A imortal Academia Alagoana de Letras

Fundadores, sem Tito de Barros: Em pé e atrás: Theotimo Ribeiro, Lima Júnior, Povina Cavalcanti, Arthur Accioly e Agripino Ether. Em pé: Luiz Accioly, Mário Wanderley, Cypriano Jucá, Theodoro Palmeira, Hermann Byron de Araújo Soares, Ranulpho Goulart, Manoel Rodriguez de Melo, Jayme d’Altavilla, Carlos Garrido e Fernando Mendes de Oliveira Mendonça. Sentados: Virgílio Guedes, Barreto Cardoso, Moreira e Silva, Guedes de Miranda e Jorge de Lima.

As academias surgiram na Grécia Antiga três séculos antes do nascimento de Cristo. A primeira delas, uma escola filosófica, foi criada por Platão, perto de Atenas. Utilizava o jardim de Academus, um rico comerciante que deu nome ao local e que também foi homenageado pelo filosofo, que passou a atribuir aos homens cultos da época o título de acadêmico.

Séculos depois, especificamente em 529 DC, o imperador romano Justiniano I resolveu fechar as academias. Buscava a unificação das crenças para assim levar a Igreja a ser um instrumento homogêneo de domínio. A Academia de Platão cultuava o paganismo.

Somente em 1440, em plena renascença italiana, na cidade de Florença, com a criação da Academia Platônica, foi que essas instituições voltaram a se constituir e anos depois se espalharam pela Europa, principalmente na França, Portugal e Espanha.

Nos primeiros anos do século XIX, com a corte portuguesa no Rio de Janeiro, surgiu no Brasil, em 12 de agosto de 1816, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, embrião da nossa primeira Academia, a Imperial de Belas Artes, que somente foi inaugurada oficialmente em 1826. Entrou em funcionamento regular na década de 1840, quando o dinheiro liberado por D. Pedro II chegou ao cofre.

A Escola de Atenas (Scuola di Atenas, no original) é considerada uma das obras mais célebres de Rafael Sanzio, ou Rafaello

Academias de Letras

A primeira associação dos cultuadores das letras no Brasil surgiu no Ceará, em 15 de agosto de 1894, com a denominação de Academia Cearense. Incorporou o “de Letras” em 1922, quando passou a ter 40 cadeiras com patronos.

Três anos depois, exatamente em 20 de julho de 1897, Machado de Assis liderou um grupo de escritores e organizou a Academia Brasileira de Letras. Antes, duas tentativas fracassaram: uma liderada por Affonso Celso, ainda no império, e outra por Medeiros e Albuquerque dias após a proclamação da República.

Os fundadores da ABL, entre eles o alagoano Sebastião Cícero dos Guimarães Passos, ressaltavam que aquela instituição não era simplesmente uma associação de escritores, mas sim “uma consagração das reputações literárias, um galardão de estudos e trabalhos intelectuais no vasto domínio da literatura e a oficina de uma obra determinada e útil do nosso progresso espiritual”.

Somente participavam brasileiros que tivessem publicado obras de reconhecido mérito em qualquer gênero da literatura ou pelo menos um livro de valor literário.

Em 1901 surgiu a Academia Pernambucana de Letras. Depois vieram a Paulista, em novembro de 1909, e a Mineira, dias depois, em 25 de dezembro.

A Academia Alagoana de Letras foi criada em 1° de novembro de 1919.

Alagoas letrada

Nos primeiros anos de funcionamento da Academia Alagoana de Letras, aos escritores candidatos a uma das suas cadeiras era exigido que tivessem obras publicadas ou inéditas sobre quaisquer gênero da literatura ou ciência, além de atenderem o que cobrava o artigo 2º dos estatutos: o concorrente comprovaria ter nascido em Alagoas ou que estava residindo no estado há mais de 10 anos.

Como até então Alagoas não era um celeiro de literatos, para avaliar a produção local vale a pena conhecer o estudo sobre as antigas edições de livros de autores alagoanos de Jayme Lustosa de Altavila em Bibliografia de Autores Alagoanos, de 1985. Moacir Medeiros de Sant’Ana, em “Efemérides Alagoanas”, também relaciona sob o título “Efemérides Acerca de Livros” algumas destas publicações.

Para compreender quem foram os fundadores, patronos de cadeiras e possíveis candidatos a uma delas, relacionamos dos estudos acima citados, os impressos com valor literário e com datas anteriores à criação da Academia Alagoana de Letras em 1919. São 35 publicações, com 16 delas editadas em Maceió e uma em Penedo.

1 – Memórias Diárias da Guerra do Brasil. Rio de Janeiro, Editora M. Barreto, 1855, de Alexandre José de Mello Moraes;
2 – Brasil Histórico. 2 volumes. Rio de Janeiro, Pinheiros & Cia, 1859, de Alexandre José de Mello Moraes;
3 – Apontamentos Biográficos do Barão de Cayru. Rio de Janeiro, Editora Brasileira, 1859, de Alexandre José
de Mello Moraes;
4 – Corografia. História Cronográfica, Genealógica, Nobiliária e Política do Império do Brasil. Rio de Janeiro, Editora J. J. Patrocínio, 1863, de Alexandre José de Mello Moraes;
5 – Geographia Alagoana. 2ª Edição, Maceió, Tipografia Liberal, 1871, de Thomaz do Bonfim Espíndola;
6 – Auras Matutinas. Maceió, Tipografia Menezes, 1883, de Antonio de Almeida Romariz;
7 – Flores da Tristeza. Maceió, Tip. Trigueiros de Menezes, 1896, de Ernesto Alves Rodrigues;
8 – O Fisco. Crítica mosaica. (Escrita em 1885), Maceió, Tipografia Fonseca, 1898, de Stanisláo Wanderley;
9 – Necessidade e Influência benéfica da religião nas ciências, na poesia e nas belas-artes. Maceió,
Tipografia Trigueiros, 1901, de Domingos Fulgino da Silva Lessa;
10 – O as de copas, romance (Rio de Janeiro, 1902), de J. Brito, com o pseudônimo de Bock, em parceria com Eça da Cruz;
11 – Bronzes, contos (Recife, 1902), de Eustáquio Gomes;
12 – O oceano e Espectro sentimental, obras de poesia (São Luiz, 1902), de Antônio Joaquim Alves de Farias;
13 – O vencido, romance naturalista (Maceió, 1902), de Zadir Índio;
14- Manhãs de Estio. Versos. Recife, Imprensa Industrial, 1905, de Antônio Tenório de Cerqueira;
15 – O Baixo São Francisco — O Rio e o Vale. Penedo, Tipografia de Carvalho Filho, 1907, de Francisco Henrique Moreno Brandão;
16 – Heróis Esquecidos. Episódios da Revolução de 1824 e 1844. Maceió, Tipografia Americana, 1909, de Rodrigues Maia;
17 – Por entre Mágoas. Maceió, Lit. Trigueiros, 1909, por Almeida Novaes;
18 – Os Inconfidentes, Rio de Janeiro, Garnier, 1910, de José Maria Goulart de Andrade;
19 – Ensaios de história diplomática do Brasil no regime republicano (1889-1902) Rio de Janeiro, 1912, de A. G. de Araújo Jorge;
20 – Florações, poesia (Bahia, 1912), de Otávio Gomes.
21 – À margem do direito (Ensaio de psicologia jurídica). Rio de Janeiro, 1912, de Pontes de Miranda;
22 – Mozaicos. Maceió, Lito Comercial, 1913, de Estevão Pinto;
23 – Assumpção, São Paulo, 1913, Livraria Francisco Alves, de José Maria Goulart de Andrade;
24 – Ao entoar dos Salmos (Publicação póstuma), Recife, Imprensa Industrial, 1913, de Padre Eloy Brandão;
25 – Mágoas Secretas. Maceió, Trigueiros, 1913, de Luzia de Oliveira Costa;
26 – Viçosa de Alagoas. O Município e a cidade. Recife, Imprensa Industrial, 1914, de Alfredo de Barros Loureiro;
27 – De Paulo Afonso à Palmeira. Maceió, Trigueiros, 1914, de Bráulio Cavalcante;
28 – Visconde de Sinimbu. Maceió, Livraria Americana, 1914, de Américo Melo;
29 – Canção das Asas. Maceió, Editora Ramalho, 1914, de Fernando Mendes de Oliveira Mendonça;
30 – Crepúsculo de ouro e sangue. Maceió, 1915, de Jayme de Altavila;
31 – Da vida e do Sonho, Maceió, 1916, Editora Casa Ramalho, de Jayme de Altavila;
32 – Ensaios de Filosofia e Crítica. Rio de Janeiro, Editora Nacional, 1916, de A. G. de Araújo Jorge;
33 – A Língua Portuguesa no Brasil. Bahia, Imprensa Oficial, 1916, de Virgílio de Lemos;
34 – Rezas Proibidas. Rio de Janeiro, 1917, de Júnior Correia;
35 – Meditações Religiosas. Maceió, 1918, de Antônio Tavares da Costa;

Folha de rosto da 2ª edição do livro Geografia Alagoana, de Thomaz Espíndola, impresso em 1871

Primeiros passos para a Academia Alagoana de Letras

Foi nesse ambiente cultural, com limitada produção literária que no dia 5 de fevereiro de 1909 o Gutenberg noticiou em sua primeira página, sob o título “Academia de Letras”, que “um grupo de literatos alagoanos, cujos créditos já se acham firmados em nossa atmosfera literária e que são considerados os corifeus das letras alagoanas”, convidava os “buriladores da frases e das outras artes adoráveis para uma reunião ao meio-dia de domingo [7 de fevereiro], no salão da Sociedade Perseverança e Auxílio”.

O jornal ainda relacionava os “moços convidados”: José Barbosa Júnior, dr. Alfredo de Maia, Carlos Araújo, Pontes de Miranda, dr. Cruz e Oliveira, Rodrigues de Mello, Paulino Santiago, Luiz Moraes, Carlos Leão Xavier, José Avelino da Silva, Rosalvo Ribeiro e dr. Joaquim Thomaz Pereira Diegues.

Já eram tratados como sócios fundadores da “importante agremiação”, que se pretendia compor com 20 membros e tendo como objetivo principal “reunir os elementos intelectuais do Estado, formando um núcleo sólido e pujante que honre as nossas letras”.

As vagas seriam preenchidas por concurso e o candidato seria obrigado a apresentar um livro ou uma obra de arte, inédita, para confirmação do seu valor.

No dia 9, o mesmo periódico informava que a reunião não aconteceu, ficando transferida para aquele mesmo dia, às 20 horas, no salão nobre do Instituto Arqueológico Geográfico Alagoano. Os convidados eram praticamente os mesmos do encontro não realizado: José Barbosa Júnior, dr. Alfredo de Maia, Carlos Araújo, Pio Jardim, Pontes de Miranda, dr. Júlio Auto da Cruz Oliveira, Rodrigues de Mello, Virgílio Antonino, Cônego Machado, Diegues Júnior, Paulino Santiago, Sebastião de Abreu, Luiz Moraes, Goulart de Andrade, José Avelino da Silva, Rosalvo Ribeiro, dr. Joaquim Diegues e Carlos Leão Xavier.

Em 1910, outro grupo se organiza em Maceió para o culto às letras e funda a Sociedade Literária República Alagoana. Da existência dela sabe-se apenas por uma publicação na revista O Malho de 4 de junho de 1910. Seu presidente era Pedro do Lago. Com ele, na foto, estão os outros diretores e alguns sócios.

Sociedade Literária República Alagoana, criada em 1910

A segunda Academia de Letras

Não se obteve mais registros dessas primeiras tentativas. mas sabe-se que não prosperaram porque em março de 1915 outra iniciativa com os mesmos objetivos foi liderada por Jayme de Altavilla e Arthur Accioly, como informou o Diário de Pernambuco de 13 daquele mês.

O correspondente do jornal pernambucano em Maceió descreveu as dificuldades que os futuros acadêmicos encontravam: “A exiguidade do meio, a indiferença por tudo quanto não seja manifestação puramente partidária, o horror que tem o alagoano pela expatriação, tudo isso concorre para que certos nomes de escritores, pintores e escultores não transponham as raias de nosso Estado, de modo a que se possa conhecer lá fora o valioso alcance de nossa cultura, que agora terá um órgão capaz de representá-la bem, na associação que os homens de letras pretendem criar em breve prazo”.

Jayme de Altavilla foi identificado pelo jornalista como um “moço estreante” — surgido “há pouco nas colunas do Jornal de Alagoas publicando crônicas adoráveis” —, “orador admirável” e um artista que apresentava “quadros de mérito”.  Arthur Accioly era “um belo talento promissor e fecundo”, que “no estudo e na meditação tem se preparado para ser armado cavaleiro das pugnas literárias”.

Jayme de Altavilla em O Malho do final de 1913

O jornal divulgava ainda que “a esses dois amigos dos certames da inteligência juntaram-se vários homens de letras, como sejam: Demócrito Gracindo, Júlio Auto, Paulino Santiago, Bernardes Júnior, Pinheiro Goulart e outros cujos nomes nos escapam no momento”.

Moacir Sant’Ana, em “Jayme de Altavila. Evocação”, de 1996, trata essa tentativa como a inicial e cita que houve uma reunião aberta onde o jovem poeta explicou as finalidades da agremiação e convidou o dr. Demócrito Gracindo a presidir a assembleia, que deliberou criar uma comissão para elaborar os estatutos da sociedade. Essa comissão foi composta por: Jayme de Altavila, Paulino Santiago, Bernardes Júnior, Pinheiro Goulart e Arthur Acioly. (Jornal de Alagoas de 9 de março de 1915).

Sabe-se por outras fontes que Jayme de Altavila chegou a elaborar os estatutos e que foram publicados em 7 de abril, mas a iniciativa não vingou.

Os dois jovens escritores, Jayme de Altavila e Arthur Acioly, não estavam distantes do que o jornalista do Diário de Pernambuco descreveu como “manifestação puramente partidária”. Faziam parte do grupo político de Fernandes Lima, que chegou ao poder com Clodoaldo da Fonseca, após expulsarem do governo a oligarquia Malta em 1912.

Arthur Accioly esteve à frente da mobilização para criar a Academia Alagoana de Letras

Arthur Accioly Lopes Ferreira, que estava estudando na Antuérpia, na Bélgica, em 1914, quando teve início o primeiro grande conflito mundial, voltou a Maceió e foi trabalhar com Leonino Correia, intendente da capital indicado por Fernandes Lima, o então chefe político do Partido Democrata.

Jayme de Altavila foi participante ativo das manifestações lideradas por Fernandes Lima e, em 1917, no governo de João Baptista Accioly, era diretor do Diário Oficial (ou Imprensa Oficial) do Estado de Alagoas, cargo que ocupou até meados da década seguinte.

Terceira tentativa

Em 19 de novembro de 1918, o Diário de Pernambuco publicou que declinava a epidemia da Gripe Espanhola na capital, mas continuava muito ativa em Penedo.

O correspondente em Maceió enviou ainda informações, datadas de 16 de novembro, noticiando que “entre os moços que se dedicam à literatura” havia um movimento para se fundar uma academia de letras, imitando o “que se tem feito em outros Estados da União”.

“O ingresso nessa associação obedecerá a regras muito severas, de modo que a literatura regional, até hoje tão acanhada e consistente quase toda em folhetos, venha a receber, com a fundação da academia de letras, um grande impulso”.

Continuava o jornalista: “É possível que a associação que vai ser fundada tenha apenas vinte cátedras, cujos patronos serão: Ladislau Netto, Cyridião Durval, Aristheu de Andrade, Mello Moraes, João Severiano, Antônio Romariz, José Alexandre Passos, Guimarães Passos, Tavares Bastos, Sebastião de Abreu, Alves de Amorim, Ignácio de Barros Leite, Barão de Maceió, Barão de Penedo, Alves de Faria, Ignácio Accioly de Vasconcellos, Rosalvo Ribeiro, Thomaz Espíndola, Oliveira e Silva e Fulgino Lessa”.

Surgem os Imortais

É provável que a Gripe Espanhola tenha impedido o êxito na mobilização por uma academia alagoana em 1918, mas no sábado, 1° de novembro de 1919, nada impediu que um grupo de escritores e intelectuais caminhassem decididos, após assistirem à missa matinal na Catedral, pelas ruas centrais de Maceió em direção ao Salão Nobre do Teatro Deodoro, onde, finalmente, criaram a Academia Alagoana de Letras.

Salão Nobre do Teatro Deodoro em 1919, onde ocorreu a fundação da Academia Alagoana de Letras

Alguns deles, meses antes, em maio, haviam participado da instalação de outra associação, a Liga do Ensino Popular, que em sua diretoria — tomou posse em dezembro — recebia vários dos principais nomes da educação e das letras de Alagoas: presidente de Honra, Manoel Antônio de Oliveira Lopes; vice-presidente de Honra, Domingos Paes Barreto — diretor de Instrução Pública; secretário de Honra, Faustino Magalhães da Silveira — lente da Escola Normal; presidente efetivo, cônego Manoel Capitulino de Carvalho; vice-presidente, Alfredo de Barros Lima Júnior; 1º secretário, Arthur Accioly; 2º secretário, professor Carlos Garrido e tesoureiro, Jayme de Altavila.

Como se percebe, a Diretoria Efetiva da Liga, com exceção do cônego Manoel Capitulino de Carvalho, era praticamente o mesmo grupo que liderou a iniciativa de fundação da AAL, com o acréscimo de Teótimo Ribeiro.

A assembleia fundadora foi aberta às 13 horas por Arthur Accioly, que convidou o secretário de Estado e representante do governador Fernandes Lima, Manoel Moreira e Silva, a assumir a presidência dos trabalhos. Foram indicados secretários Lima Júnior e Jayme de Altavila.

A assembleia, como consta na ata de fundação, contou com 34 participantes, entretanto, estavam presentes somente 21 deles. Os outros 13 se fizeram representar.

Assinaram a lista de presença 21 nomes: Artur Acioli, Moreira e Silva, Lima Júnior, Jayme de Altavila, Virgílio Guedes, Agripino Ether, Barreto Cardoso, Manoel Rodrigues de Melo, Jorge de Lima, Carlos Garrido, Povina Cavalcanti, Teótimo Ribeiro, Mário dos Wanderley, Tito de Barros, Teodoro Palmeira, Ranulpho Goulart, Guedes de Miranda, Cypriano Jucá, Luiz Accioly, Fernando Mendes de Oliveira Mendonça e Hermann Byron de Araújo Soares.

Os representados somavam 13 nomes: governador Fernandes Lima representado por Moreira e Silva; Gilberto Andrade e Luiz Joaquim da Costa Leite por Agripino Ether; Moreno Brandão, Demócrito Gracindo e Auryno Maciel por Jayme de Altavila; Leonino Corrêa, padre Júlio de Albuquerque, Diegues Júnior e Joaquim Diegues por Lima Júnior; Cônego João Machado de Melo e Orlando Araújo por Guedes de Miranda e José Avelino da Silva por Carlos Garrido.

Quem primeiro falou para a assembleia foi Guedes de Miranda. Explicou os objetivos da reunião, destacando que a força de uma nação reside mais no fulgor das suas letras do que na “possança dos seus exércitos”.

No momento da discussão sobre o tipo entidade que ali seria organizada, Jayme de Altavila defendeu a criação de uma Academia de Letras, a semelhança das existentes em quase todos os outros estados brasileiros. Foi apoiado por Guedes de Miranda e por Tito de Barros. A proposta foi aprovada por unanimidade.

No ato seguinte, o presidente Moreira e Silva a declarou inaugurada, considerando seus fundadores os presentes à reunião e os que nela se fizeram representar.

Última fotografia de Moreira e Silva, em 1919

Sobre a quantidade de cadeiras, ficou definido, também por unanimidade, que a Academia teria 40 delas, com patronos escolhidos entre alagoanos ilustres e já falecidos.

A assembleia definiu ainda que fosse instituída uma comissão para elaborar os estatutos. Foram escolhidos Povina Cavalcanti, Guedes de Miranda e Theotimo Ribeiro. Para a Diretoria provisória foram indicados os mesmos nomes que conduziram a assembleia de fundação: Moreira e Silva, presidente, Lima Júnior e Jayme de Altavila.

Posteriormente foram montadas mais três comissões: para a escolha dos patronos: Auryno Maciel, Demócrito Gracindo e Virgílio Guedes; para redação final dos estatutos: Agripino Ether, Arthur Acioly e Auryno Maciel; para elaboração do regimento interno: Barreto Cardoso, Tito de Barros e Povina Cavalcanti. (Jornal do Comércio – AM, de 9 de janeiro de 1920).

Anunciaram que todas as deliberações pendentes seriam discutidas em nova assembleia, realizada no mesmo local às 19h do dia 8 de novembro. As pendências, entretanto, se arrastaram até o ano seguinte.

O estatuto foi rapidamente resolvido e aprovado em 11 de fevereiro de 1920, inspirado no similar da Academia Brasileira de Letras. Sofreu reforma em 16 de maio de 1928. O regimento interno foi aprovado em 31 de março de 1920 e a instalação solene da AAL ocorreu no mesmo local da sua criação em 17 de julho de 1920, com Guedes de Miranda proferindo o discurso inaugural.

Nesse ato, a Academia já contava com Carlos de Gusmão, Júlio Auto da Cruz Oliveira, Cassiano Rodrigues de Albuquerque e Paulino Rodrigues Santiago como membros. Recebeu ainda Américo Melo, Luís Lavenère, Leite e Oiticica e Otávio Gomes como os primeiros ocupantes das cadeiras n° 23, 36, 38 e 40.

Em sessão realizada no dia 5 de setembro de 1923, adotou seu distintivo e uma divisa: “Ad gloriam”. “Pela glória” anunciava que a instituição atuava sem fins lucrativos.

A proposta foi do capitão de corveta Carlos Miguez Garrido, que se estabeleceu em Maceió por causa da Marinha. O distintivo com a legenda ad gloriam era de ouro. Foi dele também o desenho de ex-libris da Academia. Era baiano, nascido em 30 de setembro de 1895, filho de Joaquim Miguez Monteiro e de Mercêdes Garrido Rodrigues Monteiro. Foi professor de História Militar na Escola de Aeronáutica dos Afonsos. Faleceu em 1975.

Poeta Alfredo de Barros Lima Júnior

Perfis dos imortais

Estudo do acadêmico Carlos Moliterno, publicado na revista Leitura de dezembro de 1959, n° 30, ajuda a compreender o perfil dos ocupantes das cadeiras da AAL em 1920. Eram 18 bacharéis, 3 estudantes de Direito, 3 médicos, 2 sacerdotes católicos, 2 oficiais do Exército, 1 de Marinha, 1 dentista, 1 farmacêutico, 1 professor, 1 comerciante e 7 empregados do comércio e funcionários públicos.

Dois não eram alagoanos: Teótimo Ribeiro e o jornalista e capitão de corveta Carlos Garrido, que foi também do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1967) e Diretor do Departamento de Documentação da Marinha e da Revista Naval.

Até 1959, cinco acadêmicos tinham sido governadores: Fernandes Lima, Costa Rego, Osman Loureiro e Silvestre Péricles. Dois foram interventores federais: Guedes de Miranda e Orlando Araújo. Quatro prefeitos da capital: Demócrito Gracindo, Jaime de Altavila, Leonino Correia e Cipriano Jucá.

Oito foram secretários de Estado: Moreira e Silva, Demócrito Gracindo, Leonino Correia, Orlando Araújo, Guedes de Miranda, Carlos de Gusmão, Arthur Acioli e Augusto Galvão.

Foram senadores até 1959: Leite e Oiticica, Fernandes Lima, Costa Rego, Silvestre Péricles e Ezequias da Rocha. Deputados Federais: Demócrito Gracindo, Costa Rego, Fernandes Lima, Carlos de Gusmão, Orlando Araújo, Medeiros Neto, Mendonça Júnior, José Maria de Melo e Silvestre Péricles.

Francisco Valois entrevistando o poeta e acadêmico Silvestre Péricles para a revista da Caixa

O importante estudo realizado por Carlos Moliterno identifica ainda que houve influência política na composição dos patronos das cadeiras da AAL e cita oito nomes que não tinham nenhuma credencial literária: Pedro Paulino, Ambrósio Lira, José Duarte, João Severiano da Fonseca, Olímpio Galvão, Roberto Calheiros, Messias de Gusmão e Afonso de Mendonça.

Relaciona também as famílias que contribuíram com maior número de acadêmicos, destacando a Goulart, que contribuiu com Aristheu Goulart de Andrade, Gilberto Goulart de Andrade, Ranulfo Goulart e Armando Goulart Wucherer. Os Diegues cederam dois fundadores: Guedes de Miranda e Diegues Júnior, e depois Manuel Diegues Júnior (1955).

Pode-se acrescentar a este estudo de Carlos Moliterno alguns dados sobre os 40 patronos: a  maior parte deles (17) faleceu com menos de 40 anos de idade. Outros 13 entre 41 e 60 anos. Morreram com idade acima de 60 anos 10 patronos.

Foi possível identificar a causa da morte em vinte e três deles. A tuberculose levou para o túmulo sete homenageados como titulares de suas Cadeiras. Varíola, Febre Tifóide e a Gripe Espanhola vitimaram três. Um cometeu o suicídio com veneno e dois outros com o alcoolismo. Três deles foram assassinados com punhaladas.

Sede das Letras

Antigo Grupo Escolar D. Pedro II em março de 1971, no final das reformas para receber a Academia Alagoana de Letras

Nos primeiros 50 anos de sua existência, a AAL funcionou ocupando espaços cedidos por outras instituições, a exemplo do Salão Nobre do Teatro Deodoro, ondo ocorreram as primeiras reuniões e eventos de posse.

Ainda em 1920, os “imortais” passaram a realizar seus encontros no salão do Conselho Municipal da capital, a Câmara de Vereadores da época, que se hospedava no palacete da Intendência Municipal, imponente construção na Praça dos Martírios inaugurada em 31 de janeiro de 1910, uma obra do arquiteto Luiz Lucariny.

O terceiro espaço a ser ocupado, onde também se instalou seu pequeno acervo, foi o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Fundado em 2 de dezembro de 1869, ainda como Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, essa importante agremiação também havia perambulado por várias sedes em Maceió, mas conseguiu, em 1909, do então governador Euclides Vieira Malta a doação de um prédio na Rua do Sol, esquina com a Ladeira do Brito, que foi totalmente reformado e inaugurado em 14 de outubro de 1923.

O inquilinato da AAL somente teve fim em 12 de março de 1971, quando ocupou o antigo prédio da Escola Prática na Praça das Princesas, futura Praça Deodoro. Projeto do engenheiro militar Innocêncio Galvão de Queiroz, inaugurado em abril de 1881.

A Escola Prática, dez anos depois da inauguração, foi transformada em Escola Modelo. Em 1895, o prédio foi ocupado pelo Tribunal Superior de Justiça, que por lá permaneceu até 1912, quando se estabeleceu definitivamente no Palácio da Justiça, distante apenas alguns metros da Escola Modelo, que voltou a funcionar como Grupo Escolar D. Pedro II.

Foi o governador Lamenha Filho, em setembro de 1968, que publicou o decreto cedendo o prédio para a Academia Alagoana de Letras, atendendo aos inúmeros pedidos do seu presidente José Maria de Melo. Os alunos do Grupo Escolar foram transferidos para a Escola Infantil Ismar de Góis Monteiro, na Rua Pedro Monteiro, no mesmo prédio onde funcionou a Rádio Difusora de Alagoas.

Para sediar a Casa das Letras de Alagoas, a antiga construção foi adaptada segundo projeto da renomada arquiteta Zélia Maia Nobre. As reformas, que se estenderam até o final de 1971, deram à edificação um auditório, salas de reuniões, biblioteca e outros espaços funcionais.

Mesmo ainda em reformas, a sede foi inaugurada no dia 12 de março de 1971. O evento foi divulgado como parte das comemorações do cinquentenário da AAL. Como a instituição havia completado 50 anos de existência em 1° de novembro de 1969 e Lamenha Filho deixaria o governo em 15 de março de 1971, ficou evidente que os “imortais” pretendiam mesmo, e com justiça, agradecer o benefício conseguido com o governador.

Com a ampliação dos trabalhos da Academia, o prédio ganhou um anexo durante a gestão de Carlos Moliterno. Foi inaugurado festivamente no dia 25 de agosto de 1989 com a presença do ministro da Educação Hugo Napoleão e de três ex-governadores de Alagoas: Lamenha Filho, José Tavares e Divaldo Suruagy.

Os presidentes

1 – Manoel Moreira e Silva (1919-20).

