Professor Aurino Maciel, um mestre das letras e das palavras
Aurino Vieira de Araújo Maciel nasceu no Engenho Barro Branco, em Murici, Alagoas, no dia 10 de setembro de 1893, filho de Joaquim Vieira de Araújo Maciel e de Margarida da Silveira Maciel.
O funcionário público Joaquim Vieira de Araújo Maciel, que nasceu em 17 de abril de 1859 e faleceu em 2 de junho de 1936, era filho de José Vieira Maciel, senhor do Engenho Barro Branco, e de Maria Barbosa da Silveira.
Margarida da Silveira (1861-1935) nasceu do casamento entre Lourenço Gomes da Silveira, senhor do Engenho Camboi de Cima em Murici, e Cândida Maria da Silveira.
Além de Aurino Maciel o casal teve os seguintes filhos: Alípio de Araújo Maciel (*1890), Laura Severina Maciel (1891-1975), Protázio de Araújo Maciel (*1895), Odorico de Araújo Maciel (*1896), Davina de Araújo Maciel (*1897), Maria de Araújo Maciel (*9 de agosto de 1898), Maria de Araújo Maciel (*5 de outubro de 1899), Joaquim Vieira Maciel (1900-1966) e Margarida Vieira Maciel (+ 6 de setembro de 1919).
O professor Aurino Maciel
Iniciou os seus estudos, ainda em sua cidade natal, com o prof. Caetano Pinto-Coelho. Os primeiros anos do curso secundário foram ministrados pelo dr. Luiz de França Castro Barroca, que em Murici dividia o ensino com sua função de juiz de Direito. Foi ele que convenceu o pai de Aurino a deixá-lo estudar em Maceió, para onde ia seu filho Hermínio Barroca. Assim continuou os estudos no Colégio 15 de Março, cursando português, latim e francês.
Encaminhados pelo prof. Agnelo Barbosa, diretor do Colégio 15 de Março, os dois filhos de Murici concluíram os preparatórios no Liceu Alagoano. Hermínio Barroca foi estudar em Recife, mas Aurino Maciel permaneceu em Maceió, ajudando o velho mestre nas aulas do Colégio 15 de Março e participando ali da Escola Literária Sebastião de Abreu, proferindo várias palestras.
Escrevendo para os jornais — foi redator da revista Frou-Frou (criada em 1914) — e com apurada oratória, logo o jovem Aurino Maciel estava envolvido com a política. Em 1º de novembro de 1916 disputou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Alagoas pelo Partido Republicano Conservador. Não foi eleito. Em 1917 era um entusiasmado apoiador da candidatura de Gabino Besouro ao governo.
Na tarde de 10 de abril de 1917, quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha, após o torpedeamento do vapor Paraná, houve um ato público na Praça D. Rosa da Fonseca (onde depois se instalou o Bar do Chopp). Entre os oradores, destacavam-se o dr. Guedes de Miranda, Pedro Xavier e Aurino Maciel. Em seguida, uma passeata percorreu o centro da cidade, gritando palavras de ordem em apoio aos Aliados.
Meses depois, na tarde de 27 de outubro, quando o Brasil se declarou em estado de guerra, aconteceu nova manifestação pública em Maceió, com início na Praça dos Martírios, onde usaram a palavra o deputado Rodrigues de Mello e o “professor Aurino Maciel”.
Em 9 de novembro de 1917, participou, no Teatro Deodoro, da abertura do Congresso da Mocidade. Na comissão executiva representava a “mocidade escolar”.
Foi nesse período que estabeleceu os primeiros contatos com a Sociedade Perseverança e Auxílio dos Empregados do Comércio. Em abril de 1918 seu nome é relacionado como professor de um curso preparatório criado pela Academia de Ciências Comerciais de Alagoas. Era o lente em português e substituto em aritmética e álgebra.
Ainda em 1918, no mês de agosto, foi aprovado no concurso para fiscal do Imposto do Consumo da Alfândega de Alagoas. No ano seguinte matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, mas não se tem informação sobre se cursou alguma disciplina nesse período. É provável que não tenha ido para Pernambuco, considerando que no ano de seguinte ingressou, como auxiliar, no Banco de Alagoas, onde fez carreira, chegando a subcontador.
Era o tesoureiro da diretoria da Academia Alagoana de Letras, que tomou posse em 14 de julho de 1920. Permaneceu neste cargo por várias gestões. Teve participação ativa na elaboração e redação final dos estatutos desta instituição e na listagem dos patronos de suas cadeiras. Foi o primeiro ocupante da Cadeira nº 5, cujo patrono é José Alexandre Passos.
