Murici do Frei Domingos
O município que nasceu à sombra de um "muricizeiro bravo"
Os primeiros registros das terras do futuro município de Murici são de 1724, quando sesmarias foram doadas aos líderes das expedições que participaram dos combates ao Quilombo dos Palmares.
Os ocupantes iniciais conhecidos foram: José da Cunha, alferes de terço paulista da Companhia dos Palmares (sesmaria concedida em 14 de setembro de 1824); sargento Duarte Ramos Furtado (irmão do primeiro sesmeiro) e o alferes Antonio Vieira do Prado.
A José da Cunha e Antonio Vieira foram concedidas duas léguas de terras e a Duarte Ramos, uma légua, envolvendo uma área que ia da barra do rio Calogi (atual Bulangi) para cima, e do rio Mundaú para o sertão. Os irmãos Cunha e Furtado ainda foram beneficiados pela concessão feita ao pai, alferes João Gonçalves Taborda, em 20 de agosto de 1758.
Estas terras foram, posteriormente, adquiridas pelo Padre Bento, que doou parte delas para a Irmandade do Santíssimo Sacramento de Atalaia, do município de Atalaia, onde estavam as terras muricienses.
O monge Frei Domingos é considerado o fundador de Murici. Foi ele quem, segundo tradição oral, plantou um “muricizeiro bravo” por volta de 1810 em um local próximo onde hoje se acha a Estação Ferroviária.
À sombra da árvore paravam os viajantes para descansar e vender produtos. Logo surgiu um pequeno comércio no local, embrião do povoamento.
Antes de tornar-se cidade, o povoado de Murici pertenceu à antiga Vila dos Macacos, que também se denominou Imperatriz, Santa Maria Madalena, União e, atualmente, União dos Palmares.
Os moradores da antiga Imperatriz eram conhecidos como “macaquitos da Imperatriz”. Foram eles que construíram uma capela para Nossa Senhora da Conceição e casas, chamadas de “testa de bode” e destinadas à compra de algodão em rama, uma das primeiras culturas da região.
No início do século XIX já existia o povoado, como registrou o padre Joaquim Lopes, português perseguido pelo movimento mata-marinheiros e que foi morar no sítio das Pedreiras, sendo o fundador do primeiro grêmio político.
A primeira capela do local foi erguida em invocação a Nossa Senhora da Conceição por moradores liderados por José Pais e Antonio José Fernandes.
No local da pequena capela foi construída entre 1880 e 1881 pelo frei Cassiano de Camachio, a igreja de Nossa Senhora das Graças, a nova padroeira por indicação do frade franciscano. O vigário era padre José Roberto da Silva.
Também por iniciativa do frei Cassiano de Camachio foi reconstruído o cemitério, que se achava degradado naquele período.
Em meados do século XIX, Alagoas ficou dividida politicamente entre os partidos Conservador e Liberal (Lisos e Cabeludos). O presidente da província, Souza Franco, tentou impor seu sucessor, mas houve reação em armas dos Lisos.
O principal e mais violento embate desta disputa aconteceu em Murici no dia 18 de março de 1844, quando forças muricienses comandadas pelos coronéis Vieira Peixoto e Vicente Ferreira de Paula enfrentaram as forças governamentais do coronel Seara, que impôs derrota aos rebelados de Murici.
Os atritos políticos em Murici voltaram a ser acirrados no período entre 1855 e 1860, quando ocorreu um grave incidente na igreja local, com mortes.
Durante o dia da eleição, 40 homens armados e comandados por pessoas ligadas ao Barão de Jequiá invadiram a igreja matando alguns adversários. O massacre não foi maior graças à intervenção do padre Joaquim Lopes, que empunhou a imagem de Cristo e serenou os ânimos.
Outra agitação política foi registrada quando o Barão de Jaraguá quis derrubar a Junta Governativa composta pelo capitão Bruno Ferreira, Vasco Marinho, Gama de Melo, Vieira Peixoto, Cônego Calheiros e representantes das famílias Holanda e Cansanção.
A presença de índios na região foi anotada em 1862, com o registro da existência da aldeia Urucu, com 787 indivíduos.
Na Serra dos Cacos, Fazenda Porto Velho, foram encontrados restos de potes, panelas de barro, cachimbos, colares e outros utensílios indígenas. A tradição oral informa que eram índios da tribo Caués, possivelmente dos Caetés.
Em 1873, Murici tinha instalado o 1º Esquadrão de Cavalaria e possuía 24 engenhos de fazer açúcar. No ano seguinte já eram 26 engenhos.
