Rui Palmeira. O encontro terminou sem definição alguma sobre o jogo.

Dias depois os dirigentes azulinos voltaram atrás e anunciaram que participariam. Cederam as pressões governamentais e aos argumentos de vários sócios. O encontro ficou acertado para o domingo, 12 de outubro, no Mutange.

Quando se acreditava que não se teria mais problemas, Rui Palmeira resolveu indicar para árbitro do jogo o Tenente Hugo, um conhecido torcedor do CRB. Paulo Pedrosa não concordou e mandou dizer que não teria mais jogo. Felizmente surgiu o nome do então major Mário Lima (pai do Carlito Lima) e a partida aconteceu.

Rui Palmeira, presidente do CRB em 1941

Como se esperava, o CRB apresentou seus novos jogadores: Miguel Rosas, Lisboa e Luiz Hamilton. Para surpresa de todos, o CSA superou o CRB por 3 x 0, com gols de Pedrinho, Emiliano e Toscano.

O clube azulino venceu com Palito, Raul, Nhô, Paurílio, Prazeres, Rui Craveiro, Clywton, Emiliano, Pedrinho, Sales (Toscano) e Murilo.

O CRB foi derrotado com Lisboa (Periquito), Osvaldo, Miguel Rosas, Ventania, Gabino, Luiz Hamilton, Cão, Ramalho, Arlindo, Duda e Luiz Quirino.

Time do CSA campeão de 1941. Em pé: Ernani, Rui, Prazeres, Palito, Raul, Massa, Paurílio e Clywton. Agachados: Nhô, Pedro, Emiliano, Toscano, Pedrinho, Sales e Murilo

2 Comments on CSA x CRB: o clássico do Leprosário de 1941

  1. O melhor sendo sempre o melhor!

  2. Só faltou concluir a história do leprosário, a renda foi suficiente para terminar a obra?

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