Famílias na política alagoana do século XX – (10) Lages
O primeiro político da família Lages em Alagoas foi o comerciante José Gonçalves Lages, filho do coronel Francisco Gonçalves Lages (faleceu em 17 de agosto de 1916) e de Anna da Rocha Calheiros Lages. Essa pesquisa encontrou o português Antonio Gonçalves Lages morando em Maceió no ano de 1944. Pode ter sido o pai de Francisco.
Francisco Gonçalves Lages, nascido em 1848, faleceu em 16 de agosto de 1916 na fazenda “Nicho”, sua propriedade em Murici. Tinha 68 anos de idade. Deixou 15 filhos.
Deputado José Gonçalves Lages
José Gonçalves Lages nasceu em Maceió no dia 5 de maio de 1871. Casou-se com Maria das Dores Amorim Salgado Lages, Marieta, em 4 de outubro de 1902.
Marieta, que nasceu em Pernambuco em 1885 e faleceu em 1º de junho de 1966, era filha do dr. José de Amorim Salgado, o Barão de Santo André (nasceu em Una, Pernambuco, em 30 de março de 1853 e faleceu em 16 de junho de 1897) e de Maria Idalina Coutinho Espíndola Salgado, filha do professor e médico Tomaz Bomfim Espíndola e Maria Idalina César Coutinho.
José de Amorim Salgado e Maria Idalina casaram-se em novembro de 1877. O título de Barão de Santo André, concedido em 1883, faz referência ao seu engenho Santo André, que em 1913 passou a ser a usina Santo André, no atual município de Tamandaré em Pernambuco.
José Gonçalves Lages iniciou seu aprendizado no comércio como empregado na famosa Loja dos Quatro Cantos, de Joaquim Antônio de Almeida. Vendia tecidos e confecções na esquina da Rua do Comércio com a Rua do Açougue, futura Av. Moreira Lima. Trabalhou lá até 14 de julho de 1899, quando publicou nota nos jornais anunciando o seu afastamento e agradecendo ao antigo patrão. Tinha 27 anos de idade.
Não foi possível identificar a data em que surgiu a firma José Lages & Cia., mas em 1902 funcionava como proprietária da Casa Dumont em Maceió. José Lages, que se casou neste mesmo ano, morava com a família na atual Rua Barão de Penedo nº 49.
Em 1906, no dia 10 de novembro, a firma José Lages & Cia inaugurou na Rua do Comércio, nº 130, a loja de modas Nova América. Essa denominação foi posteriormente reduzida para América.
Em outubro de 1908, a Loja foi transferida para o nº 86 da mesma rua. Muitos anos depois, já em setembro de 1930, a firma inaugurou prédio próprio na Rua do Comércio. O projeto e construção ficou a encargo de Teixeira Medalhas. Ficava próximo à esquina com a Rua Augusta.
O primeiro mandato eletivo de José Lages foi o de Conselheiro Municipal de Maceió (vereador). Tomou posse em 7 de outubro de 1912. Obteve 839 votos, o mais votado. Alinhado com Fernandes Lima, apoiou Clodoaldo da Fonseca em oposição a Euclides Malta.
Em 22 de novembro de 1914, foi eleito vice intendente de Maceió na chapa liderada por Ignácio Uchôa. Em 7 de dezembro de 1916, por causa das renúncias do intendente, vice e Conselho Municipal, foi nomeada uma Junta Governativa composta por 12 cidadãos para ocupar interinamente o poder municipal na capital. José Lages foi um dos indicados.
Eleito deputado estadual, pelo Partido Democrata, em 1917, permaneceu em mandatos consecutivos até 22 de dezembro de 1926 (cinco legislaturas), quando renunciou para ser eleito senador estadual. O governador era Costa Rego.
Faleceu em 14 de março de 1943, no Rio de Janeiro. Na década de 1970, uma das vias do bairro de Jatiúca, em Maceió, recebeu a denominação de Rua Deputado José Lages.
