Chau do Pife, o astro da taboca de 7 furos
Em junho de 2010, o jornalista e radialista Mácleim Carneiro entrevistou para a Rádio FM Educativa o músico Chau do Pife. Parte desse material foi divulgado em seu perfil no Facebook em 2016. Agora, graças à cortesia do também cantor e compositor Mácleim, apresentamos o material na íntegra.
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Mácleim Carneiro (com Editoria)
Alagoas toda conhece o talento dele, mas se eu disser José Prudente de Almeida, provavelmente poucos saberão de quem se trata.
Curiosidades como esta, recheiam a nossa conversa — em alguns momentos até emocionante — com este artista autenticamente popular. Um ser de alma musical, que emociona com a simplicidade inerente aqueles que não usam cosméticos para serem o que não são e revela sua vida sofrida, mas também de muitas conquistas.
É uma longa entrevista com o pife de ouro e Patrimônio Vivo da Cultura Alagoana, Chau do Pife, porém deliciosa como um bom romance. Garanto que vale a pena cada detalhe.
Mácleim Carneiro – De onde vem o apelido Chau do Pife?
Chau do Pife – Olha, essa história mexe nas minhas veias, nas águas do meu coração. Esse Chau é coisa do interior, coisa da nossa cultura.
Quando era jovem, tinha 16 anos… por aí, eu jogava bola com os meus amigos, lá no interior, na Lagoa do Peri Peri, município de Boca da Mata, e no fundo do campo tinha uma jaqueira grande, onde a gente, no intervalo do jogo, ia comer jaca e prosear um com o outro, como diz o matuto.
Por lá tinha um senhor já de idade, dessas pessoas que andam pelo mundo só, o nome dele era Chau. Aí os meus amigos tiraram o nome dessa pessoa e botaram o nome em mim, e ficou. Eu era Zé do Pife e aí ficou Chau e não teve jeito mais.
MC – Mas ficou legal. É seu nome artístico hoje e ninguém lhe conhece mais como José Prudente, não é?
Chau – Uma vez, lá no Maria Bonita, eu estava tocando e parou dois ônibus de turistas e foi entrando para sentar nas mesas. Aí, o meu amigo Belinho, a gente tocava junto, disse: agora, com vocês, Chau! Aí o povo deu meia-volta e foi embora (risos). Foi preciso ele falar: Chau é o nome do músico que vai tocar, não é para vocês irem embora. Aí os turistas voltaram.
MC – Conheço uma história sobre como você começou a tocar o pife. É verdade que o seu pai botava você na plantação para servir de espantalho. Foi isso mesmo?
Chau – Isso mesmo, porque na época, e no presente, eu sempre fui feio. Sou bonito no coração, mas feio eu admito que sim. O meu pai tinha uma banda de pife, aí ele tocava duas, três vezes por mês, naquelas novenas de interior, nas festas de santo.
Ao mesmo tempo, ele plantava milho, algodão, àquelas coisas todas e os pássaros, de manhãzinha, eles vêm bater em cima do milho – o milho quando vem nascendo ele bota uma agulhinha bem fininha – ele não quer o caroço do milho, ele quer àquela agulhinha que fica cheinha d’água. O galo de campina é a bexiga pra fazer isso.
Eu não sabia nem o que era um pife, então meu pai pegou um pedaço de taboca, furou dois furos nele e me botou em cima de uma pedra bem grande que tinha no meio da roça, chamava-se a pedra do coração, ela parecia um coração.
Eu me levantava quatro horas, com um frio da bexiga, e ficava em cima da pedra. “Quando os passarinhos forem sentando para comer, você tem que apitar que é para eles correrem, seu bexiguento!”, dizia meu pai.
Era isso que eu fazia, tremendo ainda com frio, vestido numa camisa que se chamava “volta ao mundo”. Quando os passarinhos começavam a cantar e vinham para o lado do milho, eu apitava e eles iam embora. Daí, o tempo foi passando e eu fui achando bom. Mandei ele fazer um pife com quatro furos e aprendi tocar.
Agora, quando eu comecei a tocar mais ele foi um pouco cruel. Porque, aqui acolá, quando eu errava, ele quebrava uma taboca na minha cabeça. Foi assim que aprendi tocar e é o que faço até hoje.
MC – Hoje você fabrica o seu próprio instrumento. O seu pife tem quantos furos?
Chau – São sete furos.
