Abelardo Duarte, médico, jornalista e escritor
Filho de José Antônio Duarte e Maria Clementina Coutinho de França (Nolinha), Abelardo Duarte nasceu no dia 18 de maio de 1900. Seus pais moravam na Rua 15 de Novembro, nº 41, atual Rua do Sol, próximo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
José Antônio Duarte, seu pai, foi professor do Liceu Alagoano e um dos médicos mais populares da sua época. A sua clínica era a maior da cidade e se notabilizou por atender aos pobres. No final do século XIX clinicava na Farmácia Fidelidade, situada na Rua Conselheiro Sinimbu, 63, atual Rua do Comércio.
Teve ativa participação política em Alagoas, sendo um dos quadros dirigentes do Partido Democrata, liderado pelo Barão de Traipu. Conseguiu a eleição para deputado estadual por várias legislaturas e posteriormente também foi eleito deputado federal. Em 1897, assumiu a Secretaria de Estado dos Negócios do Interior durante o governo do seu irmão, o também médico Manoel José Duarte, que dirigiu o Estado entre 12 de junho de 1897 e 12 de junho de 1899. Faleceu nos últimos dias de janeiro de 1919.
Abelardo Duarte teve como irmãos, Egas Carlos Duarte, Alice Duarte, Noêmia Duarte e Luiz Duarte, que faleceu com 19 anos de idade em 1910.
Iniciou os estudos em 1907 no Colégio São Domingos, dirigido pelo professor Anísio Jobim. Foi aluno ainda do Colégio 15 de Março, Instituto de Humanidades e do Liceu Alagoano, onde prestou os preparatórios.
Foi diplomado médico em 22 de dezembro de 1926, em Salvador, na Bahia, junto com Nise da Silveira, Mário Magalhães e Arthur Ramos. Tinha iniciado o curso em 1921.
De volta a Maceió, em 1927, abre consultório na Rua do Comércio e trabalhou ainda como médico pediatra na Santa Casa de Misericórdia. Assumiu ainda a função de subinspetor de Higiene Infantil e Escolar do Serviço de Saneamento Rural de Alagoas. Em 1928 era médico chefe da Enfermaria Militar de Maceió.
Casou-se em Recife no dia 17 de junho de 1931 com Maria Gomes Malta, filha do ex-governador Euclydes Malta, que morava naquela cidade à Rua Marques de Tamandaré. Em Maceió, o casal foi morar na Rua da Alegria e depois na Av. Fernandes Lima, 435, Farol. Tiveram duas filhas: Alice Maria Duarte de Araújo Lima e Leda Malta Duarte.
No ano anterior tinha sido admitido por concurso professor catedrático de Cosmografia do Liceu Alagoano.
Em 1935 era diretor da Sociedade de Medicina de Alagoas, chefe da Clínica Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de Maceió e diretor médico do Instituto de Assistência e Proteção à Infância de Alagoas.
Foi nomeado diretor, em comissão, da Escola de Farmácia e Odontologia de Alagoas pelo Decreto nº 2.288 de 21 de outubro de 1937. Esta instituição, que tinha acabado de ser estadualizada, voltou a ter autonomia pelo Decreto nº 2.311 de 21 de dezembro do mesmo ano, que anulou o anterior. Com isso, Abelardo Duarte teve que ser reconduzido pela Congregação em 29 de dezembro de 1937.
Tomou posse no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas em 16 de setembro de 1940, na cadeira do professor Virgílio Correia Guedes de Lima. Na Academia Alagoana de Letras, foi eleito para a cadeira nº 5, antes ocupada pelo professor Aurino Maciel.
Fundador e primeiro presidente da Sociedade de Pediatria de Alagoas.
Em março de 1942 assume a presidência da Sociedade de Medicina e inicia sua trajetória como liderança médica e idealizador, em 1949, ao lado de 16 colegas, da Faculdade de Medicina de Alagoas, instituição que seria criada em 3 de maio de 1950, mas só instalou seu curso médico em março do ano seguinte com apenas 15 candidatos aprovados no seu primeiro vestibular.
Abelardo Duarte seria naturalmente o primeiro diretor da Faculdade de Medicina, mas recusou o cargo por avaliar que o governador Silvestre Péricles o tinha como adversário, o que prejudicaria a constituição da instituição. Quem assumiu inicialmente a direção foi o médico Ib Gatto Falcão. Abelardo foi nomeado professor catedrático de Clínica Pediátrica e Higiene Infantil da Faculdade.
Segundo a médica Ângela Canuto, em seu livro Faculdade de Medicina de Alagoas, história de luta e perseverança, “Abelardo Duarte não foi apenas o pediatra humanista, mas, também, o professor que inovava didaticamente, quando naquele tempo defendia a associação de mais aulas práticas, contrariando o espírito da época que privilegiava a retórica em prolongadas aulas expositivas. Ele foi o intelectual curioso, tentando desvendar os mistérios da Cosmografia”.
