Alagoas e o Serviço Social perdem madre Zely Perdigão

Made Zeli Perdigão e irmã Lourdes Mafra. Foto Edberto Ticianeli

Madre Zely Perdigão nasceu em São Luís do Maranhão. Foto Edberto Ticianeli

Natural de São Luís no Maranhão, Zely Perdigão Lopes veio para Maceió em 1963, convidada por dom Adelmo Machado para dirigir a Escola de Serviço Social Padre Anchieta.

Pertencia a congregação das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, corporação que surgiu em Campinas, São Paulo, em 1928, por autorização de dom Francisco Carlos Barreto. Não utilizam os tradicionais hábitos religiosos e foram as primeiras a estudarem em universidades.

Zely Perdigão Lopes nasceu em São Luís, no Maranhão em 6 de julho de 1920. Filha de José d’Andrade Lopes e de Zeila Perdigão Lopes, recebeu o diploma de professora normalista em 1937, no Colégio Santa Tereza.

Em 1941, foi secretária da Delegacia Regional do Trabalho na capital maranhense, cargo que ocupou até 1948. No início dos anos da década de 1950, foi morar no Rio de Janeiro, onde ocupou, entre 1950 e 1952, a secretaria da Casa da Empregada Doméstica.

Voltou ao Maranhão para cursar Serviço Social. Ainda estudante, estagiou na Creche Elvira Maia Pereira e na Fábrica de Tecido Cambôa.

Quando, em 1958, recebeu o diploma de graduada em Serviço Social, já era diretora do Centro Educacional São Luís, função que ocupou até 1962.

Maceió

Convidada por dom Adelmo Machado, chegou a Maceió em 1963 para assumir a direção da Escola de Serviço Social Padre Anchieta, substituindo Zilda Galrão Leite, que estava no cargo desde a fundação em 1955.

Considerada como progressista, madre Zely iniciou uma nova fase na instituição, período em que o movimento estudantil participou ativamente da vida da Escola Padre Anchieta.

Por suas posições políticas, é lembrada pelos estudantes que conviveram com ela por ajudar a formar uma geração de profissionais comprometidos com as causas sociais.

O professor Radjalma Cavalcante, que à época era presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia, a considerava como fazendo parte de um grupo da Igreja Católica comprometido com a libertação dos oprimidos.

“Durante o período ditatorial, a direção da Escola de Serviço Social, com madre Zely e irmã Lourdes Mafra à frente, apoiava a luta e a participação dos alunos nos movimentos que visavam a transformação da sociedade”, lembra Radjalma, ao destacar que isso acontecia numa unidade universitária isolada, ligada à Arquidiocese e que não sofria o controle dos militares.

O professor Radjalma recorda ainda que os estudantes perseguidos sempre encontraram na madre Zely o apoio constante, inclusive com a mobilização das autoridades eclesiásticas para as suas defesas. “Havia ainda o suporte emocional às famílias e o acolhimento fraternal necessário aos que sofriam violação de seus direitos e foram atingidos em sua dignidade humana”, testemunha Radjalma Cavalcante.

Em 1972, a Universidade Federal de Alagoas assumiu o Curso de Serviço Social e convidou madre Zely para continuar o trabalho que desenvolvia na Escola Padre Anchieta. Ela recusou e preferiu desenvolver sua atividade religiosa em União dos Palmares, além de participar da organização da Escola de Ministérios.

Por seus feitos, madre Zely Perdigão recebeu, em maio de 2012, a Comenda Tavares Bastos, honraria aprovada por unanimidade da Assembleia Legislativa. A proposta foi do deputado Judson Cabral. Também recebeu o título de Dra. Honoris Causa concedido pela Universidade Federal de Alagoas.

Prestes a completar 97 anos de idade, madre Zely faleceu em Maceió na manhã do dia 11 de abril de 2017.

5 Comments on Alagoas e o Serviço Social perdem madre Zely Perdigão

  1. Carlos Lima // 11 de abril de 2017 em 13:03 //

    Grande testemumho cristão. Tive a honrar de conviver com essa pessoa especial, dedicanda a transformação da nossa sociedade. Sempre ao lado dos empobrecidos.

  2. André José Soares Silva // 11 de abril de 2017 em 13:39 //

    ” A vida dos Justos está nas mãos do Pai.”
    Descanse em paz Madre Zely

  3. Rose Mary de Araújo // 11 de abril de 2017 em 15:11 //

    “O justo vive pela fé” e sua prática junto aos mais fracos e oprimidos lhe valerá a eternidade!

  4. Nádia Rodrigues // 11 de abril de 2017 em 19:10 //

    Madre Zely também recebeu o título de Dra. Honoris Causa concedido pela Universidade Federal de Alagoas.

  5. Obrigado pela informação, Nádia. Já acrescentei no texto.

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