MC – Olhe aí. Começou com dois, passou para quatro e hoje já está em sete. É o máximo na escala?
Chau – O pife certo, ou pífano, como queira chamar, a escala certa são sete furos. Se botar mais é diferente.
MC – E aí, com sete furos, dá para fazer o “estrago” que você faz, não é?
Chau – Todo pife é um só, furado com a mesma regra, mas cada pife tem uma história, que depende do bocal do músico. O bocal é dele. Afinando ou engrossando, a afinação fica diferente.
MC – A música que dá título ao seu primeiro disco, “Memória dos Pássaros”, remonta àquela história que você contou dos passarinhos, que você ficava lá, espantando, não é?
Chau – Sim, essa música faz parte dessa história dos pássaros, que meu pai me colocava para tanger no milharal. Isso fez muitas coisas na minha vida, porque não é fácil você, com um pedaço de cano furado, que começou a tanger pássaros obedecendo às ordens do velho pai, chegar a estar numa posição dessas: tocando música.
MC – Como é que você escolhe os nomes para as músicas que você faz?
Chau – É com o dia a dia, por onde eu ando, com quem encontro, por onde eu passo, de que jeito sou tratado. Quem me tratar mal eu esqueço, eu só lembro das coisas boas, porque o que é ruim não presta. Então, a música é feita em cima do seu dia a dia: um carro correndo, um pássaro cantando, jogando uma bola, conversando com um amigo, a água correndo, de tudo se faz uma música.
MC – A gente estava conversando antes sobre o Edmilson do Pife, que é, talvez, o cara que chega junto do Chau. Os dois estão ali batendo bola no mesmo nível, não é?
Chau – Não querendo desfazer das suas palavras, musicalmente nunca quero ser e nunca sou e nem vou aceitar que o meu coração diga a mim mesmo que eu sou melhor que ninguém. Eu não sou melhor do que ninguém, porque cada um faz aquilo que aprendeu. Se Edmilson toca do jeito que toca, que Deus ajude ele a tocar muito mais. Nelson da Rabeca, pense numa pessoa para eu admirar.
MC – Por isso que estou dizendo a você que vocês dois batem bola no mesmo time.
Chau – Isso, claro que sim. Eu mais o Edmilson, a gente se viu uma vez só, mas deu para eu ver no Edmilson, no jeito dele, que se eu precisar dizer alguma coisa a ele sobre pife, ou pra ele me dizer. Eu chamo ele e ele se precisar me chama.
MC – O Zé da Flauta foi quem produziu o primeiro disco do Edmilson. Conversando com ele, soube da história de como o Edmilson chegou até ele e como o Zé ficou encantado com as músicas dele. E aí, Zé da Flauta perguntou como ele fazia músicas tão bonitas. Respondeu que andava no ônibus, no trem e as músicas iam entrando pela janela. E você, como é para você?
Chau – É isso mesmo. Tem uma música no primeiro disco que eu fiz na beira da lagoa, que se chama Eugênia Minha Flor. Eu fui lembrando da minha filha, num passado que eu tive, antes de Deus mandar ela para o meu mundo, para uma família que eu pedi a Deus e ele me deu.
[Ouça aqui Eugênia Minha Flor, de Chau do Pife e Lula Sabiá].
Vivem comigo três filhos e uma companheira, em casa. Ai, eu fico lembrando uma vez que eu me escondi da minha filha, para ela não me ver embriagado. Aí, Jesus Cristo tocou na minha alma, no meu espírito, na minha vontade e pedi a ele que me tirasse o vício da embriagues, que isso não presta para ninguém. Eu pensei na minha filha, que ela tinha que ver o Chau do Pife como ele é. Coloquei o nome na música Eugênia Minha Flor.
MC – Você já passou por momentos muito difíceis mesmo, não é? Você, quando chegou aqui em Maceió, dormiu na praça e tudo mais. Conte um pouco dessa sua história, dessa sua trajetória difícil.
Chau – Olha, tem um local aqui que eu tenho dele muitas lembranças boas e ruins. Eu tinha certeza que sabia tocar, agora eu não sabia onde ia parar. Aí, parei na Praça do Centenário. Foi o primeiro local, o primeiro palco. Foi em cima de um banquinho de praça que toquei até meio-dia, com um boné no chão…
MC – Nessa época você já tinha quantos anos?
