Baptista Accioly, o calmo, sereno e prudente governador das Alagoas
João Baptista Accioly Júnior nasceu em Maragogi, Alagoas, no dia 19 de agosto de 1877. Era filho de João Baptista Accioly Júnior e de Antônia Felisberta Vieira Accioly, que faleceu em junho de 1922. Deste casamento nasceram também duas filhas, uma delas, com o nome de Carlota Ambrosina Vieira Accioly. Casou-se com José Jorge de Farias Salles em 2 de março de 1916. Esse pernambucano chegou a assumir a chefia de Polícia de Alagoas no início do governo de Baptista Accioly, em 1915. Saiu em 8 de fevereiro de 1916 por alegar incompatibilidade moral: era genro do governador.
O avô do futuro governante, o coronel João Baptista Aciolly, foi senhor do Engenho São Vicente, vereador em Maragogi e depois deputado provincial. Faleceu no Engenho Aquidabam (antigo Ferricosa), em Maragogi, no dia 22 de julho de 1907.
Contra seu pai foi aberto processo por crime de morte em janeiro de 1885. Tinha sido acusando de ter matado por açoite um escravo de nome Luiz Pernambuco. A morte foi a punição por sua fuga. (Jornal do Recife de 28 de janeiro de 1885 e de 22 de setembro de 1889). Não foi sequer indiciado pelo inquérito policial. Faleceu em julho de 1907, com 66 anos de idade.
O futuro governador de Alagoas estudou as primeiras letras em Abreu de Una, no interior de Pernambuco; o preparatório em Recife, no Ginásio Pernambucano; e o curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, recebendo o diploma em 1900.
No ano seguinte, já morando em Alagoas e ajudando o pai a tocar os negócios da família, principalmente o Engenho Maçangano em Maragogi, notabilizou-se ao denunciar o coronel Lourenço Lyra por vultuoso desfalque na Recebedoria daquele município, como registrou o jornal A Província (Pe) de 7 de novembro de 1901.
Em 1902, filiou-se ao Partido Democrata e declarou-se em oposição a Euclides Malta. Em retaliação, seu pai passou a ser perseguido pelo promotor público Alberto Castello Branco. Os três engenhos da família foram cercados diversas vezes pela polícia e por capangas, que ameaçavam os moradores, intimando-os a deixarem os engenhos e irem embora do lugar.
Parte da safra de cana de açúcar chegou a ser queimada. O jornal pernambucano A Província, de 20 de novembro de 1902, informou que “a situação do coronel João Baptista Accioly é [era] desesperada”.
Sua aguerrida oposição a Euclides Malta e alinhamento com o amigo Fernandes Lima o levou ao mandato de deputado federal pelo Partido Democrata na legislatura 1913-1914.
Com destacada atuação no Rio de Janeiro, então capital federal, e principalmente por ter bom trânsito com todas as forças políticas do seu partido, foi eleito em 12 de março governador de Alagoas. Tomou posse no dia 12 de junho de 1915, com mandato até 12 de junho de 1918. O vice-governador era o coronel Francisco da Rocha Cavalcante.
Seu primeiro ano de governo foi utilizado para impedir a permanente ameaça de intervenção federal, solicitada pelos conservadores que apontavam irregularidades no processo eleitoral e pleiteavam que assumisse o cargo o candidato derrotado dr. Antônio Guedes Nogueira.
Durante seu mandato foi construída a estrada interligando Maceió e São Miguel dos Campos. Seu sucessor, Fernandes Lima, ampliou esta via até Coruripe, além estabelecer, a partir dela, acessos a Anadia, Pilar e Atalaia.
Por ter assumido uma postura liberal, respeitando os direitos dos adversários, desagradou a Fernandes Lima e a seus correligionários, que passaram a criar embaraços políticos. Um exemplo foi o conflito ocorrido durante o desembarque de Gabino Besouro em Maceió, que vinha pleitear sua candidatura ao governo estadual.