A maior liderança política do município neste período foi Ildefonso Lopes Ferreira de Omena. Era um militar suplente do Juiz Municipal e proprietário da única padaria e de uma loja de fazendas e molhados, além de senhor de muitos escravos.
Com a inauguração da via férrea em 12 de novembro de 1882, o desenvolvimento da vila se deu de forma acelerada, ampliando-se o comércio e a exportação.
No segundo ano da República, o general Floriano Peixoto, futuro presidente e casado com uma muriciense, era proprietário de três engenhos em Murici: Duarte, Itamaracá e Riachão da Serra.
No final do século XIX, Murici tinha uma economia baseada principalmente na cultura da cana-de-açúcar. Havia ainda a exploração do algodão, mandioca e outros legumes. Mesmo com excelentes pastos, a pecuária bovina era limitada.
Em 1902, Murici já tinha 72 engenhos. A indústria local atuava no descaroçamento do algodão e na produção de açúcar, álcool e aguardente. A extração de madeira também era fonte de riqueza.
No livro Terra das Alagoas, de Adalberto Marroquim, publicado em 1922, Murici aparece como sede de 60 engenhos banguês e três usinas de açúcar. A mais importante era a Usina Esperança do Coronel Antonio Braga Filho.
Nesse período, Murici tinha uma igreja, duas capelas, quatro escolas na sede e mais seis espalhadas pelos povoados.
Em 1952, as usinas Alegria, Bititinga, Campo Verde e São Simeão compunham a coluna dorsal da economia do município.
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Murici pela lei provincial nº 382, de 27 de julho de 1861.
Elevado à categoria de vila com a denominação de Murici, pela lei provincial nº 626, de 16 de março de 1872, desmembrado de Imperatriz (mais tarde União). Sede na antiga povoação de Murici. Constituído do distrito sede. Instalado em 3 de junho de 1872.
Elevado à condição de cidade com a denominação de Murici, pela lei estadual nº 15, de 16 de maio de 1892.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão administrativa referente ao ano de 1933.
Em divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, o município aparece constituído de 2 distritos: Murici e Branquinha.
Pela lei estadual nº 2435, de 30 de novembro de 1938, foi criado o distrito de Floriano e anexado ao município de Murici.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de 3 distritos: Murici, Branquinha e Floriano.
Pelo decreto-lei estadual nº 2909, de 30 de dezembro de 1943, o distrito de Floriano passou a denominar-se Messias.
Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1950, o município é constituído de 3 distritos: Murici, Branquinha e Messias.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1º de junho de 1955.
Pela lei estadual nº 2216, de 28 de abril de 1960, o distrito de Messias deixa de pertencer ao município de Murici para ser anexado ao município de Flexeiras.
Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960, o município é constituído de 2 distritos: Murici e Branquinha.
A lei estadual nº 2446, de 18 de maio de 1962, desmembrou do município de Murici o distrito de Branquinha, elevando-o à categoria de município.
Em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1963, o município é constituído do distrito sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Fonte: IBGE e o livro Murici, de Diógenes Tenório Jr.
Amei saber de toda história de Murici e viajar no passado! Não sou natural da cidade, mas me sinto, pois cresci nesta cidade maravilhosa. Parabéns pela pessoa que teve iniciativa de fazer está bela homenagem.
Gostei demais de ler sobre a História de Murici, minha cidade e onde tive a honra de ser Vereador por 7 anos.
Achei muito interessante saber um pouco da história da cidade onde nasci e fui criado.
Amei rever a minha querida terra natal, não sabia muito da origem dessa cidade que tanto amo. Obrigada as pessoas que tanto fizeram por Murici. Sou Sônia Adriano, filha de Manoel Adriano de Oliveira e de Neci Alves de Oliveira. Meu Pai foi o fundador do bloco de Carnaval Tudo Azul. A quem interessar posso dar maiores detalhes. Estou no Facebook com o nome Sônia Bafica (nome de casada). Estarei disponível. Obrigada, espero ajudar. Estou feliz neste breve passeio ao meu tão feliz passado em minha terra natal.
Gostei de ver em fotos o que tive a oportunidade de ter participado desse tempo.
Muitos filhos dessa terra foram expulsos por coronéis que matavam ou mandavam matar seus pais! Oxalá que a nova geração seja mais humana e menos ambiciosa.