Dr. Manoel Moreira e Silva foi o primeiro presidente da AAL

Foi eleito na assembleia fundadora em 1º de novembro de 1919. Natural de Tatuamunha, em Porto de Pedras, Alagoas, era casado, em segundas núpcias, com Domícia de Lima Falcão, sobrinha do governador Fernandes Lima, correligionário do Partido Democrático.

Quando assumiu a AAL já estava muito doente. Fez tratamento em Maceió e em Salvador sem resultados. Regressou à capital alagoana em 29 de abril de 1920, hospedando-se no Palácio do Governo, onde faleceu às 23 horas do dia 7 de maio. Tinha então 44 anos de idade.

2 – Demócrito Brandão Gracindo (1920-27).

Demócrito Gracindo

Advogado e viçosense do Engenho Boa Sorte, em Alagoas, foi empossado com sua diretoria no dia 14 de julho de 1920. Também teve morte precoce. Faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de setembro de 1927, quando tinha 44 anos de idade. Foi substituído interinamente pelo vice-presidente Júlio Auto.

A diretoria de 14 de julho de 1920 era a seguinte: presidente, Demócrito Gracindo; vice-presidente, Leonino Corrêa; 1º secretário, Lima Júnior; 2º secretário, Jayme de Altavila; tesoureiro, Auryno Maciel e bibliotecário, Povina Cavalcante.

Uma segunda diretoria foi composta por: presidente, Demócrito Gracindo; vice-presidente, Júlio Auto da Cruz Oliveira; 1º secretário, Lima Júnior; 2º secretário, Jayme de Altavila; tesoureiro, Auryno Maciel e bibliotecário, Carlos Garrido.

Foi durante a gestão de Demócrito Gracindo que, em 1924, a Lei Orçamentária, definidora para o ano seguinte dos quantitativos de auxílios e subvenções para as diversas instituições e sociedades de Alagoas, recebeu proposta do deputado Arthur Acioli, também da AAL, indicando que fosse de 5:000$000 a verba destina à instituição. Nesse ano a Santa Casa de Misericórdia de Maceió havia recebido 387:181$100 e a AAL 1:000$000 O mesmo valor se repetiu nos anos seguintes.

Havia ainda os auxílios, como o conferido em 1929 para publicação das Obras de Tavares Bastos (5:000$000) e outro de 4:000$000 para o livro comemorativo da passagem do décimo ano de fundação da instituição.

Até janeiro de 1928, a AAL tinha realizado 68 sessões ordinárias e inúmeras sessões públicas.

3 – Antônio Guedes de Miranda. (1927-31)

Guedes de Miranda

Jurista, político, jornalista, escritor, poeta e administrador, nasceu em Porto Calvo, Alagoas. Foi eleito e empossado em 16 de novembro de 1927. Após ser reeleito em abril de 1930, renunciou no dia 19 de junho de 1931.

A diretoria eleita em abril de 1930 era a seguinte: presidente, Guedes de Miranda; vice, Júlio Auto da Cruz Oliveira; 1º secretário, Alfredo de Barros Lima Júnior; 2º secretário, Jayme de Altavila; tesoureiro, Auryno Maciel; e bibliotecário, Carlos Miguez Garrido.

4 – Domingos Paes Barreto Cardoso (1931-36).

Domingos Paes Barreto Cardoso

Poeta e jornalista, nasceu no dia 8 de setembro de 1888 em São Miguel dos Campos. Estudou Humanidades em Maceió e concluiu o curso de Direito em Recife no ano de 1910. Foi redator do Gutenberg, Dia, Extra — revista literária mensal, Renascença, além de publicar várias prosas e versos avulso.

Seguiu a carreira jurídica, sendo indicado Juiz de Direito e Desembargador, cargo que ocupava quando foi eleito para presidir a AAL. Foi também diretor de Instrução Pública de Alagoas. Utilizava o pseudônimo de Falstaff e teve destacada atuação jornalística, mas nunca escreveu um livro. Faleceu em 26 de fevereiro de 1960, em Maceió.

Foi eleito presidente da AAL em 15 de julho de 1931. Sua diretoria foi a seguinte: Barreto Cardoso, presidente; Moreno Brandão, vice; Lima Júnior, 1° secretário; Jayme de Altavila, 2° secretário; Luiz Lavenère, Tesoureiro; e Carlos Garrido, bibliotecário. Luiz Lavenère foi aceito na AAL na mesma assembleia que o elegeu tesoureiro da instituição.

Em julho de 1931, divulgava-se que a AAL havia retirado de seus estatutos a exigência sobre as vestes do acadêmico em sua posse, que até então só acontecia com o novo imortal devidamente encasacados. Valdemar Cavalcanti, no semanário Novidade, saudou a decisão como democrática e criticou a exigência anterior, da toalete aristocrática, como uma coisa “muito sem jeito” para a “longínqua capital da Sururulândia”.

Uma notícia datada de 13 de agosto de 1935 e publicada no dia 20 desse mesmo mês no Diário de Pernambuco informava que a AAL, “que há muito tempo não funciona, realizará dentro de poucos dias uma sessão para voltar à sua atividade, elegendo nova diretoria”. A reunião citada ocorreu no dia 19 de agosto.

A renúncia de Guedes de Miranda em 19 de junho de 1931 e esse período sem atividades, na gestão de Barreto Cardoso, coincide com os primeiros anos do governo de Getúlio Vargas, quando Alagoas recebeu vários interventores em clima de instabilidade política. Seria essa a causa desses episódios?

5 – Jayme de Altavila (1936-37)

Jayme de Altavila

Foi eleito presidente da AAL em 6 de agosto de 1936.

Jayme de Altavila veio ao mundo no dia 16 de outubro de 1895 como Anphilophio de Oliveira Melo. Nasceu no Bom Parto, em Maceió, na residência do seu avô na Rua General Hermes. Esta casa viria a ser o Grupo Escolar Cincinato Pinto.

Seus pais eram Balbino Figueiredo de Mello e Deolinda de Oliveira Mello. Seu avô materno foi quem permitiu, mais tarde, a adoção do nome de Altavila. Felix Belli D’Olivieri era italiano de Nápoles, mas descendia de uma família de Altavila Silentina, Província de Avelino, região de Campânia.

Aos 15 anos, deu os primeiros passos no jornalismo literário escrevendo para um pequeno jornal do bairro do Poço, O Guarany. Em 1911, começou a participar do Congresso Lítero-Cívico-Alagoano e matriculou-se no Liceu Alagoano.

Jayme de Altavila casou-se a primeira vez, em 1914, com a alagoana Belmira Goulart, com quem teve a filha Duse Mello Hailer (nome de casada). Do segundo casamento, com a paraibana Emília Lustosa Cabral, deixou o filho Jayme Lustosa de Altavila. Esteve na Paraíba depois de 20 de setembro de 1932, onde assumiu a função de substituto de juiz federal. Foi lá onde casou-se pela segunda vez.

Iniciou o curso de Direito em Recife em 1919, mas em 1922 já estava na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, onde colou grau em Ciências Jurídicas e Sociais no dia 7 de dezembro de 1923. Neste mesmo ano, no dia 18 de março, foi aceito como membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, onde tomou posse no dia 11 de setembro.

Entrou para o serviço público em 31 de janeiro de 1924, nomeado como adjunto do 1º promotor público da Capital. Em seguida, no dia 6 de março, foi nomeado para o cargo de adjunto do Procurador da República. Nesse mesmo período era professor da antiga Escola Normal de Maceió, do Lyceu Alagoano e inspetor Federal de Ensino.

Com a renúncia do dr. José Moreira Silva Lima do cargo de prefeito da capital, Jayme de Altavila, que era o presidente do Conselho Municipal de Maceió, foi indicado para sucedê-lo. Tomou posse no dia 1º de fevereiro de 1927 e ficou na Prefeitura até 7 de janeiro de 1928.

No final de 1927, ainda no mandato de prefeito, candidatou-se e foi eleito deputado estadual para a 19ª legislatura (1928/30), que foi instalada no dia 21 de abril de 1928. Renunciou ao mandato para ser nomeado, em 15 de fevereiro de 1929, adjunto de 1º promotor público da Comarca de Maceió.

Em 20 de setembro de 1932, deixou Maceió foi morar na Paraíba, onde assumiu a função de substituto de juiz federal.

Participou, em 8 de julho de 1931, da fundação da Faculdade Livre de Direito de Alagoas, que veio a ser a Faculdade de Direito de Alagoas. Nessa instituição de ensino foi empossado como professor catedrático de Economia Política e Ciências das Finanças em 11 de março de 1933. Depois assumiu a cátedra de Direito Civil. Foi indicado como diretor desta instituição, já federalizada, em 2 de março de 1948. Lecionou ainda na Faculdade de Ciências Econômicas de Alagoas.

Em 1945, tentou voltar à política e disputou o mandato de deputado federal pelo Partido Republicano Progressista – PRP, mas não conseguiu êxito. Ficou como o terceiro mais votado do partido.

A partir de 18 de janeiro de 1950 passou a utilizar o pseudônimo Jayme de Altavila oficialmente como seu nome, abandonando definitivamente o Anphilophio.

Em 1959, foi eleito para presidir o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, cargo que ocupou até a sua morte em 1970. Era também membro do The Geografic Society de Washington DC, USA. Participava ainda de diversas associações culturais do Brasil e do exterior.

Escreveu várias obras, sendo a mais conhecida o livro Origem dos Direitos dos Povos, que já teve sete edições publicadas e é adotado por várias universidades.

Jayme de Altavila faleceu em Maceió no dia 26 de março de 1970, às 23 horas.

6 – Augusto Galvão (1937-46).

Augusto de Oliveira Galvão

Augusto de Oliveira Galvão nasceu em Garanhuns, Pernambuco, em 15 de janeiro de 1883. Formado pela Faculdade de Direito de Recife, foi professor, promotor público, presidente (1939/42 e 1951/54) e desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas, senador estadual, secretário do Interior e da Justiça do Estado de Alagoas. Faleceu em Maceió no dia 12 de fevereiro de 1959.

Diretoria eleita em 1942: presidente, Augusto Galvão; vice, Orlando Araújo, 1º secretário, Lima Júnior, 2º secretário, Medeiros Neto; tesoureiro, Luiz Lavenère; e bibliotecário, Carlos Gusmão.

Foi durante a gestão de Augusto Galvão que a telegrafista baiana Eunice Lavenère Reis (filha de Luiz Guimarães Reis e Jessie Lavenère Reis, e neta de Luiz Lavenère) foi aceita na AAL. No dia 1º de novembro de 1945, pela primeira vez uma mulher ocupou uma cadeira da Academia, a de nº 26, cujo patrono é Melo Moraes.

7 – Orlando Araújo (1946-53).

Orlando Valeriano de Araújo

Orlando Valeriano de Araújo nasceu em Marechal Deodoro, Alagoas, em 22 de novembro de 1882, filho do Comendador Tibúrcio Valeriano de Araújo e de Constância Carolina de Araújo. Bacharel pela Faculdade de Direito de Recife, foi também presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, deputado federal, diretor do Diário Oficial e da Secretaria do Interior, secretário do Tribunal Superior do Estado, da Fazenda e do Interior, prefeito de Maceió, interventor interino no governo de Alagoas e procurador da Fazenda Federal.

A Academia Alagoana de Letras, a exemplo de outras instituições semelhantes, promovia anualmente vários prêmios como estímulo à produção literária em Alagoas. Em 1952, por exemplo, distribuiu o Prêmio Industrial Othon Bezerra de Mello. Ofertava 20 mil cruzeiros para o melhor livro do ano. O melhor conto e a melhor poesia publicadas em Alagoas recebiam, cada, 500 cruzeiros.

Nessa época tinha como sócios correspondentes Júlio Dantas (Portugal), Mateus de Albuquerque (Espanha) e Benjamin Garay (Argentina).

Em 1952 a diretoria era a seguinte: presidente, Orlando Valeriano de Araújo; 1° secretário, Ezechias da Rocha; 2° secretário, Antônio Saturnino de Mendonça Júnior; tesoureiro, Luís Lavenère; bibliotecário, Armando Wucherer.

8 – Augusto Galvão (1953-58).

Já biografado.

9 – Antônio Saturnino de Mendonça Júnior (1958-61).
Antônio Saturnino de Mendonça Júnior

Antônio Saturnino de Mendonça Júnior

Nasceu no Engenho Maranhão, em Matriz de Camaragibe, em 8 de março de 1908. Iniciou o curso de Direito em 1927 na Faculdade de Direito de Recife, mas concluiu o bacharelado no Rio de Janeiro. Em Maceió, dirigiu o Departamento de Imprensa e Propagada (DIP) do Governo Federal e depois assumiu a direção da Cultura.

Participou da fundação do Partido Social Democrático (PSD) e foi seu representante na Câmara dos Deputados entre 1950 e 1958. Em 1958, após o fim do mandato, foi nomeado presidente da Caixa Econômica em Alagoas e eleito presidente do Centro de Estudos Econômicos e Sociais de Alagoas. Dirigiu também o Conselho Regional de Desportos.

Foi professor de Teoria Geral do Estado na Faculdade de Direito de Alagoas. Aposentou-se como Procurador de 1ª Categoria pelo Estado do Rio de Janeiro. Faleceu no dia 23 de outubro de 1985, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi enterrado no Cemitério São Batista.

Diretoria presidida por A. S. de Mendonça Júnior: Théo Brandão, 1º vice; Carlos Gusmão, 2º vice; José Silveira Camerino, 1º secretário; Paulino Santiago, 2º secretário; Carlos Moliterno, tesoureiro.

10 – Jayme de Altavila (1961-64)

Já biografado.

11 – José Maria de Melo (1964-83).

José Maria de Melo

O deputado federal, secretário de Estado, professor e médico José Maria de Melo nasceu no Engenho Flor da Penha em Capela, Alagoas no dia 17 de fevereiro de 1906, filho de José Ferreira de Melo e Maria Vitória de Melo.

Fez os estudos primários em sua cidade natal, terminando em Viçosa, e o secundário em Maceió, no Colégio Diocesano. Médico diplomado em 1930 pela Faculdade de Medicina da Bahia, voltou a Viçosa onde clinicava e se dedicava às pesquisas sobre folclore. Foi professor catedrático de História Natural e diretor da Escola Normal de Viçosa e também chefe de clínica do Hospital Nossa Senhora da Conceição. Posteriormente, em Maceió, foi médico do Banco do Brasil.

Colaborou na Folha de Viçosa sob o pseudônimo de Jorge Miral. Como folclorista, concentrou seu trabalho no estudo de enigmas populares.

Foi prefeito de Viçosa por duas vezes, deputado federal por vários mandatos e, a partir de 1º de fevereiro de 1951, secretário de Estado dos Negócios da Fazenda e Produção, no governo Arnon de Melo.

Era sócio do IHGAL, tendo colaborado na revista da instituição e membro da AAL a partir de 20 de junho de 1959. Fundador e primeiro presidente da Sociedade Alagoana de Folclore e membro também da Comissão Nacional de Folclore e do Conselho Estadual de Cultura. Jornalista profissional, pertenceu à AAI. Patrono da Cadeira 29 da ACALA.

Casado com Raquel Portela de Melo, com quem teve dois filhos. Faleceu em Maceió no dia 30 de janeiro de 1984.

Durante sua administração, em 5 de dezembro de 1974, faleceu no Rio de Janeiro Carlos Povina Cavalcante, o último dos fundadores da AAL ainda vivo. Nasceu em União dos Palmares, Alagoas, em 14 de agosto de 1890. Bacharel em Direito, jornalista, poeta e escritor, também foi deputado estadual. Foi ainda presidente da Ordem dos Advogados do Brasil.

Em 1975, a diretoria da AAL era a seguinte: José Maria de Melo, presidente; Teotônio Brandão Vilela, 1° vice; Abelardo Duarte, 2° vice; Carlos Moliterno, 1° secretário; José Francisco da Costa Filho, 2° secretária e Guiomar Alcides de Castro, Tesoureira.

Foi em 1975 que a AAL lançou sua Revista. Impressa na Sergasa, circulou o seu primeiro número em dezembro. Sua periodicidade era anual até o nº 15 (1989). Do nº 5 em diante, passou a ser impressa na Imprensa Universitária (Ufal) e o nº 16 somente circulou em 1998.

Depois publicou: nº 17 (1999); nº 18 (2001); nº 19 e 20 (2004); nº 21 (2008); nº 22 (2017); nº 23 (2019) e nº 24 (2020).

Foi o presidente da AAL a permanecer à frente da instituição por mais tempo, 18 anos.

12 – Carlos Moliterno (1983-98).

Carlos Moliterno

Alagoano de Maceió, onde nasceu em 15 de março de 1912, filho de Vicente Moliterno (faleceu em 10 de abril de 1924) e Maria Rosa Moliterno (faleceu aos 69 anos de idade), o poeta e jornalista Carlos Moliterno descendia de italianos da Calábria. Tinha duas irmãs: Maria Esmeralda Moliterno e Ana Moliterno.

Abandonou os estudos em uma escola particular ainda no Primário. Segundo sua mãe, não era bem comportado. Voltou a estudar entre 1920 e 1924, até o quarto ano primário, no Colégio 11 de Janeiro, do professor Higino Belo, onde aprendeu a se comportar graças a mais famosa palmatória da cidade.

Aos 12 anos de idade, com a situação financeira da família claudicando, abandonou o “11 de Janeiro” e passou a aprender com Antônio Canuto a profissão de alfaiate, mas nunca se afastou dos livros, principalmente após completar 15 anos de idade, quando passou devorá-los. Seu mestre alfaiate também gostava de ler e o incentivava. Trabalharam juntos por 11 anos.

Voltou a estudar, em 1935, quando foi corrigido por sua namorada e futura esposa Gedalva Ribeiro de Alencar — casaram-se em 1937. Convenceu a sua mãe a contratar as aulas de português do professor Luís Veras e de matemática do professor Benedito de Moraes. Nesse ano em que se dedicou a essas disciplinas, também aprendeu datilografia e serviu ao Tiro de Guerra, adquirindo a condição de reservista, exigida para se conseguir um bom emprego.

Enfrentou um concurso nos Correios ainda em 1935. Conseguiu o 21º lugar entre 132 concorrentes. Não foi aproveitado. Graças à convivência com o professor Benedito de Moraes, amigo de sua mãe, passou a dar aulas de matemática para os filhos de Artur Dorvillé, cunhado do governador Osman Loureiro, que o indicou a Paulino Santiago, gerente do Banco de Alagoas, para um emprego, onde permaneceu por apenas seis meses. Foi levado por um amigo para a Companhia de Cigarros Souza Cruz, ganhando o dobro, emprego que manteve até 1952 — chegou a gerente da filial a partir de 1941 — e onde, no final do expediente, transformava seu escritório num ponto de reunião de escritores e interessados nas letras.

Em 1952 desquitou-se amigavelmente de Gedalva. Tinham três filhos: Talma, Tânia e Carlos Moliterno Filho (faleceu aos 23 anos de idade). Casou-se no ano seguinte com a poetisa Anilda Neves Leão. União ocorrida apenas no religioso – os desquitados não podiam casar no civil. Somente em 1980, após o divórcio, foi que aconteceu o casamento civil. Tiveram dois filhos: Carlos Alberto Moliterno e Luciana Moliterno.

Deixou a Companhia de Cigarros Souza Cruz quando pretenderam levá-lo para trabalhar em Campina Grande na Paraíba. Foi ser gerente da Importadora Auto Peças Ltda, de Luiz Calheiros Júnior. Após nove anos a empresa foi vendida. Concidentemente, no início de 1961, o recém-eleito governador Luiz Cavalcante estava montando sua equipe e ele foi indicado para ser diretor da Imprensa Oficial, onde também foi efetivado como redator-chefe em 1962.

Deixou a direção da Imprensa Oficial para gerenciar a firma Marroquim & Cia, de Mário Marroquim. Não conseguiu vender os tratores da empresa a partir de 1964, quando o Banco do Brasil suspendeu créditos por causa do governo militar, e deixou essa firma para atender ao convite de Evaldo Inojosa, que o empregou no Sindicato da Indústria do Açúcar de Alagoas.

Carlos Moliterno foi nomeado diretor do Departamento Estadual de Cultura em 1966, no governo Lamenha Filho — ainda em 1966 ocupou a chefia de gabinete da Secretaria de Educação e Cultura.

Em 1975, foi transferido da Imprensa Oficial, onde era redator-chefe, para mesmo cargo no Departamento de Assuntos Culturais da SENEC.

Foi revisor, redator e subsecretário do Jornal de Alagoas até 1941. Teve breve passagem pelo Suplemento Literário da Gazeta de Alagoas. Além de membro da AAL desde 1955, foi sócio correspondente da Academia Paulista de Letras, em Alagoas, sócio do IHGAL. É autor do Hino de Maceió.

Carlos Moliterno faleceu em 19 maio de 1998, sendo substituído na direção da AAL pelo vice-presidente Ubireval Alencar Guimarães (22/05/1998 – 07/10/1998).

Em 1985, a diretoria da AAL era composta por: Carlos Moliterno, presidente; Gilberto de Macedo, 1° vice; Abelardo Duarte, 2° vice; José Francisco da Costa Filho, 1° secretário; Francisco Valois, 2° secretária; Guiomar Alcides de Castro, Tesoureira.

Após a eleição de 1º de outubro de 1986, ficou assim: Carlos Moliterno, presidente; Luiz Renato de Paiva Lima, 1° vice; Ib Gatto Falcão, 2° vice; Francisco Valois, 1° secretário; Anilda Leão, 2° secretária; Guiomar Alcides de Castro, Tesoureira.

13 – Ib Gatto Falcão, (1998-2008)

Ib Gatto Falcão

Eleito em 7 de outubro de 1998, foi empossado em 4 de novembro. Permaneceu na presidência até 23 de dezembro de 2008, quando faleceu.

Nasceu em Maceió no dia 20 de março de 1914, filho de Oscar Marinho Falcão e Eponina Gato Falcão. Foi médico, secretário de Estado, professor e jornalista.

Formado na Faculdade de Medicina da Bahia em 1935, voltou a Maceió para exercer a profissão no Pronto Socorro da capital. Nesse mesmo período, iniciou sua trajetória como professor, ocupando a cadeira de Pedagogia, Didática e Metodologia do Instituto de Educação, Colégio Santíssimo Sacramento e no Asilo de Órfãos. Foi professor e fundador da Faculdade de Medicina de Alagoas, da qual foi catedrático de Clínica Cirúrgica. Catedrático de Filosofia da Educação no Instituto de Educação.

Foi ainda diretor regional do SENAI, secretário de Saúde e Assistência Social em dois governos, secretário de Planejamento em dois governos, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado.

O dr. Ib Gatto foi substituído interinamente na presidência, entre 7 de dezembro de 2007 e 4 de dezembro de 2008 pelo dr. Milton Hênio Netto de Gouveia.

14 – Dom Fernando Iório (2008-2010).

Dom Fernando Iório

Nasceu em Maceió no dia 23 de junho de 1929, filho de Miguel Iório e Júlia Rodrigues Iório. Foi bispo, crítico literário e professor.

Formado em Teologia no Seminário Arquidiocesano de Maceió, era também bacharel em Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Alagoas (1955). Livre Docente em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro.

Ordenado sacerdote em 1953, foi nomeado bispo de Palmeira dos Índios a partir de 29 de junho de 1985, onde instalou o Seminário Maior de Palmeira dos Índios e fundou a Faculdade de Teologia Santo Tomaz de Aquino. Antes era o pároco de Bebedouro (1954-85).

Foi ainda Assistente da Associação de Professores Católicos de Alagoas, professor de Língua Portuguesa, Filosofia e Linguística na UFAL (entre 1980-85, foi chefe do Departamento de Letras e Artes), professor de Teologia Moral no Seminário de Maceió e no Instituto Teológico Pastoral. No Seminário de Maceió ensinou Grego, Literatura, Língua Portuguesa e Música.

Catedrático de Português no Colégio Estadual Moreira e Silva. Fundador e primeiro diretor do Ginásio Santo Antônio, em Bebedouro e da Rádio Palmares.

Afastou-se da presidência da AAL em 20 de março de 2008, assumindo interinamente o cargo o vice-presidente dr. Milton Hênio Netto de Gouveia.

Dom Fernando Iório faleceu em Maceió no dia 20 de março de 2010.

O dr. Milton Hênio Netto de Gouveia permaneceu como presidente após o encerramento do mandato da gestão de Dom Fernando Iório. Teve um curto mandato entre 7 de abril a 4 de dezembro de 2010.

15 – Silvio Von Sohsten Gama (2010-10)
Silvio Von Sohsten Gama

Silvio Von Sohsten Gama

Nasceu em Maceió no dia 25 de junho de 1923, filho de Arthur Peixoto de Carvalho Gama e Elsa von Söhsten Gama. Cursou a Escola Militar do Realengo (1943) e Escola de Engenharia do Recife (1949). Exerceu a atividade de construtor na construção civil, em Recife, de 1949 a 1972, quando adquiriu duas fazendas com área total de 528 hectares, em Gravatá, Pernambuco, e dedicou-se à pecuária leiteira até 1986.

Sua vida literária teve início em 1937 com as primeiras produções poéticas, mas somente partir de 1994 foi que publicou seus primeiros livros: “Memória” e “Poesias no Espelho”. Faleceu em 2 de julho de 2013.

Foi eleito presidente da AAL, por aclamação, em 5 de maio de 2010. Não assumiu o mandato.

16 – Carlos Barros Méro (2010-17).
Carlos de Barros Méro

Carlos de Barros Méro

Nasceu em Penedo no dia 5 de abril de 1949, filho de Ernani Otacilio Méro e Nair Barros Méro.

Foi secretário de Estado, magistrado, promotor de Justiça, procurador de Estado, professor e advogado. É graduado em Direito pala Faculdade de Direito da UFAL, com pós-graduação em Direito Público, pela Faculdade de Direito de Maceió (CESMAC).

Presidente fundador da Gás de Alagoas S.A – ALGÁS. Professor da Faculdade de Direito do CESMAC e professor de Sociologia Rural e Urbana e Direito Sanitário na UFAL, e de Direito Administrativo e Direito Constitucional, na Escola Superior de Magistratura do Estado de Alagoas.

17 – Alberto Rostand Fernandes Lanverley de Mello (2017)
Alberto Rostand Lanverly

Alberto Rostand Lanverly

Foi eleito presidente da AAL em 18 de outubro de 2017 e reeleito para o biênio 2020-22 e 2022-24.

Natural do Rio Grande do Norte, Alberto Rostand Lanverly chegou a Alagoas ainda criança. É formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Cursou doutorado no Canadá, retornando a Alagoas dois anos depois, sendo aprovado, por concurso público, para professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Tem sete livros publicados. Além de presidente da Academia Alagoana de Letras, faz parte do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e da Academia Maceioense de Letras.

Cadeiras e seus patronos

No dia 14 de março de 1920, o correspondente do Diário de Pernambuco em Alagoas informou ao jornal (edição de 20 de março de 1920) que “a Academia Alagoana de Letras, com uma certa dose de precipitação, acaba de escolher os nomes dos patronos das respectivas cátedras”. Publicou a relação com informações mínimas sobre eles e com breve avaliação. Nem todos os nomes foram bem-recebidos. Habilidosamente eram citados por suas qualidades distantes da literária.

Tavares Bastos. Publicista cuja memória dispensa reclamos;
Ladislau Neto. Sábio naturalista que morreu no exercício do cargo de diretor do Museu Nacional;
Mello Moraes. Operoso e severo historiador a quem faltou método para ser um dos maiores do Brasil;
Visconde de Sinimbu. Abalizado estadista;
Barão de Penedo. Jurista e diplomata;
Guimarães Passos. Poeta excelente;
Aristheu de Andrade. Também poeta muito inspirado;
Alves de Farias. Poeta, romancista, “conteur”, crítico e dramaturgo, uma das maiores mentalidades produzidas por Alagoas;
Pedro Paulino da Fonseca. Historiador e corógrafo;
José Alexandre Passos. Sábio filólogo;
Dias Cabral. Polígrafo de grande mérito e primoroso estilista;
Adriano Jorge. Professor e historiador;
João Severiano da Fonseca. Poeta e corógrafo;
João da Rocha Pitta. O primeiro alagoano que se formou numa escola superior. Deixou algumas monografias hoje [1920] quase esquecidas;
Sabino Romariz. Poeta de larga inspiração;
Fausto de Barros. Orador, poeta e jornalista;
Ignácio de Barros Accioly. Poeta;
Franco Jatubá. Poeta e publicista;
Sebastião de Abreu. Tão excelente poeta quanto distinto jornalista;
Cyridião Durval. Professor de Direito e autor de um volume de versos intitulado ‘Acordes’;
Alves de Amorim. Belíssima inteligência de que sobrevivem documentos imperituros [imperecível] no seu livro de versos ‘Nuvens Roxas’;
Domingos Fulgino. Autor de cartas sobre a guerra do Paraguai e de uma apologia do catolicismo;
Olympio Galvão. Autor de várias monografias sobre a história regional;
Zadir Índio. Romancista e jornalista;
Oliveira e Silva. Jornalista de grande erudição e vigorosa inteligência;
Affonso de Mendonça. Publicista;
Messias de Gusmão. Jornalista político;
Ignácio Passos. Poeta, cujo mérito ainda não foi devidamente aquilatado;
Manoel Joaquim Fernandes de Barros. Cientista e político;
Jovino da Luz. Professor e poeta;
Mesquita Neves. Latinista exímio, que traduziu em ótimos versos as fábulas de Pedro;
Frei João Capistrano de Mendonça. O maior orador sacro nascido em território alagoano;
Frei José de Santa Engracia. Tão notável pelos seus méritos de orador quanto pelos de musicista;
Joaquim Cavalcanti. Apreciado poeta, cujas obras estão infelizmente inéditas, embora enceram poesias de vigorosa inspiração;
Arruda Câmara. Naturalista nascido no Estado de Alagoas, conforme o demonstrou Saldanha da Gama;
Rosalvo Ribeiro. Pintor de renome, poeta, músico e homem de ciência, que deixou inédito um excelente estudo sobre a geologia de Maceió;
Ambrósio Lyra. Jornalista;
Calheiros da Graça. Geógrafo;
Torquato Cabral. Poeta”.

