As primeiras lojas maçônicas de Alagoas

A primeira organização da maçonaria no Brasil foi a Loja Cavaleiros da Luz, criada em 1797 em Salvador, na Bahia. A Loja União, no Rio de Janeiro, ali se estabeleceu três anos depois. Durante a campanha pela independência, em 1822, surgiu a primeira obediência, com abrangência nacional. O Grande Oriente Brasileiro era liderado por José Bonifácio de Andrada e Silva, então ministro do Reino e de Estrangeiros, e por Joaquim Gonçalves Ledo.
Entre 25 de outubro de 1822 e novembro de 1831, os trabalhos foram interrompidos. Quando retornaram, foi reinstalada a obediência sob o título de Grande Oriente do Brasil. A partir de 1842, sua sede passou a funcionar na Rua do Lavadrio, no Rio de Janeiro.
Segundo o excelente trabalho de Marney Silva Garrido, “Contra a liberdade de consciência: conflitos e casos de intolerância entre a Maçonaria e a Igreja Católica via imprensa alagoana (1870 – 1889)”, a primeira loja maçônica em Alagoas foi a Amor da Pátria. Entrou em atividade em 1838 (ou em 6 de setembro de 1837).
Amor da Pátria
Foi fundada por João Francisco Regis. “A Loja teria surgido ainda nos tempos do Grande Oriente do Brasil antes da sua divisão, ao qual era filiada, tornando-se capitular no ano de 1843. Posteriormente, no ano de 1850, devido às agitações públicas na província, a Loja ficaria adormecida (fechada)”, detalha Garrido.
Voltou a funcionar em 1875, com sua regularização acontecendo numa cerimônia realizada no dia 30 de janeiro, nas dependências da Virtude e Bondade, situada na Rua do Imperador, nº 37. Era então filiada ao Grande Oriente do Lavradio.
Segundo a pesquisa de Garrido, a celebração contou com a presença do dr. Bernardo Pereira do Carmo, venerável; dr. Francisco das Chagas Muniz, Orador; João de Almeida Monteiro; dr. Joaquim José d’Araújo; major M. Claudino A. Jayme, delegado do Grão mestre. Após os trabalhos, houve um banquete no sobrado do negociante João de Almeida Monteiro.
Virtude e Bondade
A segunda loja a funcionar em Alagoas foi a Virtude e Bondade, também do círculo do Lavradio. Sua fundação se deu em 1º de maio de 1862. Tendo como venerável o português Francisco José Magalhães Bastos. Manoel Joaquim da Silva foi indicado como primeiro vigilante interino. O orador, também interino, era José Antônio Magalhães Bastos, e Tito de Abreu Fialho, o secretário. Entre os fundadores estão Possidônio de Mello Accioli, Carlos Cirilo de Castro e Amadeu Hunter.
Entre 1875 e 1892, ficou sem atividade. Continua em plena atividade na Rua Barão de Penedo, no Centro da capital. Sua antiga sede, na esquina com a Praça Montepio, permanece preservada e utilizada para serviços e comércio.

Loja Maçônica Perfeita Amizade na Rua Barão de Maceió, antiga Rua do Hospital nº 50, em foto de Luiz Lavenére
Perfeita Amizade Alagoana
Fundada em 1º de junho de 1868, essa loja foi a terceira a se estabelecer em Maceió. Segundo Garrido, são seus fundadores: João Pedro Xavier – venerável, Antônio Teixeira Júnior – primeiro vigilante, Antônio José de Almeida Costa – segundo Vigilante, Tibúrcio Valeriano da Rocha Lins – orador, Afonso Efigênio do Rosário – secretário, José Alves de Souza – tesoureiro, Jacinto José Nunes Leite – mestre de cerimônia, Domingos José de Farias – primeiro experto e Francisco José Cardoso Júnior – representante do Grande Oriente do Brasil.
“Floriano Peixoto teria sido membro desta Loja maçônica, e teria assumido com o pseudônimo de Alexandre Magno, como bem se sabe, o mesmo viria a ser presidente do Brasil, de 1891 à 1894, durante o início do período republicano”, revela Garrido.
Em 1873, a Perfeita Amizade Alagoana optou por se vincular ao Grande Oriente Unido e Supremo Conselho, do Vale dos Beneditinos, uma cisão com o Lavradio.
Fraternidade Alagoana
Essa loja foi fundada, em 25 de junho de 1870, pelo português Jacintho José Nunes Leite, um dos criadores e venerável da Perfeita Amizade Alagoana. O estudo de Garrido identifica que se atribui a ele a “história de que exigia de seus iniciados a liberação de escravizados que possuíssem a seu serviço, de acordo com a sua situação financeira. A atuação abolicionista, como bem se sabe, era expressiva na Maçonaria, que costumava utilizar esse feito como propaganda anticlerical na imprensa, onde denunciava o distanciamento do clero católico do problema”.
A Loja permanece em atividade, com sede na Rua Zacarias de Azevedo, nº 345, Centro.
Interior
No interior de Alagoas, a primeira loja, a Confraternidade Penedense, se estabeleceu em Penedo e funcionou entre 1870 e 1884. A segunda, Amor a Humanidade, funcionou no Pilar entre 1872 e 1882. A Três de Maio também se instalou no Pilar e esteve em atividade entre 1873 e 1882. A Redemptora era de Penedo, entre 1884 e 1896.
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Para conhecer o importante trabalho de Marney Silva Garrido, “Contra a liberdade de consciência: conflitos e casos de intolerância entre a Maçonaria e a Igreja Católica via imprensa alagoana (1870 – 1889)”, clique AQUI.
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