Bom dia ,sempre que tenho tempo venho para internet para conhecer um pouco da historia da cidade natal de meu pai, faz um ano e um mês que ele faleceu e ele sempre me contava como foi a vida dele nesta cidade ,veio embora para minas e educou os filhos aqui na cidade de Juiz de Fora, já tentei localizar algum familiar dele mas nunca obtive exito e ele se foi com a tristeza de não saber o paradeiro de seus irmãos ,sei que 50 anos é muito tempo para poder localizar alguém mais não impossível e é por isso que sempre escrevo para que alguém possa ler e quem sabe obter uma boa noticia ,meu pai se chamava Lourival Amorim da Silva ,caso alguém tem algum parente que viveu no ano de 1954 pode ter conhecido. Meu e -mail para noticias é kellsal@yahoo.com.br ,me chamo RAQUEL
MuitO bom conhecer um pouco mais da minha cidade amada..
Amei ler essa história da cidade que tanto amo. Aqui nasci, cresci, casei, serei pai de uma menina, em breve e é aqui que luto todos os dias, para fazer de Murici, o melhor lugar do mundo. Agradeço a quem escreveu. Raquel, me envia um email. Vou tentar te ajudar. wallymp@gmail.com
conheci esta cidade por dez anos sou de sao paulo
nasci nessa bela cidade,hoje moro no rio de janeiro em nova iguaçu.quando tenho tempo entro na internet para ver as noticiais de alagoas,foi bem elaborada essa reportagem.
sai de sao paulo e fui morar em murici la eu era conhecido como aldo joguei bola no guadalajara do seu ze laercio no pau darco no gremio do cicero epocas boas voces da cidade deveriam colocar fotos dos antigos clubes como o cruzeiro do eduado ,flamengo do ivanildo usina sao simeao, bititinga pau darco do tonho boi murici do renam mais valeu pelas fotos.
Beto Alagoano Lima,Amei e saber um pouco da história da minha terra MURICI ALAGOAS.
Amei ver fotos desta cidade linda meu Murici me criei na usina alegria que foto bonita da usina onde foi meu aprendizado morei e trabalhei 17 anos na usina são simeão muita lembrança boa que saudade
Boa tarde! Sou natural do Rio de Janeiro, mas minha avó nasceu no município de Branquinha e me contava muita historia sobre uma figura imponente que viveu nessa cidade chamado Pedro Cansanção. Gostaria de saber se existe algum registro sobre ele e se alguém poderia me informar, pois fez parte de minha infância ouvir sobre ele.
Meu nome é HERMANO KHEYROZ. Sou jornalista (trabalhei como repórter- fotográfico e como redator-revisor durante alguns anos). A matéria é boa e oportuna. Pode ser ampliada, mencionando outras personagens que foram atuantes e decisivas nas suas participações políticas e cívicas na construção e manutenção desse valoroso Municipio alagoano, Murici. Descendo, pelo lado materno, de pessoas que foram proprietárias dos engenhos Pedra Preta, Cobra de São Bento e Jangada. Meus antepassados: Coronel Messias, José Ramos Braga, Anna Calheiros de Mello, Félix Barbosa de Messias, Gualter Vieira de Araújo Peixoto, etc. Meu e-mail: <hermano.kheyroz07@yahoo.com.br
Quantas recordações maravilhosas, nasci no município de Murici na Usina Alegria. Tempo bom que não volta mais ….
Notícias da “Usina Bela Vista”, do Major Lins, meu avô. Alguém tem notícia.
Ola. Meu nome e Madiel e agradeço a oportunidade dessa matéria me levar ao passado. Vivi minha infância até os 09 anos nessa maravilha de cidade onde convivi com pessoas maravilhosas. Nasci em Maceió mas os meus pais de criacao moravam em Murici. Ficaria feliz caso ainda existe alguém que possa se lembrar de meu pai “Jardim das Oliveira” como era chamado na época, comerciante do ramo de confecções.
Conheço duas pessoas que conhecem seu pai, baixo, forte. As pessoas são Dona Maria da Glória, que estudou com a Miriam, filha dele e a Senhora Sofia Vieira.
Ola, Meu nome é Silvio nascido na Cidade de Jacuípe Alagoas mais ainda pequeno no ano de 1970 fui morar em Murici de onde ainda tenho muitas lembranças boas, morando hoje na Cidade de Arapiraca sempre que posso volto a visitar a Cidade de Murici pois ainda tenho familiares residindo, fiquei surpreso quando li esse artigo e saber de uma Historia tão rica de detalhes (datas, imagem, etc) fiquei bastante emocionado com os relatos de sua criação e fundação como Cidade de Murici. Agradeço a todos envolvidos na coleta de todas essas informações que naturalmente deveria ser obrigatório nas Escolas do Município e pra finalizar esse breve comentário fica aqui o meu abraço a todos Muriciense.