Outro jornal pernambucano, o Jornal de Recife, publicou no dia 29 de março de 1920 em sua coluna sobre Alagoas, escrita em 24 de março, que no dia anterior (23) a Academia Alagoana de Letras tinha se reunido para tratar dos patronos de suas cadeiras e do regimento interno.

Estavam presentes na reunião Leôncio Correia, que a presidiu, Hermann Soares, Cypriano Jucá, Lima Júnior, Auryno Maciel, Jayme de Altavila, Tito de Barros, Mário Wanderley, Agripino Ether, Carlos Garrido e Arthur Accioly.

Segundo o jornal, Auryno Maciel, o relator, leu a lista “já várias vezes apresentada e discutida”. Quando citava o nome de alguém “acaso duvidosos em valor literário, o jovem acadêmico fazia um pequeno esboço biográfico em ordem de justificar o ato da comissão, incluindo como representativo o indigitado defunto”.

As discussões mais acaloradas se deram em torno dos nomes de Mesquita das Neves, Jovino da Luz, Roberto Calheiros, frei José de Santa Engracia, Ignácio de Barros Leite, João Firmino, José Batinga e outros.

A reunião decidiu que os patronos seriam: “Tavares Bastos, Guimarães Passos, Dias Cabral, Adriano Jorge, João Severiano da Fonseca, João da Rocha Pitta, Barão de Penedo, Visconde de Sinimbu, Aristheu de Andrade, Sabino Romariz, Fausto de Barros, Thomaz Espíndola, Ignácio de Barros Accioly, Franco Jatubá, Sebastião de Abreu, Cyridião Durval, Alves de Amorim, Alves de Faria, Mello Moraes, Cônego Domingos Fulgino, Olympio Galvão, Ladislau Neto, Zadir Índio, Oliveira e Silva, Afonso de Mendonça, Messias de Gusmão, Ignácio de Barros Leite, Fernandes de Barros, Mesquita das Neves, frei João Capistrano de Mendonça, frei José de Santa Engracia, Joaquim Cavalcante Arruda Câmara, Pedro Paulino da Fonseca, Rosalvo Ribeiro, Torquato Cabral, Roberto Calheiros, Jovino da Luz e Ambrósio Lyra.

Foram 37 nomes que não agradaram ao jornalista. Na mesma reportagem ele já alertava para a possibilidade de mudanças e justificava: “não é crível, por exemplo, que, intelectualmente, Torquato Cabral ou Franco Jatubá ou Joaquim Cavalcante tenham mais valor do que João Firmino — que foi escritor de verdadeira nomeada no seu tempo. Era um homem muito sujo; mas deixou obras muito limpas. A sua História de Alagoas e a sua Astronomia em versos são dois espécimes originalíssimos de literatura provinciana. Merecia igualmente uma cátedra ao lado de Thomas Espíndola e Adriano Jorge, salvo melhores luzes”.

Nova relação foi divulgada em 1º de agosto de 1920 pelo correspondente do Diário de Pernambuco em Alagoas. Informou ao jornal sobre a sessão da AAL onde “houve a escolha de patronos para as respectivas cátedras”. A relação apresenta alteração na lista dos 39 nomes divulgados em março e já listava os primeiros ocupantes das cadeiras:

1 – Adriano Jorge – Demócrito Gracindo;
2 – Pedro Paulino da Fonseca – Leonino Corrêa
3 – Ambrósio Lyra – Lima Júnior;
4 – Torquato Cabral – Jayme de Altavila.
5 – José Alexandre Passos – Auryno Maciel
6 – Cyridião Durval – Fernandes Lima;
7 – Cônego Domingos Fulgino – Padre Júlio de Albuquerque;
8 – Fausto de Barros – Tito de Barros;
9 – Tavares Bastos – Orlando Araújo;
10 – Moreira e Silva – Carlos de Gusmão
11 – Tomaz Espíndola – Diegues Júnior
12 – José Duarte – Carlos Garrido
13 – Alves de Amorim – Cruz Oliveira;
14 – Joaquim Cavalcanti – Virgílio Guedes;
15 – Sabino Romariz – Cypriano Jucá;
16 – Guimarães Passos – Gilberto de Andrade;
17 – Corrêa de Oliveira – Povina Cavalcanti
18 – Manoel Joaquim Fernandes de Barros – Costa Leite;
19 – Cônego Machado – Guedes de Miranda;
20 – Augusto de Oliveira – Cassiano de Albuquerque;
21 – João Severiano da Fonseca – Theotimo Ribeiro;
22 – Rosalvo Ribeiro – Jorge de Lima;
23 – Visconde de Sinimbu – Américo Mello;
24 – Alves de Farias – Moreno Brandão;
25 – Sebastião de Abreu – Rodriguez de Mello
26 – Mello Moraes – Joaquim Diegues
27 – Oliveira e Silva – Luiz Accioly;
28 – Franco Jatubá – Agripino Ether
29 – Aristheu de Andrade – Ranulpho Goulart;
30 – Ignácio de Barros Accioly – Arthur Accioly
31 – Ladislau Neto – Herman Soares;
32 – Dias Cabral – Mário Wanderley;
33 – Olympio Galvão – Barreto Cardoso;
34 – Barão de Penedo – Teodoro Palmeira;
35 – Roberto Calheiros da Graça – Fernando Mendonça;
36 – Arruda Câmara – vaga;
37 – Mesquita Neves – Paulino Santiago;
38 – Messias de Gusmão – Leite e Oiticica;
39 – Affonso de Mendonça – José Avelino da Silva;
40 – Zadir Índio – vaga;

João da Rocha Pitta, Jovino da Luz, Frei João Capistrano de Mendonça, Frei José de Santa Engracia e Ignácio Passos não estavam nesta nova relação. Destes, somente Ignácio Passos parece ter sido esquecido pelo jornalista ou temporariamente retirado, pois reaparece em outras listas como patrono da cadeira nº 36, que teve José Pimentel do Amorim como seu primeiro ocupante. Essa suspeita existe pela presença temporária de Arruda Câmara na relação dos patronos apresentada acima.

Resumo biográfico dos patronos

Ainda em 1920, foram definidos os patronos, que estão abaixo relacionados e acompanhados de resumo biobibliográfico:

1 – Adriano Jorge

Adriano Augusto de Araújo Jorge

Adriano Augusto de Araújo Jorge nasceu em Alagoas no dia 26 de maio de 1846, filho do desembargador Silvério Fernandes de Araújo Jorge (20 de junho de 1817 – 9 de julho de 1893 Recife) e de Maria Victória de Pontes Araújo Jorge (faleceu em 31 de outubro de 1910 aos 90 anos de idade).

Foi um dos maiores nomes do magistério alagoano, lecionando desde muito cedo nos mais importantes colégios da capital. Tornou-se catedrático em Inglês no Liceu Alagoano após concurso realizado em 3 de novembro de 1870.

Fundou, em sociedade com o professor Francisco Domingues, o Colégio Sete de Setembro, além de ter sido diretor e proprietário do Colégio São José e do Colégio Oito de Janeiro.

Foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas entre 2 de dezembro de 1896 e 2 de abril de 1901, quando faleceu, data encontrada nos jornais da época.

Estava escrevendo o livro História de Alagoas, inicialmente a pedido do governo de Alagoas, depois por interesse próprio. Não conseguiu terminá-lo. Também escrevia para os jornais, onde expressava suas convicções políticas.

Era casado com Aristhéa Maria de Araújo Jorge, filha do professor Camilo de Lelis Pereira da Costa. Aristhéa faleceu em Manaus, AM, no dia 13 de março de 1911). O casal teve 12 filhos.

2 – Pedro Paulino da Fonseca

Coronel Pedro Paulino da Fonseca

O militar Pedro Paulino da Fonseca nasceu em Alagoas (Marechal Deodoro) em 6 de julho de 1829, filho de Manoel Mendes da Fonseca (1785-1859) e Rosa Maria Paulina Barros Cavalcanti (1802-1873). Entre os seus irmãos estão Manuel Deodoro da Fonseca e Severiano Martins da Fonseca, o Barão de Alagoas.

Casou-se, em 14 de setembro de 1857, com Francisca Francioni da Fonseca (nasceu em 2 de setembro de 1837, no RJ, e faleceu em 12 de fevereiro de 1911. Era filha de Domingos Francioni e de Catarina Piccini). Seu nome também aparece como Francisca Catarina. Tiveram 13 filhos (foram encontrados 10 deles): Orsina Francioni da Fonseca (casou-se com o Marechal Hermes da Fonseca. Nasceu no RJ em 17 de dezembro de 1858 e feleceu no RJ em 30 de novembro de 1912), Clodoaldo da Fonseca, Ernestina da Fonseca (casou-se com o dr. Alberto Alves de Carvalho), Deodoro da Fonseca, Jonas da Fonseca, Maria Amália da Fonseca (casou-se com o capitão Benedito Machado), Manuel da Fonseca, Albertina da Fonseca, Adalgisa da Fonseca e Maria Amália da Fonseca.

Cursou a Escola Militar do Rio de Janeiro a partir de 1843, de onde saiu como 2º Tenente da Artilharia. Ainda com essa graduação em 1859, notabilizou-se ao romper com o governo quando ocupava o cargo de Escriturário do Ajudante General do Exército, o Barão de Suruhy. Ambos foram demitidos. Resolveu então pedir sua reforma e se afastar do serviço militar após 16 anos de caserna.

Foi, durante 20 anos, fiscal da Receita e Despesa, Movimento e Entradas e Saídas, Cargas e Descargas de Obras manufaturadas e Material para Manufaturar da Casa de Correção (cadeia) do Rio de Janeiro. Em 1883 já estava em conflito com seu diretor por denunciar alguns desmandos. Esteve também na Inspetoria da Instrução Pública da capital Federal por oito anos.

Nos últimos anos da monarquia, setores do Exército estavam cada vez mais descontentes com o imperador e em 1887, com a criação do Clube Militar, várias crises surgiram, incluindo os choques com o general Deodoro da Fonseca, que foi afastado da presidência da Província do Rio Grande do Sul.

Pedro Paulino, em novembro daquele ano, durante uma audiência com o imperador D. Pedro II, concluiu suas palavras dizendo: Senhor! Eu, do governo de V. Majestade, nada mais espero”. Dois anos depois, em 15 de novembro de 1889, a monarquia foi derrubada e proclamada a República. Pedro Paulino foi um dos que cavalgou ao lado de Benjamin Constant à frente da 2ª Brigada de São Cristóvão para o Campo da Aclamação.

Dias depois o coronel (honorário) Pedro Paulino assumiu o governo de Alagoas (de 2 de dezembro de 1889 a 25 de outubro de 1890). Eleito senador em 15 de setembro de 1890, tomou posse em 25 de outubro. Voltou a ser indicado governador de Alagoas, desta feita pelo Congresso Constituinte, em 11 de junho de 1891. Recusou o cargo em consequência de um incidente com o senador Aquilino do Amaral, que questionou o seu voto no Senado, quando já era governador de Alagoas. Renunciou também ao mandato de senador.

Publicou alguns estudos históricos, entre eles “Memória histórica de fundação dos conventos das Alagoas”, em 1874. No Diário das Alagoas de 11 de outubro de 1886, publicou o estudo “Fundação das Alagoas”, detalhando as famílias do hoje município de Marechal Deodoro. Na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro de 1876 publicou “Memória dos feitos que se deram durante os primeiros anos de guerra com negros quilombolas dos Palmares, seu destroço e paz aceita em junho de 1678”.

Faleceu no Rio de Janeiro em 16 de novembro de 1902.

3 – Ambrósio Lira

Grupo Escolar Ambrósio Lira em Passo de Camaragibe nos anos 50

Ambrósio Cavalcante de Gusmão Lyra nasceu no Engenho Santa Maria (depois Engenho Levada) em Camaragibe, Alagoas, em 3 de julho de 1852, filho de Félix José de Gusmão Lira e Rosa da Cunha Cavalcante de Gusmão Lira.

Iniciou seus estudos na terra natal, prosseguiu em Maceió e, finalmente, na Faculdade de Direito do Recife, onde concluiu o bacharelado em 8 de novembro de 1875. Antes de cursar Direito, foi aluno da Escola Politécnica por dois anos.

Em 20 de janeiro de 1873, casou-se com sua prima Maria Luiza Cavalcante de Melo. Em 1891 moravam no Mutange. Antes residiram na Rua do Imperador. Não tiveram filhos.

Membro do Partido Democrata e ativista do ideário republicano, foi eleito deputado provincial nas legislaturas 1878-79 e 80-81. Em 3 de fevereiro de 1891 estava de volta ao parlamento estadual como constituinte (1891-92).

De 1885 a 87 exerceu o cargo de Juiz Municipal de Sapucaia (RJ) e Juiz de Fora (MG). Em especial na primeira cidade se dedicou à defesa dos ideais republicanos, razão pela qual foi demitido.

Foi jornalista e poeta. Publicou Ensaios em Versos e O Município de Camaragibe. Também conhecia música e pintura.

“Depois de longos e dolorosos sofrimentos” provocados pela malária, faleceu em 25 de março de 1892 quando era deputado constituinte na Assembleia Legislativa alagoana.

4 – Torquato Cabral

Torquato Cabral

O poeta e jornalista Manoel Torquato de Godoi nasceu em Capela (ainda Paraíba), Alagoas, em 26 de fevereiro de 1878, filho de Avelino de Araújo Cabral e Luiza de Godoy Cabral.

Frequentou a escola primária, em sua cidade natal. Ainda muito jovem foi trabalhar no comércio em Pilar como caixeiro. Iniciou muito cedo no jornalismo, ainda no Pilar era o principal redator no jornal Vigilante.

Em 1897 era o diretor bibliotecário da Sociedade Fraternidade e Instrução dos Caixeiros do Pilar. Em Capela foi secretário da Prefeitura.

Por dificuldades econômicas, viveu em andanças constantes entre Pilar e Capela, tendo se estabelecido, em 1895, em Maceió, como guarda-livros da Casa José Alves de Aguiar. Em 10 de maio de 1897 voltou ao Pilar para trabalhar na firma Adelino Silva & Cia e depois, em 1899, definitivamente se estabeleceu Maceió, cidade para onde se transferiu a firma que trabalhava no Pilar. Depois passou para a firma Oliveira Lima & Cia. Na capital, foi presidente da Sociedade Perseverança e Auxílio dos Empregados no Comércio.

Sua dedicação às letras e ao jornalismo o levou fundar, com Carlos Broad e José Avelino, a revista Alvorada. Dirigiu, ainda, a convite do editor Francelino Dantas, o Almanaque Literário Alagoano de 1901 e 1902, com a colaboração de Craveiro Costa. Foi nele que publicou suas primeiras poesias: Covardia e Kermesse. Também se conhece: Soletad e Gitana. Seu livro Primeiro Ano foi impresso na Tipografia Oriental, Maceió, em 1899.

Colaborou em jornais da capital: Arrebol, Rosal, Jornal de Debates — e no Pilar na revista Vinte de Julho.

No Jornal de Debates, por três anos, escreveu a crônica política e humorística Santa Missão. Utilizava o pseudônimo de Ironius.

Vítima da varíola, faleceu em Maceió no dia 31 de dezembro de 1907. Tinha 28 anos de idade e um filho. Deixou viúva a paraibana Élia Gutierrez de Souza Leite Cabral, mais conhecida como Elita para diferenciar da mãe (casaram-se em junho de 1905), filha do coronel José Teixeira de Souza Leite e de Élia Gutierrez de Souza Leite.

Seu filho, Sadi Souza Leite Cabral, nasceu entre 10 de setembro de 1906 e tornou-se um dos maiores atores do país.

5 – José Alexandre Passos

Gramática de José Alexandre Passos

José Alexandre Passos nasceu na cidade de Alagoas no dia 16 de setembro de 1808, filho de Ignácio Joaquim Passos e Matilde Leal. Foi o avô de Guimarães Passos. Seu filho Alexandre de Macedo Passos, que morreu em 3 de novembro de 1867 na batalha de Tuyuty, Guerra do Paraguai, servia no 13° Batalhão de Infantaria como 1° sargento.

Seu irmão, Ignácio Joaquim Passos Júnior, era poeta, professor de Retórica do Lyceu e militante político radical, também é patrono de uma das cadeiras da AAL. Faleceu no dia 18 de novembro de 1868.

Autodidata, José Alexandre Passos dedicou-se à carreira de funcionário público, aposentando-se como oficial-maior da Secretaria do Governo.

Teve participação política de relevo em Alagoas, chegando a ser eleito deputado provincial na legislatura 1852-53. Destacou-se mesmo como professor e filólogo. Considerado o Pai da Filologia Alagoana, suas gramáticas foram adotadas até no Rio de Janeiro. Foi homenageado pela monarquia em 18 de agosto de 1859, recebendo o título de Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Como jornalista, contribuiu em vários jornais e foi redator de O Filangelo. Sócio do IAGA, foi colaborador da revista dessa instituição.

Faleceu no dia 3 de fevereiro de 1878, aos 70 anos de idade.

Deixou as seguintes obras:

Dicionário Gramatical Português, Rio de Janeiro: Livraria Antônio Gonçalves Guimarães, 1865, o primeiro no gênero a ser publicado no Brasil. Tem 400 páginas; Considerações Sobre Gramática Filosófica, 1871; Compêndio da Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro, 1848; Táboas Gramaticais das Desinências Latinas ou Compêndio Auxiliar para Estudo do Latim, Pernambuco: Tip. Econômica, 1869; Resumo da História do Brasil; Compêndio de Retórica; Compêndio da Prosódia Portuguesa; Ecletismo da Língua Portuguesa; Resumo de Gramática Portuguesa. Para o Uso das Escolas de Primeiras Letras, 6ª Edição, Maceió: Tip. Democrata, 1870; Mapa da População de Alagoas (Sessão do IHGAL de 8/10/1870); Observações Sobre a Língua Tupi, Revista do IAGA, v. I. n. 8, junho de 1876, p. 199-202; Resumo de Gramática Portuguesa Para Uso das Escolas de Primeiras Letras da Província das Alagoas e Admitido no Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe e em Pernambuco,  12ª edição,  Maceió: Tipografia Comercial, 1886. Na sessão de 21 de abril de 1877, do IAGA, oferece: Coleção de Artigos Sobre a Agricultura, publicados no Jornal das Alagoas.

6 – Cyridião Durval

Cyridião Durval

Cyridião Durval Silva nasceu no dia 3 de março de 1860 em Tatuamanha, distrito de Porto de Pedras, em Alagoas, filho de Rogério José de Santana e Teotônia Durval de Santana.

Aprendeu as primeiras letras em Tatuamunha com o professor João Torquato de Araújo e depois, aos 11 anos de idade, foi para Recife estudar interno no Colégio Santo Amaro, transferindo-se mais tarde para o Ginásio Provincial. Terminou o curso de humanidades em 1881. Diplomou-se em Direito pela Faculdade de Recife em 1885.

Durante seu curso foi redator da Revista de Pernambuco e da A República, órgão do Clube Republicano Acadêmico. Além de desenvolver ativa militância abolicionista. Colaborou ainda no Jornal do Recife, na Província, no Diário de Pernambuco e no Repórter. Enquanto estava em Salvador, colaborou no Jornal de Notícias.

Era figura obrigatória do Teatro Santa Isabel em Recife. Foi assim que, em junho de 1882, durante uma apresentação do consagrado Carlos Gomes no Teatro Santa Isabel em Recife, falou em homenagem ao maestro utilizando a “torrinha”. Emocionado com a bela homenagem, o autor de O Guarani deixou o púlpito e foi até onde se encontrava o poeta alagoano, ergueu-o com um abraço e o beijou na testa.

Iniciou, em 25 de janeiro de 1866, sua carreira na magistratura como Promotor Público em Ilhéus. Em setembro do mesmo ano, já apresentando os sinais da doença que o levaria à morte, permuta com o colega Pedreira França e vai para Vila Nova da Rainha, no sertão da Bahia, onde permaneceu até ser nomeado pelo ministro da Justiça Francisco de Assis Rosa e Silva, em 9 de fevereiro de 1889, Juiz Substituto Seccional em Salvador. Cumulativamente e em caráter interino, de junho de 1889 a novembro de 1890, exerceu o cargo de Auditor de Guerra.

Após a proclamação da República (1889), foi nomeado pelo Governo Provisório novamente Juiz Substituto Seccional em Salvador, onde permaneceu até agosto de 1892, quando foi eleito unanimemente pelo Congresso para o Tribunal de Conflitos, como Delegado do Poder Legislativo.

Com a criação na Bahia da Faculdade Livre de Direito, foi convidado e assumiu as cadeiras de Direito Administrativo e depois de Direito Criminal. Foi também professor do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e sócio fundador da Sociedade de Medicina Legal. Era sócio do Instituto Histórico baiano.

Na Bahia, casou-se com Isabel Seabra, irmã do baiano dr. José Joaquim Seabra, professor de Direito da Faculdade de Recife e seu amigo. Tiveram sete filhos, mas sobreviveu apenas uma única filha, Maria Luiza, que após a sua morte foi objeto de uma campanha de arrecadação de fundos para ajudá-la. Maria Luiza nasceu em maio de 1895 e faleceu três anos depois, em 9 de julho de 1898.

Faleceu tuberculoso em 17 de agosto de 1895, com apenas 35 anos de idade. Estava em Serrinha, no interior da Bahia. Foi retirado do seu túmulo e levado pelos estudantes para um novo sepultamento foi em Salvador, com uma verdadeira consagração por parte dos deles. À beira do túmulo falaram doze oradores. A congregação da Faculdade deu seu nome à sala em que lecionava.

Quando da morte de Cyridião, a pobreza da família era tanta que Assembleia Legislativa da Bahia aprovou, em 11 de julho de 1896, que a viúva fosse beneficiada com uma pensão pelo Montepio dos Funcionários Públicos da Bahia, cuja fundação somente foi aprovada após a morte do poeta alagoano.

Adalberto Marroquim, no livro Terra das Alagoas, cita que Fernandes Lima dizia que ele foi um verdadeiro poeta e acrescentou: “foi o maior poeta alagoano do seu tempo”.

Obras:

Alagoas, Recife 1881 (poesia); Ruínas, Recife,1884 (poesia); Versos, 1885 (poesia, com Francisco Peixoto de Lacerda Werneck); Acordes. Versos, Bahia: Imprensa Popular, 1890 (poesia); Amor Materno, Revista da AAL, n. 12, p. 127 (Antologia do Soneto Alagoano).

Teria deixado inéditos: Currente Calamo e Poesias. Segundo Romeu de Avelar, que o transcreveu em sua Coletânea de Poetas Alagoanos, teria deixado, também, editada em Recife, uma Coleção de Sonetos.

7 – Cônego Domingos Fulgino

Religioso brasileiro junto a civis paraguaios. Os homens em pé ao fundo são das forças aliadas. Foto datada entre 1869 e 1870

O presbítero secular Domingos Fulgino da Silva Lessa nasceu em Penedo, Alagoas, em 28 de dezembro de 1825. Foi ordenado no Seminário de Olinda. Deputado provincial na legislatura 1862-63, foi eleito pelo 2º distrito na primeira eleição por distritos. Também foi vereador e presidente da Câmara em Coruripe (1883).

Em 1865, se ofereceu ao governo Imperial para exercer o seu mister na Guerra do Paraguai. Sendo aceito, comunicou essa pretensão ao bispado de Pernambuco e pediu autorização. Deixaria de ser coadjutor da freguesia do Poxim para ser o Capelão dos Voluntários da Pátria. Foi autorizado e esteve nas áreas de combate até maio de 1869.

Quando chegou à corte, no Rio de Janeiro, em 16 de fevereiro de 1865, estava incorporado ao corpo de Voluntários da Pátria. Fez doação em dinheiro e trouxe com ele mais 14 voluntários para o nascente Exército brasileiro. Recusou todos os benefícios estabelecidos no decreto governamental de 7 de janeiro daquele ano.

Ao retornar do Paraguai, claudicando por ter sido atingido por uma granada no calcanhar, obteve a medalha de campanha e as condecorações da Ordem de Cristo (decreto de 6 de fevereiro de 1867) e Cavalaria. Já ostentava a Ordem da Rosa (decreto de 14 de março de 1860) por ter liderado em Coruripe o combate à epidemia de cólera em 1856.

Em 15 de outubro de 1873, ganhou o posto efetivo de capitão honorário do Exército. Era capitão comissionado da Guarda Nacional e Capelão desde 18 de abril de 1865. Ostentava ainda as medalhas da República da Argentina e do Uruguai.

Enquanto esteve na guerra, enviava regularmente para a imprensa cartas com relatos e depoimentos “de vibrante patriotismo e escritas em agradável estilo”. Travou intenso debate com a maçonaria em defesa da igreja católica. Seus escritos desse período chegaram a ser publicados no Eco de Roma, em Lisboa, e no Palavra, do Porto, também em Portugal.

Era reconhecido ainda como excelente orador sacro e musicista, tocando vários instrumentos, incluindo o piano. Foi homenageado sendo promovido a cônego honorário da Capela Imperial (20 de maio de 1967), no Rio de Janeiro.

Faleceu em 31 de julho de 1908 na cidade de Coruripe, Alagoas, onde passou os últimos anos de vida.

Em 14 de julho de 1925, o correspondente do Diário de Pernambuco em Alagoas divulgou naquele jornal correspondência do dia 9 informando que “no domingo 12 do fluente, o padre Júlio de Albuquerque lerá, perante a AAL, o elogio biográfico do cônego Domingos Fulgino da Silva Lessa, obscuro escritor, que o nosso silogeu aprouve transformar uma celebridade de primeiro quilate”.

Obras:

Sermão de N. S. da Conceição (dezembro de 1869, na ilha de Cerrito, Paraguai); A Igreja Católica Apostólica Romana, A Companhia de Jesus e a Maçonaria Desmascarada, Maceió: Tip. Social, de Amintas Soares, 1874; O Poder Temporal do Papa, Pará, 1864; Necessidade e Influência Benéfica da Religião nas Ciências, na Poesia e nas Belas-Artes, Maceió: Tip. Trigueiros, 1901 (coletânea  de artigos publicados em jornais religiosos). Colaborou em: Diário de Alagoas, Apóstolo e União, os dois últimos no Rio de Janeiro.

8 – Fausto de Barros

Fausto de Barros

O poeta e bacharel Fausto de Barros Bezerra nasceu no Engenho Remédio, Murici, Alagoas, em 18 de dezembro de 1864, filho de José Teodomiro Bezerra de Melo e América Augusta de Barros Corrêa. Sua mãe queria que ele fosse padre.

Estudou, em Maceió com o prof. Francisco Domingos da Silva, diretor do Colégio Bom Jesus. Nesse período, participou da mobilização abolicionista em Maceió e publicava suas poesias e contos na Gazeta de Notícias. Eram seus companheiros dessas jornadas Guimarães Passos, Luiz Mesquita, Guido Martins Duarte e Misael Domingues.

Terminou os preparatórios em Recife (1884) no Colégio 7 de Setembro, ingressou, em 1986, na Faculdade de Direito daquela capital, onde se formou em 1889.