Os filhos de José e Marieta Lages
Abeillard Salgado Lages
Foi o único filho a seguir o pai no comércio. Nasceu em 11 de março de 1904 e faleceu em 8 de janeiro de 1939, com 35 anos de idade.
Foi casado com Nair Gomes Lages era filha de José Maia Gomes e Eudócia Ferreira Maia. José Maia Gomes foi proprietário da Usina Campo Verde.
Abeillard e Nair tiveram dois filhos: Estácio Salgado Lages, que nasceu em 1º de julho de 1930 e faleceu ainda criança, e Abenair Gomes Lages, foi advogado da Caixa. Casou-se com a prima Vania Mais Gomes Lages.
Maria José Salgado Lages
Lily Lages, como era mais conhecida, nasceu em 17 de junho de 1907 na residência dos pais, na Rua Tibúrcio Valeriano, nº 24, atual Beco São José.
Ainda em Maceió, iniciou os estudos no Colégio Coração de Jesus. Continuou em Olinda, Pernambuco, na Academia Santa Gertrudes. Quando teve que se submeter aos exames preparatórios, voltou a Maceió e foi aprovada no Liceu Alagoano. Antes teve que receber aulas complementares de algumas disciplinas. Assim exigia o curso de Medicina, que iniciou em 1925 na Faculdade da Bahia.
Em 31 de março de 1931, com a apresentação da tese Infecção Focal e Surdez, que a levou a conquistar o prêmio Alfredo Britto, concluiu o curso e voltou a Maceió, onde instalou seu consultório no 1º andar do prédio recém-construído da Loja América, na Rua do Comércio, nº 231.
Foi a única mulher aceita no Grêmio Literário Guimarães Passos. Tomou posse em 28 de setembro de 1931, quando o Grêmio já tinha sido transformado em Academia.
Registrou o seu diploma em 11 de fevereiro de 1932. Foi a primeira alagoana a realizar esse procedimento em Alagoas. Ainda em 1932 fundou a Associação pelo Progresso Feminino e foi sua primeira presidente.
Dedicava parte expressiva do seu tempo de trabalho atendendo gratuitamente aos pacientes pobres que procuravam o Dispensário José Duarte, na Rua Pontes de Miranda. Estava lá todas as segundas, quartas e sextas-feiras, das 7h30 às 9h30h.
Foi eleita deputado estadual constituinte nas eleições realizadas em 14 de outubro de 1934. Recebeu 13.891 votos, no 2º turno. Tomou posse em 26 de maio de 1935.
Uma correspondência do interventor Osman Loureiro à presidente Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, datada de 12 de setembro de 1934, informa que o Partido Republicano havia indicado “para a Câmara Estadual a dra. Lily Lages, presidente da Federação Alagoana para o Progresso Feminino“, revelando que havia uma cobrança daquela entidade nacional.
Era a primeira mulher alagoana a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Sua maior participação nos trabalhos da Constituinte se deu na elaboração dos textos sobre maternidade, infância e saúde, e no capítulo da Ordem Econômica e Social. Seu mandato se estendeu até 1937.
Ainda era deputada, quando, em 30 de maio de 1936, foi aprovada em concurso e nomeada docente livre da cadeira de Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da Bahia.
Demonstrando que cada vez mais se afastava da política, ainda em 1936 viajou para Berlim, na Alemanha, com a missão de representar o Brasil no III Congresso Internacional de Otorrinolaringologia. Aproveitou sua estadia na Europa para especializar-se, com estágio numa clínica na Áustria e participar, em Paris, das Reuniões Médico-Cirúrgicas de Morfologia.
Voltou a Maceió somente em 1938, quando decidiu se estabelecer no Rio de Janeiro. Quatro anos depois conquistou a cátedra de Anatomia na Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, onde ensinou Neuroanatomia e Anatomia dos Órgãos dos Sentidos até 1962.
A partir de 1950 passou também a ser médica do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), contratada após concurso.