Com a criação da Universidade Federal de Alagoas, em janeiro de 1961, foi admitido como professor emérito da instituição e foi diretor da Faculdade de Medicina.
Também escritor, destacou-se ao publicar artigos médicos ou sobre teatro, educação e cultura. Aprofundou os estudos sobre a influência do negro na formação brasileira. “Continua a discriminação mesmo tendo acabado a escravidão, mas até hoje há o desrespeito para com a pessoa humana do negro e de tantas outras minorias étnicas”, afirmava.
Aposentou-se em 1970 e 1972, perdeu sua esposa, Maria Malta Duarte. Neste mesmo ano colabora no curso “O Nordeste e a Independência do Brasil”, promovido em Recife pela Universidade Federal de Pernambuco em cooperação com a Sudene.
Colaborou ainda na imprensa local, sendo reconhecido como um jornalista de talento, além de opinar como crítico literário, ensaísta, folclorista, biografo e historiador. Faleceu em Maceió, no dia 3 de março de 1992, aos 91 anos de idade.
OBRAS DO AUTOR
- Contribuição ao Estudo dos Grupos Consanguíneos na Bahia. Tese de doutorado, 1926.
- Da Classificação Estelar Espectral. Tese de concurso à cadeira de Cosmografia no Liceu Alagoano. Casa Ramalho de Maceió, 1929.
- Esquistossomose Mansônica. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 1937.
- Distrofia Muscular Progressiva. Separata da Revista O Hospital. Rio de Janeiro, 1948.
- Ladslau Netto. Imprensa Oficial, 1950.
- Aspectos da Mestiçagem em Alagoas. Imprensa Oficial, 1950.
- Oração do Centenário do Liceu. Casa Ramalho, 1952.
- Caminhos do Ensino Médico. Edição do Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina, 1955.
- Um folguedo do povo: o Bumba Meu Boi. Edições Caeté. Maceió, 1957.
- Negros Muçulmanos nas Alagoas: Os Malé. Edições Caeté. Maceió, 1958.
- O Periodismo Literário nas Alagoas. Imprensa Oficial, 1961.
- Histórico das Investigações Epidemiológicas sobre a Doença de Chagas no Estado de Alagoas. Anais da Faculdade de Medicina de Alagoas, Imprensa Oficial, 1965.
- Três Ensaios: Do Republicanismo em Alagoas. Os Jesuítas nas Alagoas. Episódios Contrabando de Africanos. Imprensa Oficial, 1966.
- Tribos, Aldeias & Missões de índio nas Alagoas. Imprensa Oficial, 1969.
- Folclore Negro das Alagoas. Departamento de Assuntos Culturais, 1974.
- Catálogo Ilustrado da Coleção Perseverança. Senec, 1974.
- As Alagoas na Guerra da Independência. Gráfica Universitária, PE, 1974.
- Pedro II e Dona Teresa Cristina nas Alagoas. Sergasa. Maceió, 1975.
- Autores Alagoanos & Peças Teatrais. SENEC, 1980.
Fontes: Faculdade de Medicina de Alagoas: história de luta e esperança, de Ângela Canuto; ABC das Alagoas e vários jornais.
Caro Ticianelli,
Inicialmente, parabenizá-lo pelas matérias sobre a História de nossa querida Alagoas. Quanto à matéria biográfica do Dr. Abelardo Duarte, quero enaltecer a sua personalidade e a sua capacitação técnica, demonstrada ao longo de sua vida. Finalizo comentando que ele foi contemporâneo de meu pai, Taurino de Mendonça Ribeiro, nascido em 21/12/1900 em Marechal Deodoro, antiga Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul.
Fraternalmente,
Claudio de Mendonça Ribeiro – Casimiro de Abreu, RJ.
Quando criança fui seu vizinho. Morava na casa dos meus pais em frente à casa do Dr. Abelardo. Ia muito na sua casa para aulas de Inglês com a D. Maria sua esposa.
Prezados:
Meu nome é Marco Miranda e sou descendente de Manoel José Duarte (meu bisavô), que vem a ser tio de ABELARDO DUARTE. Minha pergunta é: Será que vcs teriam mais informações sobre a família DUARTE DA SILVA BRAGA, de Alagoas? Desde já agradeço.
Att
Olá, primeiro gostaria de parabenizá-lo pela matéria. Segundo, gostaria, se possível, de pedir sua ajuda para encontrar um artigo escrito pelo Dr. Duarte, para a revista do instituto histórico de Alagoas. Preciso desse material para uma possível pesquisa de mestrado e não consigo encontrar em lugar algum. Estarei deixando meu e-mail para um melhor contato. Desde já agradeço a atenção