Em 25 de novembro de 1889 foi nomeado promotor público na comarca de Bom Conselho, Pernambuco. Foi removido para a comarca de Cabrobó em 27 de setembro de 1990. Para tratamento de saúde, não assumiu imediatamente, e pediu três meses de prazo e nesse intervalo conseguiu sua transferência, em 14 de novembro, para Taquaretinga como ajudante do Procurador dos Feitos da Fazenda do Estado de Pernambuco. Voltou a pedir mais três meses para novo tratamento. Em 10 de agosto de 1891, pediu exoneração.

Regressou a Alagoas e foi nomeado por Gabino Besouro promotor nas comarcas, então reunidas, de União e Murici. Permaneceu poucos meses nesse cargo, optando por administrar sua propriedade.

Em 11 de maio de 1894, nomeado por Floriano Peixoto, tomou posse como secretário do Tribunal de Contas na capital federal. No final de julho já estava de licença por três meses para tratamento de saúde. Em agosto estava em Maceió participando da reunião onde seu nome foi relacionado como um dos candidatos a deputado estadual pelo Partido Democrata, liderado pelo Barão de Traipu. Continuava secretário do Tribunal de Contas no Rio de janeiro.

Meses depois, em 16 de novembro de 1894 foi nomeado Fiscal da Alfândega em Juiz de Fora (MG). Essa nomeação foi anulada e Fausto de Barros retornou a Alagoas, após conseguir em 18 de dezembro prorrogar sua licença por mais 60 dias, para ser eleito deputado para a legislatura 1895-96, pelo recém-criado Partido Democrata de Alagoas. Era citado como “proprietário residente em Murici”.

No início de 1897 já tinha rompido com o Barão de Traipu e participado da criação do Partido Republicano Federal, mas optou por não se candidatar, preferindo permanecer no Engenho Remédio.

Faleceu aos 33 anos de idade no Engenho Remédio, Murici, Alagoas, em 5 de abril de 1897. Estava noivo de uma irmã do seu amigo Miguel Palmeira.

Em sua terra existia a Praça Fausto de Barros.

O seu poema Teu Olhar foi inserto no livro Terra das Alagoas, editado em Roma. Colaborou com: O Gutenberg, Gazeta de Notícias, e, ainda, com a revista Paulo Afonso.

9 – Tavares Bastos

Tavares Bastos,

Aureliano Cândido de Tavares Bastos nasceu em Marechal Deodoro, Alagoas, no dia 20 de abril de 1839, filho do bacharel José Tavares Bastos e Rosa Cândida de Araújo Tavares Bastos.

Fez os primeiros estudos com o pai, latinista e professor de filosofia, e concluiu os preparatórios em Olinda. Matriculou-se na Academia de Direito, em 1854, ano em que a antiga Faculdade de Olinda se transferiu para o Recife. Como tinha somente 15 anos de idade, sua inscrição se deu com licença especial.

No ano seguinte acompanhou o pai, que fora nomeado presidente da província de São Paulo, e matriculou-se na Faculdade de Direito da capital paulista. Ali participa ativamente das sociedades acadêmicas e colabora em revistas literárias e filosóficas, fazendo de Hegel o seu pensador predileto em matéria de estética.

Em 1858, fundou, com um companheiro, o Instituto Acadêmico Paulistano. Nesse mesmo ano, recebe o grau de bacharel. Doutor em Direito, por sugestão dos lentes, em 1859, com a tese “Sobre Quem Recaem os Impostos Lançados Sobre os Gêneros Produzidos e Consumidos no País?”.

Foi eleito deputado geral por Alagoas em três legislaturas, 1861-1863, 1864-1866 e 1867-1870, sendo na primeira vez, aos 22 anos de idade, o mais jovem deputado no Parlamento, eleito juntamente com José de Alencar, João Alfredo, José Bonifácio, o Moço, entre outros.

Para exercer o mandato, passou a residir no Rio de Janeiro, onde também foi nomeado oficial de secretaria da Marinha. Morava na Tijuca e de lá enviava para o Correio Mercantil as famosas Cartas do Solitário, posteriormente reunidas em livro. Sua atitude no Parlamento e posições defendidas nas Cartas foram as verdadeiras razões para ser exonerado do cargo de oficial de secretaria da Marinha em 16 de setembro de 1861.

A imprensa e a tribuna parlamentar eram o veículo ideal para a defesa das suas ideias. Ainda em 1861 publicou o panfleto Os males do presente e as esperanças do futuro, com o pseudônimo de “Um Excêntrico”.

Sua carreira política foi marcada pela preocupação com as questões sociais e econômicas do seu tempo, sobretudo a escravidão, a imigração, a livre navegação do Amazonas, a educação, a questão religiosa.

Em 26 de janeiro de 1866 casa-se com a mineira de São Francisco de Paula Maria Teodhora Alves Barbosa (1850 – 1910), filha do abastado capitão Antônio Rodrigues Alves Barbosa e Constança Theodora Alves Barbosa. Tiveram uma única filha, Elisa Tavares Bastos (26 de novembro de 1866 – 4 de dezembro de 1949). Foi casada (26 de maio de 1887) com seu primo Ubaldo Rodrigues Tavares Bastos, um industrial de Juiz de Fora.

Em seguida viaja à Europa, onde o casal é atingido pela febre tifoide. Na volta amplia suas atividades jornalísticas, fundando o Diário do Povo (1868) e a Reforma (1869), de que foi coproprietário. Em 1870 publicou A Província, um dos seus livros mais importantes. Combatia a centralização do poder.

Em abril de 1875, com a saúde abalada, retorna à Europa, onde vem a falecer no dia 3 de dezembro de 1875. Estava em Nice, na França, e tinha 36 anos de idade. Seus restos mortais foram transladados para o Brasil, onde chegou em 30 de abril de 1876 a bordo do navio francês Henri IV, sendo então realizado seu enterro no Cemitério São João Batista.

Era membro honorário da Sociedade Histórica de New York. É patrono da cadeira nº 35 da Academia Brasileira de Letras, da cadeira 17 do IHGAL e da cadeira 27 da Academia Amazonense de Letras.

Patrono da Assembleia Legislativa de Alagoas por Resolução da mesma nº 19, de 24 de maio de 1952. Em 11 de junho de 1955, foi inaugurado seu busto, esculpido pelo escultor Leonardo Viana, na sede da Assembleia, denominada “Palácio Tavares Bastos”.

10 – Moreira e Silva

Manoel Moreira e Silva

O médico Manoel Moreira e Silva Júnior nasceu em Tatuamunha, Porto de Pedras, Alagoas, em 24 de janeiro de 1876, filho de Manoel Moreira e Silva e Belmira Leopoldina Moreira e Silva.

Estudou as primeiras letras na terra natal, mas em 1892, quando tinha 16 anos de idade, foi morar na Bahia com o primo Cyridião Durval, onde seguiu com o curso de humanidades. Com o falecimento de Cyridião, em 17 de agosto de 1895, teve que deixar os estudos para ser telegrafista, sendo locado em Diamantina, Minas Gerais, e depois na Bahia, em Ipojuca e Queimadas, no período em que ocorria campanha de Canudos.

Voltou a estudar depois de empregado, concluindo o curso preparatório e com muito esforço pessoal conseguiu admissão na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo diplomado em 31 de dezembro de 1902.

Após a conclusão do curso, voltou para Tatuamunha, onde casou-se, em 16 de fevereiro de 1906, com sua prima Maria Luiza Durval, irmã de Cyridião Durval. Em 17 de fevereiro de 1910, tiveram uma filha, Heloísa Moreira e Silva.

Em 1907, quando passou a morar em Maceió, já se dedicava mais à política que à medicina, ampliando sua participação no Partido Democrata, em oposição a Euclides Malta.

Voltou a residir na Bahia em outubro de 1908, onde estabeleceu clínica por pouco tempo. Regressou a Maceió em setembro do ano seguinte.

Com Maria Durval, que faleceu em 26 de julho de 1917, teve a filha Heloísa em 17 de fevereiro de 1910.

Em 24 de janeiro de 1918, Manoel Moreira e Silva contraiu segundas núpcias com Domícia de Lima Falcão, sobrinha do governador Fernandes Lima, com quem teve o filho Domício em 20 de novembro deste mesmo ano. Moravam na Rua Boa Vista.

Após a queda de Euclides Malta em 1912, o governo de Clodoaldo da Fonseca o escolheu para chefiar o Serviço de Higiene do Estado, cargo que manteve até o início de 1915, quando foi transferido para ocupar o de Diretor Geral da Instrução Pública, agora no governo Batista Acióli.

Faleceu como secretário de Estado dos Negócios do Interior no governo Fernandes de Barros Lima, para o qual tinha sido nomeado em 12 de junho de 1918. Antes, ocupara interinamente, de novembro de 1919 a fevereiro de 1920, o cargo de Secretário da Fazenda.

Comissionado pelo governo, foi um dos delegados de Alagoas ao VI Congresso de Geografia, realizado em 1919, em Belo Horizonte (o outro delegado era Manoel Balthazar Pereira Diégues Júnior, sendo secretariados por Adalberto Marroquim).

Em dois biênios (janeiro de 1915 a junho de 1918), foi membro do Conselho Municipal de Maceió, inclusive seu presidente.

Membro fundador da AAL, da qual foi seu primeiro presidente, tendo falecido, porém, antes de sua efetiva instalação, razão, portanto, para sua escolha como patrono da cadeira 10. Sócio do IAGA.

Um dos organizadores da Sociedade Paladinos da Democracia, fundada em 17 de maio de 1903, tendo sido redator-chefe do jornal Paladino, publicado pela mesma sociedade, bem como redator de O Condor.

Patrono da cadeira 13 do IHGA e da cadeira 01 da Academia Alagoana de Medicina.

No início de 1919, se descobriu gravemente enfermo e tentou o tratamento com seus colegas em Maceió e depois em Salvador, onde se submeteu a uma delicada e dolorosa cirurgia. Regressou à capital alagoana em 29 de abril de 1920, hospedando-se no Palácio do Governo, onde faleceu às 23 horas do dia 7 de maio. Tinha 44 anos de idade.

Obras:

Fisiografia de Alagoas, Memória Apresentada ao VI Congresso Brasileiro de Geografia em Belo Horizonte, Maceió: Imprensa Oficial, 1919; O Homem Sul-Americano Perante a Linguística. Memória Apresentada ao XX Congresso Internacional de Americanistas, Maceió: Imprensa Oficial, 1919; Limites entre os Estados de Alagoas e Pernambuco; Estudos, Memórias e Documentos que Provam os Direitos de Alagoas. Maceió: Imprensa Oficial, 1921— este último juntamente com Diégues Júnior, Manoel Baltazar Pereira; Relatório Apresentado ao Exmo. Sr. Dr. José Fernandes de Barros Lima, Governador do Estado, pelo Dr. Manoel Moreira da Silva, Secretário de Estado dos Negócios do Interior no dia 15 de março de 1919, Maceió; Casa Ramalho, 1919. Publicou-se: In Memoriam. Homenagem do Estado de Alagoas ao Seu Eminente Filho dr. Manoel Moreira e Silva no 1º Aniversário do seu Sentido Falecimento, 7 de Maio de 1920, Maceió: Tip. da Casa Ramalho, 1921.

11 – Tomaz Espíndola

Thomaz Espíndola

Thomaz do Bomfim Espíndola nasceu no dia 18 de setembro de 1830 (ou 1832), em Maceió, Alagoas, e faleceu em 6 de março de 1889, às 22 horas, em sua residência na capital alagoana, vítima de uma congestão cerebral. Foi enterrado na sacristia da Catedral de Maceió.

Era filho de Florêncio do Bonfim Espíndola e de Luzia Rosa do Bonfim Espíndola (faleceu em 21 de outubro de 1895). Teve dois irmãos: Januário Domingos Espíndola e André de Carvalho Espíndola.

Do seu primeiro casamento, com Maria Idalina César Coutinho, teve um filho e uma filha. Ficou viúvo e casou-se, em 26 de janeiro de 1884, com Emília de Andrade, com quem teve três filhas.

Deputado provincial e geral, presidente interino da província, médico, jornalista, Thomaz Espíndola estudou as primeiras letras e fez os preparatórios em sua cidade natal. Formou-se em Medicina pela Faculdade da Bahia (em 1853, com 21 anos de idade), tendo defendido a tese Dissertação Acerca da Influência Progressiva da Civilização Sobre o Homem.

No dia 5 de fevereiro de 1855 foi nomeado professor de Geografia, Cronologia e História do Lyceu de Maceió, futuro Lyceu Alagoano. Preencheu a vaga deixada pelo professor e bacharel José Próspero Jehovah da Silva Caroatá. Espíndola assumiu interinamente e foi identificado no relatório do presidente da Província como um “moço estudioso e inteligente”.

Dias depois recebeu do presidente da Província Sá e Albuquerque a incumbência de fazer o levantamento estatístico e geográfico de Alagoas, trabalho que só foi concluído em 1860. Esse levantamento foi transformado no seu famoso livro Geografia Física, Política, Histórica e Administrativa da Província de Alagoas, impresso em Maceió na Tipografia do Jornal de Maceió, em 1860.

Eleito para a Assembleia Provincial (atual Assembleia Legislativa Estadual) pelo Partido Liberal, na legislatura 1860-61, pelo 1º círculo, reelegeu-se em 64-65, agora pelo 1º distrito, e voltou a se reeleger em 1866-67, ainda pelo mesmo distrito. Autor, entre outros, do projeto que criou a Biblioteca Pública Estadual. Deputado geral (deputado federal) nas legislaturas 1878-81 e 81-84, pelo Partido Liberal.

No final de agosto de 1864, era o comissário vacinador da Província de Alagoas e pediu para deixar o cargo, que foi ocupado pelo dr. João Francisco Dias Cabral.

Como presidente da Câmara Municipal, tomou posse no governo de Alagoas a 30 de julho de 1867, permanecendo até 6 de agosto. Em sua administração, de apenas sete dias, foi inaugurada, no dia 3 de agosto de 1867, a navegação do Rio São Francisco, unindo Penedo a Piranhas.

Nomeado, em 30 de janeiro de 1878, 1º vice-presidente da Província, voltou a assumir a administração em 8 de fevereiro, permanecendo até 11 de março do mesmo ano.

Ocupou, ainda, os cargos de inspetor-geral da Instrução, comissário vacinador, inspetor de saúde pública, agente auxiliar do Arquivo Público do Império, inspetor de Higiene. Foi médico consulente do Hospital Regional de Maceió e provedor do Porto de Maceió.

Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas – empossado em 18 de fevereiro de 1870, sendo patrono da cadeira 38 daquela instituição.

Seu livro, Geografia Física, Política, Histórica e Administrativa da Província de Alagoas, ganhou uma segunda edição, corrigida e aumentada, sob o título Geografia Alagoana, ou Descrição Física, Política e Histórica da Província das Alagoas, O Liberal, Maceió, 1871.

Outras publicações:

Profilaxia do Cólera Morbus Epidêmico, Sintomas, Tratamento Curativo Desta Moléstia, Dieta, Convalescença, Considerações Gerais e Clinicas, Ceará, 1862; Relatório com que o Dr. Thomaz Bomfim Espíndola, Presidente da Câmara Municipal de Maceió, entregou a Administração da Província de Alagoas ao 1º Vice-Presidente Dr. Francisco Duarte, em 6 de agosto de 1867.

Descrição das Viagens do Dr. José Bento Cunha Figueiredo Júnior ao Interior da Província de Alagoas, Maceió, 1870; Viagem do Presidente da Província Francisco de Carvalho Soares Brandão a Povoação de Piranhas e Paulo Afonso, Maceió, 1878; Relatório da Instrução Pública, 1866; Elementos de Geografia e Cosmografia Oferecidas à Mocidade Alagoana pelo Dr. T. do Bonfim Espíndola, Maceió, Tipografia da Gazeta de Notícias, 1874.

Recebeu o título de Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa das mãos do imperador. Como jornalista, foi o principal redator do jornal O Liberal, fundado em 12 de abril de 1869.

12 – José Duarte

O Asilo Santa Leopoldina foi dirigida pelo Dr. José Duarte

O jornalista, brilhante orador e médico José Antônio Duarte nasceu em Maceió no dia 6 de junho de 1865, filho do português Antônio José Duarte da Silva Braga e de Maria Margarida Teixeira da Rocha.

Estudou em Maceió até iniciar o curso de medicina em Salvador, na Bahia, em 1880. Formou-se em 23 de dezembro de 1885 com a tese “Electroterapia”. De volta a Alagoas, logo ficou conhecido como o “Médico dos Pobres”.

Em 1887 se anunciava como cirurgião médico com consultório na Farmácia Fidelidade, na Rua Conselheiro Sinimbu (do Comércio), nº 63. No ano seguinte era o Inspetor de Saúde Pública. Foi também inspetor da Junta de Higiene (nomeado em 17 de maio de 1886 e exonerado em 18 de agosto de 1888), Médico da Saúde do Porto de Jaraguá, diretor do Asilo Santa Leopoldina (1887), médico do Asilo de Mendicidade (até 12 de julho de 1892), diretor geral da Instrução Pública (nomeado em 12 de novembro de 1889 e depois, interinamente, a partir de abril de 1892, quando Diegues Júnior foi para a Câmara dos Deputados).

Foi o dr. José Duarte quem muito contribuiu para a fundação da antiga Associação Médica Cirúrgica, que veio a ser a Sociedade de Medicina de Alagoas, sendo o presidente da diretoria provisória que conduziu a entidade nos seus primeiros momentos.

No início de 1893 foi nomeado professor da cadeira de História Universal e do Brasil do Lyceu Alagoano. No ano seguinte seu nome surge como um dos dirigentes do Partido Democrata (durante um certo período se fundiu com outros partidos para formar o Partido Republicano Federal), que tinha como líder Miguel Soares Palmeira. Foi eleito deputado estadual para as legislaturas 93/94 e 95/96.

Em 1897 era secretário de Estado dos Negócios do Interior do governo de Manoel José Duarte, seu irmão. Deixou o cargo em 26 de junho de 1899, quando o irmão se afastou do governo. Foi eleito deputado federal para o triênio 1900/1902. Em 31 de dezembro de 1899 foi eleito deputado federal para a legislatura 1900/1902.

Casou-se com Maria Clementina Coutinho da França Duarte (nasceu em 28 de junho de 1865) e com ela teve os seguintes filhos: Pedro José Duarte, Oscar Duarte (1888-????), dr. Egas Carlos Duarte (6 de janeiro de 1886 – 29 de julho de 1928), Abelardo Duarte (18/05/1900 – 07/03/1992), Luiz Duarte (1891-1910), a pintora Noêmia Duarte (5 de setembro de 1894 – 8 de fevereiro de 1962 em SP. Foi casada com Oscar Moreira), Francisco José Duarte e Alice Duarte (12/07/1889), que casou-se com Jacintho de Medeiros Filho em 20 de novembro de 1909.

Por sua atuação, em 1918, no combate à gripe espanhola, foi eleito em concurso patrocinado pelo Jornal de Alagoas como “o mais popular dos nossos médicos”.

Faleceu no dia 27 de janeiro de 1919 em Maceió. Estava em sua residência na antiga Rua 15 de Novembro, nº 44, atual Rua do Sol.

Obras:

Memória Histórica Sobre Domingos Calabar. Discurso Pronunciado na Sessão de 5 de novembro de 1897 do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, Maceió: Oficinas  Maneco, 1897;

Relatório que ao Governo do Estado de Alagoas Dr. Manoel José Duarte Apresenta o Secretário do Interior José Antônio Duarte, no dia 31 de março de 1899, Maceió: Empresa A Tribuna, 1899.

13 – Alves de Amorim

Administração dos Correios em Alagoas, na Praça D. Pedro II, onde trabalhou Alves de Amorim

O jornalista e poeta Heitor Alves do Amorim, o Imbaúba, nasceu no Pilar, Alagoas, em 13 de julho de 1886, filho de Antônio Ezequiel Alves de Amorim e Galdina Alves de Amorim.

De origem humilde, foi abandonado pelo pai, mas, “lutando com a adversidade da sorte a mais austera, conseguiu, a golpes de muita perseverança e inteligência, galgar uma posição de destaque no seio da Literatura regional” (Gutenberg de 27 de outubro de 1908).

Não teve infância. Começou a vida como tipógrafo nas oficinas da Livraria Fonseca, em Maceió. Viveu dificuldades imensas, quase morrendo de fome. O apelido de Imbaúba se deu por ser extremamente magro e ter uma vasta cabeleira. Não andava: se arrastava.

Teve seus versos, segundo Tancredo Moraes, reunidos em coletânea organizada por polígrafo alagoano, perdidos em uma instituição cultural do Estado. Colaborou nos jornais Evolucionista, Gutenberg, Correio de Alagoas e Trocista. Usava o pseudônimo de Lauro Victor.

Como filólogo, escreveu a João Ribeiro, com quem discutia a questão do “se’ como sujeito, carta que foi publicada na edição de 1907 da Gramática daquele autor. Teria escrito uma novela socialista, Sonho Morto, que não chegou a ser publicada.

Seus livros de poesia Nuvens Roxas, Íntimos, Florídeas e Livro de Alda são inéditos e se perderam, com exceção de Íntimos, que teria ficado com Paulino Santiago.

Era praticante de 2ª classe na Repartição Geral dos Correios em Alagoas — havia sido admitido em concurso realizado em 9 de abril de 1905 — quando faleceu tuberculoso em 1º de novembro de 1907. Tinha 21 anos de idade.

Foi feita uma subscrição para colocar monumento e lápide sobre sua sepultura rasa.

14 – Joaquim Cavalcante

Joaquim Cavalcante

Batizado como Joaquim Machado Cavalcante em Camaragibe, Alagoas, onde nasceu em 31 de março de 1845, alterou seu nome para Joaquim Machado da Cunha Cavalcante em 1873. Não gostou de ter um nome tão comum para a época, como informou o Diário de Pernambuco de 16 de julho daquele ano.

Era filho de Manoel Cavalcante, que em 1870 lhe doou terras para que instalasse um povoado ao lado do Engenho Quitunde. Com isso, pretendia afastar a população existente nos arredores do engenho Castanho Grande. Assim surgiu São Luiz do Quitunde.

Cursou até o 6º ano de Medicina na Bélgica e chegou a ser eleito deputado provincial para a legislatura 1882-1883. Abolicionista, foi autor do hino da Redenção dos Escravos. Não reuniu em livro sua produção literária, em sua maioria poesias. O jornal O Liberal publicou inúmeras das suas poesias.

Morreu vítima de punhaladas em São Luís de Quitunde em 5 de janeiro de 1885. No dia anterior havia mandado um empregado comprar charutos na casa comercial de Antônio Marques. Como o dinheiro foi insuficiente, o caixeiro Joaquim Lacerda mandou somente alguns e um deles cortado ao meio. O senhor de engenho foi tomar satisfação e houve luta corporal. Foi ferido gravemente em uma artéria no antebraço direito por um punhal, vindo a falecer na noite do dia seguinte.

Romeu de Avelar, em seu livro General Góis Monteiro, o comandante de um destino, descreve Joaquim Cavalcante como “um desses espíritos boêmios com pretensões a reformadores e progressistas que, precedendo a sua época, deixam por onde quer que passem as pátinas da sua inteligência revolucionária mas pouco criadora”.

Foi sepultado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e lá permanecem seus restos mortais na última coluna à direita do templo.

15 – Sabino Romariz

Sabino Romariz

O poeta Sabino Romariz nasceu em Penedo, Alagoas, em 25 de março de 1873, filho do também poeta João de Almeida Romariz e de Maria de Assunção Romariz, também naturais de Penedo. Perdeu os pais muito cedo e foi criado pelos avós maternos capitão Sabino Alves Feitosa e Ana Senhorinha Feitosa.

Em 1889, com 16 anos de idade, ingressou como interno no Colégio Diocesano, em Olinda (PE), onde estudou Filosofia, pensando em seguir carreira religiosa, mas a boemia o afastou de uma futura batina. Concluiu os preparatórios no ano seguinte e resolveu dedicar-se ao magistério. Ainda em Olinda já ensinava Latim e Inglês no Colégio Diocesano.

Voltou a Alagoas e em Maceió foi professor de Desenho e Português no Colégio Vitória, de Ana Maria Barros Leite, e no Colégio 2 de Outubro, de Lima Rocha. Depois, foi funcionário da Intendência Municipal de Maceió.

Na Paraíba, onde foi residir, colaborou com o jornal oficial desse estado e lecionou Latim e Francês. No jornal O Democrata, da cidade de Areia (PB) publicou, em folhetos, as poesias: As Cardineiras e Redenção de Judas.

Seguiu para o Rio de Janeiro, onde continuou no magistério como professor de Francês e Inglês no Colégio Alfredo Gomes e vice-diretor do Colégio Castro Lopes.

Em 1895, matriculou-se na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, mas não concluiu o curso. Ainda na capital federal fundou o jornal O Repórter, com circulação bissemanal. O primeiro número saiu em 4 de fevereiro de 1901.

No sul do país, colaborou na revista Gêneses, no jornal O País, no qual publicou o poema lírico-bucólico A Mansinha, o poema bíblico Magdalena e a série de sonetos históricos Rubros.

Colaborou, ainda, em O Dia, Cidade do Rio, Gazeta da Tarde, Gazeta de Notícias e Jornal do Brasil. Neste publicou As Três Gemas. Esteve em São Paulo e Minas Gerais e, neste último, publicou uma coleção de sonetos intitulada Solidôneos.

Em 1903 regressou para Penedo, onde colaborou em todos os jornais da época, especialmente em O Lutador, do qual foi um dos redatores. Envolvido cada vez mais com a boemia, vivia em constante dificuldade financeira.

Faleceu no Sítio Cajé, nas proximidades da Bica da Coruja, em Penedo, Alagoas, no dia 9 de maio de 1913. A causa da sua morte é controvertida: tuberculose pulmonar ou infecção no fígado pelo vício do álcool. Tinha 40 anos de idade. Era casado com Aspásia Romariz e tiveram dois filhos, João Romariz e José Romariz.

Adalberto Marroquim, no livro Terra das Alagoas, diz sobre ele: “Teve fulgurações de gênio. A sua poesia não era aquela coisa chilra que ainda hoje destila da pena de centenas de poetinhas desocupados”.

Disse mais: “Andou um pouco por toda a parte com os olhos sempre fixos em Penedo, onde a munificência dos amigos lhe mantinha a vagabundagem incoercível, e onde veio a falecer ainda moço, quase na miséria.

Não morreu, matou-se.

Ah! Sabino, quanto mal fizestes a Alagoas matando-lhe talvez o seu maior poeta ao qual faltou apenas um pouco de visão prática da visa…”

Obras:

Lamma Sabacthani! Penedo, Tip. Luso Brasileira, 1904(poesia); Quixabá (drama); Pela Coragem (drama); Solidôneos, Minas Gerais (30 sonetos), (poesia); Toque d’Alva, Lisboa, Tipografia do Anuário Comercial, 1911 (poesia); Bibliário (poesia); Magdalena, Rio de Janeiro, 1899 (poesia); Mea Culpa, Penedo, 1910 (bibliário em versos); As Duas Rosas, Penedo, 1907 (poesia); Ignis, Penedo, 1908 (poema); O Lírio, Revista da AAL, n. 12, p. 128 (Antologia do Soneto Alagoano).

Teria deixado inéditos: Poema Branco e Imã (romance naturalista); Eleison; Babel; Simouin, Em Alma; Uma Lágrima; Irma Ou Imã; As Duas Rosas; O Além; Prisma Azul; Estações; Natal dos Meus Filhinhos; O Lírio; Baiuca (peça teatral).

Publicou-se: Poesias Escolhidas. Seleção do Prof. Cassiano Nunes, Penedo, Fundação Casa de Penedo, 1992, Coleção Elísio de Carvalho.

16- Guimarães Passos
Guimarães Passos

Guimarães Passos

O poeta e jornalista Sebastião Cícero dos Guimarães Passos nasceu em Maceió no dia 22 de março de 1867, filho do tabelião público Tito Alexandre Ferreira Passos e Rita Vieira Guimarães Passos. Moravam em Jaraguá, na Rua da Alfândega, atual Rua Sá e Albuquerque.

Iniciou seus estudos com o professor Jácome Calheiros e depois no Colégio Bom Jesus, prosseguindo no Liceu Alagoano, onde fez o preparatório. Ainda muito jovem, já frequentava a redação da Gazeta de Notícias, onde começou a publicar os primeiros versos, sob o pseudônimo de Sir Soaps. Depois usou Floreal, Fortúnio, Philadelpho, Guima, Gill e Puff.

Tinha 19 anos de idade, em abril de 1886, quando foi a bordo de um navio se despedir de três amigos que viajavam para o Rio de Janeiro, entre eles seu padrinho, o deputado Francisco Ribeiro de Menezes. Resolveram beber e Guimarães Passos, entusiasmado com a conversa, não percebeu, meia-hora depois, que o navio já estava no mar.