Sabe-se pelos jornais do seu vínculo com o Clube de Regatas Brasil, mesmo não sendo citado como praticante de algum esporte. O que prevalecia mesmo era sua oratória. Prova disso é que em janeiro de 1921 foi eleito como orador da Liga Alagoana dos Desportos, presidida por Jayme d’Altavilla.
Tinha 26 anos de idade quando se casou, em 19 de abril de 1922, com Maria Augusta de Macedo Ribeiro (nasceu em 19 de abril de 1901 e faleceu em 3 de abril de 1986). Tiveram oito filhos: Breno Augusto Ribeiro Maciel (*18 de novembro de 1924 – funcionário do Banco do Brasil em Recife), Leda Ribeiro Maciel Walker (morava nos EUA), Marisa Ribeiro Maciel Turner (morava nos EUA, onde casou-se em 6 de setembro de 1947 com Walter Turner), Denisar Ribeiro Maciel (professor da Escola Técnica Nacional no RJ), Lício Augusto Ribeiro Maciel (seguiu a carreira militar), Márcio Augusto Ribeiro Maciel e Jarbas Augusto Ribeiro Maciel (foi da Orquestra Sinfônica do Recife).
Sempre requisitado para proferir palestras ou para discursar em eventos, Aurino Maciel testemunhou um momento histórico de Alagoas ao falar durante o ato de fundação da Rádio-Club de Alagoas, em 10 de maio de 1925, nas dependências da Sociedade Perseverança e Auxílio dos Empregados do Comércio. Foi a primeira experiência com a radiodifusão no Estado.
Em 13 de abril de 1927 foi empossado como sócio do IHGAL. É o patrono da cadeira 28 dessa instituição. Também participou da sua direção.
Foi contador do Banco de Alagoas até 22 de novembro de 1928. Nesse dia o governador de Alagoas decretou o Código de Contabilidade do Estado de Alagoas e o Regulamento da Contadoria, nomeando em seguida Craveiro Costa como contador geral do Estado. Aurino Maciel foi empossado como subcontador.
Nessa função, passou a ocupar mais poder em Alagoas, assumindo a secretaria da Sociedade Alagoana de Educação, fundada em 24 de novembro de 1929 e presidida por Adalberto Marroquim. No ano seguinte, chegou à presidência da Sociedade Perseverança e Auxílio dos Empregados do Comércio. Foi eleito em 9 de fevereiro de 1930. Na gestão anterior dessa instituição já ocupava a vice-presidência.
Em 14 de julho foi nomeado para a cadeira de português da Escola Normal de Maceió. Entre 1929 e 1930 esteve representando os eleitores de Maceió no Conselho Municipal (atual Câmara de Vereadores).
Em meados de 1931, o interventor em Alagoas, Hermilo de Freitas Melro, enfrentava cerrada oposição liderada por Orlando Araújo, que participara do seu governo como secretário do Interior e tinha se afastado por divergências.
No dia 7 de agosto de 1931, a mobilização contra Freitas Melro atingiu seu ápice. Às 8h da manhã, na Praça D. Rosa da Fonseca, ocorreu um ato político em que Orlando Araújo criticou o governante e disse que era hora de fazê-lo descer do poder. Foi seguido por Aurino Maciel, que acusou Freitas Melro de ser inimigo do ensino por não querer que o povo se instrua.
Depois de vários outros oradores, a multidão se dirigiu até o quartel do 20º BC, onde uma comissão foi recebida e o comandante informou que Freitas Melro estava viajando para o Rio de Janeiro e que uma comissão de militares havia concluído que não deveria assumir o governo o secretário geral Armando Sampaio Costa, o sucessor legal, mas sim o comandante da Força Policial e Chefe de Polícia Luiz de França Albuquerque. Assim aconteceu, com o aval do general Góis Monteiro.
Em 28 de maio de 1932, quando Alagoas já era governado pelo interventor tenente Tasso de Oliveira Tinoco, Aurino Maciel foi nomeado para exercer interinamente o cargo de secretário da Escola Normal, sem prejuízo para suas funções de professor da Escola Doméstica, mas percebendo apenas os vencimentos do primeiro cargo.
Em Recife
Em março de 1930, sabe-se pelo Diário de Pernambuco que Aurino Maciel estava fazendo exames de segunda época do 3º ano da Faculdade de Direito do Recife, indicando que entre 1919, quando fez a matrícula, e até aquela data, havia frequentado aquela instituição em períodos esparsos.
Em 1932, passou a advogar em Recife. Havia recebido o diploma em dezembro do ano anterior. Atendia na Rua Duque de Caxias, 257, 1º andar e morava na Pensão União.
Essa informação revela que tinha deixado para trás, em Alagoas, cargos importantes, apostando tudo numa nova vida na capital pernambucana, onde, em julho de 1932, já ensinava geografia na Universidade Popular do Recife.
