Manuel Valente de Lima: jornalista, político e homem público
Manuel Casado Valente de Lima nasceu no dia 6 de julho de 1913, na Rua da Praia n° 21 em Maceió. Neto de Manuel Casado e Benvinda Camelo Casado de Lima, era filho de Antonio Casado de Lima, funcionário público federal e de Noemi Valente Casado de Lima. Manuel Casado de Lima foi o segundo filho desse matrimônio, sendo a primogênita Maria do Carmo Valente Auto. Os outros irmãos, José Casado de Lima, Ruth Valente Villas Boas e Maria de Lourdes Valente Ramalho.
Iniciou os estudos na escola do professor Almeida Leite, depois matriculado no Ginásio de Maceió, cuja direção era dos ilustres viçosenses Cônego Cícero Teixeira de Vasconcelos, seu irmão João Teixeira de Vasconcelos e José Pimentel. Mais tarde, concluiu seus estudos preparatórios no Colégio Diocesano dos irmãos Marista sendo, então, enviado para o Seminário Católico de Olinda, atendendo recomendação do seu tio, padre Antonio Valente.
Depois de passar dois anos no seminário (1933/35) teve reação inesperada: mandou dizer a seus pais que aquela não era a sua vocação e que desejava estudar para outros fins. Atendido pelo pai, matriculou-o na Faculdade de Direito do Recife, de onde se transferiu, dois anos mais tarde, para a Faculdade de Direito de Alagoas recebendo seu diploma de bacharel em Ciências Jurídica e Social.
Iniciou no jornalismo escrevendo para o Jornal “O Semeador“, matutino fundado e mantido pela Arquidiocese de Maceió. Seu tio, o padre Antonio Valente era sacerdote de prestígio e superintendia o órgão noticioso da família católica da Capital. Para lá, levou o sobrinho e o fez percorrer todas as fases necessárias à formação de um bom profissional de imprensa.
Em 1935, foi trabalhar na redação do “Jornal de Alagoas“, sendo credenciado cronista parlamentar junto à Assembleia Constituinte e à Assembleia Legislativa do Estado. Em 1939, passou da categoria de redator para redator-secretário, sob a direção do jornalista Arnon de Mello.
Em 1942, foi trabalhar na “Gazeta de Alagoas” convidado por seu fundador, jornalista Luís Silveira, que o contratou como redator, pois já era o encarregado pela publicidade do Departamento Municipal de Estatística, nomeado que fora, em fevereiro de 1940, pelo prefeito Eustáquio Gomes de Melo.
A seguir, passou a escrever somente como colaborador em todos os jornais de Maceió, uma vez que os inúmeros cargos para os quais foi nomeado não o permitia prosseguir, profissionalmente, na redação de um só jornal.
No dia 12 de dezembro de 1942, o Dr. Manuel Valente de Lima casou-se com a senhora Lucila Coelho da Fonseca, filha do proprietário rural Francisco Euclides da Fonseca e de dona Zulmira Coelho da Fonseca. Do casamento nasceram três filhos: José Rubens Fonseca de Lima, Luiz Alberto Fonseca de Lima e Maria de Fátima Lima Uchôa.
Só depois do seu casamento é que ingressou na política partidária. Seu sogro Francisco Euclides da Fonseca, à época, chefe político no município de Tanque D’arca e o seu filho mais velho, Luiz Castro da Fonseca, prefeito de Limoeiro de Anadia, lançaram sua candidatura a deputado estadual pelo Partido Social Democrata – PSD, sendo eleito por aquela legenda em 1947.
Alagoas vivia mais um período de turbulência política com a família Góes Monteiro ocupando os mais relevantes cargos da vida pública e política do Estado.
Foi nesse tempo que Manuel Valente de Lima foi eleito deputado estadual e, já no primeiro mandato, escolhido para presidente do Poder Legislativo. Homem moderado, com livre trânsito em todas as áreas, sendo amigo pessoal dos demais deputados, manteve, enquanto pôde, a harmonia entre os poderes.