Chau – 17 anos, por aí. Eu já vinha tocando de longe, nas feiras de Anadia, Boca da Mata, Marimbondo, em casa mesmo, quando eu não tinha o que fazer pegava o pife e ia tocar.
Pra outra coisa, toda vida eu fui preguiçoso. Ninguém me chame pra outra coisa. Pense num homem preguiçoso. Agora tem umas coisas que eu sei fazer: trabalhar de roça, às vezes até um pouquinho de mecânica — eu entendo de carro um pouquinho —, mas fui ser motorista e não deu certo, virei um carro da Usina Triunfo e quase mato o meu irmão.
MC – O seu negócio é música mesmo, que não machuca ninguém.
Chau – Não tem como. Sei que foi aqui na Praça do Centenário, que consegui dinheiro para eu passar um mês, um mês e meio, comendo e vivendo na casa de um amigo.
Os estudantes que saiam do Cepa — não sei de onde que vinham —, foram passando e achando bonito eu tocar, daí a pouco tinha pra mais de duzentas pessoas. E alguém me perguntava de onde eu era, de Boca da Mata, dizia.
Foi aí que conheci um amigo por nome de Roberval, que tem uma barbearia no Jacintinho. Ele me levou na casa do Severino, do Trio Catuaba, aí tocamos uns dez anos juntos.
Mas, nesses dez anos que eu toquei, tocava, mas não pra mim. Eu não tinha conhecimento do que eu era capaz de fazer. Porque ninguém vai ser médico sem saber receitar ninguém, tem que saber o que está fazendo. E eu conhecia do pife, mas não sabia o que era que ele significava para mim.
Quando o povo se juntava a mim, dizia: “rapaz vá em frente que você tem futuro”, eu não acreditava.
Na época da banda “Forró & Xodó”, quando gravei com o Avelino Torres – Deus o tenha – um dia Xameguinho chegou perto de mim e disse: “Chau, grave ao menos uma fita, que você vai vender muito”. Aí eu disse: “Xamego, tá cheio de cantor aí, de sanfoneiro bom, modas bonitas, o povo vai querer saber de escutar pife? Ele olhou para o Irineu e disse: “tá vendo aí Irineu, o Chau não sabe a força que ele tem.”
Mas só que tinha o vício da embriagues, que me atrapalhava, porque a pessoa que bebe muito, que só vive embriagado, vinhado, como diz o matuto, no mundo não vê nada. Ele deita e se acorda e não sabe o que aconteceu. Vai beber novamente.
Uma vez o Almir Medeiros, você sabe muito bem quem é, me procurou com outro rapaz que toca violino, para participar de um disco e eu estava embriagado, mas eles são tão educados que não disseram nada, só não me levaram naquele momento. Deus escreve tudo certinho mesmo, eles não me levaram porque realmente não tinha condição daquele jeito.
Eu tocava do mesmo jeito, só que ninguém vai estar com um homem embriagado dentro de um estúdio de gravação. Pra falar a verdade, às vezes até cheirando mal, mal trajado, sem se incomodar com ele próprio.
[Ouça aqui Memória dos Pássaros, de Chau do Pife com André Muricy].
MC – Como foi que você chegou até ao estúdio de gravação Gogó da Ema para fazer o primeiro disco?
Chau – Estava tocando em Jaraguá, no Bar do Fernando, com o Índio, que eu falei antes, do grupo Catuaba. Aí, um cidadão parou um carro e foi até onde eu estava tocando e ficou sentado em um tamborete, com a chave do carro na mão.
Quando eu parei de tocar, ele me chamou — era o Avelino Torres — me chamou e disse: “você toca muito bem, eu tenho uma gravadora que comecei há pouco tempo e queria que você passasse lá pra semana para a gente ter uma conversa.” Eu passei lá. Eu não sabia o que era uma gravação.
Fiquei lá na gravadora, onde ele me ofereceu um lugar para morar lá. Morei lá quatro anos.
O meu primeiro disco devo a Deus e o segundo também ao Avelino Torres. Porque foi através do primeiro disco eu cheguei ao segundo e não sei até onde vou chegar, quem sabe é Deus, mas 80% do meu caminho musical eu devo a Deus e ao Avelino Torres.
