Álvaro Corrêa Paes, o último governador da República Velha em Alagoas

Álvaro Paes, como ficou mais conhecido, nasceu em Palmeira dos Índios em 9 de novembro de 1882. Era filho de José Corrêa Paes Sarmento Júnior e de Germana Hermelinda Paes. Seu avô, José Corrêa Paes, foi vereador em Palmeira dos Índios no primeiro Conselho (1838 e 1841) da nova vila. Havia sido eleito nas eleições de 9 de dezembro de 1837. Tomou posse em 27 de janeiro de 1838. Era senhor do Engenho Velho.
O palmeirense José Corrêa Paes Sarmento Júnior, seu pai, também teve expressiva participação na política alagoana. Foi vereador em sua terra natal por vários mandatos e deputado provincial nas legislaturas 1864-65, 1866-67, 1868-69 e 1892-94. Em abril de 1883 assumiu a presidência da Assembleia Provincial.
Não se conhece informações sobre os estudos de Álvaro Corrêa Paes, mas em 15 de maio de 1901 o Diário de Pernambuco noticiou a visita ao Recife do vice-presidente da República, o pernambucano Rosa e Silva, e reproduziu o que foi publicado sobre esse evento em O Dia, do Rio de Janeiro. Entre os citados na relação dos representantes da imprensa que receberam Rosa e Silva está “Alvaro Corrêa Paes, que em nome d’O Dia e do seu redator-chefe apresentou cumprimentos de boas-vindas ao sr. dr. Rosa e Silva”. O redator-chefe era o jornalista maranhense João Dunshee de Abranches Moura.
Se não se diplomou em algum curso superior, não foi por falta de condição da família. Seu irmão, Alcebíades Correia Paes, que nasceu no dia 10 de junho de 1883 em Palmeira do Índios, foi diplomado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1906 e notabilizou-se como professor e diretor do Atheneu Sergipano em Aracaju, Sergipe, onde recebeu inúmeras homenagens. Faleceu em 20 de julho de 1927, em Aracaju, aos 44 anos de idade.
Entre os vários filhos de José Corrêa Paes Sarmento Júnior e de Germana Hermelinda Paes, foi possível ainda identificar Antônio Correa Paes, Luiz Paes e Maria Paes Guedes.
Sabendo-se que Álvaro Paes se iniciou no jornalismo como revisor e que em 1901, quando tinha somente 19 anos de idade, já tinha certo destaque na imprensa, é de se supor que já estivesse na profissão há alguns anos.
Ainda em 1901 voltou a ser citado como jornalista, mas desta feita como “ativo repórter d’A Tribuna”. Essa informação foi publicada no jornal Cidade do Rio de 9 de novembro de 1901, anunciando o seu aniversário naquela data.
Em janeiro do ano seguinte foi nomeado, interinamente, inspetor da 12ª Circunscrição Policial Urbana. Dias depois foi publicada a sua transferência para a 4ª Circunscrição Policial Urbana. Sua exoneração foi publicada em 4 de dezembro do mesmo ano.
Sua participação na imprensa do Rio o levou a estar presente, em 16 de abril de 1904, numa reunião com colegas para discutir o problema da seca no Nordeste. O encontro aconteceu no salão nobre da Associação dos Empregados no Comércio e Álvaro Paes também representou Dunshee de Abranches.
No Rio, acompanhava a política em Alagoas e mantinha ativa participação no histórico Centro Alagoano, uma sociedade beneficente criada ali em 16 de setembro de 1881. Foi lá que começou a participar das articulações políticas que levaram à derrubada da oligarquia Malta no início de 1912.
Clodoaldo da Fonseca assumiu o governo meses depois, em 12 de junho. No dia 17 de junho, Álvaro Paes foi nomeado diretor do Diário Oficial de Alagoas, atendendo ao convite do amigo Costa Rego, que tinha assumido como Secretário de Estado. No ano seguinte foi eleito deputado estadual (legislatura 1913-14).
Após cumprir o mandato, voltou a morar no Rio de Janeiro, onde foi nomeado, em 24 de agosto de 1915, Repetidor, uma espécie de monitor, do Instituto Nacional de Surdos-Mudos.