Após o rompimento político dos irmãos Edgar e Ismar de Góes Monteiro com o governador Silvestre Péricles e o recém-eleito senador e general Pedro Aurélio da oposição; então maioria na Assembleia, assumiu o confronto e deflagrou verdadeira campanha contra o Executivo, ao ponto de se comentar ser o “impeachment”, a necessária solução para o problema.
Tal decisão não se materializou por desistência de alguns temerosos da reação oficial, vez que o Governo do Estado tinha o beneplácito federal. A partir de então aconteceram fatos dolorosos havendo mortos e feridos, fugas e violências contra jornalistas, embora os excessos fossem praticados por ambas as facções litigantes.
Enquanto o governador era agredido através de denúncias e histórias jocosas, seus opositores foram perseguidos e até presos; os membros do Tribunal de Justiça foram atingidos por campanhas difamatórias e suas casas emporcalhadas com excrementos humanos. Políticos saíram do Estado, inclusive o presidente Manuel Valente de Lima que, certa noite, viajou com sua esposa para Pernambuco a fim de evitar propaladas ameaças.
Contidos os ânimos e restaurada a convivência respeitosa entre os poderes, Manuel Valente de Lima atuou para a livre tramitação e aprovação de projetos do Executivo que visassem aos interesses da população. Em todo o restante do seu mandato como presidente da Assembleia, foi um permanente conciliador das correntes políticas voltadas para os objetivos em favor da coletividade e do Estado. Talvez, por isso, por não exacerbar os ânimos, nem assumir posturas pessoal e política intransigentes, não logrou êxito na sua pretendida reeleição.
Após a sua participação no jornalismo profissional e a formatura em Direito, Manuel Valente de Lima exerceu inúmeros e variados cargos e funções no Serviço Público, sendo sua vida pontilhada de relevantes serviços prestados à nossa capital e ao Estado de Alagoas: em abril de 1941, foi nomeado pelo presidente Getúlio Vargas para Vogal, representante dos empregados na Junta de Conciliação e Julgamento.
Em Maceió, maio de 42, foi nomeado pelo prefeito Abdon Arroxelas, diretor do Departamento Municipal de Estatística; em outubro de 1943, nomeado pelo interventor federal Ismar de Góes Monteiro, presidente da Comissão de Defesa da Economia Popular; em agosto de 1944, nomeado pelo ministro João Alberto, superintendente da Comissão de Abastecimento no Estado de Alagoas.
Em abril de 45 foi nomeado pelo prefeito Mário Mafra, secretário-geral da Municipalidade; em outubro de 1945, o interventor Ismar de Góes Monteiro o nomeou prefeito interino de Maceió; em agosto de 46 foi nomeado pelo presidente da Comissão Estadual da Legião Brasileira de Assistência, Dr. Afrânio de Araújo Jorge e, por indicação do interventor federal, membro do Conselho Consultivo da LBA, como representante do Governo de Alagoas.
No início de 1947 foi eleito deputado estadual pelo Partido Social Democrático – PSD e, logo após, eleito presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas; em setembro de 1950 foi nomeado pelo prefeito Abelardo Pontes Lima, diretor do Montepio dos Servidores Municipais; em novembro de 52 foi nomeado pelo mesmo prefeito, diretor do Pessoal e Material e designado, ainda, para elaborar o anteprojeto de Lei estabelecendo normas para o Estatuto dos Funcionários Públicos do Município.
O prefeito José Lucena Maranhão, em novembro de 54, nomeou-o procurador Judicial; em maio de 57 foi designado pelo Dr. Afrânio Salgado Lages, presidente da Ordem dos Advogados cio Brasil, Alagoas, para representar o Conselho da OAB junto ao Tribunal de Justiça do Estado; em dezembro de 57 foi nomeado pelo vice-governador cm exercício, Sizenando Nabuco, secretário de Estado dos Negócios do Governo.