Conversaram com o comandante e este permitiu que continuasse até a capital do país, onde desembarcou com apenas uma moeda de 500 réis no bolso. No início, pretendia fazer curso para oficial da Marinha, mas não demorou a se juntar à roda boêmia de Paula Nei, Luiz Murat, Aluízio Azevedo, Emílio de Menezes, Pardal Mallet e Olavo Bilac.

Trabalhou, até a proclamação da República, como arquivista da Secretaria da Mordomia da Casa Imperial, o que lhe permitiu ampliar seus conhecimentos na biblioteca do Palácio Imperial de São Cristóvão.

Em 12 de novembro de 1890, casou-se no Rio de Janeiro com a paraibana Celsa Freire, filha do Barão de Mamanguape, Flavio Clementino da Silva Freire, e da poetisa Carmem Freire, baronesa de Mamanguape. Celsa faleceu em 5 de março de 1892 aos 17 anos de idade. Não deixou filhos. Guimarães Passos passou então a viver do jornalismo.

Tomando partido contra Floriano Peixoto na revolta liderada por Custódio José de Melo, fez parte do governo instalado no Paraná, como secretário da Polícia, e colaborou no jornal A Federação. Derrotada a revolução, foi obrigado a fugir com o poeta Luis Murat para a Argentina, onde se asilou ano e meio, tendo ali trabalhado nos jornais La Prensa e La Nación.

Retornando ao Rio de Janeiro, em 1895, entregou-se novamente à vida boêmia. Participou do Grêmio de Letras e Artes, 1887, e foi um dos fundadores — o único alagoano — da Academia Brasileira de Letras, em 1896, ocupando a cadeira nº 26, que tem como patrono Laurindo Rabelo.

Tuberculoso, busca a cura, primeiro em Minas Gerais, depois, na Ilha da Madeira e, finalmente, embarcou para Paris, em 1909, com a ajuda financeira de amigos, lá falecendo em 9 de setembro de 1909. Seus restos mortais foram repatriados a 28 de dezembro de 1920, por iniciativa da Academia.

Colaborou em diversos jornais, entre eles O Filhote, que deve ter sido um dos poucos jornais humorísticos diários.

Autor do soneto outrora antológico Teu Lenço e com os livros Versos de um simples (lançado em 15 de outubro de 1891) e Horas Mortas, foi considerado o maior poeta alagoano.

17 – Correia de Oliveira

Correia de Oliveira

Manoel Bezerra Correia de Oliveira nasceu no Sítio Caípe, em União dos Palmares, no dia 26 de dezembro de 1881, filho do proprietário rural e advogado provisionado Esíchio de Barros Bezerra e de Maria da Conceição Oliveira.

Iniciou seus estudos na escola da professora Maria da Conceição Oliveira, que não tinha relação alguma de parentesco com sua mãe. Continuou no Colégio Souza Lobo, ainda em União dos Palmares.

A partir de 1896, já em Maceió, passou a estudar no Colégio dirigido pelo professor Manoel Leopoldino Pereira Neto, na Rua 15 de Novembro (Rua do Sol), onde depois funcionou o Grupo Escolar Fernandes Lima.

Concluiu os preparatórios em março de 1899 e foi para Recife cursar Direito, conseguindo o bacharelado em 1903. Voltou a União dos Palmares onde foi Promotor Público por alguns anos. Deixou esse cargo para ser o Procurador Geral da República do Mato Grosso, atendendo ao convite do amigo e conterrâneo João Aquino Ribeiro, que era o chefe de Polícia daquele Estado. Foi nomeado por Decreto de 18 de julho de 1904.

Lá também foi juiz de Direito em Livramento até o início de 1906. Com a situação política conturbada naquele estado após o assassinato do governador Paes de Barros em julho daquele mesmo ano, Correia de Oliveira voltou a Alagoas em novembro de 1906.

Em 21 de julho de 1909 foi nomeado Promotor Público de Penedo, mas não aceitou o cargo. Em 9 de setembro recebeu nova nomeação, desta feita para o cargo de Juiz substituto de Cajueiro. Aceitou.

Pediu exoneração em 2 de março de 1910. Era eleitor de Rui Barbosa, que foi derrotado pelo marechal Hermes da Fonseca. Passou a escrever assiduamente no jornal do Partido Republicano, O Norte. No dia da posse de Hermes da Fonseca, 15 de novembro de 1910, o jornal deixou de funcionar.

Em 1912, já no governo de Clodoaldo da Fonseca em Alagoas, foi nomeado 2º Comissário de Polícia da Capital. Em 3 de junho foi transferido e passou a ser o 1º Comissário. Ainda nessa função policial, foi designado em 11 de fevereiro de 1913 para exercer o cargo de Comissário em Atalaia, Paraíba (Capela) e Viçosa, que enfrentavam grave agitação política. Permaneceu nesse cargo até 29 de março do mesmo ano. Cumprindo missão semelhante, se deslocou até Água Branca dias depois, em 10 de abril.

Essas indicações foram feitas pelo secretário do Interior de Alagoas, dr. João de Aquino Ribeiro, o mesmo amigo que o tinha levado para o Mato Grosso em 1904. Quando Aquino Ribeiro se desentendeu com o governador no início de 1914 e pediu demissão, Correia de Oliveira, solidário, também se demitiu e procurou o governador para comunicar seu gesto e se despedir.

Em Palácio, Clodoaldo o recebeu e antes que Correia de Oliveira disse-se alguma coisa, foi comunicado que tinha sido criada a Chefatura de Polícia e ele seria o titular. Agradeceu, mas se negou a assumir.

Sua participação no jornalismo e seu reconhecido talento na poesia, o levaram a ser aplaudido como uma das maiores expressões de inteligência da sua época. Povina Cavalcante, que ocupou sua cadeira na AAL, assim se referiu ao seu trabalho Troia Negra: “é a melhor página escrita sobre o reduto dos Palmares, com observação pessoal e rigoroso escrúpulo historiográfico”.

Afastado dos cargos institucionais, foi residir em União dos Palmares, se dedicando à advocacia. Decepcionado com a falta de justiça na Justiça, abandonou o escritório e a profissão, voltando-se para a agricultura. Juntou recursos e arrendou o Engenho Santa Fé, em Murici. Não conseguiu bons resultados e os prejuízos o levaram de volta à advocacia em Maceió.

Deixou Alagoas novamente no final da década de 1910. Faleceu em Campo Grande no dia 24 de março de 1920. Tinha 39 anos de idade. Deixou um estudo histórico: “Fundação de Campo Grande”.

Uma rua em União dos Palmares o homenageia.

18 – Manoel Joaquim Fernandes de Barros

Fernandes de Barros

O médico Manoel Joaquim Fernandes de Barros nasceu em Penedo, Alagoas, em 17 de março de 1802 (ou 7 de março de 1804), filho de José Fernandes Chaves e Thereza de Jesus Barros Leite, descendente do fidalgo português Jorge de Barros Leite.

Tinha dois anos de idade quando perdeu seu pai. Sua mãe voltou a casar. Em 28 de outubro de 1818 oficializou sua relação com Antonio José de Bittencourt Belém, rico comerciante em Maceió, que ajudou o jovem Manoel Joaquim a ter esmerada educação.

Fez seus estudos secundários no Seminário de Olinda e em 10 de junho de 1822 foi estudar em Coimbra e logo depois Medicina em Montpellier. Nos laboratórios de química, fazia experimentações com Jean-Pierre Barruel, de quem se tornou amigo.

Após concluir em Montpellier os cursos de química e física, seguiu para Paris, onde foi admitido no laboratório de física de Joseph Louis Gay-Lussac.

Indicado pelo governo francês, participou da comissão de professores incumbida pela Universidade de Paris de analisar as minas de Gasgonha e do Palatinado. Seus estudos em Química e Mineralogia contou com a ajuda do governo imperial brasileiro.

Em 5 de fevereiro de 1827 defendeu na Faculdade de Ciências de Paris a tese analisando comparativamente ossos de diversos animais. Sete dias depois apresentou na mesma Faculdade de Ciências o trabalho Dissertações sobre Meteorologia, julgada por uma congregação composta de nomes expressivos: Guy-Lussac, Saint-Hilaire, Ceoffroy, Biot e outros.  Doutorou-se pela Universidade de Paris em Ciências Físicas.

Na Faculdade de Estrasburgo recebeu em 1828 o grau de doutor em Medicina defendendo brilhantemente teses sobre higiene e terapêutica. Daí seguiu para o norte da Europa, ampliando seus conhecimentos em estudos na Alemanha, Suíça, Holanda e Itália.

Era sócio da Sociedade Filotécnica de Caltenaudary, da Sociedade de Ciências, Agricultura e Artes do Baixo Reno e da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e Sociedade de Instrução do Rio de Janeiro.

Voltou a Alagoas em 1828, onde casou-se com Maria de São José Barros. Tiveram um único filho, Antônio José Fernandes Barros, que nasceu em 1837 e faleceu em 17 de abril de 1883. Com a patente de coronel da Guarda Nacional, era proprietário do Engenho Mato Grosso em Sergipe.

Foi deputado-geral por Alagoas na legislatura 1834-1837. Nas sessões de 1836 e 1837, quando governou Sergipe, foi substituído pelo suplente Antônio de Castro Vianna.

No Parlamento, apresentou projetos sobre pesos e medidas de comprimento, itinerárias, agrárias, de capacidade, de líquidos, de secos: título e valor das moedas de ouro, prata, cobre nacionais.

Descobriu uma mina de ferro na província de São Paulo e outra de lignite, uma forma menor de carvão de pedra, nos morros de Camaragibe, em Alagoas.

Vinculado ao Partido Liberal, foi presidente interino da Província de Sergipe entre 6 de dezembro de 1835 e 9 de março de 1836. Era o 1° Vice-Presidente em exercício.

Durante o seu mandato, em 1836, investiu no projeto que buscava estabelecer uma linha regular de navegação no Rio São Francisco. Se empenhou na organização de uma Companhia para esse fim, captando investimentos em Londres.

Tendo viajado para a Bahia, na busca de tratamento médico, foi assassinado em Salvador, às 8h do dia 2 de outubro de 1840, por um escravo de nome Julião num local bem próximo do Quartel da Força Policial. O comendador Sebastião Gaspar de Almeida Boto foi acusado de ser o autor intelectual, mas absolvido pelo júri.

Obras:

Estatutos da Sociedade de Instrução Elementar, Rio de Janeiro: ? 1831; Fala, com que abriu a 2ª Sessão Ordinária da Legislatura Provincial de Sergipe, como vice-presidente dessa província, São Cristovão, 1836; Memória Sobre a Mina de Carvão de Pedra do Camaragibe, nas Alagoas, Alagoas, ?  1840.

Na exposição de história pátria de 1881, foram apresentados por Martinho de Freitas os seguintes inéditos de sua autoria: Discurso Sobre a Química, Sua Influência Sobre a Civilização; Memória Sobre a Extração de Platina (de que se ocupou na Europa); Apontamentos de Lições de Física em Montepellier e na Sorbone (41 Lições); Lições de Álgebra; Ciências em Geral, Árvore de Todos os Conhecimentos Humanos (Plano de Trabalho – contém bibliografia); Trabalhos Diversos de Química e Física a Fazer no Brasil; Química Aplicada ao Comércio (Experiência a Fazer) e, ainda, História Natural (uma série de trabalhos sobre o assunto); Cours Complet de Physique, pronto para o prelo, que foi guardado e ampliado no Brasil.

19 – Cônego João Machado de Melo

Cônego Machado

O professor e padre João Machado de Melo nasceu em Belo Monte, Alagoas, em 14 de agosto de 1868 (data confirmada pelo jornal O Semeador de 14 de agosto de 1916), filho de Gundisalvus Aprígio Machado e Maria das Dores Machado (faleceu em 19 de fevereiro de 1914). Teve dois irmãos: Epaminondas Machado e Manoel Machado.

Iniciou seus estudou em sua cidade natal e depois no Colégio São João, em Penedo. Completou os preparatórios no Colégio Diocesano em Pernambuco (fez os exames finais no Liceu Alagoano, em Maceió). Em seguida se matriculou no Seminário de Olinda.

Em 1891, recebeu as ordens sacras em Salvador. A Sé de Olinda estava vaga e de luto. De volta a Recife, onde foi secretário do bispo D. João Esherard e professor de teologia dogmática do Seminário de Olinda. Como vigário da freguesia de São José, em Recife, destacou-se pela eloquência, “proferindo magníficos sermões, que lhe granjearam extraordinariamente reputação” (Diário de Pernambuco de 15 de junho de 1920).

Nos jornais pernambucanos travou intensa campanha denunciando as bíblias falsas, o que lhe rendeu a publicação de um opúsculo com esses textos em 1896.

Com a criação do bispado de Alagoas, voltou a sua terra, onde foi vigário em Palmeira dos Índios, Belo Monte, Porto Calvo e, ainda, cura da Sé de Maceió de 2 de junho de 1907 até 1917. Foi transferido para Maceió em fevereiro de 1907.

Fundou em Porto Calvo o Colégio Coração de Jesus (8 de janeiro de 1906) e em Maceió o Colégio São João (inaugurado em 15 de janeiro de 1917, funcionando na Chácara do Dr. Propício no fim da Rua do Macena — atual Cincinato Pinto. Depois foi para o Alto do Jacutinga, na Rua Comendador Palmeira), onde era o professor de português. Foi professor de geologia e português da Escola Normal, de latim e português no Colégio dos Irmãos Maristas (Diocesano) em 1907 e um dos fundadores do jornal O Semeador. São José?

Conquistou o mandato de deputado estadual por três legislaturas (1901-02; 13-14; 17-18 e 19-20).

Foi fundador da AAL, mas faleceu antes da posse, o que levou a instituição a homenageá-lo como patrono de uma de suas cadeiras. Também foi sócio do IAGA, tendo tomado posse em 26 de setembro de 1909.

Faleceu em Maceió no dia 10 de junho de 1920.

Obras:

No Instituto Histórico a 8 de Junho de 1909, Discurso de Posse, Revista do IAGA, v. IV, n. 4, dez. 1913, Maceió, 1913, p. 19-27; Folk-lore do São Francisco, Aditamento ao Trabalho de Igual Título de Moreno Brandão, Revista do IAGA, v. IV, n. 4, dez. 1913, Maceió, 1913; p. 58-67; Discurso do Cônego João Machado de Melo ao Ser Recebido o Dr. Luiz Mascarenhas, Revista do IHGAL, v. 16. ano 59, 1932, Maceió: Livraria Machado, p. 36-38.

20 – Augusto de Oliveira

Augusto de Oliveira

Manoel Augusto de Oliveira nasceu no Tabuleiro do Pinto, Rio Largo (ainda pertencente ao município de Santa Luzia do Norte), aos 6 de setembro de 1879.

De origem humilde, estudou com muitos sacrifícios e para conquistar uma carta de bacharel. Concluiu os preparatórios em dezembro de 1897, no Liceu alagoano.

Já em Recife, onde iniciou o curso de Direito em 1899, aceitou ser professor do Colégio Aires Gama, ensinando até o que não sabia, o que lhe permitiu frequentar a Faculdade e concluir o curso de Direito em 9 de abril de 1904. Nesse período foi redator do Jornal do Recife, tendo publicado inúmeras poesias, entre elas “Sonho Vermelho”.

Casou-se, no início de 1905, com Argemira Ribeiro de Oliveira, filha de Joaquim Lourenço da Silva Oliveira, um bem-sucedido comerciante de ferragens em Recife. Tiveram uma filha de nome Letícia (nasceu em 4 de abril de 1906).

No mesmo ano em que casou, assumiu o cargo de juiz substituto na comarca de Aracati, no Ceará. Nos anos seguintes e na mesma função, Senador Pompeu e Quixadá.

Após uma passagem por Fortaleza como como delegado de Polícia da Capital, em 1910, assumiu no ano seguinte como Juiz de Direito de São Benedito. Em 1913 já estava em Limoeiro, município da comarca de São Bernardo das Russos. Depois foi para a cidade sede da comarca, São Bernardo das Russas.

No exercício do cargo, desengavetou processos que estranhamente já deveriam ter sido jugados. A partir de então começou a receber “conselhos” para não mexer neles. As advertências, com o tempo, se transformaram em ameaças anônimas de morte.

E assim aconteceu às 20h de 5 de julho de 1919, quando sua casa foi invadida por um mascarado, que lhe aplicou 11 punhaladas. Faleceu quando tinha 39 anos de idade. Relatório do governo da época indicou crime “por questões de ordem meramente pessoal”.

Seu assassino, Antônio Agostinho Rodrigues de Lima, foi julgado em 21 de dezembro de 1920 e punido com a pena mínima de sete anos simples. Em setembro de 1921, o criminoso foi mandado para novo julgamento por decisão do Tribunal de Apelação.

Manoel Augusto de Oliveira tinha pelo menos um irmão morando em Rio Largo em 1919: Joaquim de Oliveira.

Poeta e prosador, foi lembrado em nota sobre o seu falecimento por sua inteligência “que refulgia em formosas crônicas e belíssimos alexandrinos nos melhores jornais e revistas” de Pernambuco.

21 – João Severiano da Fonseca

João Severiano da Fonseca

O médico e militar João Severiano da Fonseca nasceu na antiga cidade de Alagoas em 27 de maio de 1835, filho de Manoel Mendes da Fonseca e Rosa Maria Paulina da Fonseca. Era irmão do general Deodoro da Fonseca.

Iniciou os estudos em sua vila natal, concluindo humanidades na Corte, onde também conquistou o doutorado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Antes mesmo de formar-se, participara, como acadêmico, dos trabalhos contra a epidemia de cólera-morbo, ocorrida em 1854.

Foi do Corpo de Saúde do Imperial Exército Brasileiro e participou da Campanha do Uruguai, em 1864. Chefiou o Corpo de Saúde do Exército e esteve como legionário da campanha do Paraguai, de onde só regressou em 1871, após o término da guerra e o transporte dos soldados feridos.

Em 1875 integrou a Comissão Demarcadora de Limites Brasil-Bolívia organizada pelo Ministério dos Estrangeiros. Cinco anos depois, com o fim desse trabalho, voltou ao Rio de Janeiro e em 22 de abril de 1880, ingressou na Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro, com a tese Climatologia de Mato Grosso, sendo o primeiro médico militar a entrar para seus quadros. Como médico, prestou serviços também ao Hospital Militar.

Foi durante essa viagem que em Corumbá casou-se, em 11 de janeiro de 1877, com Amélia Alincourt da Fonseca, filha do Major João de Alincourt Sálio de Oliveira.

Em 1881, por merecimento, foi promovido a cirurgião-mor de Brigada e quatro anos depois ao de Divisão, o que o colocava como substituto direto do chefe do Corpo de Saúde do Exército, com a patente de general de Brigada a partir de 1890.

Foi punido com a reforma, no posto de general de Brigada, em 7 de abril de 1892. Tinha assinado com outros 12 generais, o manifesto que solicitava a Floriano Peixoto que mandasse proceder a nova eleições. Esse ato foi anulado, em 1895, pelo Supremo Tribunal Federal.

Sua atividade política era fortemente vinculada ao irmão Deodoro da Fonseca. Para ajuda-lo no poder foi que se elegeu senador pelo Distrito Federal em 15 de novembro de 1890. Um ano depois, em 18 de dezembro de 1891, renunciou o mandato acompanhando o irmão, que em 23 de novembro havia feito o mesmo na presidente da República.

Foi professor de Ciências Físicas e Naturais no Imperial Colégio Militar e no Colégio Pedro II. Pertenceu ao IHGB, onde ingressou com o trabalho A Gruta do Inferno em 1º de outubro de 1881, e vice-presidente desta associação.

Sócio correspondente do IAGA, eleito em 1872, tendo colaborado na revista dessa instituição – e também nas da Academia Nacional de Medicina, da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, da Sociedade Geográfica de Lisboa, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional. Fundador do Instituto Farmacêutico do Rio de Janeiro. Patrono da cadeira 44 do IHGAL.

Em 1940 foi escolhido como Patrono do Serviço de Saúde do Exército. Patrono, ainda, da cadeira 27 da Academia Brasileira de Medicina Militar.

Faleceu como inspetor geral do Serviço Sanitário do Exército em 7 de novembro de 1897.

Obras:

Raças e Povos, Origens, Afinidades, Identidades, Distinções, 1864; O Celibato Clerical e Religioso, Contestação à Carta Pastoral do Bispo de Cuiabá, 1883; Moléstias em Geral, 1858; Viagem ao Redor do Brasil, 1875-1878, Rio de Janeiro: Tipografia de Pinheiro & Cia., 1880 sendo o 2 v. 1881.; A Gruta do Inferno na Província de Mato Grosso, 1882; Relatório do Quinquenário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Climatologia de Mato Grosso, 1818-1882; Novas Investigações sobre Mato Grosso, 1888; Dicionário Geográfico da Província de Mato Grosso, 1888; Dicionário de Brasileirismos; Origens das Sociedades de Estudo, 1861;  Diário da Campanha do ParaguaiNovas Investigações Sobre o Mato Grosso (lida na sessão de 07/12/1888, no IAGA); Origem de Alguns Nomes Patronímicos da Província das Alagoas, Revista do IAGA, n. 8, jun.1876, p. 197-199; Índios do Guaporé; As Savanas e as Florestas; Origens das Sociedades de Estudo (Anais da Academia Filosófica), 1858; Brazões da Cidade do Mato Grosso; Popular, 1861.

Alberto Martins da Silva, na Revista. IHGB, Rio de Janeiro, 152 (371) 518-532, abr./jun. 1991, apresenta um inédito, que teria chegado às suas mãos por intermédio de familiares do autor, intitulado Serafim Moreira da Silva Júnior, Um Herói de Diamantina (1850-1868).

22 – Rosalvo Ribeiro

Rosalvo Ribeiro

Um dos maiores nomes das artes em Alagoas, Rosalvo Alexandrino de Caldas Ribeiro nasceu na cidade de Alagoas, atual Marechal Deodoro, em 1863, mas somente foi batizado no dia 26 de novembro de 1865. Era filho de Felipe Ângelo Ribeiro de Britto e de Josephina Izília de Caldas Ribeiro (faleceu em 22 de setembro de 1931 aos 90 anos de idade), proprietários rurais bem-sucedidos.

Seu pai, que faleceu em 11 de dezembro de 1916, também é citado como o major Felippe Adolpho Ribeiro. Foram suas irmãs: Deusdedit Ribeiro, casou-se com o Coronel Jacinto Paes Pinto da Silva; Ritta Ribeiro, casou-se com José da Costa Cutrim; Esmeraldina Ribeiro, casou-se com Adolpho Alencar Guimarães; e Amália Ribeiro, que não casou.

Rosalvo iniciou seus estudos em Maceió no Colégio Bom Jesus, onde não conseguiu bom aproveitamento, preferindo os livros e os desenhos em “crayon“. Na adolescência continuava envolvido pela arte do desenho. Passava o dia na porta da marcenaria de Félix Pereira da Cruz, na Rua do Comércio, executando retratos a preços populares. Somente com a criação do Liceu de Artes e Ofícios foi que começou a estudar as técnicas de Desenho e Pintura.

Em 1884, o presidente da Província viu um dos seus trabalhos e encomendou-lhe um retrato.

Impressionado com o resultado da pintura, Henrique de Magalhães Salles conseguiu que a Assembleia Provincial lhe destinasse uma pensão anual de 1.200,000 réis durante três anos, para estudar na Imperial Academia de Belas Artes no Rio de Janeiro.

Chegou ao Rio de Janeiro em 1886 e com quatro meses de estudos já era admirado pelos seus mestres. No final do primeiro ano foi aprovado em primeiro lugar e ganhou uma bolsa para estudar em Paris.

Em setembro de 1888, desembarcou em Paris com o sustento garantido pela bolsa da Imperial Academia de Belas Artes e pela pensão do governo alagoano, que foi majorada e renovada.

Foi nesta escola que estudou com Jean-Baptiste-Édouard Detaille, um dos mais reputados pintores de temas militares na França do século XIX, e que iria exercer grande influência na produção de Rosalvo Ribeiro enquanto esteve em Paris.

Estudou ainda na École des Beaux Arts e tomou aulas particulares com o célebre retratista Joseph-Léon Bonnat. Ainda na França, conseguiu se destacar ao participar da decoração artística do Hôtel de Ville (Prefeitura) e do Panthéon.

Em 1894, o governador Gabino Besouro registrou no seu relatório à Assembleia que havia recebido alguns quadros do “pensionista do Estado Rosalvo Alexandrino de Caldas Ribeiro“, que foram enviados para comprovar “o grau de aproveitamento a que já atingiu na sublime arte“.

O governante informou ainda que fez uma exposição com estes quadros e com a obra de outros alagoanos. “Há quadros do Snr. Caldas Ribeiro, que lhe granjeiam incontestável merecimento“, avaliou Gabino Besouro.

Após doze anos em Paris, Rosalvo Ribeiro teve a pensão que recebia do governo cortada e voltou a Maceió em 1901, mas em terras alagoanas não encontrou ambiente para seus temas militares tão valorizados na França. Já estava casado com uma francesa.

Com exceção dos Fonsecas, as principais famílias alagoanas não cultuavam a carreira militar. Sem muita opção, voltou a ser o retratista da sua adolescência, tendo como um dos seus principais clientes o governador Euclides Vieira Malta. Neste período produziu em pequenas telas rostos da aristocracia rural, burguesia mercantil e industrial da crescente economia alagoana.

Para completar os ganhos, ainda ensinava francês, desenho e executava projetos arquitetônicos, a exemplo da Praça dos Martírios, ou de urbanização como os das praças Deodoro e Dois Leões em Jaraguá.

O excesso de trabalho e o provável descaso com a alimentação levaram-no a contrair tuberculose. Faleceu no dia 29 de abril de 1915 em Maceió.

O historiador Moreno Brandão deixou registrado que o envolvimento do pintor “nas tricas da politicagem da aldeia” o levou a sofrer perseguições, chegando ao ponto de mandarem os garotos insultarem-no nas ruas chamando-o de “Galego”. Foi assim dominado pela tristeza, que se afastou de tudo até morrer na pobreza.

23 – Visconde de Sinimbu

Visconde de Sinimbu

O advogado João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu nasceu no Engenho Sinimbu, em São Miguel dos Campos, Alagoas, em 20 de novembro de 1810, filho do capitão de ordenanças Manoel Vieira Dantas (nasceu em Porto Calvo em 1795 e faleceu em 30 de julho de 1850 ou 1855) e Ana Maria José Lins, duas figuras lendárias das lutas republicanas de 1817 e 1824.

Ana Lins, que nasceu em Porto Calvo, era filha de João Lins de Vasconcelos e de Ignês de Barros Pimentel, enquanto Manoel Vieira era filho de Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque e Catarina Vieira Dantas.

Aos 7 anos de idade interrompeu sua educação por ter seu pai e sua mãe envolvidos nos embates da chamada Revolução Pernambucana, que redundou na emancipação de Alagoas. Novamente, em 1924, a família foi punida por participar da Confederação do Equador. João Lins Vieira, com 14 anos de idade, e sua mãe, Ana Lins, se entrincheiraram na casa grande do Engenho Sinimbu e travaram a última batalha da Confederação do Equador, enfrentando à bala as tropas imperiais até que a falta de munição os levou a se renderem. Foram levados presos para a Cadeia Pública de Alagoas, onde permaneceram por alguns meses.

Estudou humanidades em Recife, Pernambuco, e se bacharelou em Direito em Olinda (1835). Viajou em seguida para a Europa, onde aperfeiçoou seus estudos. Foi um dos primeiros alagoanos formados no exterior, tendo se doutorado pela Universidade de Iena (Alemanha) a 03/09/1837.

Em Recife, escreveu para o O Olindense, tendo, ainda, fundado o Eco de Olinda e dirigido o Equinocial e o Velho Pernambucano.

Aos 29 anos, em 1839, recém-chegado da Europa, foi eleito deputado provincial para a 3ª Legislatura (1840-1841). Ainda naquele mesmo ano foi nomeado interinamente presidente da Província de Alagoas (de 30 de outubro a 3 de novembro de 1839). Era o 1º vice-presidente e ocupou o lugar de Agostinho da Silva Neves enquanto ele estava detido em Alagoas (Marechal Deodoro) pelos rebelados contra a transferência da Tesouraria Geral daquela cidade para Maceió. Graças a uma hábil manobra política, liberou o presidente e o manteve no poder.

Manteve-se como deputado provincial nas legislaturas seguintes (1842-43 e 1844-45). Em 1844, na guerra dos Lisos e Cabeludos, fez-se presente, em oposição a Tavares Bastos, seu inimigo político.