Eu sou tiara.nasci em murici. lembro muito pouco era pequeninha deveria ter uns 6 anos.
meu pai agora falecido chamava.
Jose Henrique da Silva. mas conhecido como José Leite.
minha mae ja falecida.
Josefa Maria da Conceição.
meu pai tem parentes que não conhecemos. mas se alguém ler e souber de alguém que conheça.
deixo meu email.
meus padrinhos são fazendeiros em muricil.mas não lembro deles.nem sei os nomes.
Eu não conhecia a usina alegria e a usina esperança só a são Simeão triste saber que nenhuma delas existe mais
sai de Sao Paulo e fui morar em Murici no ano de 1973 retornei para Sao Paulo em 1988 trabalhei na usina sao simeao epocas boas em Murici foi muito legal.
Parabéns pra quem escreveu esse artigo, moro até hj em Murici !
Linda a História dessa cidade, temos aqui um povo de muita fé.
Obrigado a todos participantes nessa história do meu querido Murici, estou maravilhado com tudo e participo parcialmente dessa princesa da zona da mata de Alagoas. Nasci em São José da laje mas passei minha infância em Murici ate mudar para São Paulo em 1960 com 13 anos. Só excluo a catástrofe graças a Deus. Eu estive na igreja, estação, praças, avenidas, ruas coretos, rio mundaú e até trabalhei no matadouro e mercado municipal, voltei duas vezes, uma depois do desastre que me deixou de coração partido. Um grande abraço a todos .
Meu pai nasceu nessa cidade em 1934, ele era da família dos trajanos ainda está vivo e gostaria de saber se tem alguém de sua família por lá o nome dele é Gilberto Trajano dos Santos, se alguém tiver alguma notícia meu email é prof.giovane@gmail.com.
Desde já obrigado a todos
Quanta recordação boa!
Murici, minha rica cidade de histórias…
Adoramos essa cidade minha foi toda aí anos 70
Adoramos essa cidade minha infância foi aí nessa cidade adoramos
Olá, sou Andreia e estou tentando fazer minha árvore genealógica. Descobri que meus tetravós viviam em Murici por volta da 1870. Consegui coletar alguns nomes, mas ainda faltam vários outros, entre eles está: Minervino Bezerra da Costa, Firmino Bezerra da Costa, Joaquim Correia d’Araújo, Joanna Maria da Encarnação, Otaviano Correia de Araújo. Se alguém tiver alguma notícia e puder me ajudar, já agradeço.
Ótimo texto, mas eu gostaria das referências bibliográficas.
Carolina, pode citar esse: https://www.historiadealagoas.com.br/murici.html.
Que artigo precioso, parabéns pela dedicação! Procuro decifrar a história de meu trisavô (avô paterno de minha avó paterna), chamado Caetano Adriano da Silva e sua esposa era Alexandrina Delphina dos Santos. José Benedicto da Silva era o pai de minha avó e filho deste casal. Encontrei batismos de filhos desse casal, em Nossa Senhora das Graças em Murici e em outras localidades no Estado de Alagoas, principalmente Porto Calvo. A família conta que Caetano Adriano da Silva lutou na Guerra do Paraguai e com seu retorno e espólios, consolidou boas posições no estado de Alagoas, então presumo que ele tenha nascido antes de 1864, já que este fora combatente no conflito citado. Meu bisavô José Benedicto nascera próximo a 1899. Não sabemos os motivos mas José Benedicto deixou os pais e irmãos em Alagoas e foi-se embora para a cidade do Cabo (hoje Cabo de Santo Agostinho) no estado de Pernambuco e não sabemos o motivo. Acreditamos que tenha sido algum conflito, pois um de seus irmãos o procurou para que este retorna-se a casa dos pais, para assumir sua herança de direito mas preferiu abrir mão.
Meu nome é Cledson Walter Rosa de Lima. Meu avô nasceu em Murici-AL no dia 20/02/1914 seu nome era Antônio Rosa de Lima, filho de Pedro Rosa de Lima e Joana Maria da Conceição. Vi uma mensagem da Sra. Tiara, contando sua história e mencionou o nome de seus pais Jose Henrique da Silva, conhecido como José Leite e sua Mãe Josefa Maria da Conceição. Será que a Mãe da Sra. Tiara era irmã da minha Bisavó?
Deixo aqui meu e-mail, caso alguém possua alguma informação!
Desde já agradeço a atenção!
cledsonlima@yahoo.com.br