MC – Queria fazer um registro. Eu fiquei sabendo pelo Chau que o Sr. Avelino Torres morreu. Tem três meses [março de 2010] que ele morreu. Quero dizer da importância que o Sr. Avelino teve, não só para o Chau do Pife, mas para toda a classe de músicos e compositores que militam na música regional nordestina. Ele abriu, com muito esforço, o estúdio, investiu muito dinheiro naquele estúdio, quase que exclusivamente para produzir discos de artistas como o Chau do Pife, que não tinham como fazer sem a ajuda do Avelino. Foi o grande incentivador da carreira de muitos. Se você conhece hoje Xameguinho, Chau do Pife, Tião Marcolino, Irineu e por aí vai, é graças ao Sr. Avelino e ao estúdio Gogó da Ema.
Chau – O estúdio Gogó da Ema eu considero como a minha casa de morada, porque, não menosprezando os outros, mas, como diz aquele cantor Amado Batista, existem momentos na vida que lembraremos até morrer. Conheci de perto o Avelino e a família Torres. Avelino se foi, mas, para mim, ele nunca morreu e nunca vai morrer. Eu sempre vou estar ao lado dos filhos dele, ao lado da família dele.
MC – Daí você fez o seu primeiro CD e fez também o segundo, que já está na praça e que foi a sua participação num projeto muito interessante, o “Toques e Trocas”. Como foi que você chegou a participar desse projeto, que gerou o seu segundo disco, o “Ninguém Anda Sozinho”?
Chau – Esse disco foi feito através de um amigo, que se chama Roberto Torres, um funcionário da Petrobrás. Ele passou no Teatro Deodoro quando eu fiz a abertura de um show do Hermeto Pascoal, me viu tocando e contou para um amigo dele lá do Recife, ou foi na Bahia, e com um tempo ele veio aqui em Maceió. Foi quando se juntaram e fizeram esse projeto e colocaram eu e o Nelson da Rabeca. Aí veio a ideia e eu fui fazendo as músicas, até tem duas músicas do outro disco, duas regravações.
MC – Então, pela primeira vez, você gravou músicas de outros autores. Porque no primeiro disco as músicas são suas.
Chau – Isso, porque as pessoas, lá da Petrobrás, pediram para eu regravar Lamento Sertanejo e Casinha Branca. Eram três, mas não encontraram o compositor de “felicidade foi embora…” (cantarola) e ficaram só essas duas. [“Felicidade” é de Lupicínio Rodrigues].
[Ouça aqui Chorinho pra Alagoas, de Chau do Pife].
MC – Chau, eu estou sabendo que você fará apenas quatro shows agora nesse São João [2010], você não acha que é muito pouco para uma época dessas?
Chau – É, mas a gente tem que se conformar com aquilo que nos acontece, porque quem toca é que nem jogador de futebol: uma época ele está num time bom, outra época ele está num time mais fraco. Não é que eu dependa de eu tocar bom ou ruim, não. Agora, só que no dia a dia na nossa Alagoas é muito músico, muita coisa. Eu não vou condenar ninguém por não tocar no São João dez, vinte, trinta shows, não. As coisas acontecem assim, o que tem de ser será.
MC – Mas você não acha, eu estou levantando essa bola para você porque eu sei que você gosta de bola e estamos na época da Copa do Mundo, e até por a gente ter um prefeito tão voltado para essa questão do forró. Você não acha que poderia ter mais espaço para os músicos nessa época junina, pelo menos?
Chau – O Cícero Almeida é muito meu amigo, admiro ele, é um trabalhador, do jeito que eu sou um lutador tocando pife, ele é um lutador na Prefeitura, porque não estou botando bola pra ninguém, nem balançando ninguém, eu não balanço ninguém, eu digo a pessoa o que a pessoa é, cada um é cada um, cada um no seu lugar.
Agora, cada um sabe os afazeres que tem, porque não existe só o Chau do Pife, tá entendendo? Existe o Chau do Pife, existe o Zé do Pife, no Benedito Bentes, existe outras pessoas, existe o Nelson da Rabeca, existe Irineu, Xameguinho, Tião Marcolino, Pinóquio, Arrepiado, tem muitas pessoas. Então, se fosse três ou quatro, mas é muita coisa pra fazer. E no São João não é só pegar dez músicos e dizer não. Mas o negócio é que é muito músico para a pessoa fazer. Então, se ele fosse tirar do bolso dele ou eu tirar do meu, mas é muita coisa para fazer, eu não condeno ninguém por isso.
MC – E você já tentou uns voos fora daqui?