Agiu de forma republicana e democrática durante a eleição que escolheu o seu sucessor, em 1918. Foi acusado pelos correligionários de traidor. Com isso, perdeu apoio entre os Democratas e recebeu dos Conservadores alagoanos somente a simpatia. Quando deixou o governo estava politicamente isolado, relegado ao ostracismo.
Guedes Miranda, em seu livro “Eu e o Tempo“, confirma essas características do governador: “As razões do rompimento estiveram ao lado de Batista, que relutou em aceitá-las, admitindo-as, por fim, para não transformar-se em polichinelo às mãos do chefe autoritário. Batista recusou a reeleição oferecida pelo partido conservador, sob a presidência de Pinheiro Machado, com o “placet” de Wenceslau Braz, presidente da República. Resolvera não interferir no pleito da sucessão, disposto a comportar-se como juiz, imparcialmente“.
Anos depois, o senador Clementino do Monte, ao homenagear o colega após a sua morte, destacou suas qualidades, principalmente a de agir “com calma, serenidade, prudência, lealdade e estoicismo, sem nunca haver recorrido a processos violentos”.
Anos depois de ter deixado o governo, escreveu alguns artigos em sua defesa. Em um deles se define: “Não conheço o ódio, nunca o conheci; tenho sempre esquecimento para todas as amarguras que me causem”.
Voltou à política quando seu amigo Costa Rego assumiu o governo do Estado entre 1924 e 1928. Em março de 1927 foi eleito Senador para um breve mandato. Faleceu no dia 9 de novembro de 1928 em Maragogi. Tinha 51 anos de idade e era solteiro. Sua vaga foi ocupada pelo então deputado estadual Costa Rego, que havia deixado o governo poucos meses antes.
Em sua homenagem, uma das ruas do bairro do Poço, em Maceió, foi denominada Rua Baptista Accioly.
A Escola Batista Accioly, em Santana do Ipanema, foi assim denominada entre 1937 e 1938. Recebia alunos adultos para o estudo noturno.
Em Maragogi, terra natal de Baptista Accioly, também existem homenagem ao ex-governador. Uma praça e uma escola receberam seu nome.
Obras
Pobre Alagoas! Ao Paiz – Documentação Comentada, Rio de Janeiro:1922;
Política de Alagoas. Resposta ao senador Fernandes Lima, reunindo discurso na Câmara de Deputados, além de cinco editoriais publicados em junho de 1927 no Jornal de Alagoas;
Um editorial, em julho de 1927, no Diário Oficial e um discurso pronunciado por Álvaro Paes, em 4 de julho de 1927, na Câmara dos Deputados, com apartes de Deoclécio Duarte, Viriato Correa e Marrey Júnior, Maceió: 1927;
Mensagem apresentada ao Congresso Legislativo do Estado de Alagoas no dia 15 de abril de 1916, pelo governador do Estado dr. João Batista Accioly Júnior, Maceió: Tip. Casa Ramalho, 1916;
Mensagem dirigida ao Congresso Legislativo do Estado de Alagoas, no dia 15 de abril de 1917, pelo governador do Estado, dr. João Batista Accioly Júnior, Maceió: Imprensa Oficial, 1917.
Como me são úteis textos como esse. Parabéns!
Esses textos vêm em uma cascata de conhecimento, “quem não conhece o seu passado não desenhará um bom futuro”.
Francisco da Rocha Cavalcanti era filho (ou neto?) de Anna Lins, heroina de Alagoas? Acredito que sim. O pai tinha o mesmo nome. Ele tinha vários irmãos, cada um com sobrenome diferente (em homenagem ao padrinho, a um tio, e por aí vai…) Um dos irmãos, Aristides Bezerra Cansanção teve uma filha, Antônia, que casou com Dioclecio Accioly de Pilar.
Conferem essas minhas informações?
Parabéns pela pesquisa e compartilhamento!!!
Meu bisavô se chamava João Baptista Falcão accioly, esposa Joanna leite dá Silva accioly. Será que temos uma ligação? Estou buscando informações , se puder me ajudar te agradeço muuuuito.