Teve uma rápida ascensão em terras pernambucanas. Em 18 de março de 1933 era secretário interino da Diretoria de Educação Normal daquele Estado.
Em 7 de maio de 1934 prestou concurso para a segunda cadeira de português da Escola Normal de Pernambuco, apresentando a tese “As Onomatopeias e as Interjeições. Sua Influência nos Fenômenos da Linguagem”, que depois se transformou em livro. Disputou a vaga, com ampla divulgação nos jornais, com Aníbal Bruno, Adalberto Marroquim e Jorge Galvão de Oliveira.
No dia 15 de maio houve a segunda etapa do concurso, com sorteio do tema que deveria ser abordado pelos concorrentes. “Noção de dialeto – A língua falada no Brasil; influência indígena e africana. O elemento tupi na toponímia brasileira”. Adalberto Marroquim passou mal e desistiu do certame. No dia seguinte houve novo sorteio para o tema da aula. “Literatura portuguesa e brasileira do século XVI. Anchieta e Bento Teixeira Pinto”.
Ao final do concurso, a banca examinadora anunciou o vencedor: Aurino Maciel.
Além da Escola Normal, também foi professor do Liceu Pernambucano e da Escola Politécnica, onde respondeu pela cadeira de Organização das Indústrias. Em 1938 era o diretor da Escola Doméstica de Recife, instituição privada fundada sob sua liderança. Antes existiu uma Escola Doméstica de Pernambuco.
Sua projeção nos meios intelectuais o levou à Academia Pernambucana de Letras, eleito em 7 de março de 1940 e ao Instituto Arqueológico de Pernambuco, onde eram frequentes suas palestras.
Durante a década em que permaneceu em Recife, manteve seu apoio a Getúlio Vargas, a exemplo da sua participação na campanha de José Américo, em 1937 e, em abril de 1941, como conferencista convidado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) para participar, na capital do Piauí, das homenagens ao presidente Vargas, que aniversariava no dia 19 daquele mês.
No Rio de Janeiro
Criado pelo gaúcho Pedro Vergara, o Instituto Nacional de Ciência Política (INCP), com sede no Rio de Janeiro, reunia intelectuais brasileiros que se dispusessem a cultuar Getúlio Vargas e o Estado Novo. Teve marcante atuação entre 1940 e 1945, organizando debates e conferências na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que passou a ser conhecida como a “Escola de Patriotismo”.
Foi nesse período que Aurino Maciel tornou-se conhecido no Rio de Janeiro, para onde ia frequentemente representar a Academia Pernambucana de Letras (era seu secretário perpétuo) nas reuniões e eventos da Federação das Academias de Letras do Brasil. Há registros, ainda, de sua participação na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (foi aceito como sócio em 8 de julho de 1943).
No sábado, 14 de março de 1942, por exemplo, Aurino Maciel estava no Rio de Janeiro participando de uma “sessão cultural” do INCP, que contou ainda com a contribuição do coronel Altamirando Nunes Pereira, que explanou sobre a “A economia no Estado Novo”, e do ex-senador dr. Arthur Ferreira da Costa, responsável pelo tema: “A proteção da família no Estado Nacional”. Representando a Academia Pernambucana de Letras, o professor alagoano discorreu sobre “Getúlio Vargas e Pernambuco”.
No mês seguinte (dia 25), voltou a ser o orador principal de um evento no Rio de Janeiro. Desta feita na Federação das Academias de Letras do Brasil. Palestrou sobre a obra do poeta alagoano Adalberto Marroquim.
Não foi possível identificar quando Aurino Maciel se transferiu para o Rio de Janeiro, mas provavelmente isso ocorreu entre os últimos meses de 1942 e os primeiros do ano seguinte.
Rádio Ipanema
A primeira notícia publicada em jornais sobre as atividades de Aurino Maciel na então capital federal informa que, a partir de 1º de abril de 1943, ele era o vice-presidente da Rádio Ipanema S. A., dirigida por Thiers de Andrade Ribeiro. Essa nova administração substituía a dos antigos proprietários, constituída por Luiz Veiga e Francisco Xavier Filho.
A Rádio Ipanema terminou sendo um problemão para o advogado Aurino Maciel.
No dia 29 de setembro de 1943, no Rio de Janeiro, a polícia levou a depor Von Kossel (adido da embaixada alemã), Wilhelm Franz Kônig, Peters Jurisch (advogado da embaixada) e Thiers de Andrade Ribeiro. Todos acusados de maquinações à serviço do governo alemão, articuladas a partir da embaixada daquele país no Brasil.
Tudo isso acontecia mais de um ano após o Brasil haver declarado guerra à Alemanha.
Wilhelm Franz Kônig foi identificado pela polícia como espião e articulador do grupo. Chegara ao Rio de Janeiro como diretor da Companhia Estradas de Ferro Alemãs.