Em 23 de junho de 1924 foi eleito prefeito do município de Itaguay (RJ) com 604 votos. Sua candidatura atendeu a um pedido do governador do Estado do Rio, Feliciano Pires de Abreu Sodré.
A partir da posse de Costa Rego no Governo de Alagoas, em 12 de junho de 1924, Álvaro Paes voltou a se vincular à política do seu Estado. Em setembro de 1925, por exemplo, representou Alagoas no Rio, por indicação do Governo, durante a reunião que visava a organização e regulamentação do Serviço Florestal no Brasil.
Ainda era prefeito de Itaguay quando foi eleito, em 24 de fevereiro de 1927, em Alagoas, deputado federal. Preparava-se politicamente para substituir Costa Rego no governo de Alagoas, o que aconteceu nas eleições de 12 de março de 1928. Assumiu o governo a partir de 14 junho deste mesmo ano.
Seu mandato foi interrompido em 9 de outubro de 1930, quando fugiu de Alagoas temendo a chegada das tropas revolucionárias que derrubaram, em 3 de outubro, o presidente Washington Luís, impedindo a posse de Júlio Prestes e conduzindo ao poder Getúlio Vargas.
Sem mandato e sem poder reassumir seu emprego no Instituto Nacional de Surdos-Mudos, Álvaro Paes foi morar em Niterói com seu irmão Antonio Correa Paes, um servidor municipal da então capital do país.
No jornalismo, passou a escrever para uma revista semanal, recebendo 30 mil réis por artigo. Ainda no início da década de 30, estava de volta a Alagoas, se estabelecendo em Limoeiro de Anadia, onde passou a criar gado.
Em 27 de maio de 1935, Osman Loureiro assumiu o governo do Estado e, em 1º de janeiro de 1936, o nomeou prefeito de Palmeira dos Índios, sua terra natal. Ali permanece até 16 de setembro de 1937, quando renunciou para tomar posse na Secretaria da Fazenda de Alagoas. Deixou o cargo junto com Osman Loureiro, em 31 de outubro de 1940.
Quando o interventor de Alagoas era Ismar de Góis Monteiro, foi nomeado em comissão, em 21 de março de 1941, pelo Ministério da Justiça, membro do Departamento Administrativo do Estado de Alagoas. Dividia essa espécie de Conselho Consultivo com Gustavo Paiva e Alexandre Nobre.
Voltou a ocupar cargos públicos no governo de Arnon de Mello (31 de janeiro de 1951 a 31 de janeiro de 1956). Presidiu o Conselho de Contas do Estado. Em julho de 1954, a UDN em Alagoas, liderada por Arnon de Mello, lançou a chapa com os candidatos do partido para as eleições daquele ano. Na lista dos concorrentes a deputado estadual surgiu Álvaro Corrêa Paes, mas seu nome não está relacionado entre os que receberam votos, indicando que não concorreu.
Faleceu em 22 de novembro de 1954. Residia no bairro do Farol, em Maceió.
Para homenageá-lo a Lei Municipal nº 2078, de 15 de novembro de 1973 denominou de Parque Governador Álvaro Correa Paes o ajardinamento lateral à Av. Robert Kennedy, atual Av. Silvio Viana, na Ponta Verde.
Em Coité do Noia existe a Escola Estadual Álvaro Paes.
Obras:
Mensagem ao Congresso Legislativo, lida na Abertura da 2ª Sessão Ordinária da 18a Legislatura. Governador Álvaro Corrêa Paes, Maceió: Imprensa Oficial, 1929 e Mensagem do Governador do Estado de Alagoas, Álvaro Corrêa Paes, ao Congresso Legislativo, apresentada na abertura da 3ª Sessão Ordinária da 19ª Legislatura, Maceió: Imprensa Oficial, 1930.
Muito grato, prezado Ticianeli.
Edberto, incansável no resgate e registro para a sociedade da história de nosso estado, merece nossos reiterados parabéns e nosso constante agradecimento. Orgulho do amigo!
Muito bôa essa historia, Gosto muito desses conteúdos.
Meu avô,in memória,se chamava Sebastião Correa Paes, meu paide 82 anos, se chama Mario Correa Paes, será que tenho vínculo familiar com Álvaro Correa Paes????