Uma história do Pescoço
Edberto Ticianeli – Jornalista
Para o garçom Pescoço, do extinto Restaurante Gracy, um dos fregueses mais chatos era um empresário bem-sucedido e arrogante, que, como todo novo-rico, fazia questão de ostentar sua boa condição financeira.
Entrava no restaurante com estardalhaço, ocupava uma das mesas centrais, pedia os pratos mais caros em voz alta para que todos ouvissem.
O pior: cometia a heresia de tratar o Pescoço como “garçom”, como se fosse um desconhecido.
Pescoço, batizado como Francisco Rodrigues dos Santos, gostava da intimidade, que lhe permitia fazer o tipo rude que o tornara popular entre os clientes. Raramente conversava e quando o fazia era para dizer que já havia servido aos presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, e que era garçom desde 1928.
Mas, como o tempo é o senhor da vingança, o dito empresário entrou em falência dos seus negócios e deixou de frequentar o Gracy para a alegria do Pescoço.
Passados uns dois anos, o tal cidadão começou a se recuperar economicamente e certa noite reapareceu no famoso restaurante da Praça Emílio de Maya.
Entrou discretamente e procurou a mesa mais escondida, no fundo do salão. Quando Pescoço se aproximou, disse, em voz baixa, quase inaudível:
— Pescoço, traz pra mim uma macarronada simples e me ajude com um pãozinho.
Para quem não conheceu o Gracy, a macarronada simples era a mais barata e o prato se reduzia ao macarrão com molho, a famosa “coitadinha”. Quanto ao pão, que era cobrado por fora, dependia do garçom fazer a gentileza de ofertá-lo. Vinha fatiado sem os “cotovelos”, que eram jogados fora por serem duros.
Pescoço, que não era de perdoar nem dívida de defunto, mesmo percebendo a mudança de atitude do antigo freguês, resolveu se vingar das humilhações que sofrera. Sem se afastar da mesa, gritou para o balcão da cozinha:
— Salta uma “coitadinha” e duas “cutuvas” (cotovelos de pão) para o cidadão aqui, que ele está a perigo.
Nesse dia teve gente que jurou ter visto um ar de riso no rosto do Pescoço.
***
Pescoço ainda foi garçom do Bar e Restaurante Lua Cheia, Churrascaria Rodeio e num Club Privê no bairro do Prado.
Fui frequentador do Bar Gracy, tinha como proprietária D. Iracy, genitora do amigo Bob Maia, que nos anos sessenta foi sub gerente do Banco Com. Ind. da Paraíba, localizado na rua do Comércio onde funcionou a loja Capitólio Modas. Pescoço, com o fechamento do restaurante trabalhou no Bar Cristal, vizinho ao cine São Luiz. Garçom dos bons.
Grande pescoço. Meu avô, sempre comentava. Maravilha voltar ao tempo. Dizia à turma, que o sucesso era uma loira muito boa.
Estou tentando me lembrar onde ficava o estabelecimento que ele trabalhava. Porque eu lembro dele. Qual é a localidade hoje. Obrigado.
Matheus, ele trabalhava no Restaurante Gracy, na Praça Emílio de Maya, que não existe mais. Foi tomada por barracas e ficava atrás do Cine Ideal. Veja mais aqui: http://www.historiadealagoas.com.br/praca-emilio-de-maya/
Almocei muitas vezes lá.
Com o meu Tio Duca.
Era um restaurante que possuía uma comida deliciosa.
Também tinha uma clientela selecionada.
Lembranças.
Lembro que meu pai, sendo mecânico de refrigeração no mercado público, fazia manutenção em quase todos os frigoríficos e bares do mercado, ele frequentava muito o bar Gracy. Nós éramos pequenos e vez por outra íamos lá, mas não lembro mais da localização. São vagas lembranças.
Ah! Tantas história do Graci e Pescoço que meu tio Rúbens Colaço contava, com aquele jeito peculiar do “contador de estórias” que possuia. Saudades.
Muito bom. Como muitas macarronada aí. Ambiente saudável.
Uma das última ves que fui servido por Pescoço la no lua cheia em garça torta.
Fui umas vezes com meu tio Vanildo Rodrigues da Cunha (O português) Na época empresário de Ônibus, com nome de “Empresa 1002”.
E minha visão do Pescoço é como se fosse ontem. Saudades do tempo e pq não, da macarronada.
Belas histórias e lembranças da nossa terrinha.
Na foto de número um, reconheço Antonio Moreira, um dos proprietário da usina Joao de Deus, de costas Nilson Miranda e Marcos Vinicius, um grande boêmio e tocador exímio de violão. Seu tira gosto predileto era banana.
Ticianeli, acho que ele também atendeu no Bar Suez de esquina com a Portuguesa, aliás tenho certeza.
Esse restaurante tinha uma curiosidade, no chão era espalhado areais de praia, não sei o motivo
O da segunda foto não parece ser o pescoço. Só pra lembrar mais na frente no mesmo lado do Gracy tinha uma pracinha pequena onde funcionava um posto de gasolina. E depois no mesmo local estabeleceu-se uma macarronada também famosa, o Eureka.