Voltou a ocupar a presidência da Província de Alagoas entre 10 de janeiro e 18 de julho de 1840. Ainda em nesse mesmo ano tornou-se sócio correspondente do IHGB. No ano seguinte, por poucos dias (de 16 de junho a 1º de julho de 1841) esteve à frene do governo de Sergipe.

Deputado geral eleito para a 5ª Legislatura (1842 a 1845). Em 24 de julho de 1843, Sinimbu, nomeado ministro do Império no Uruguai, foi substituído por Joaquim Serapião de Carvalho. Foi ainda deputado geral na 9ª Legislatura (1853-56). Em 19 de setembro de 1855, foi nomeado Chefe de Polícia do Município da Corte. Permaneceu até 2 de maio do ano seguinte. Dois meses depois foi designado presidente da Província da Bahia.

Ministro residente no Uruguai em 1843 (autorizado pela Câmara em 22 de maio daquele ano), dele afirmou Joaquim Nabuco, em Um Estadista do Império: “Teve o seu momento grandioso na diplomacia: ministro residente no Uruguai, em 1843, quando a sorte de Montevidéu, bloqueada pela força rosista dependia da comissão ou da presença do Brasil, resistiu, contestou, sustentou moralmente a defesa. E a praça manteve-se. Isto reconheceu o Barão do Rio Branco, mandando pôr no féretro do visconde de Sinimbú uma coroa com palavras que lhe comemoravam o gesto histórico”.

Em 1846 casou-se com Valéria Tourner Voleger, herdeira de uma rica família anglo-teutônica. Tiveram quatro filhos: Valéria, Clélia, João Sinimbu e Inácio, que faleceu ainda criança.

Foi em 1848 nomeado redator da Gazeta Oficial. Esteve ainda como Juiz da Comarca de Chapada, no Maranhão; Porto Imperial, em Goiás; e de Cantagalo, no Rio de Janeiro, onde se aposentou em janeiro de 1864 com ordenado anula de 1:000$000, posteriormente agregou honras de desembargador (Decreto de 10 de dezembro de 1856).

João Lins Vieira Cansanção foi ainda presidente da Província do Rio Grande do Sul (2 de dezembro de 1852 a 1º de julho de 1855), da Bahia (8 de julho de 1856 a maio de 1858), Senador por Alagoas, de 15 de maio de 1858 até a queda do Império, em 15 de novembro de 1889. Foi fundador, em 1869, do Partido Liberal em seu estado.

Dirigiu a pasta dos Negócios Estrangeiros em 1859, no gabinete Silva Ferraz; a da Agricultura, Comércio e Obras Públicas em 1862; e a da Justiça em 1863, quando se manifestou em Aviso Ministerial, declarando que os cegos podiam advogar.

Para se aquilatar a importância que o imperador dava ao esse alagoano, em setembro de 1859, antes de iniciar viagem pelo “Norte” (incluindo Alagoas), decretou ordem de sucessão dos seus ministros em caso de impedimento. João Lins Vieira Cansanção do Sinimbu, que era o ministro da Fazenda, foi indicado como sucessor imediato dos ministérios do Império, da Justiça, da Guerra e da Marinha.

Ocupou, ainda, interinamente, de 5 a 13 de fevereiro de 1878, a pasta da Fazenda. Chefe do gabinete que sucedeu ao de Caxias, entre 5 de janeiro de 1878 e 27 de março de 1880. Nomeado Conselheiro de Estado, em 1882, e Visconde com honras de grandeza em 16 de maio de 1888. Era também comendador da Ordem de Cristo e oficial da Ordem Imperial da Rosa.

Quando faleceu no Rio de Janeiro, em 21 de dezembro de 1906, aos 96 anos de idade, havia se negado a receber uma pensão concedida pela República. Se dizia monarquista, mas que nunca conspiraria contra o novo regime. “Receio que o Brasil se fragmente em republiquetas, o que será uma desgraça”.

Obras:

Opinião Acerca da Instrução Primária e Secundária, 1843 ou 1845; Memória ou Notícias Sobre as Colônias Agrícolas Suíça e Alemã, fundadas na Freguesia de São João Batista e na de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, ou Niterói: Tip. de Amaral & Irmão, 1852; A Verdadeira Inteligência a Dar-se à Expressão “Prédio”, 1876; Discurso Pronunciado na Primeira Sessão do Congresso Agrícola, 1878; Relatório da Repartição dos Negócios Estrangeiros, Apresentado à Assembleia Legislativa na Quarta Sessão da Décima Legislatura Pelo Respectivo Ministro, Secretaria de Estado, Rio de Janeiro: Tip. Universal de Laemmert, 1860; Relatório da Repartição dos Negócios Estrangeiros, Apresentado à Assembleia Legislativa na Segunda Sessão da Décima Sétima Legislatura, Pelo Respectivo Ministro, Secretaria de Estado, Rio de Janeiro: Tip. Nacional, 1879; Orçamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Discurso pronunciado no Senado em 31 de agosto de 1883, pelo Senador J. E. V. Cansanção de Sinimbu, Rio de Janeiro: Tip. Nacional, 1883.

24 – Alves de Faria

Alves de Faria nasceu em Maceió

O advogado Rodolpho Alves de Faria nasceu em Maceió no dia 26 de março de 1870, filho de Antônio Joaquim Alves de Faria e de Maria Carolina Pinheiro de Faria. A grafia “Faria” surge em vários jornais da época, indicando que não foi erro tipográfico. Posteriormente, passou a ser citado como “Farias” em alguns impressos.

Estudou o primário e humanidades em Maceió até que seu pai transferiu a residência da família para Penedo, onde, com 16 anos de idade, passou a ensinar a cadeira de latim no Colégio São João, dirigido por Moreno Brandão.

Depois foi para São Paulo estudar na Faculdade de Direito, mas concluiu o curso em Recife no ano de 1891. Já bacharel, foi trabalhar em Minas Gerais como juiz preparador em Carangola, onde produziu o jornal O Rebate em oposição a Floriano Peixoto. Vivia-se a Revolta da Armada. Por causa dessa sua postura política, chegou a ser preso ao visitar o Rio de Janeiro.

Residiu no Rio de Janeiro, onde publicou vários versos no breve Jornal Ilustrado. Foi o autor das novelas Perfume e Mar.

Quando Martinho Garcez era governador de Sergipe (de 24 de outubro de 1896 a 14 de agosto de 1898) Alves Faria, que vinha tendo dificuldades econômicas, aceitou ser o Procurador Geral daquele Estado. Ainda em Sergipe foi juiz de Direito da Comarca de Gararu, então um vilarejo à margem do Rio São Francisco. Em Gararu escreveu o romance Pecadora, defendendo o divórcio sem penitências.

De Sergipe foi para o Rio de Janeiro e em agosto de 1898 foi nomeado promotor Público de Araruana. Nos últimos anos de vida começou a escrever sobre Calabar, mas não concluiu esta obra.

Colaborou ainda no jornal Paiz, de Aracaju, Sul de Alagoas, em Penedo e Penna, em Recife

Faleceu em 25 de junho de 1899 em Maceió, “vítima de indebelável moléstia”. Tinha 29 anos de idade.

Seu irmão Antônio Joaquim também foi um poeta homenageado em Alagoas.

Obras:

Mar, 1897, (novela); Pecadora, Bahia: Oficinas dos Dois Mundos, 1899 (romance).

Os versos que pretendia reunir sob o título de Satã, não foram editados. Teria também inédito um trabalho sobre Calabar.

25 – Sebastião de Abreu

Sebastião de Abreu

O professor e poeta Sebastião Rodrigues de Abreu nasceu em Maceió no dia 20 de janeiro de 1883, filho de Felippe Santiago de Abreu e Epifânia Pontes de Abreu. Seu pai foi capitão da Força Policial e Delegado de Polícia em Maceió e no Pilar. Morava na Rua 16 de Setembro, na Levada, e depois na Rua Boa Vista.

Sebastião frequentou somente a escola primária, mesmo assim, com 13 anos já publicava suas poesias no Almanaque Alagoense. Ampliou seus conhecimentos como autodidata, o que lhe permitiu circular entre os intelectuais da sua época.

Chegou a trabalhar nos Correios por pouco tempo. Foi afastado por abandono de emprego. Seu vínculo maior sempre foi com o meio cultural. Em 1899, por exemplo, era o orador oficial da Sociedade Literária Tavares Bastos. Pertenceu também à Artístico-Literária Alagoana, fundada em 1902.

Foi Diretor da Limpeza Pública da capital, nomeado pela Portaria nº 8, de 27 de novembro de 1908, assinada pelo intendente Antônio Guedes Nogueira. Era também professor do Colégio Quinze de Março, dirigido pelo professor Agnelo Barbosa.

Faleceu em Maceió nas primeiras horas do dia 21 de fevereiro de 1909. Em um texto publicado na Revista da AAL, Guedes de Miranda conta que o conheceu em 1908 e que este revelou que estava sofrendo por ter sido abandonado por sua noiva e que se tornara solitário, “prisioneiro no casarão da Rua 1º de Março, onde encontrou a ampará-lo a velha e transbordante bondade do professor Agnelo Barbosa”.

Passava as noites em claro e, já doente, passou a apresentar quadro febril. Não cuidava da saúde, “expondo-se à friagem das madrugadas, de janelas abertas, buscando sôfrego a morte”, lembrou Guedes de Miranda. Quando morreu tinha 26 anos de idade.

Seus versos, compostos entre 1906 e 1909, foram reunidos em 1951 por Rosália Sandoval e publicados no livro Angelus, no Rio de Janeiro.

Sebastião de Abreu foi redator dos jornais: Evolucionista; Jornal da Tarde; Diário de Alagoas, O Baluarte, O Madrigal (1899) e colaborou em A Miragem (1900), Correio de Maceió, Correio de Alagoas e Gutenberg, todos em Maceió.

26 – Melo Moraes

Melo Moraes

O médico Alexandre José de Mello Moraes nasceu no município de Alagoas, atual Marechal Deodoro, em 23 de junho de 1816, filho do capitão-mor Alexandre José de Melo e Ana Barbosa de Araújo Moraes. Ficou órfão de pai e mãe aos 8 anos de idade, passando a morar na Bahia sob a guarda de dois tios frades, um carmelita e outro franciscano, que pouca atenção davam à sua educação. Mesmo assim, por iniciativa própria, conseguiu prover seus estudos trabalhando, a partir dos 16 anos, como professor em dois colégios de Salvador.

Com sacrifício, ingressou na Faculdade de Medicina, conquistando o diploma médico em 1840. Iniciou a carreira na capital baiana, após uma breve passagem por Alagoas, ainda como médico alopata, mas em pouco tempo adotou a homeopatia e criou, em parceria com João Vicente Martins, o jornal O Médico do Povo, veículo de propagação da doutrina homeopática.

Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1853, onde passou a trabalhar no convento de Santo Antônio e a publicar seu jornal, O Médico do Povo na Terra de Santa Cruz. É nesse período que aprofunda seus estudos históricos.

Dono de uma vasta biblioteca, cedeu 2.000 exemplares para a criação da primeira biblioteca de Alagoas em 1859.

Para a legislatura de 1869 a 1872, foi eleito deputado geral, representando Alagoas na Câmara Temporária.

É o patrono da cadeira 30 do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.

Faleceu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1882.

Autor de uma vasta obra, publicou principalmente estudos históricos, biográficos e sobre homeopatia. São mais de 50 livros, entre eles, a famosa “Chorographia histórica, chronographica, genealógica, nobiliária e política do império do Brasil”, 4 tomos (1858-1850).

27 – Oliveira e Silva

Oliveira e Silva

Antônio José de Oliveira e Silva nasceu no município alagoano de Pilar no dia 1º de agosto de 1864. Era filho do capitão Francisco José de Oliveira e Silva, mais conhecido como Chico Nonô, e Francisca Belarmina de Viveiros Silva.

Quem cuidou da sua educação foi seu tio, o coronel Cândido José de Oliveira e Silva, que o levou para Maceió, onde estudou no Colégio Bom Jesus. Os preparatórios, concluiu em Recife, após se desentender com um lente do Liceu Alagoano.

Em 7 de setembro de 1882, foi eleito um dos diretores do Clube Literário José de Alencar, fundado naquela data por alunos do Liceu Alagoano, em Maceió. Era o vice orador.

Após cursar Humanidades, permaneceu no Pilar, onde exerceu as modestas funções de promotor interino. Em sua terra natal dirigiu o jornal O Atheneu Pilarense e conseguiu publicar nos jornais do Rio de Janeiro suas primeiras poesias.

Ainda jovem, em 1886, foi morar na então capital federal do país, onde rapidamente fez carreira de jornalista no Gazeta de Notícias.

Poeta, cronista, jornalista e orador fluente, fez parte da geração de Paula Ney, Alberto de Oliveira, Valentim Magalhães e Olavo Bilac.

Um dos seus sonetos mais conhecido foi Dor Bendita. Colaborou em vários jornais e foi redator dos seguintes periódicos: Diário do Comércio, União, Jornal do Brasil e Gazeta de Notícias.

Era funcionário público da Recebedoria de Minas Gerais e foi vice-presidente do Centro Alagoano, agremiação que atuava no Rio de Janeiro agregando os filhos de Alagoas que moravam ou trabalhavam na então capital federal.

Oliveira e Silva foi responsável pela criação e educação de dois sobrinhos órfãos que, como ele, deixaram o Pilar muito cedo: Pedro da Costa Rego, que também se tornaria um jornalista reconhecido nacionalmente, e de seu irmão Rosalvo da Costa Rego, que foi bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Pedro da Costa Rego enveredou pela política e alcançou mandatos de deputado federal, senador e governador de Alagoas.

Outro sobrinho de Oliveira e Silva, o pilarense Zadir Índio, também foi recebido no Rio de Janeiro e conduzido ao jornalismo profissional pelas mãos experientes do tio.

Católico fervoroso, notabilizou-se ao fazer conferências em resposta as ideias de Ferri e Clémenceau. Fazia parte dos paladinos da imprensa católica ao lado de Carlos de Laet, Felício dos Santos e Afonso Celso.

Oliveira e Silva faleceu no dia 15 de janeiro de 1911, quando era redator da Gazeta de Notícias. Seu túmulo recebeu várias homenagens e a Igreja Católica realizou missas com a presença da cúpula eclesiástica da capital federal.

Deixou expressivo acervo de poesias, traduções, contos, crônicas, artigos de polêmicas, etc. Seu drama “Os laços do crime” não foi publicado.

Em Alagoas, uma escola estadual no Pilar leva o seu nome. Na capital, a Rua Oliveira e Silva (antigo Beco do Ferreira) é uma das principais do Centro da cidade. Foram homenagens prestadas por indicação do seu sobrinho político, Costa Rego.

28 – Franco Jatubá

Franco Jatubá

O poeta Francisco Remígio de Araújo Jatubá nasceu em Murici, Alagoas, em 20 de janeiro de 1872. filho do major José Inácio de Araújo Jatubá e Bárbara Cordeiro de Albuquerque Jatubá. O poeta Cypriano Jucá era seu sobrinho.

Não foi possível identificar quando adotou o nome Franco Jatubá, mas deduz-se que Franco vem da junção da sílaba inicial e da final de FRANcisCO.

Iniciou seus estudos em Maceió, no Liceu Alagoano, mas não chegou a completar os preparatórios. Começou trabalhando Alfândega de Maceió (1890), mas seguida foi para o Rio de Janeiro, onde, em julho de 1895, conseguiu emprego como 4º escriturário no Tesouro Nacional, lotado na Diretoria Geral das Rendas Públicas. Foi demitido em 1902 e voltou a Maceió.

Envolvido no jornalismo e na política, cerrou fileira na oposição a Euclides Malta ao ponto de, em 1905, fazer parte do Club Republicano Radical. Em junho do ano seguinte deixou a redação do Correio de Alagoas, em companhia de Craveiro Costa e Fernando Tavares, após a vitória de Euclides.

Seus artigos foram reunidos em um volume, após sua morte.

Sua obra mais polêmica foi O Brasil e o Insulto Argentino, Maceió, Imprensa Oficial/ Liv. Fonseca, 1907, que publicou sob o pseudônimo de Sargento Albuquerque (edição posteriormente confiscada por ordem do Ministro das Relações Exteriores).

Segundo Romeu de Avelar, que o incluiu na sua Coletânea de Poetas Alagoanos, o Barão do Rio Branco teria interferido, sem sucesso, junto ao editor para sustar a publicação.

É ainda de Romeu de Avelar a informação de que teria deixado inúmeros poemas inéditos e uma coletânea de contos orientais.

Fundador e redator de O Labor e do Correio de Maceió, e colaborador do Gutenberg e do Correio de Alagoas.

Jucá Santos afirma que deixou inédito o livro de poesia Vale de Lagrimas, o poemeto O Sapo, o livro Beduínos (contos orientais), Judéia (contos bíblicos) e o drama Ódio de Família, de um prólogo e quatro atos, todos na guarda de sua irmã, os quais foram destruídos após a morte desta.

Faleceu em Maceió no dia 31 de março de 1907, “vítima de terrível moléstia”. Tinha 35 anos de idade. Era boêmio por temperamento, índole e convicção.

29 – Aristeu de Andrade

Aristheu de Andrade

O poeta e advogado Manoel Aristeu Goulart de Andrade nasceu em Maceió no dia 3 de setembro de 1878, na Rua Nova, atual Rua Barão de Penedo. Era o filho mais velho do agrimensor e engenheiro Manuel Cândido Rocha de Andrade e de Leopoldina Pimentel Goulart de Andrade.

Não se tem informações sobre onde estudou as primeiras letras, mas aos 15 anos de idade matriculou-se no Liceu Alagoano, onde logo se destacou como orador. Lá concluiu o curso preparatório em 1895.

Aos 15 anos de idade trabalhava no comércio de Maceió. Permaneceu por dois anos na firma Almeida Guimarães & Cia.

No ano seguinte já escrevia nos jornais de Maceió, principalmente O Momento e Correio Mercantil, este lançado em 2 de setembro de 1894.

Foi em O Momento que publicou seus primeiros versos, ainda assinando como Sylpho. Um deles, As Andorinhas, foi dedicado a Misael Accioly na edição de 8 de agosto de 1894.

Quando concluiu os preparatórios, foi nomeado para a secretaria da Chefatura de Polícia da capital, onde permaneceu por apenas um ano.

No dia 14 de abril de 1896 embarcou para Salvador com o objetivo de estudar na Faculdade de Medicina e Farmácia da Bahia, mas uma pneumonia obrigou-o a abandonar o curso no mesmo ano.

No dia 15 de outubro de 1896, perdeu o pai, que vinha doente e sofrendo há três anos.

Em 1897, decidiu retomar os estudos, mas desta feita foi para Pernambuco, onde diplomou-se em Direito pela Faculdade do Recife no dia 7 de dezembro de 1901. Na capital pernambucana, colaborou em vários jornais e trabalhou no escritório de advocacia de Adolfo Cirne e Henrique Malet.

Em Recife, com a publicação dos seus trabalhos em vários periódicos, ampliou a sua produção poética. Com esse material, lançou em 1900 seu primeiro livro: O Noivado, pela Tipografia Comercial. Com 69 páginas, foi dedicado à sua noiva e teve boa acolhido pela crítica, recebendo elogios de Medeiros de Albuquerque, Arthur Azevedo, José Veríssimo e Araripe Júnior.

Quando estava prestes a concluir o curso de Direito em Recife, coube-lhe a honra de representar a sua Faculdade numa saudação em homenagem a atriz Lucilia Simões. Quando encerrou o discurso recebeu os aplausos entusiasmados de duas mil pessoas. Até a homenageada se rendeu à sua oratória: foi até ele, beijou-lhe a testa e o chamou de gênio.

Ainda cursava o 5º ano de Direito quando participou das eleições em Alagoas e foi eleito deputado estadual para a legislatura 1901-02.

Com a criação da 2ª Promotoria Pública da capital, Aristheu de Andrade ocupou o cargo por nomeação do governador Euclides Malta, determinada em portaria do dia 20 de dezembro de 1901.

Em 1903 foi indicado para reger a cadeira de Pedagogia, Educação Cívica e Higiene Escolar do antigo Liceu Alagoano. No ano seguinte pediu transferência para a cadeira de História Geral.

Como jornalista, colaborou em vários periódicos alagoanos, destacadamente no O Gutemberg, onde passou a ser o redator-chefe a partir de 1903, ajudando seu irmão Euzébio de Andrade. O Gutemberg foi fundado em 8 de janeiro de 1881.

Era considerado como um polemista destemido e suas “cartas”, assinadas como Volney ou Martial, provocavam enorme ruído.

Em 25 de maio de 1902 casou-se com Maria Peixoto de Andrade, filha do coronel José de Sá Peixoto e de Maria Accioly Peixoto, mas não deixou filhos. Foram morar na Rua do Arame, atual Rua Ângelo Neto, no Farol.

Quando se suicidou, na madrugada do sábado, 8 de julho de 1905, tinha apenas 27 anos de idade e exercia interinamente o cargo de Procurador da República em Alagoas e já vinha dando sinais do sofrimento que a depressão lhe causava.

Suas últimas poesias eram carregadas de tristeza, com manifesta vontade de abandonar o mundo.

Após a sua morte, Maria Peixoto de Andrade, que era uma mulher inteligente e culta, foi morar na Alemanha, onde fez votos para freira e entrou para a ordem das “monjas que não falam“. Era sobrinha do Marechal Floriano Peixoto.

30 – Inácio de Barros Acioli

Hospital São Vicente da Santa Casa de Maceió em 1910, onde Inácio de Barros Acioli declamou suas poesias para o governador

O poeta e jornalista Inácio de Barros Acioli de Vasconcelos nasceu em Maceió no dia 11 de dezembro de 1848, filho de José de Barros Acioli de Vasconcelos e Ana Carlota de Albuquerque e Melo.

Vítima da lepra, teve dificuldade para concluir os estudos preparatórios em Maceió. Foi para Recife com a ajuda de um tio, o padre Antônio de Melo Albuquerque, mas lá também não conseguiu prosseguir com os estudos.

Tinha 15 anos de idade quando abandonou o Colégio. Sua perna direita paralisada o impedia de frequentar as aulas.

De volta a Maceió, conquistou a proteção do presidente da Província ao recitar poesias em uma festa de caridade na Santa Casa de Misericórdia. Impressionado com o esforço do jovem poeta, o governante o nomeou para aquela instituição.

Pouco tempo depois passou a ter dificuldades para segurar a pena e escrever, o que lhe obrigava a pedir a ajuda de amigos para grafar seus versos.

Faleceu vítima da “elefantíase dos gregos” em Recife no dia 31 de maio de 1878. Tinha 30 anos de idade.

Obras:

Ilusões Perdidas, Maceió:  1868 (poesia – trovas lamentosas); A Harpa do Desespero, Maceió: (poesia); Glórias e Desventuras ou O Rimador Alagoano, 1870 ou 1871 (cena dramática). Teria ainda publicado Esperanças Mortas, Maceió: 1873 ou 1875 (poesia).

31 – Ladislau Neto
Ladislau de Souza Mello Netto

Ladislau de Souza Mello Netto

O poeta e botânico Ladislau de Souza Mello Netto nasceu em 27 de junho de 1838 na cidade de Maceió. Era filho primogênito do abastado comerciante português Francisco de Sousa Mello Netto e de Maria da Conceição de Sousa Mello Netto, que em 1831 ainda moravam em Atalaia, onde se iniciaram nos negócios. Com a abdicação de D. Pedro I em 7 de abril daquele ano, houve perseguição aos portugueses e Francisco teve que abandonar tudo e fugir para a cidade de Alagoas, atual Marechal Deodoro. Alguns anos depois tranferiu-se para Maceió com a família, onde voltou a por os negócios em dia e fazer fortuna novamente.

Percebendo que seu filho Ladislau gostava de estudar e desenhar, Francisco tentou de todas as formas, inclusive usando a violência, encaminhar o filho em outra direção, preparando-o para sucedê-lo nos negócios, obrigando-o a trabalhar no balcão de secos e molhados. Não adiantava: o filho escapava para ler e quando flagrado era espancado rudemente.

Foi sua mãe que, para tirá-lo das garras do pai, o encaminhou para estudar, quando ainda moravam na cidade de Alagoas, com o professor José Prudêncio de Barros, um autodidata que ensinava tudo, até o latim, sempre utilizando a temível palmatória.

Lau, como era chamado na intimidade da família, continuou os estudos com o padre João Barbosa Cordeiro, dono de vasta cultura e experiente professor. Foi esse mestre quem mais concorreu para a formação de Ladislau Netto. Com ele aprendeu latim, grego e retórica. Aos 15 anos de idade, já dominava todas as dsiciplinas ensinadas pelo padre João Barbosa.

Com 16 anos de idade, em 1854, fugiu de casa e foi para o Rio de Janeiro, onde o pouco dinheiro que levou logo acabou. Teve que trabalhar, adiando seu sonho de se tornar um grande desenhista na Corte.

Três anos depois conseguiu a matrícula na Imperial Academia de Belas Artes, passando a estudar desenho, matemática e história natural, destacando-se entre seus colegas e chamando a atenção dos professores. Obtém as melhores notas e conquistas vários prêmios.

Em 1859, com 21 anos, abandonou o curso e como desenhista e cartógrafo embarcou na excursão da Comissão Astronômica e Hidográfiva de Estudos e Esploração do litoral Pernambucano, chefiada pelo engenheiro francês Emmanuel Liais. Desenhou assim várias plantas, entre elas as do porto de Recife, porto de Tamandaré e as cartas da viagem de exploração ao Alto São Francisco em Minas Gerais.

Foi durante esses trabalhos que despertou seu interesse pela ciência, travando conhecimento com a botânica, uma redescoberta para ele.

Emmanuel Liais, percebendo a inquietude pelo conhecimento do jovem alagoano, ajudou-o a despertar para as ciências naturais e seus estudos, sempre em viagens e explorações científicas. Na excursão pelo vale do São Francisco, conseguiu estudar e classificar diversas espécies botânicas, além de anotar características do ambiente.

É nesse período que publicou no Correio Mercantil (1861) a narrativa completa dos trabalhos da comissão. Em seguida (1863) também divulga seus primeiros estudos, que circulam em várias revistas científicas da Europa com boa aceitação, principalmente entre os botânicos, arqueólogos e doutores da Academia de Ciências Naturais da França.

Esse reconhecimento fez com que D. Pedro II se interessasse em conhecer o jovem fenômeno aplaudido pelos sábios europeus. No encontro o imperador lhe disse:

— Confesso-lhe que a sua consagração veio de fora: ignorava tivéssemos aqui em casa um tão jovem sabedor das ciências naturais. Desejo por isto ampará-lo nos seus estudos: espero, em breve, a notícia dos seus triunfos na França, para onde tenciono enviá-lo… Os seus trabalhos de Botânica são notáveis e não me pejo de chamá-lo de ‘jovem sábio’ também”.

Seguiu para a França em 1864 e permaneceu na Europa por três anos, empenhando-se a fundo para retirar o melhor proveito dessa rara oportunidade. Utilizava todo o seu tempo estudando ou pesquisando nos laboratórios, bibliotecas e museus, sempre se aproximando dos sábios da época. Frequentou a Sorbone e as aulas do Jardim das Plantas de Paris.

Aos poucos, seus escritos tornavam Ladislau Netto famoso no seu meio e sempre citado pelos doutores. Na França, puclicou: Remarques sur la destruction des plantes indigenes du Brésil et sur le moyen de les preserver, sulvis d’une note le meme sujet par Naudin; Additions á la Fiore brésiliénne (Trembleya Pradosiana); Sur la estructure anormale des tiges de lianea; Additions a la Fiore brésiliénne (Pisonia noscia, Pisonia caparrosa, Pisonia campestris, Pisonia laxa et edina Francoana).

A convite do governo francês, tomou parte como examinador num concurso de Histologia Vegetal, organizado pela Academia de Ciências de Paris, e depois foi estudar a flora da Argélia.

Após essa viagem ao norte da África, esteve na Baviera, sul da Alemanha, visitando Von Martius. Na volta a Paris o esperavam dois convites: um do governo Francês, que lhe oferecia inúmeras vantagens para que que continuasse a trabalhar par aquele país, e outro de D. Pedro II, que o queria dirigindo a secção de botânica do Museu Imperial e Nacional do Rio de Janeiro. Resolveu atender, por gratidão, ao imperador e volta ao Brasil em 1866.

Já era comendador da Ordem da Rosa, doutor em Ciências Naturais pela Sorbonne e pesquisador na Sociedade Botânica de Paris. Tinha vínculos ainda com as Sociedades Botânicas dos Estados Unidos, da França, de Portugal e de Luxemburgo.