Chau – Não, mas eu vou voar, logo logo eu vou voar. Com a graça de Deus, tem um nome aqui nas asas do beija-flor, eu comparei o voo que eu vou fazer com essa música, porque quando eu terminar o São João, eu tenho uns irmãos em Santa Gertrudes, em São Paulo, eu me comunico com eles toda semana e quando acabar o São João eu dou uma voada daqui, porque eu tenho umas coisas pra fazer, tenho uma surpresa pra mim mesmo e a minha família, se Deus quiser.
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Editoria do História de Alagoas
José Prudente de Almeida nasceu em Boca da Mata, Alagoas, em 22 de fevereiro de 1959. É filho de Antônio Prudente de Almeida e Flora Maria da Conceição.
Discografia de Chau do Pife:
1º CD – Memória dos Pássaros, Maceió: Gravadora Gogó da Ema, 2001
No Capricho do Forró, Memória dos Pássaros (com André Muricy), Quando a Gente Quer Faz Assim!, O Casamento do Pife (com Xameguinho), Me Engane Que Eu Gosto, Viu?!!!, Vem Que Eu Te Quero, Arrasta-pé na Aldeia, Eugênia Minha Flôr (com Lula Sabiá), Nas Asas do Beija-flor, Forró em Jaraguá (com Irineu Nicácio), São João em Boca da Mata (Dança na Roça) e Chorinho por Alagoas.
2º CD – Ninguém Anda Sozinho, Maceió: Gravadora Gogó da Ema, 2006 (trilha sonora para um documentário sobre o poeta alagoano Ledo Ivo)
3º CD – Chau no Capricho, Maceió: SESC-Teatro de Arena, 2010.
No Capricho, Quebrando o Dedo, Eu, o Pife e o Destino, Nas Curvas do Forró, Vizinho da Felicidade, Forró na Cultura, Coração de Um Tocador, Vai Lá Pra Ver Se É (coleção “Música Popular Alagoana – vol. 3”, foi gravado ao vivo no Teatro de Arena Sérgio Cardoso).
4º CD – Meu Pife, Meu Amigo, Maceió: Estúdio Chamego, 2018.
Meu Pife Meu Amigo, Maxixe Doce, Vizinho da Felicidade, Cheiro de Mato, Subindo a Ladeira (com Cícero Gama), Sorriso Brasileiro.
1º DVD – Cheiro de Mato, Maceió, Gravado ao vivo no Teatro Deodoro em 27 de abril de 2011.
O show contou com as participações de: Eliezer Setton, Zé Mocó, Geraldo Cardoso, Xameguinho, Almir Medeiros, Everaldo Borges e Wellington do Cavaquinho, além dos que invariavelmente o acompanham em suas apresentações: Irineu Nicácio e Lula Sabiá, nas sanfonas; Edinho Vovô, no triângulo; e Xexéu, na zabumba.
Em 3 de agosto de 2012, Chau do Pife foi inscrito no Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas.
Histórias
Sobre sua luta para vencer o alcoolismo, Chau do Pife revelou durante um dos seus shows em Maceió que dois episódios o fizeram refletir sobre o quanto a bebida estava destruindo sua vida:
Determinado dia, numa das barracas de praia de Maceió, o som reproduzia a gravação de uma música em que se destacava um pife bem tocado. Chau, que já tinha bebido um bocado, se aproximou e perguntou quem era o instrumentista.
O proprietário lhe respondeu: — Essa gravação ninguém tem. Cheguei num lugar e tava um cabra bom no pife. Gravei tudo que ele tocou. O nome dele é Chau do Pife. Envergonhado, Chau deu meia volta e foi embora.
O outro episódio aconteceu na Rua São Domingos, mais conhecida como a Ladeira do PC, que interliga Jacintinho e Mangabeiras. Ele estava com uns amigos numa farra musical. E como acontecia sempre quando tocava, tinha muita gente querendo ouvi-lo.
Uma guarnição da Polícia, que ia passando, viu a aglomeração e achando que era alguma confusão, chegou querendo prender todo mundo. Quando os policiais se aproximaram, ouviram o som do pife tocado por alguém muito bêbado. Perguntaram quem era o músico.
Foram informados que era Chau do Pife, que mal conseguia ficar de pé. Ouviram mais um pouco e resolveram ir embora, mas sem que antes o oficial da patrulha dissesse algumas palavras para o Chau: — “Um homem que tem um dom desse, não tem necessidade de ficar embriagado assim. Você era pra ser um homem rico“.
Belas músicas, excelente reportagem e edição