Compraram a Rádio Ipanema em nome de Thiers de Andrade Ribeiro e Paulo Eugenio Figueira de Melo, seguindo a orientação do advogado Peters Jurisch.
O que chamou a atenção da polícia foi o preço pago por eles. O proprietário da maioria das ações da Rádio Ipanema S. A. (PRH-8) era Francisco Xavier Filho, presidente da empresa. O capital era de Cr$ 300 mil, mas o preço de venda foi Cr$ 950 mil.
Em novembro de 1943, após algumas prisões, a rádio foi fechada por ordem do coronel Nelson de Melo, chefe de polícia do Distrito Federal (RJ).
Em 26 de novembro, Aurino Maciel, como advogado da Rádio, requereu a liberação das transmissões da emissora. Sem resposta, enviou telegrama ao coronel Nelson, lembrando que o conhecia por sua passagem como interventor interino em Pernambuco. Argumentou que a Ipanema “jamais sofreu qualquer influência exótica indesejável aos interesses nacionais, ao regime atual, ao eminente presidente Vargas, aos homens e coisas seu governo e a defesa da América”.
O coronel Nelson Melo foi duro na resposta: “Com a responsabilidade do meu cargo, empenhado na defesa da segurança nacional, combatendo com destemor e energia o “quintacolunismo”, jamais permitirei, sob qualquer pretexto, qualquer ação subterrânea contra os interesses da pátria. Se assim não proceder não estarei correspondendo, conscientemente, aos conceitos que dispensastes em vosso telegrama, nem me imporia ao julgamento dos meus concidadãos. Ficai, pois, ciente que a Rádio Ipanema S. A., enquanto perdurarem os motivos que determinaram a sua suspensão continuará fora do ar como medida de moral, segurança e ordem públicas”.
Em 27 de dezembro de 1943, o presidente Getúlio Vargas assinou decreto liquidando a Rádio Ipanema e mais de uma dezena de empresas cujos proprietários eram alemães. Foi reinaugurada em 1º de maio de 1944 como Rádio Mauá. Em agosto de 1944 foi incorporada ao patrimônio nacional (Ministério do Trabalho).
Últimos anos de vida
Com Getúlio Vargas fora do pode a partir de 29 de outubro de 1945, rareiam as informações sobre cargos ocupados por Aurino Maciel. Sabe-se apenas que foi chefe da secretaria da Associação dos Empregados do Comércio durante um período não identificado.
Até 1946 ainda surgem nos jornais algumas poucas informações sobre suas conferências ou participação em eventos. A mais importante ocorreu em fevereiro de 1946. Noticiava que tinha deixado de representar a Academia Pernambucana de Letras junto à Federação das Academias de Letras do Brasil. Foi substituído por Eustergio Wanderley.
Nesse período, seu nome é também citado por contribuições à Academia Brasileira de Filologia e por sua participação na Sociedade dos Amigos de Alberto Torres.
A partir de 1947, nada se tem publicado sobre o ilustre alagoano. Provavelmente, já cometido pela grave moléstia que o levou ao túmulo, retirou-se da vida pública. Regressou a Maceió no início de 1950, onde faleceu às 18h do dia 24 de abril de 1950.
Obras
1 – Gonçalves Ledo: O Homem da Independência, Maceió: Tip. da Livraria Fonseca, 1923(biografia);
2 – As Onomatopeias e as Interjeições. Sua Influência nos Fenômenos da Linguagem, Recife: Tip. Diário da Manhã, 1933;
3 – Discurso do Professor Aurino Maciel, Revista IAGA, v.12, ano 55, 1927, Maceió: Livraria Machado, p. 252-270;
3 – Professor Joaquim Inácio Loureiro, Revista do IHGAL, v. 15. ano 58, 1931, Maceió: Livraria Machado, p. 70-77;
4 – O Pai da Filologia Alagoana (Notas Para a Sua Vida e Suas Obras), Revista do IHGAL, v. 17, 1933, Maceió: s/d, p. 97-108.
Participou, ainda, de As Vespas, revista-panfleto e dirigiu Frou-Frou, revista literária criada em 1914.
Segundo alguns, com o pseudônimo de João Caçamba, escreveu, em 1929, no Jornal de Alagoas uma série de artigos intitulada Caçambadas.
Colaborou no Correio da Tarde e Jornal de Alagoas, e, em Recife, no Diário da Manhã e da Diário da Tarde.
Abelardo Duarte, em seu discurso de posse, afirma ter ele publicado a tese Leis Biológicas da Linguagem.
Teria deixado, ainda, Tragédias Interiores, ou pelo menos escrito a sua apresentação.
Parabéns, prezado Ticianeli, pela publicação.