No Museu, que vivia um período de decadência, publicou a obra Investigações científicas sobre o Museu Imperial e Nacional. Recebida na Europa com admiração, reestabeleceu posição de destaque para aquela instituição criada por D. João VI.

Nomeado diretor substituto do Museu Nacional, em 1870, com o falecimento do titular, Conselheiro Freire Alemão, sua efetivação somente se deu em 1976. Permaneceu nesse cargo por 27 anos.

Foi ele quem, ainda em 1876, criou a revista trimestral Archivos do Museu Nacional, que continua a ser publicada. Para a instituição, contratou vários cientistas estrangeiros, incluindo Fritz Müller, Emílio Augusto Goeldi, Domingos Soares Ferreira Penna, Hermann von Ihering, Wilhelm Schwacke, Orville Derby e Gustave Rumbelsperger.

Organizou a Exposição Antropológica de 29 de julho de 1882 e chefiou a delegação brasileira na Exposição Universal de Paris de 1889. Foi após a realização da Exposição de 1882, que em Maceió a Rua Augusta foi renominada em sua homenagem (3 de fevereiro de 1883).

Naturalista, era tratado como o “Pai da Arqueologia Brasileira”, mas destacava-se também, além da Botânica, em Antropologia e Etnologia. Sua dedicação ao Museu era tal, que passou a residir ali, dedicando-lhe todo o seu tempo. Quando Alagoas quis lhe homenagear, elegendo-o deputado constituinte em 1891, declinou da honraria, agradecendo aos conterrâneos. Preferia ficar cuidando do Museu.

Foi casado com Laurentina Muniz Freire Netto ou Laurentina Netto, que foi uma das quatro mulheres a colaborar para a “Polyanthea commemorativa da inauguração das aulas para o sexo feminino do imperial lycêo de artes e officios” e também para o “Domocrotema Commemoratur do 26º aniversário do lyceo de artes e officios do Rio de Janeiro“. D. Laurentina foi também membro do conselho superior do Museu Nacional Escolar, em 1885, conforme publicação na Gazeta de Notícias de 29 de julho daquele ano.

Com a implantação da República, o cientista alagoano perdeu prestígio e em 1893 requereu sua aposentadoria. Faleceu no ano seguinte, em 18 de março, vítima de colapso cardíaco na Estação de São Francisco, onde fora visitar um amigo.

32 – Dias Cabral

Dias Cabral

O historiador e médico João Francisco Dias Cabral nasceu em Maceió no dia 27 de dezembro de 1834, filho de Francisco Dias Cabral e Maria do Rego Baldaia Cabral (filha do negociante português Francisco do Rego Baldaia).

Após dominar as primeiras letras na capital foi estudar na Bahia em 1848, no Colégio Santo Antônio. Em Salvador, iniciou o curso de Medicina em 1851. Ainda estudante, começou a escrever críticas, ensaios teatrais e esboços literários. Concluiu o curso em 12 de dezembro de 1856 com a tese Apreciação dos Métodos Operatórios Empregados nas Curas dos Aneurismas.

Voltou a Maceió onde casou-se, em 1863, com Francisca Carolina Ramalho, filha do major Augusto Pereira Ramalho e Maria Carolina Ramalho. Francisca era tia-avó do dr. Manoel Portugal Ramalho, que deu nome ao mais importante hospital psiquiátrico de Alagoas.

Na capital alagoana, Dias Cabral levava uma vida modesta, voltada para os estudos e longe do convívio social. Em 7 de julho de 1864 foi nomeado Comissário Vacinador pelo presidente da província, Roberto Calheiros de Mello.

Durante o governo de José Bento da Cunha Figueredo Junior surgiu a ideia de se criar o Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano. Dias Cabral foi um dos entusiastas da organização desta instituição que foi formalizada no dia 2 de dezembro de 1869 e para a qual foi eleito como seu secretário perpétuo e Patrono da cadeira nº 11.

Em 6 de março de 1875 foi nomeado, pelo presidente da província João Vieira de Araújo, médico do Hospital de Caridade, a atual Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Foi eleito sócio do Montepio São José em 19 de agosto de 1870 e serviu ao poder legislativo municipal como médico, nomeado a 30 de janeiro de 1877. Em dezembro deste mesmo ano, no dia 6, foi indicado pelo dr. Antônio dos Passos Miranda como vice-diretor do Asilo de N. S. do Bom Conselho, que seria inaugurado dois dias depois.

Ativo abolicionista, em 27 de abril de 1883 foi eleito sócio da Sociedade Libertadora Alagoana e em 24 de novembro foi indicado como membro correspondente da Associação dos Homens de Letras do Brasil.

No dia 19 do mesmo mês assumiu interinamente o cargo de médico de saúde pública do Porto de Maceió por indicação do presidente da província, Henrique de Magalhães Salles. Este mesmo presidente também lhe outorgou o diploma de sócio fundador da Sociedade Protetora da Instrução Popular e de lente de Zoologia do Liceu de Artes e Ofícios. No dia seguinte foi nomeado como efetivo Inspetor de Saúde do Porto.

Em 17 de março foi eleito sócio honorário da Sociedade Montepio dos Artistas Alagoanos. Em setembro, no dia 5, foi eleito presidente efetivo da Libertadora Alagoana; no dia 19, sócio honorário do Grêmio Literário Tavares Bastos, e no dia 28, sócio protetor do Clube Abolicionista Estudantesco Alagoano.

Com o falecimento do comendador Sobral Pinto, foi nomeado diretor do Asilo de N. S. do Bom Conselho no dia 18 de setembro de 1884. Dias Cabral foi ainda médico da Colônia Militar Leopoldina.

Criou e dirigiu a revista do Instituto Arqueológico e Geográfico de Alagoas a partir de 1872. É o patrono da cadeira nº 3 da Academia Alagoana de Medicina.

Sobrecarregado com múltiplas funções, Dias Cabral viu agravar a moléstia que há anos lhe roubava a saúde e atingia coração, fígado e estomago. A partir do dia 25 de junho não mais conseguiu sair da cama. Faleceu às 2 horas da manhã de 19 de julho de 1885. Tinha 51 anos de idade.

Obras:

Notícia Biográfica do Finado Barão de Jequiá, Maceió: editado por um liberal, 1871; O Homem Perante a História Natural, Maceió: Tip. Gazeta de Notícias, 1882 (dissertação lida na abertura das Conferências Populares no Colégio Sete de Setembro, a 21/10/1882); Qual a Origem do Apelido de S. Bento, por que é Conhecido o Outeiro Sobranceiro à Vila de Santa Luzia do Norte? Revista. IAGA, n. 2, p. 8-11; Esboço Histórico Acerca da Fundação e Desenvolvimento da Imprensa em Alagoas, Revista IAGA, Maceió: v. I, n. 5, p. 99-109; Notícia Acerca da Vida do Fundador da Capela do Coqueiro Seco, Padre Bernardo José Cabral, Revista IAGA, v. I, n. 5, p. 112-117; Esclarecimento Sobre o Jazigo Indígena do Taquara, em Anadia, Revista do IAGA, n. 6, p. 159-163.

Ainda:

Narração de Alguns Sucessos Relativos à Guerra dos Palmares, de 1668 a 1680, Revista IAGA, n. 7, dezembro 1875, p. 165-187 (incluindo 22 documentos); Numismática. Parecer Sobre Moedas Portuguesas, Revista do IAGA, n. 7, dezembro 1875, p. 194-195; Ensaio Acerca da Significação de Alguns Termos da Língua Tupi Conservados na Geografia das Alagoas, Revista IAGA, n. 8, junho de 1876, p. 202-206; Seria Anárquica a Constituição Brasileira? Revista IAGA, número 9, dez. 1876, p. 231-40; A Utilidade da Geografia, Revista IAGA, n. 9, dez.1876, p. 240-47; Pesquisa Rápida Acerca da Fundação de Alguns Templos da Vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul, Agora Cidade das Alagoas, Revista do IAGA, v. II. n. 11, p. 1-11.

Outras obras:

Vestígios de uma Antiga Família Estabelecida no Território de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul, Revista do IAGA, V.II, n.º 11, p. 14-23; Notícia Acerca de Alguns Trabalhos e Explorações Geográficas, Revista do IAGA, v. II, n. 12, p. 41-49; O Hospital de Caridade de Maceió: Revista do IAGA, v. II, n. 13, p. 91-97; Resumo dos Acontecimentos Firmados em Documentos Extractados do Archivo da Câmara Municipal de Maceió: de 1817 a 1829, Revista do IAGA, v. II, n. 15, p. 141-150; Dados no Município de Maceió: Firmados em Documentos Extraídos do Arquivo da Respectiva Câmara Municipal (IAGA, sessão de 12 de agosto de 1871); Resenha dos Últimos Trabalhos Geográficos; Revista do IAGA, v. II, n. 15, p. 155- 164; A Revolução de 1817, Revista do IAGA, v. II, n. 17, p. 232-239; Notas Acerca dos Últimos Trabalhos Geográficos; Revista do IAGA, v. II, n. 17, p. 239- 248; Diversos Sucessos Militares no Território das Alagoas, Revista do IAGA, v. II, n. 18, p. 249-257; Notas Geográficas, Revista do IAGA, v. II, n. 19, dez, 1888, p. 281-297.

Além dos Relatórios dos Trabalhos do Instituto, dos anos de 1873 a 1884; Tavares Bastos (discurso), Prefácios do livro de Inácio Passos Poesias e Outras Obras Literárias de Inácio Joaquim Passos Júnior (obra póstuma) e do livro de Felinto Elísio da Costa Cotim, Folhas Murchas.

Como jornalista, foi redator do Artista e do Liberal e colaborou no Diário das Alagoas e Diário da Manhã, destacando-se, neste último, os trabalhos: O Alcance do Transformismo e A Propósito da Memória Relativa ao Ensino Primário, publicados, respectivamente, em 07/06/1883 e 17/05/1885. Inéditos: O Mutilado, ensaio dramático, em quatro atos, 1855; Notas Biográficas Acerca dos Oficiais Milicianos Coronéis Francisco Manoel Martins Ramos, Ignacio Francisco Calaça da Fonseca Galvão e tenente-coronel Antônio José dos Santos, memória lida no IAGA, em 1881.

33 – Olímpio Galvão

Fazenda Engenho Novo, onde possivelmente nasceu Olímpio Galvão. Foto original de Lula Castello Branco

O advogado Olímpio Euzébio de Arroxellas Galvão nasceu no Engenho Novo, freguesia de Alagoas, hoje do Pilar, em 2 de janeiro de 1842. Era filho do major José Bernardo de Arroxelas Galvão e Úrsula Maria de Arroxellas Galvão.

Seu pai foi um político influente. Foi deputado provincial nas legislaturas 1838-39, 1840-41, 42-43, 44-45, 46-47, 48-49, 50-51, 52-53, 54-55, 56-57, e posteriormente, 60-61 (pelo 3º círculo), 62-63 e 70-71 (em ambas pelo 1º distrito), e finalmente, 72-73 e  76-77. Faleceu em 5 de outubro de 1891.

Olympio iniciou seus estudos primários na cidade das Alagoas e Humanidades em Maceió, seguindo para Recife em 1858, onde, em 1863, bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Recife.

De volta a Alagoas, foi deputado provincial nas legislaturas 1868-69 (pelo 1º distrito), 70-71 e 72-73, pelo 2º distrito. Deputado geral na legislatura 1872-75.

Com o fim do mandato, foi nomeado, por pouco tempo, promotor público em Penedo e depois em Maceió. Em 6 de novembro de 1875 passou a exercer a função de Juiz de Direito, em Porto Calvo, onde permaneceu até 1882, quando faleceu.

Em Maceió, foi também contador do Tesouro Provincial. Como professor, assumiu a cadeira de Geografia do Liceu Alagoano. No jornalismo, foi redator de O Mercantil em Maceió (1862) e colaborador assíduo do ALMA – Almanaque de Lembranças Brasileiro.

Estava entre os fundadores do IAGA, sendo patrono da cadeira 22 e colaborador da revista dessa instituição. Pertenceu também ao Instituto Histórico de Goiana (PE).

Casou-se, em 15 de novembro de 1873, com sua prima Elvira Saraiva de Araújo Galvão (15 de novembro de 1845 – 1° de novembro de 1931), filha do capitão João Francisco Saraiva de Araújo Galvão e de Paula Thereza da Paz Galvão), com quem teve os seguintes filhos: Olímpio Euzébio de Arroxelas Galvão Filho (1880 – 20 de maio de 1915); Carlos de Arroxelas Galvão (1882 – ????); Alberto Saraiva de Arroxelas Galvão; Elvira Margarida de Arroxelas Galvão, Paula Theudelina de Arroxelas Galvão e Thereza de Arroxelas Galvão.

Olímpio Galvão faleceu em Maceió, onde chegou dias antes, na casa de seu pai (Rua do Livramento, nº 26), às 22h de 4 de março de 1882, “acometido de horrível enfermidade diabetes”. Tinha 40 anos de idade.

Obras:

Viagem do Excelentíssimo Senhor Doutor José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, Mui Digno Presidente da Província de Alagoas à Cidade de São Miguel e Vila do Coruripe, Maceió: Tipografia do Comendador Sobral, 1869; Viagem do Excelentíssimo Senhor  Doutor José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, Mui Digno  Presidente da Província de Alagoas às Comarcas de Camaragibe e Porto Calvo, Maceió, Tipografia Comercial de Antônio José da Costa, 1869; Viagem do Exmo. Sr. Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, Mui Digno Presidente de Alagoas, pelo Rio São Francisco até o Porto de Piranhas, Maceió; Tipografia Comercial de Antônio José da Costa, 1869, com vistas fotográficas (nesta obra somente os aditivos à Viagem ao Rio São Francisco, que vão da p. 4 a 8 são de sua autoria, segundo consta em nota inserida ao final do opúsculo, sendo o restante do trabalho de José Antônio de Magalhães Basto, que também tomou parte na viagem); Visita do Exmo. Sr. Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, Presidente da Província de Alagoas às Comarcas de Penedo e Mata Grande, de 11 a 28 de Julho de 1869, Tipografia do Comendador Sobral, 1869; Peça de Arquivo, Maceió, Tip. de Comendador Sobral, 1869; Visita do Exmo. Sr. Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, Presidente da Província de Alagoas às Comarcas de Imperatriz, Anadia e Atalaia; Maceió, Tipografia Comercial de Antônio José da Costa, 1870 com vistas fotográficas; Quadros Administrativos da Província de Alagoas; Compilação das Leis Provinciais de Alagoas, de 1835 a 1878,  em 7 v., em parceria com Tibúrcio Valeriano de Araújo, Maceió, Tipografia Comercial de Antônio José da Costa; Assembléias Legislativas Provinciais de Alagoas, Maceió, Tipografia do Jornal das Alagoas, 1871; Notas Biográficas e Genealógicas Sobre o Padre Cipriano Lopes de Arroxellas Galvão com Algumas das Suas Composições Poéticas, lida em sessão do IAGA, 1880; Pontos para a História Pátria, Revista do IAGA, v. I, n.  7, dezembro de 1875, p. 192-194; Nota Acerca da Criação das Freguesias da Província das Alagoas pelo Dr. Olympio E. de Arroxelas Galvão,  Revista do IAGA, v. I,  n. 9, dezembro de 1876, p. 248-249; Ligeira notícia sobre a Vila  e Comarca de Porto Calvo atualmente pelo Dr. Olympio de Aroxelas Galvão, Revista do IAGA, n. 10. dezembro, 1887, p. 283-288; Memória Sobre os Conselhos Gerais da Província das Alagoas, 1829 a 1833, Revista do IAGA, v. II, n. 13, p. 73-82 e na Revista do IAGA, v II, n. 14, p. 106-122; Sucinta  Descrição do  Município de Porto Calvo, Revista do IAGA, v. II, n. 16, p. 173-186 e Revista do IAGA, v. II, n. 17, p. 215-232; Memorial Alagoano. Reminiscências Históricas e Cronológicas Coligidas e Coordenadas pelo Dr. Olímpio E. de Aroxelas Galvão de 1633 a 1880. Revista do IHGAL, v. III, n. 2, ano 1901, p. 33-54 e no v. IV, n. 1, ano 1904, p. 47-61, e, ainda, no v.  IV, n. 2, jun. 1907, pág. 33-49, v. IV. n. 3, dezembro 1908, Maceió, 1909, p. 9-19 e v. IV, n. 4, dez. 1913, p. 79-81, 23, ano 1944, Maceió, Imprensa Oficial, 1945, p. 7-21 e Revista do IAGA, v. VI, n. 1, ano 1904, p.47-61; Assembléias Legislativas Provinciais das Alagoas  Resumo Histórico pelo Dr.  Olympio Euzébio de A Galvão, Revista do IAGA, v. IV, n. 2, junho 1907, p. 59- 67; Calabar; Extrato do Livro “Estudos Sobre Porto Calvo”,  Revista do IAGA, v.VI, n. 1, jan./mar. 1915, Maceió, 1915, Livraria Fonseca,  p. 50-67; Notícia Biográfica e Genealógica Sobre o Padre Cipriano Lopes de Arroxelas Galvão; Memória Sobre os Conselhos Gerais da Província das Alagoas, 1829-1833  Revista IHGAL, v. II, n. 13, p. 73-82 e v. II, n. 14, dez. 1881, p. 105-122; Quadro das Comarcas, Cidades, Vilas e Paróquias das Alagoas (revista IAGA sessão de 9 de agosto de 1876, n. 9. Dezembro de 1876, p. 257.

Moacir Medeiros de Sant´Ana em seu Pilarenses Ilustres,  afirma ainda existirem os seguintes trabalhos: Alagoas: Limites, Figura, Extensão, Clima e Fundação das Alagoas; Riqueza Minerológica das Alagoas; Aldeia de Índios nas Alagoas; Produções Vegetais nas Alagoas; Engenho e Fabrico de Açúcar nas Alagoas; Pau Brasil; O Presidente Silva Neves; Curiosidades e Celebridades Históricas; Poço da Caldeira; Ainda Poço da Caldeira; Palmeiras; Batalha e Cerco de Porto Calvo; Naufrágio e Martírio do 1º. Bispo do Brasil; Calabar (1632 a 1635) in Almanaque de Lembranças Brasileiras, Rio de Janeiro, 1867; Últimos Dias de Calabar, capitulo VIII, do 2º. Vol. do livro Estudos Sobre Porto Calvo; Memória Descritiva e Histórica do Município de Porto Calvo, organizada por incumbência da Câmara Municipal da sede do referido município, escrita em abril de 1881, original de 88 p, in-fólio, pertencente à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a quem  foi oferecida, pelo autor, como resposta a um questionário, por ocasião da Exposição de História do Brasil de 1818; Quadros Administrativos da Província das Alagoas, inédito de 7 folhas, oferecido ao IHGB; Estudos Sobre Porto Calvo 1630?-1635, manuscrito que se encontra no IHGAL; Memorial Alagoano – Reminiscências  Históricas e Cronológicas – Efemérides do Mês de Janeiro (1633 -1880); Memorial Alagoano – Reminiscências  Históricas e Cronológicas – Efemérides do Mês de Fevereiro (1551 a 1881), manuscritos que também se encontram no IHGAL. Capítulo de livro: Sucinta Descrição do Município de Porto Calvo, in Contribuição para a História da Presença Holandesa em Alagoas (1632-1645), Roberval Santos da Silva (org.), Arapiraca: EDUNEAL, 2021, p.  175-186.

34 – Barão de Penedo

Barão de Penedo

O advogado e diplomata Francisco Ignácio de Carvalho Moreira nasceu em Penedo, Alagoas, no dia 25 de dezembro de 1815, no sobrado de dois andares, nº 26 da Rua do Comércio. Era filho do Capitão-Mor João Moreira de Carvalho (português de Aveiros) e Maria Joaquina de Almeida e Silva, natural de Santa Maria Madalena (Marechal Deodoro). Teve somente uma irmã de nome Cândida Lucinda. Sua família era proprietária de dois engenhos. Foi em um deles, o Santa Cândida, onde o menino Francisco Inácio viveu parte de sua infância.

Tinha 15 anos de idade, em 1º de agosto de 1830, quando o pai faleceu e a família foi morar na Rua Imperial da Corrente, renomeada como Rua Dâmaso do Monte.

Estudou inicialmente em sua cidade natal, mas concluiu o curso preparatório em Maceió, de onde seguiu, em 1834, para a Escola de Direito de Olinda, em Pernambuco. No ano seguinte, assumiu a direção da instituição o padre Miguel do Sacramento Lopes Gama, que impôs disciplina mais rigorosa para os alunos e recebeu deles críticas acirradas.

Em 1838, quando estava para concluir o curso, alterações nos exames de conhecimento provocaram atos de protestos dos estudantes, que eram liderados pelo jovem penedense e Francisco José Furtado. Foram denunciados como incursos no Código Criminal por ajuntamento ilícito. Abandonaram aquela Escola e foram concluir os estudos em São Paulo, onde se bacharelou no ano seguinte.

Foi em São Paulo que se casou, em 1840, com Carlota Emília de Aguiar e Andrada, sobrinha-neta de José Bonifácio de Andrada, o Patriarca da Independência. Tiveram três filhos e uma filha: Francisco, Arthur, Alfredo e Carlota. Os dois primeiros seguiram a carreira diplomática e Alfredo foi oficial da Marinha de Guerra. Sua filha casou-se com o Conselheiro Andrade.

Uma de suas mais importantes atuações ocorreu ainda em São Paulo, quando aceitou defender o brigadeiro Tobias de Aguiar, esposo da marquesa de Santos, que estava submetido ao Conselho de Guerra por sua participação na Revolução Mineira de 1842.

Ninguém queria sua causa: o brigadeiro tinha casado com a amante do pai do imperador. O futuro Barão de Penedo aceitou por ele ser parente de sua esposa. Conseguiu liberar os revoltosos argumentando que não havia competência na jurisdição militar para processá-los.

No Rio de Janeiro, para se transferiu com a família, rapidamente se destacou no mundo jurídico e estava entre os que tomaram a iniciativa, em 1843, para criar o Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil.

Por ocasião da comemoração do segundo aniversário deste Instituto, em 7 de setembro de 1845, Carvalho Moreira apresentou um estudo intitulado Da revisão geral e codificação das leis civis e do processo do Brasil, onde denunciava a Justiça como lerda e cara e chamava a atenção a Justiça Social.

Sua primeira participação na política se deu nas eleições de 1848, quando conseguiu ser eleito deputado geral por Sergipe. Atuou firmemente conta o tráfico negreiro e em aberta oposição ao Conselho presidido por Paula Sousa, até a dissolução da Câmara no ano seguinte.

Sua militância abolicionista foi destacada por Félix Lima Júnior em seu livro O Barão de Penedo: “Quem compulsar os Anais da Câmara, daqueles anos agitados […] lerá os vibrantes e aplaudidos discursos de Carvalho Moreira, exigindo que se tornasse efetiva a proibição do tráfego negreiro, batendo-se contra a imoral venda de escravos nas ruas da Corte…”.

Ainda em 1849 foi eleito novamente deputado geral, desta feita por Alagoas. Assumiu somente em 1850. Neste mandato fez parte da Comissão que elaborou o Regulamento do Código Comercial.

Em 21 de fevereiro de 1851, assumiu a presidência do Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil. Foi o segundo presidente da entidade.

Quando, em 1851, Paulino José Soares de Sousa (Visconde de Uruguai), então ministro dos Estrangeiros no Gabinete Monte Alegre, resolveu promover a revisão da lei que regulamentava o serviço diplomático brasileiro, convidou o jurista Carvalho Moreira para coordenar este trabalho.

As alterações realizadas sob a orientação do jurista penedense foram assim avaliadas em 1937 por Renato Mendonça na revista Vida Doméstica: “Não era apenas uma mudança radical que se imprimia aos nossos quadros representativos, dando-lhes uma eficiência e constituição tais que se tornou o modelo nas Américas“.

Seu envolvimento com o mundo da diplomacia brasileira o levou, em 18 de novembro de 1851, a renunciar ao mandato e abandonar a advocacia para assumir no ano seguinte os postos de Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário do Brasil em Washington. Seis dias antes já havia renunciado ao cargo de presidente do Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil. Deixou o país em abril de 1852.

Assim que desembarcou na capital dos EUA, manteve contato com o Secretário de Estado Daniel Webster, que demonstrou muito interesse em colher informações sobre a região Norte do Brasil, perguntando sobre a navegabilidade no rio Amazonas. Esse interesse fez o novo diplomata perceber que os americanos estavam de olho nas riquezas daquela região e tinham interesse em abrir o Amazonas para o comércio internacional.

O superintendente do Serviço Hidrográfico de Washington e astrônomo do Observatório Naval, oficial da Marinha dos EUA Matthew Fonataine Maury, afirmava que “a livre navegação do Amazonas é o maior benefício comercial que o povo do sul e Oeste — e mesmo aquilo que o povo dos Estados Unidos pode aspirar”. Argumentava que a bacia do Amazonas “não passa de uma continuação do vale do Mississípi”.

Houve reação brasileira e Duarte da Ponte Ribeiro foi enviado em missão especial a vários países da América do Sul para negociar tratados que excluíssem os cidadãos norte-americanos da navegação do Amazonas e do comércio interno da América do Sul.  A primeira vitória nesta batalha foi a assinatura do tratado de 23 de outubro de 1851, definindo que a navegação do Amazonas “pertenceria exclusivamente aos respectivos Estados possuidores das margens”.

Carvalho Moreira tinha receios quanto à política expansionista norte-americana e atuou com reconhecida competência para neutralizar tais ambições. Mas de nada adiantou seu empenho: anos depois, em 1866, o Rio Amazonas foi aberto para o mundo após campanha liderada por outro alagoano, Tavares Bastos.

Nesse período sua esposa ficou muito doente, o que o levou a pedir sua transferência para outro lugar, onde pudesse cuidar melhor da saúde dela. Houve demora nessa decisão e Carvalho Moreira pensou em desistir da carreira.

Após esta ameaça, foi nomeado para o mesmo cargo em Londres, onde chegou em 27 de agosto de 1855 e apresentou suas credenciais no dia 5 de setembro.

Diferentemente dos EUA, onde tentava afastar os interesses norte-americanos do Rio Amazonas, na Inglaterra tinha como uma das suas atribuições capturar o capital inglês para os investimentos na construção das estradas de ferro no Brasil, principalmente no Nordeste. Coube lhe também atuar nas negociações de crédito para este empreendimento, sendo muito elogiado pelos resultados obtidos.

Participou ainda da Questão Christie, ficando sob sua responsabilidade o rompimento das relações diplomáticas com a Grã-Bretanha em 1863.

Cumpriu ainda, em 1853, missão secreta em Roma, onde conseguiu o apoio da Santa Sé para a concessão de dispensas matrimoniais, considerando que, com a chegada ao Brasil de muitos estrangeiros, surgiram vários casamentos entre indivíduos de credos diferentes.

Em 1855, o imperador concedeu-lhe o título de Conselheiro. Recebeu do governo imperial o título de Barão de Penedo, em 29 de julho de 1864, pelos serviços prestados ao Brasil no âmbito da política internacional.

Morando em Paris após a Questão Christie, voltou às funções de ministro em 1865, defendendo a entrega de uma corveta encomendada aos estaleiros franceses e que estava retida por causa da neutralidade do governo desse país em relação ao conflito entre o Brasil e o Paraguai.

Ainda em 1865, quando foram restabelecidas relações diplomáticas com a Inglaterra, reassumiu seu posto em Londres, onde permaneceu até 1889. Recebeu, em 1866, o título máximo de doutor honoris causa da Universidade de Oxford, sendo o primeiro cidadão não americano a receber essa homenagem.

Em 1873, quando da Questão Religiosa, envolvendo os bispos de Olinda e Pará, foi enviado em missão especial ao Vaticano, a fim de obter da Cúria Romana a revogação dos atos dos referidos bispos, tendo conseguido do Papa Pio IX, por intermédio do Cardeal Antonelli, secretário de Estado, uma carta de censura aos prelados brasileiros.

Nesse meio tempo, porém, chegou a Roma a notícia da condenação de D. Vital, razão por que determinou o Sumo Pontífice que se inutilizasse aquela carta.

Em 1889, foi nomeado para servir na França, porém, em discordância com o regime republicano, foi demitido. Permaneceu em Paris, acompanhando o imperador exilado. Somente em 1902, regressou ao Brasil.

Em 8 de março de 1901 recebeu o título de sócio honorário do IHGA e, posteriormente, tornou-se patrono da cadeira 5 do IHGA. Patrono também da cadeira nº 3 da Academia Penedense de Letras e Artes. Sócio correspondente do IHGB, eleito em 1841.