Em fevereiro de 59 foi nomeado pelo prefeito Abelardo Pontes Lima, procurador-geral da Municipalidade; em outubro de 1960 assumiu, novamente, a Prefeitura de Maceió, até a posse do prefeito eleito Sandoval Caju; em outubro de 61 foi nomeado pelo governador Luiz Cavalcante, diretor-geral do Departamento do Serviço Público; em janeiro de 1963 foi nomeado pelo governador Luiz Cavalcante para o cargo de procurador-geral do Estado; em 1963, nomeado pelo presidente João Goulart, delegado estadual da Secretaria Nacional de Assuntos Municipais e, em setembro de 1966, nomeado pelo governador Lamenha Filho, novamente para o cargo de procurador-geral do Estado.
Manuel Valente de Lima aposentou-se como procurador-geral da Prefeitura Municipal de Maceió e faleceu no dia 29 de setembro de 1970, às 19 horas, após insidiosa moléstia que o abateu aos 57 anos de idade; seu passamento foi assistido por sua esposa e pelo religioso frei Leão, seu corpo foi sepultado no Cemitério Nossa Senhora da Piedade, em jazigo perpétuo da família.
Texto editado de Bráulio Leite Júnior para o Memórias Legislativa, de 10 de maio de 1998.
Fontes:
– Coleção do Jornal Gazeta de Alagoas – IHGA.
– Coleção do Jornal de Alagoas – IHGA.
– Coleção de O Semeador – IHGA.
– A Solidão dos Espaços Políticos de BARROS, Luiz Nogueira.
– A Metamorfose das Oligarquias de TENÓRIO, Douglas Apratto.
– O Informes sobre a Cidade de Maceió nas diversas palestras realizadas no Centenário do Grémio Guimarães Passos – Documentário da UFAL – Maceió.
– Depoimento, documentos da Srª Lucila Fonseca de Lima.
– Informes obtidos do historiador Moacir Sant’Ana.
Que bom: Pois somos todos Paraibanos, pois o patriarca era realmente Antonio Casado, Capitão Mor, Pai de Manoel de Araujo Lima, que é Pai de Pedro de Araujo Lima.
Portanto os limas de Alagoas são os mesmos vindos do tronco da Paraíba e Pedro de Araujo Lima é o grande Marques de Lima, o maior nacionalista da nossa história, que nasceu no engenho antas a 115km de Recife e bem na fronteira de Alagoas e Pernambuco e seu pai Manoel de Araujo Lima, morava em Garanhuns PE.
Sou pedro Alves de Lima e venho também deste tronco de família e gostaria de um dia podem conhecer os meus de fato parente, moro em Macaé RJ e vou sempre a Paraíba, pois sou filho de Aroeiras, a dona de Campina Grande, onde a Rua Marques de Olinda e Índios Cariris, na beira do açude novo nasceu Campina Grande.
Portanto Deus Salve o Nome de Pedro de Araujo Lima, 9 vez Ministros, Muitas vezes presidente do congresso nacional e o último regente imperial do brasil e deixou a regência para vir a Pernambuco a acabar com o ultimo levante, que a revolução praiana em Olinda, em que junto com os seus tios Calvacanti e a família Rego Barros deram fim aquele levante.
Tenham orgulho de serem Paraiba e CASADA DE LIMA.
A matéria diz que Manuel Valente de Lima é sobrinho do “padre Antonio Valente era sacerdote de prestígio e superintendia o órgão noticioso da família católica da Capital”. Se se tratar do cônego Antonio de Cerqueira Valente posso afirmar que Manuel Valente de Lima é do mesmo tronco familiar que o meu. Meu 5º avô, o Capitão Antonio José Valente Teixeira, português natural do conselho do Arouca, teve uma filha em Portugal com Joaquina Pereira Vaz. Mas eles não eram casados. Antonio José Valente Teixeira foi enviado para o Brasil em 1812, indo morar na Vila de Alagoas, que nessa altura pertencia à capitania de Pernambuco. Casou-se com a brasileira Maria Angélica de Cerqueira e Silva. Tiveram filhos. Antonio Valente Teixeira volta para Portugal com sua família em 1830, mas alguns dos seus filhos regressam ao Brasil. De Antonio e Maria Angelica surge a família de Cerqueira Valente de Maceió a qual o cônego Antonio de Cerqueira Valente (neto ou bisneto de Antonio Valente Teixeira) faz parte.