Brasil x Irlanda foi o primeiro jogo da seleção brasileira de futebol em Alagoas
Em fase de preparação para disputar o Copa do Mundo na Espanha em 1982, o selecionado brasileiro de futebol realizou alguns amistosos após a sua classificação nas eliminatórias no início de 1981.
Beneficiado pelo sorteio, que o colocou na chave da Venezuela e Bolívia — considerados então times fracos —, o Brasil precisou realizar vários amistosos até montar a equipe que saiu da Copa de 1982 como uma das melhores da história.
O amistoso marcado para Maceió ocorreu na quarta-feira, dia 23 de setembro de 1981, e foi muito aguardado pelo torcedor alagoano, mesmo havendo dúvidas sobre a participação de Zico e sabendo que a Irlanda (Eire) trazia um combinado sem seis jogadores titulares, que disputavam então o campeonato inglês.
Foi a primeira vez que a seleção brasileira de futebol pisou em gramados alagoanos.
Em Maceió
O time dirigido por Telê Santana desembarcou no Aeroporto dos Palmares às 19h30 do dia 21, segunda-feira. O transporte foi realizado pelo voo 502 da Transbrasil, que deixou o Rio de Janeiro às 16h10 e fez escala em Salvador e Aracaju.
Poucos torcedores estiveram no Aeroporto, o que facilitou o rápido traslado dos jogadores e equipe técnica para o Hotel Alteza Jatiúca.
O treino do Brasil ocorreu na terça-feira às 18h no Estádio Rei Pelé, após as atividades dos jogadores irlandeses.
A seleção da Irlanda somente chegou a Maceió às 13h da terça-feira, na véspera do jogo, e horas depois foi para o estádio realizar o único treino no Brasil. Havia chegado ao Rio de Janeiro às 3h da madrugada daquele mesmo dia e embarcou para Alagoas às 10h30.
Com a confirmação da participação de Zico na partida, os ingressos, que estavam sendo vendidos antecipadamente, se esgotaram rapidamente. Os cambistas fizeram a festa e as cadeiras, que foram vendidas inicialmente a Cr$ 2 mil, chegaram a Cr$ 10 mil. As arquibancadas passaram de Cr$ 500 para Cr$ 2 mil. A Geral foi vendida a Cr$ 200. O jogo arrecadou Cr$ 19.808.000,00, batendo todos os recordes de bilheteria e público do Rei Pelé.
A partida era tão importante para Alagoas que o governador Guilherme Palmeira e o prefeito Fernando Collor decretaram feriado a partir das 14h da quarta-feira. Muitas empresas seguiram o governo e liberaram seus trabalhadores mais cedo.
Polêmicas
Sem Sócrates e com Zico sendo dúvida, os torcedores aguardaram com ansiedade a confirmação da participação do principal jogador do Brasil. A sua viagem somente foi confirmada após testes com o médico Nelor Lasmar, já no Aeroporto do Galeão, minutos antes do embarque para Maceió.
Outra polêmica que ocupou principalmente a imprensa alagoana foi a dúvida sobre a real capacidade do Trapichão. Desde a sua inauguração que se discutia o número de torcedores que Estádio suportava.
As incertezas surgiram principalmente após um erro grosseiro cometido no primeiro evento realizado no Estádio, antes de sua entrega para o futebol, que aconteceu no dia 25 de outubro de 1970. Dias antes, na data comemorativa da Emancipação Política de Alagoas, 16 de setembro, o Rei Pelé foi utilizado para os desfiles escolares por proposta do então secretário Estadual de Educação, José de Melo Gomes.
Como as catracas de acesso tinham contadores automáticos, foi contabilizado a presença de 100 mil pessoas. Muito tempo depois se descobriu que durante a saída do público as catracas continuaram a contar, duplicando o resultado.
Na época do jogo contra a Irlanda, como se esperava a lotação máxima, a expectativa era de 53 mil torcedores. Para decepção de muitos o Estádio lotou com 36.982 pessoas.
A terceira controvérsia gerada pela partida internacional foi motivada pela disputa entre autoridades e políticos para se descobrir quem foi o padrinho do jogo, aquele que convenceu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), então presidida por Giulite Coutinho.
O governo do Estado, com Guilherme Palmeira à frente, naturalmente se colocou como patrocinador do evento, por estar oferecendo toda a infraestrutura, incluindo o Estádio para a partida, numa ação coordenada por seu irmão Godofredo Palmeira. Guilherme no dia do jogo estaria no Japão.
Do outro lado do ringue se posicionou o deputado federal Albérico Cordeiro, do PDS alagoano mas com relações estremecidas com o grupo palaciano.
Albérico chegou a produzir um panfleto mostrando a correspondência trocada por ele e o presidente da CBF, Giulite Coutinho. O deputado argumentou que a decisão foi técnica, mas havia sido formada uma “corrente pra frente” torcendo para se ter a seleção de futebol em Maceió. Ele se incluía na tal “corrente” ao lado de Heyder Silveira, presidente da Federação Alagoana de Desportos, o deputado estadual José Tavares e jornalistas.
Enquanto a paternidade era disputada entre Guilherme Palmeira e Albérico Cordeiro, eis que o deputado estadual Oswaldo Gomes de Barros, também do PDS, dribla todo mundo e apresenta requerimento na Assembleia premiando o presidente da CBF com o título de Cidadão Alagoano.
No gol de placa, Oswaldo Gomes de Barros afirmou que Giulite Coutinho era o principal responsável pela presença da Seleção em Maceió.
O jogo
Antes do jogo entre as seleções começar, houve uma partida preliminar que teve início às 19h. CSA e Penedense se enfrentaram pelo terceiro turno do campeonato alagoano.
A partida, que teve como árbitro Pelópidas Argolo, terminou com a vitória dos azulinos por três tentos a zero com gols de Flávio aos 29’ e Rommel aos 39’ do 1° tempo, e Freitas (de pênalti) aos 44’ do 2° tempo.
Passa despercebido para muita gente que essa partida foi o maior público do Estádio Rei Pelé para um jogo do campeonato alagoano, considerando que no segundo tempo o estádio já estava totalmente lotado com 36.982 torcedores.
O jogo entre a Seleção Brasileira e o Combinado da Irlanda teve como árbitro Oscar Scolfaro, auxiliado por José Assis Aragão e Sérgio Rosa Martins.
O Brasil, comandado por Telê Santana, atuou com Waldir Peres, Perivaldo (Leandro, aos 80’), Oscar, Edinho e Júnior; Toninho Cerezo, Renato e Zico; Paulo Isidoro (Robertinho, aos 83’), Roberto e Éder (Mário Sérgio, aos 63’).
O Combinado da Irlanda foi derrotado com Blackmore, Nolan, Dunning, MacConville e Lawlor; O’Connor, Flannagan e Devlin; Dennery, Buckley e Eviston (Murray, aos 46). O técnico foi Jimmy Mac Laughlan.
Os gols da goleada de 6×0 aconteceram na seguinte ordem: Éder aos 5’; Roberto Cearense aos 20’; Zico, de pênalti, aos 70’; Zico aos 71’; Zico aos 77’ e novamente Zico aos 83’.
Veja os melhores momentos da partida AQUI.
Estava presente nesta partida de futebol.
Estava lá no rei Pelé assistindo essa goleada
Tem um erro na informação. Roberto coração de Leão, do Sport Recife e não Roberto Cearense.