Faleceu no Rio de Janeiro em 1º de abril de 1906, com incompletos 91 anos de idade.

Obras

A Cameleida ou A Congregação dos Lentes de Olinda (poema heróico-cômico-satírico), apresentada como obra póstuma do Dalai-Lama do Japão, São Paulo, 1839 (com Manuel Pereira da Silva e Francisco José Furtado); Necrológio do Doutor Manoel Joaquim Fernandes de Barros, Sergipe, 1840; Manual do Cidadão Brasileiro, 1842; Constituição Política do Império do Brasil, Seguida do Ato Adicional, da Lei de sua Interpretação e da Lei do Conselho de Estado, Rio de Janeiro, 1842; Da Revisão Geral e Codificação das Lei Civis e do Processo no Brasil, Rio de Janeiro, 1846; Do Supremo Tribunal de Justiça: Sua Composição, Organização e Competência. Memória, Rio de Janeiro, 1848; O Empréstimo Brasileiro Contraído em Londres em 1863, Paris, Vve. J. P. Aillaud, Gulard & Cie, 1864; Relatório Sobre a Exposição Internacional de 1862, apresentado a S. M. o Imperador pelo… Atlas dos Desenhos Referidos no Relatório da Comissão Brasileira, Londres, 1863, Thomas Bretell (2 v.); Brésil. La Colonie Blumenau, Paris, 1867; Missão Especial a Roma em 1873, XIII apensos da p. 111 a 165, Londres, Tip. de Abraham Kingdom & Cia., 1881; Mission Spéciale a Rome em 1873, Londres, Imprimerie d’Abraham Kingdon, 1883; O Bispo do Pará e a Missão a Roma, apêndices p. 105 a 115, Lisboa: Imprensa Nacional, 1887.

Traduziu anonimamente: Idades e Aventuras, composto por: As Idades do Homem, Idades da Mulher e Os Infortúnios de Eva, e publicado, em sua juventude, sem lugar nem data. Teria publicado A Exposição Internacional e a Educação.

35 – Roberto Calheiros

Roberto Calheiros de Melo

O médico Roberto Calheiros de Melo nasceu em Maceió no dia 26 de janeiro de 1821, filho de João Lins Calheiros (19 de maio de 1799 – 7 de agosto de 1880) e Úrsula Maria de Melo.

Inicia os estudos em Maceió e depois, em Salvador, Bahia, se interna no colégio dirigido pelo professor Abílio Cesar Borges. Concluído os preparatórios, ingressa na Faculdade de Medicina da Bahia, mas se forma no Rio de Janeiro em 1848.

Deputado provincial na legislatura 1850-1851 e na de 64/65, sendo nessa última, eleito pelo 1º distrito. Deputado Geral na legislatura 1857-60.

Nomeado 1º vice-presidente da Província de Alagoas em 1º de abril de 1854, tomou posse no governo em 26 de abril, permanecendo até 13 de outubro daquele ano (170 dias). Esteve na presidência em outros períodos, sempre substituindo o titular: de 4 de maio a 29 de outubro de 1855 (178 dias); de 11 de maio a 24 de outubro de 1856 (166 dias); de 19 de fevereiro a 16 de abril de 1859 (56 dias); de 24 de abril a 1º de maio de 1860 (7 dias); de 15 de março a 17 de abril de 1861 (33 dias); de 16 de março a 15 de dezembro de 1864 (274 dias); de 26 de junho e 31 de julho de 1865 (6 dias); e de 25 de outubro a 18 de dezembro de 1890 (54 dias). Coube a ele, como governante, promulgar, em 23 de novembro de 1890, a Constituição Estadual Republicana (Decreto nº 62).

Encerrou sua participação na política alagoana ao se eleger senador estadual para a legislatura 1891-92. Renunciou o mandato em junho de 1891.

Foi um dos fundadores do IAGA, do qual foi o 2º presidente, de 2 de dezembro de 1872 até o seu falecimento.

Em 1º de agosto de 1883, foi nomeado diretor do Asilo de Órfãs de N. S. do Bom Conselho, em Bebedouro. Cônego Costa não tinha aceitado a designação. Permaneceu neste cargo até o seu falecimento. Também presidiu a Sociedade Protetora da Instrução Popular, criada em 23 de dezembro de 1883 e dirigiu o Liceu de Artes e Ofícios.

Era Inspetor da alfândega de Maceió. Foi nomeado por decreto de 21 de fevereiro de 1866, após a demissão do bacharel João Antônio de Magalhães Bastos. Deixou a Inspetoria 25 anos depois, em 1º de fevereiro de 1892, após ter sido julgado impossibilitado por uma inspeção de saúde.

Casado com Joana Calheiros de Mello (26 de janeiro de 1820 – 23 de agosto de 1864), filha de João Gomes Calheiros e Maria Manoela de Vasconcelos (1801-????). Tiveram vários filhos: Clotilde Calheiros de Mello (1860 – ????); Filha Octávia Calheiros de Mello (30 de janeiro de 1863 – ????); Eulália Calheiros Lins; João Calheiros Lins; Maria Calheiros Lins e Úrsula Calheiros Lins.

Exerceu a medicina, em especial quando o cólera-morbo atacou Alagoas, fazendo de Atalaia o quartel general da luta contra a epidemia. Foi, ainda, professor de Geografia, Cronologia e História, do Liceu Alagoano, em Maceió, no período de 1849 a 1857. 51

Faleceu em Maceió às 5h30 de 3 de maio de 1895. Morava num sobrado da Rua do Saraiva, nº 44, trecho inicial da Rua da Alfândega, atual Rua Sá e Albuquerque.

Obras:

Discurso do Presidente, Revista IAGA, v. I, nº 4, 1874, p. 85-86; Discurso do Presidente, Revista do IAGA, v. I, nº 6, 1875, p. 151-153; Discurso do Presidente, Revista do IAGA, v. I, nº 08, p. 222- 223, comemorativos, respectivamente,  do 4º, 5º e 6º aniversários do Instituto.

36 – Inácio Passos

Inácio Passos nasceu em Penedo, Alagoas

O professor e poeta Inácio Joaquim Passos Júnior nasceu em Penedo, Alagoas, em 1811, filho de Inácio Joaquim Passos e Matilde Leal. Seu irmão, o poeta José Alexandre Passos, também é patrono de uma das cadeiras da AAL.

Casou-se com a jovem (Sebastiana) Accioly Cavalcante Passos, com quem teve os seguintes filhos: Cândido Passos Cavalcante e Souza Rolim (nasceu em 1851); Frederico Passos Cavalcante e Souza Rolim (nasceu em 3 de abril de 1853); Bevenuto Passos Cavalcante e Souza Rolim e Domingos Passos Cavalcante e Souza Rolim.

Foi deputado provincial em Alagoas nas legislaturas 1835-37; 40-41 e 44-45. Ocupou também a Tesouraria do Tesouro Provincial quando essa instituição se instalou em Alagoas. Em 1844 estava retornando à Promotoria Pública de Atalaia. Havia sido demitido no governo anterior. Pediu demissão em 3 de junho de 1845.

No dia 13 de setembro de 1850, foi demitido pelo Ministério da Fazenda do cargo de administrador da Mesa de Rendas da vila de Porto Calvo.

Professor, a partir de 1852, quando foi aprovado em concurso de Retórica e Poética, do Liceu Alagoano, tendo acumulado, ainda, a cadeira de Filosofia, até 1861, quando ambas as cadeiras foram extintas: o Liceu Alagoano cerrou suas portas por determinação da Lei nº 370, de 4 de julho de 1861, sancionada pelo presidente Antônio Alves de Souza Carvalho. Voltou a existir graças ao presidente João Marcelino de Souza Gonzaga, que assumiu a província em 10 de junho de 1863, e poucos meses depois fez publicar a Resolução nº 395, de 16 de novembro, definindo que a instituição voltaria a funcionar com todas as cadeiras necessárias para um bom aproveitamento escolar.

No relatório do Ministério da Guerra de 1886, sobre as contribuições dos brasileiros para a Guerra do Paraguai, consta que naquele ano Ignácio Passos já estava aposentado como professor do Liceu.

Esse mesmo relatório torna público que ele apresentou seus filhos, Bevenuto de Passos Cavalcante e Candido Passos Cavalcante e Souza Rolim, para o serviço militar nos Voluntários da Pátria. Ofereceu ainda 10% do seu ordenado para as despesas da guerra no Paraguai, estendendo essa contribuição até o fim da vida.

Dispôs-se também a trabalhar gratuitamente na secretaria da Guerra ou no Quartel General. Cedeu seus direitos sobre a obra, ainda manuscrita, Os direitos e os deveres das mulheres. Após a impressão, o livro seria vendido e os recursos apurados aplicados em socorro das mulheres que dependiam dos suprimentos dos Voluntários da Pátria.

Faleceu em 18 de novembro de 1868 (Jornal de Recife de 23 de novembro de 1868). Tinha 57 anos de idade.

Poesias e Outras Obras Literárias de Inácio Joaquim Passos Júnior, Maceió: Tip. do Partido Liberal, 1869, 2 v., organizada por iniciativa de Dias Cabral, incluindo uma análise crítica (segundo alguns, teria sido organizada por seu filho Domingos Passos);

Teve poesias suas publicadas no livro Lyra Alagoana, de 1887, organizado por Francisco C. de Sampaio Moeda.

Colaborou em periódicos, em especial em O Constitucional, órgão do Partido Conservador, do qual foi redator-chefe; no Diário das Alagoas, com artigos políticos, bem como em O Empregado Público. Deixou esboçados: Dicionário Filosófico e História de Penedo.

37 – Mesquita Neves

Mesquita Neves nasceu em Alagoas, atual Marechal Deodoro

O poeta Antônio Inácio de Mesquita Neves nasceu na cidade de Alagoas (Marechal Deodoro) em 1º de maio de 1824, filho de Inácio Neves e de Luzia Bárbara de Mesquita Neves (faleceu em Maceió em 27 de fevereiro de 1872). Casou-se Maria Leopoldina de Mello Neves e tiveram uma filha. Tinha um irmão guarda-livros de nome Francisco Ignácio de Mesquita Neves (faleceu em 30 de maio de 1871 no Rio de Janeiro) e irmãs.

Não se sabe sobre onde estudou, mas a partir de 1847 assumiu, por concurso, a 1ª cadeira de primeiras letras (instrução primária) da capital. Permaneceu por 10 anos nessa função. Também foi, entre 1852 a 1858, um dos redatores do Liberal, jornal do Partido Liberal.

Em abril de 1855, Mesquita Neves assumiu temporariamente a chefia da redação de O Tempo, o que fez elevar os desgastes políticos com Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, que foi presidente da província de Alagoas em três períodos: de 13 outubro de 1854 a 4 maio de 1855; de 29 de outubro de 1855 a 11 de maio de 1856 e de 24 de outubro de 1856 a 13 de abril de 1857.

Dias antes de deixar o governo, Sá e Albuquerque o demitiu do ensino de música no Colégio de Educandos Artífices e o removeu de professor público da capital para uma cadeira no interior da Província, em Cururuzinho, São José da Laje, rebaixando seus vencimentos de 700$000 para 400$000.

Ainda em 1854, em sua militância republicana, era o secretário e fundador da associação patriótica “Liberal Alagoana”, criada em Maceió naquele mesmo ano.

Em relatório apresentado na abertura dos trabalhos legislativos de 1856, Sá e Albuquerque já expunha suas insatisfações com o jornalista e professor da primeira cadeira da capital (eram três): “esse não quer mesmo ensinar. Sua matrícula consta esse ano apenas 38 alunos matriculados, sendo frequentada por 25!”.

Nesse mesmo período, era presença sempre elogiada nos eventos culturais da cidade, a exemplo das comemorações do 7 de setembro de 1854, como descreveu o correspondente do Diário de Pernambuco. “À noite deu-nos a sociedade dramática Maceioense a representação de um elogio dramático, cujo assunto era análogo ao grande fato que festejava. Muito apreciamos aquela obra, composta em lindos versos pelo habilíssimo professor Antonio Ignacio de Mesquita Neves, a quem damos os emboras [parabéns] pela sua bela composição…”.

Após sofrer perseguições por parte de Sá e Albuquerque, Mesquita Neves deixou Alagoas em 1857 e embarcou para o Rio de Janeiro, onde conseguiu trabalho em pouco tempo. Seu nome é citado nos jornais de 1859 como conferente da Caixa de Amortização, a secção de Assinatura, Troco e Resgate do Papel Moeda do Ministério da Fazenda. Morava na Rua do Ingá, nº 4 (São Domingos), Rio de Janeiro.

Foi nomeado para a Recebedoria do Rio de Janeiro em 1º de julho de 1873 e Inspetor da Alfandega de Porto Alegre dias depois (24 de julho de 1873). Pediu exoneração em 2 de agosto de 1876. Havia conquistado a aposentadoria do extinto cargo de ajudante do inspetor da Alfandega de Maceió. No Rio de Janeiro, foi homenageado com a comenda de Oficial da Ordem da Rosa.

Em 31 de janeiro de 1877, a aposentadoria foi revogada e o comendador Mesquita Neves nomeado para inspetor da Alfândega em São Luiz no Maranhão, onde permaneceu até 9 de maio de 1878. Em seguida foi para Pernambuco, ficando ali até ser dispensado em 23 de outubro de 1879. Voltou a esse cargo entre 15 de dezembro de 1879 e 1884. Interinamente, foi deslocado para Santos entre janeiro e agosto de 1881.

Com a proclamação da República e sendo amigo de Floriano Peixoto, foi nomeado, em 23 de novembro de 1889, secretário do interventor do Estado de Pernambuco, general José Simeão de Oliveira. Permaneceu até abril de 1890, quando pediu exoneração e embarcou para o Rio de Janeiro. Queria tratar da saúde.

Em 12 de janeiro de 1891 assumiu o cargo de conferente da Alfândega do Rio de Janeiro. Foi aposentado em 26 de março de 1891 com ordenado de 4:200$000. Tentou melhorar esses vencimentos, mas não conseguiu.

Seis meses depois, em 10 de julho de 1891, já aposentado, foi morar na Espanha em companhia da esposa. Era comissário de imigração em Barcelona. Cargo comissionado do Ministério das Relações Exteriores. Em março de 1892 foi nomeado auxiliar da comissão geral de imigração na Itália.

Faleceu na freguesia de Sacramento, Lisboa, Portugal, em 18 de abril de 1893. Tinha 69 anos de idade.

Obra:

Publicou em Maceió “Primeiros prelúdios de minha lira”, 1851.

Foi responsável pela primeira tradução e edição das Fábulas de Fedro no Brasil (Rio de Janeiro, 1884). Reunia 86 narrativas do grego Caio Júlio Fedro.

38 – Messias de Gusmão

Engenho Castanha Grande, em São Luiz do Quitunde, a principal propriedade de Messias de Gusmão

O advogado Manoel Messias de Gusmão Lira nasceu no Engenho Santa Maria, Camaragibe, Alagoas, em 25 de dezembro de 1847, filho do coronel Thomaz José de Gusmão Lira e de Maria Luiza Cavalcanti de Gusmão Lira.

Estudou, em Recife, no Colégio Padre Rafael e no Colégio de São Bernardo. Ainda naquela capital conquistou em 5 de novembro de 1869 o bacharelado na Faculdade de Direito do Recife.

Foi ainda proprietário do Engenho Levada em Camaragibe quando tinha apenas 22 anos de idade. Também foram seus os engenhos Roncador e Castanha Grande, em São Luís do Quitunde. Neste último passou a maior parte da sua vida.

O primeiro casamento de Messias de Gusmão, em 16 de janeiro de 1871, foi com sua prima Rosa da Cunha Cavalcante de Gusmão, falecida em 9 de junho de 1878, vítima de uma “metrorragia”. Rosa tinha placenta prévia, uma complicação obstétrica que interrompia suas gravidezes. Assim mesmo, conseguiu levar a termo uma delas e deu à luz a seu único filho, Antônio Cavalcante de Gusmão, que, posteriormente, foi morar no Rio de Janeiro. Rosa não sobreviveu ao parto dele.

segundo casamento, com sua cunhada e também prima Emília Pastora Cavalcante de Albuquerque Gusmão, ocorreu no dia 7 de julho de 1879. Tiveram os filhos Manoel Messias Cavalcanti de Gusmão Lyra, Thomaz Cavalcanti de Gusmão Lyra, Mário Cavalcanti de Gusmão Lyra, Maria Luiza Cavalcanti de Gusmão Lyra e Carlos Cavalcanti de Gusmão Lyra. Esta pesquisa encontrou somente as datas de nascimento de Manoel Messias (1880), no Engenho Roncador, e Carlos de Gusmão, no Engenho Castanha Grande em 11 de setembro de 1885. Emília Pastora faleceu em 2 de junho de 1893. Uma nota do Orbe de 2 de junho de 1897, a cita com o nome de Rosa Pastora da Costa Alencastro.

Messias de Gusmão, mesmo com diplomado em Direito, optou pelas atividades agrícolas e a política. A exceção foi a sua nomeação para inspetor do Tesouro Provincial de Alagoas entre 30 de maio de 1883 e novembro de 1889.

Foi um dos organizadores do “Comício Agrícola do Quitunde e Jequituba” (28 de maio de 1877), uma entidade que seria atualmente um misto de sindicato patronal com cooperativa. Foi uma das primeiras do Brasil. Organizava os senhores de engenho e plantadores de cana de açúcar da região Norte de Alagoas. Para divulgar os interesses dessa instituição, Messias de Gusmão criou, em São Luís do Quitunde, do jornal Município.

Representantes do Comício, que foi extinto em 1882, tiveram participação destacada no “Congresso Agrícola do Recife”, em 1878.

Em 1888 estava novamente envolvido com a organização do setor e foi um dos incentivadores e participantes da Liga Agrícola, que se propunha a debater os problemas da agricultura nos municípios do Norte do Estado.

Foi Messias de Gusmão também um dos fundadores e presidente da Sociedade Auxiliadora da Agricultura, criada em 8 de maio de 1901, logo após a realização (de 5 a 8 de maio) do Congresso Agrícola, em Maceió, evento organizado e presidido por ele.

Na política, conquistou seu primeiro mandato aos 31 anos de idade, quando foi eleito pelo Partido Liberal, deputado provincial para a legislatura 1878-79. Esteve na Assembleia Provincial também nas legislaturas 1880-81 e 1888-89.

Em Maceió, foi fundador, em 1888, com Pedro Nolasco Buarque de Gusmão, da Revista do Norte, do Partido Liberal, onde escreveu artigos sobre a necessidade de auxílio e proteção à lavoura. Deixou a Revista em fevereiro de 1889. Colaborou no Liberal e no Diário da Manhã e na Revista Agrícola Alagoana.

Era o 1º vice-presidente (nomeado em 23 de junho de 1889) do governo de Aristides Augusto Milton, iniciado em 6 de janeiro de 1889, quando assumiu interinamente a presidência da Província em 18 de junho, permanecendo até 1º de agosto daquele ano, quando assumiu o novo presidente, Manoel Victor Fernandes de Barros, que havia sido nomeado em 8 de julho.

Em 8 de outubro, Messias de Gusmão reassume interinamente aguardando a posse de Pedro Ribeiro Moreira (foi nomeado naquela data). Esse último presidente da monarquia desembarcou em Alagoas no dia 15 de novembro e imediatamente assumiu o governo. Quatro horas depois caiu junto com o império. Estava proclamada a República.

Messias de Gusmão foi eleito deputado constituinte e participou ativamente da elaboração da primeira Carta Estadual. Em seguida, conquistou o mandato de Senador Estadual (1891-92) e Senador Federal (1892-96). Foi eleito, em 24 de maio de 1892, pelo Partido Democrata. Ocupou a vaga de Pedro Paulino da Fonseca, que renunciou. Assumiu em 15 de julho de 1892 e permaneceu no Senado Federal até 31 de janeiro de 1897.

Era sócio do IHGAL quando faleceu em 29 de março de 1905 no Engenho Castanha Grande, em São Luiz do Quitunde.

Obra:

Relatório Sobre a Indústria Açucareira de Alagoas, apresentado à Conferência Açucareira de Pernambuco, realizada em 1905, poucos dias após sua morte. Existe a transcrição: Artigo Programa da Revista do Norte, Revista do IHGAL, v.25, Ano 1947, Maceió: Imprensa Oficial, 1949, p. 113-117.

Ofereceu ao IHGAL os trabalhos: Fisionomia do Parlamento Brazileiro em 1877 (Revista IAGA, ses. de 05/06/1877), e Estatutos do Comício Agrícola do Quitunde (Revista IAGA, ses. de 21/8/1877).

39 – Afonso de Mendonça

Afonso de Mendonça foi um dos principais estudiosos da agroindústria da cana de açúcar no Brasil

O médico Affonso José de Mendonça Júnior nasceu em 27 de agosto de 1858, em Alagoas, filho de Affonso José de Mendonça e de Idalina Maria. Era neto de Bernardo Antônio de Mendonça e de Ana Carolina Uchoa e bisneto do Ouvidor José de Mendonça de Matos Moreira e de Maria Josefa de Sousa Alarcão Ayala).

Concluiu na Bahia, em 14 de dezembro de 1881, o curso de Medicina ao apresentar e aprovar a tese Paralelo entre a cefalotripsia repetida sem trações e a operação cerarea.

Em 1884, no Orbe, foi publicado um anúncio informando que o “Doutor Affonso Mendonça, médico”, residia em “Muricy”. Em janeiro do ano seguinte continuava lá, mas não deve ter sido por muito tempo, considerando que em 15 de maio desse mesmo ano foi nomeado Inspetor de Saúde do Porto de Maceió, onde permaneceu até 5 de maio de 1887, quando foi eleito, em dezembro, deputado provincial.

Após a proclamação da República, foi eleito deputado estadual para a 1ª legislatura, a de 1891-92. Foi reeleito para seguinte (1893-94).

Foi fundador da Sociedade Alagoana de Agricultura e um dos principais estudiosos do país da agroindústria da cana de açúcar.

Era casado com Maria Luiza de Mendonça Uchoa, filha do dr. Diniz de Mendonça. Irmã do Dr. José Luiz Cavalcanti de Mendonça e de Leopoldo Cavalcanti de Mendonça.

Tiveram os seguintes filhos:

Maria Mendonça – batizada em Passo de Camaragibe em 2 de janeiro de 1893
Luiza de Mendonça – nasceu aproximadamente em 1893
Júlia de Mendonça – nasceu em 1894
Maria de Mendonça – batizada em Matriz de Camaragibe em 26 de dezembro de 1895
Maria Luiza de Mendonça – nasceu aproximadamente em 1896 e faleceu em 23 de dezembro de 1977. Foi casada com Leopoldo Cavalcanti de Mendonça (9 de janeiro de 1882 – RJ – ????).
Há o registro de outra Maria Luiza que faleceu em meados de setembro de 1908.
Esther de Mendonça – nasceu em 1899.

Afonso de Mendonça faleceu ao meio-dia de 16 de maio de 1905, vítima de arteriosclerose. Foi enterrado no dia seguinte no Cemitério São Francisco Xavier. Estava no Rio de Janeiro na casa do seu cunhado (Rua Duque de Souza, nº 16) aguardando embarcar para visitar as fábricas de açúcar de Cuba, Java e Havaí. Compunha uma comissão criada durante a 2ª Conferência Açucareira do Brasil, realizada em Pernambuco.

40 – Zadir Índio

Zadir Indio

Zadir Índio de Santa Cruz nasceu na cidade do Pilar, Alagoas, em 2 de novembro de 1880, (algumas fontes registram 1882). Era filho de Antônio S. de Santa Cruz e de Adelaide de Santa Cruz. Outras fontes indicam ser ele filho de Antônio Viveiros Sabugo e Adelaide de Viveiros. Moacir Santana cita os seus pais como Antônio Floriano Viveiros e Adelaide Viveiros.

Iniciou seus estudos no Pilar, continuando em Maceió, no antigo Liceu Alagoano, por volta de 1895. Chegou a estudar na Faculdade de Medicina da Bahia até o terceiro ano, mas não continuou por falta de recursos.

Em Maceió, onde chegou com a experiência de ter escrito para diversos jornais do Pilar, publicou em 17 de abril de 1898, em O Vigilante, o conto O Órfão. Assinava Z. Índio. Era também colaborador do semanário O Matuto, onde publicou nesse mesmo dia, 17 de abril de 1898, o conto O Presente.

Sua destacada presença nos jornais o levaram a ser eleito, em novembro de 1898, presidente do Grêmio Literário Dias Cabral.

Contribuiu para o quinzenário O Madrigal e foi redator-chefe de O Trocista. Publicou também, n’A Brecha, em 1902, a polêmica literária com Arnaldo Pedrozo (pseudônimo de Taurino Baptista). Foi ainda colaborador no Correio de Maceió e no Jornal de Alagoas.

Ainda em 1902, publicou pela Tipografia Fonseca o romance naturalista O Vencido. Nesse mesmo ano, em novembro, embarcou para o Rio de Janeiro, onde foi recebido pelo tio Oliveira e Silva, que também cuidou de encaminhar outros dois sobrinhos, Pedro da Costa Rego e Rosalvo da Costa Rego, que foi bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Indicado por Oliveira e Silva, Zadir Índio, foi ser Revisor na Gazeta de Notícias, função que exerceu até 1911, quando o diretor daquele periódico, Paulo Barreto, o João do Rio, descobriu seus talentos e o levou para a Redação.

Autor de diversas crônicas literárias, destacou-se ao escrever um artigo que sobre o incidente entre Paulo de Frontin e Theodomiro Santiago, ocorrido durante a visita ao gabinete eletrotécnico de Itajubá.

Em 1916, transferiu-se para A Época, tornando-se ali o Secretário do jornal. Foi diretor da Revista das Revistas. Fundador do Rio-Jornal, nele escreveu artigos sobre economia, finanças, história, crítica literária, crônica mundana, e em especial acerca do seu assunto predileto: estudos filosóficos.

Abordava essa diversidade de temas por ter larga cultura, espalhando seus conhecimentos pela história geral, filosofia e ciências sociais. Falava inglês, francês, alemão, italiano e espanhol, bem como o latim e o grego. Chegou a iniciar estudos para dominar a língua russa.

Faleceu às 11h do dia 17 de outubro de 1918, no hospital da Cruz Vermelha Brasileira, vítima da Influenza (Gripe Espanhola). Tinha 36 anos de idade. O sepultamento foi no mesmo dia no Cemitério São João Batista.

Na crônica A morte de um pensador obscuro, Ribeiro Couto o descreve assim:

Zadir Índio era ‘uma água profunda’, como disse uma vez Nilo Bruzzi. Morre obscuro porque ele bem sabia da inutilidade de escrever no Brasil. Só os seus companheiros de trabalho e alguns raros amigos, ficarão para sempre com o seu nome nos lábios, na angústia horrível de uma saudade imortal”. (Tribuna, Santos, 28 de outubro de 1918).

O jornalista Theo-Filho também comentou o seu desaparecimento em uma crônica no jornal Beira-Mar, em 15 de julho de 1939:

“Zadir Índio morreu de maneira lastimável, entre as quatro paredes de um cômodo da rua Evaristo da Veiga, durante a epidemia da Gripe de 1918…”.

Obras:

O Vencido, Maceió: Tipografia Fonseca, 1902 (romance naturalista); De Volta, Revista da AAL, nº 14, p. 305 (Antologia do Soneto Alagoano). Teria deixado inconcluso o “Romance de Carlos Teles”.

***

Fonte principal para as biografias: ABC das Alagoas; Os três volumes de Alagoanos Ilustres, de August de Vaz Filho; Resumo Histórico Antrpogeográfico do Estado de Alagoas, de Tancredo Moraes, e vários números das revistas do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.

3 Comments on A imortal Academia Alagoana de Letras

  1. Carlos Volney Alves Leite // 29 de novembro de 2022 em 08:35 //

    Belíssimo relato, como sempre. Parabenizo ilustre amigo pelos excelentes textos publicados no site História de Alagoas.
    Preservando a memória alagoana e deixando um rico legado às novas gerações.

  2. Gostei muito de receber essa publicação. Passo a contar com bom sumário de figuras importantes da literatura de Alagoas, e para ele voltarei quando de futuras pesquisas.

  3. H.Schwartz // 11 de junho de 2023 em 07:53 //

    Muito gratificante poder conhecer mais desses grandes nomes que tanto orgulham nossa Alagoas.
    Tenho frequentado bastante a Academia Alagoana de Letras devido homenagens a Jorge de Lima e também o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Cada vez que nesses locais me encontro, me emociono e agradeço a oportunidade única de ouvir as histórias, curiosidades e conquistas da nossa gente. Lamento que muitos das novas gerações não compartilhem dessa percepção.

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