Joaquim Leão: liderança maior dos pequenos comerciantes de Maceió
Natural de União dos Palmares, onde nasceu em 28 de agosto de 1895 na Fazenda Riacho Seco, Joaquim de Barros Leão era um dos 19 filhos de José de Barros Leão e de dona Rosa, semialfabetizados e fornecedores de cana para a Usina Serra Grande.
Iniciou os estudos na escola mais próxima, que ficava no povoado Caçamba, nos arredores de União dos Palmares. Como aos dez anos já estava trabalhando como balconista numa loja em São José das Laje, interrompeu os estudos quando contava somente com o curso primário.
Saiu de São José da Laje, já maior de idade e casado com Georgina Neves, para morar em Maceió, onde utilizou suas economias, reforçadas pela ajuda do pai, para instalar no Mercado Público uma pequena loja de tecidos. Do casamento nasceram as filhas Ivone, Ivete, Anilda, Hilda, Arione, Leide e Ivonise.
Conseguiu prosperar e fundou a Casa Leão, especializada em ferragens e localizada na antiga Rua do Açougue, atual Avenida Moreira Lima. Com sua postura correta, não demorou a ser um dos mais influentes e conceituados comerciantes de Alagoas. A Casa Leão passou a ser uma das maiores do estado.
Sua ascensão econômica o levou a ser representante dos interesses do comércio alagoano, participando de congressos e eventos em outros estados. Quando fazia explanação sobre o desempenho do setor, revelava aguçada inteligência e o conhecimento profundo que tinha do comércio. Ninguém poderia supor que sua formação escolar fora limitada.
Essa projeção como comerciante e representante do setor levou Joaquim Leão a ser eleito deputado estadual em 1935 e constituinte de 1945. Seus mandatos em defesa dos comerciantes e dos mais humildes o colocou contra interesses dos governantes, tendo que enfrentar atitudes violentas dos adversários, principalmente quando denunciava o banditismo no Sertão.
Escapou de alguns tiroteios quando fazia comícios no interior do estado. Sua filha Anilda Leão testemunhou que um desses complôs foi armado por um tal tenente Gastão. No segundo mandato, teve sua casa apedrejada com paralelepípedos, que provocaram ferimentos em sua filha e esposa doente, agravando os seus problemas de saúde.
Administrador
Em fevereiro de 1952, nomeado pelo governador Arnon de Melo, assumiu a prefeitura da capital. Mesmo sendo em mandato interino, Joaquim Leão realizou várias obras e conseguiu restaurar o crédito do poder executivo municipal, sem aumentar impostos ou taxas.
Deixou dinheiro em caixa para o seu sucessor, coronel Lucena Maranhão, mas teve que adotar atitudes antipáticas. Demitiu quase a metade dos funcionários da prefeitura que estavam, segundo ele, ociosos. A maioria era de apadrinhados políticos nomeados nos últimos dias do governo anterior.
Disputou com o coronel Lucena a primeira eleição constitucional para prefeito de Maceió. Perdeu por ter sido duramente atingido pelos adversários em virtudes das demissões de servidores.
Em 1962, em protesto pela elevação dos impostos e taxas promovida pelo governador Luiz Cavalcante, cerrou as portas do seu estabelecimento por 24 horas. Como as arbitrariedades continuavam, resolveu fechar definitivamente a loja.
Segundo Anilda Leão, o desgosto com a política e com os negócios o levou a ficar recluso no casarão da Av. Tomás Espíndola, onde, com tristeza, se dizia decepcionado com os que se diziam amigos e que o traíram.
Outras atividades
Logo após fechar a Casa Leão, dirigiu o Fomento Agrícola de Alagoas, órgão da Secretaria de Agricultura. Foi ainda, durante 22 anos, diretor do Orfanato São Domingos. Como presidente do Banco dos Retalhistas, conseguiu retirar a instituição de uma crise que ameaçava fechá-lo.
Fundou e dirigiu a Sociedade dos Retalhistas. Durante sua gestão foi adquirido o palacete do Barão de Atalaia na Rua 2 de Dezembro, que hoje tem o seu nome. Foi ainda membro da Associação Comercial, da Previdência Alagoana, do Conselho Fiscal do Banco do Estado de Alagoas, do Rotary Club e de várias instituições beneficentes.
Faleceu no dia 30 de outubro de 1976, aos 81 anos. Após a sua morte, recebeu homenagens, tendo o seu nome aprovado para designar a antiga Praça São Vicente. No dia 14 de março de 1985, o governador Theobaldo Barbosa inaugurou o Conjunto Habitacional Joaquim Leão, no Vergel do Lago.
Fonte principal: Pesquisa de Anilda Leão para o fascículo nº 19, de 26 de abril de 1998, de Memórias Legislativas, publicado pela Assembleia Legislativa de Alagoas.
Gostei muito do documentário, não conhecia a história de Joaquim Leão. Muito interessante, ele era um sábio, nosso país carece de pessoas assim nos dias atuais.
Pena que não existam mais políticos assim. Gostei de saber que o conjunto que eu moro leva o nome de uma pessoa, um político, decente.
Meu avô, que bom saber isso. Cresci e fui educada com simplicidade em São Paulo , assim como eu todos os meus irmãos , sentimos que a honestidade sempre foi a palavra chave para a formação do caráter, em todas as empresas que trabalhamos tentávamos nos empenhar, ganhando honestamente o seu salário.
Ser honesto, neste mundo, faz seu padrão de vida não subir tanto, por isso agradeço pelo avô que tive.
Ele é tio da Minha mãe, Maria do Carmo Leão da Silva.
Minha mãe fala dele até hoje e segundo ela o pai dele, o Sr. José de Barros Leão era Português.
Em nome da família, receba, amigo, além do nosso respeito e admiração, nosdo carinho. Joaquim Leão é avô de Lausanne, minha esposa. Todos temos por ele, a maior admiração e guardamos dele os exemplos.
Parabéns pela matéria publicada e um grande abraço a todos os familiares dele.