Jornalismo alagoano perde Carivaldo Brandão
Fundador e portador da matrícula nº1 do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas, o jornalista faleceu ontem à noite (22)
José Carivaldo Brandão nasceu em São Miguel dos Campos em 1931. Começou no jornalismo em meados dos anos 40, atuando como revisor, repórter e redator do Jornal de Alagoas.
Fundou e foi o primeiro presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas, em 1959. Sete anos depois, em 1966, voltou a presidir o Sindjornal. Sua matrícula do sindicato era a nº 1.
Segundo o jornalista Enio Lins, é provável que Carivaldo também tenha sido “o primeiro chargista a publicar de forma sistemática, profissional, ilustrações na imprensa alagoana”.
Em 2006, Carivaldo foi homenageado pelo Sindjornal com a Medalha Denis Agra, oferecida a ele durante o Prêmio Banco do Brasil/Petrobras de Jornalismo.
Oswaldo Simões Braga, ao escrever sobre as histórias do Jornal de Alagoas, narra o seguinte episódio envolvendo Carivaldo Brandão:
“Certa vez correu a notícia de que o Carivaldo havia ‘faturado’ uma empregadinha no pé de escada da Redação. Espalhada a fofoca, chegou aos ouvidos do diretor, Ulysses Braga Júnior, um homem reconhecidamente calmo, tranquilo.
Já à noite tínhamos a versão de que o diretor havia chamado o Carivaldo às falas. E ele negava repetidas vezes: ‘Doutor Ulysses, eu não fiz isso’. O Tancredo, porém, contribuiu com essa suspeição: ‘O Carivaldo é de São Miguel dos Campos. Lá comeram até o Bispo…‘ E a dúvida persistiu.”
No texto “Paixão e morte de um coqueiro“, escrito para o livro comemorativo dos 80 anos do Jornal de Alagoas, em 1988, Carivaldo lembra a sua atuação no episódio da queda do Gogó da Ema em 1955.
Ele estava na redação do jornal quando chegou a informação de que o velho coqueiro torto tinha caído. Era noite e chovia muito. Em companhia do repórter fotográfico Virgilito Cabral e de Mário Sobral Araújo, que os levou em um automóvel para o local, na Praia de Ponta Verde.
“Na minha avidez pelo ‘furo‘ jornalístico eu me sentia diante de uma guloseima profissional, pois tinha assegurada a exclusiva manchete da manhã seguinte”, recordou.
No dia seguinte, pela manhã, quando estava no estúdio do fotógrafo Virgilito, quando a mãe deste comentou: “Minha gente, por que não procuram levantar o Gogó da Ema?”
Com dúvidas sobre essa possibilidade, Carivaldo procurou o agrônomo Jesus Geraldo Parentes Fortes e o levou até onde estava o coqueiro tombado para uma avaliação. Resolveu-se que valia a pena tentar colocá-lo de pé.
Dois dias depois, foi montada uma operação para reerguê-lo. Coordenaram a iniciativa o coronel Mário de Carvalho Lima, comandante da PM (pai do Carlito Lima), Théo Brandão e Carivaldo Brandão.
Soldados do Corpo de Bombeiros foram mobilizados, mas, mesmo recolocado de pé com a ajuda dos engenheiros agrônomos, o Gogó da Ema não conseguiu sobreviver.
Carivaldo Brandão escreveu que a recuperação não aconteceu porque logo após a queda “mãos insensíveis e ignorantes se apresentaram em flagelá-lo mais ainda, a golpes de facão, mutilando sua preciosa folhagem”.
Com 85 anos de idade, Carivaldo faleceu na noite desta terça-feira, 22 de março de 2016. Durante o seu sepultamento, na tarde do dia seguinte, familiares, amigos e autoridades renderam a última homenagem a quem dedicou sua vida ao jornalismo alagoano.
EU, VENICIO MACIEL DO NASCIMENTO, HOJE COM 53 ANOS, CONHECI O SR. CARIVALDO AINDA GAROTO COM UNS 14 ANOS. ELE ME LEVOU PARA TOMAR CONTA DA CASA DE PRAIA NA ILHA DE SANTA RITA, ONDE MORAVA A MÃE DELE. FUI BEM TRATADO POR TODOS. MORAVA NA PERIFERIA NO BAIRRO DO REGINALDO. NUNCA DEIXEI DE AGRADECER POR ELE TER ME ENSINADO COISAS BOAS. HOJE POSSO DIZER SOU UM CIDADÃO RESPEITADO. QUE DEUS ESTEJA
AO SEU LADO SR. CARIVALDO.
muito bom belo
Hoje, meu querido, respeitado e amado voinho, estaria completando 86anos de idade. Parabéns Vozinho!!