Nos anos seguintes, aprimorou seus conhecimentos no Hospital Czerry, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha (1956) e, em 1957, participou do VI Congresso de Otorrinologia nos Estados Unidos. Em 1969 participou do VIII Congresso, em Paris, tendo em seguida visitado a Alemanha, a convite da Universidade de Würburg.
Foi titulada como Doutora em Medicina em 1974. No ano seguinte, em 3 de março, assumiu a livre docência da cadeira de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Faleceu no Rio de Janeiro em 30 de novembro de 2003.
Esther Salgado Lages
Nasceu em 2 de setembro de 1908. Nos jornais da época há apenas a informação de que era filha de José Gonçalves Lages e Marieta Lages. Provavelmente faleceu ainda criança.
José Lages Filho
Nasceu em 5 de novembro de 1910 e em 1931 já estava diplomado médico na Faculdade de Medicina da Bahia. Nesse mesmo ano foi aceito como membro da Sociedade de Medicina Legal, Criminologia e Psiquiatria da Bahia.
Regressou a Maceió onde estabeleceu clínica particular e também prestou serviços no Instituto de Proteção à Infância de Maceió por 18 anos.
Casou-se, em 1933, com Sônia Vandesmet Berard Lages, filha de Gastonne Vandesmet Berard, uma das filhas do Barão de Vandesmet, dono da Usina Brasileiro. Tiveram os seguintes filhos: Solange Lages Chalita, Mário Daniel Berard Lages, Simone Berard Lages (casou-se com Jayme Lustosa de Altavila), Sônia Maria Lages Pontes de Miranda e José Lages Neto.
Em 1934 foi nomeado, após prestar concurso, docente livre de Medicina Legal na Faculdade de Direito de Alagoas. Foi efetivado catedrático nessa mesma cadeira em 1946. Permaneceu nela até a sua aposentadoria em 1967.
A partir de 1935, também assumiu a cátedra de Higiene e Odontologia Legal do Curso de Odontologia da Escola de Farmácia e Odontologia de Alagoas e o cargo de médico legista da Polícia Civil, que manteve até 1955.
O Liceu Alagoano também recebeu a contribuição do professor José Lages Filho. Em prova realizada no dia 14 de abril de 1936, foi aprovado e em seguida nomeado catedrático de Ciências Físicas e Naturais.
Era médico substituto da Clínica Médica do Hospital São Vicente, da Santa Casa de Misericórdia de Maceió.
Foi ele quem realizou, no Serviço Médico Legal do Estado de Alagoas, as autópsias para estudo antropológico das cabeças de Lampião e Maria Bonita, que ali chegaram às 22 h de 31 de julho de 1938. Os laudos foram emitidos em 3 de agosto de 1938.
A partir de 1950 passou a lecionar, como professor catedrático, a cadeira de Medicina Legal da Faculdade de Medicina de Alagoas, permanecendo na cátedra até 1967. Também prestou serviços como médico clínico do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários.
Foi titulado, em 1971, Professor Emérito pela UFAL. Durante toda essa trajetória de serviços prestados a várias instituições, manteve seu consultório clínico, que funcionou ininterruptamente de 1931 a 1981.
Ocupou a cadeira nº 10 do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, sendo empossado em 23 de março de 1968. Assumiu a presidência do IHGAL de 2 de dezembro de 1970 a 17 de novembro de 1983. Foi também membro do Conselho Estadual de Cultura.
Não teve participação política como candidato. Faleceu em Maceió no dia 23 de agosto de 1997. Tinha 86 anos de idade.
No Pilar, em Alagoas, José Lages Filho foi homenageado com o seu nome em uma das principais vias da cidade. Da mesma forma fez Maceió, ao lhe conferir a denominação de uma rua no então Loteamento Cipesa, na Santa Amelia.
Afrânio Salgado Lages
Nasceu em Maceió no dia 14 de março de 1911. Cursou o primário e o secundário no Colégio Diocesano dos irmãos Maristas, de onde saiu para ingressar na Faculdade de Direito da Bahia em 1927, colando grau em 1931.
Em 1933, com 22 anos de idade, advogava em Maceió quando foi aprovado em concurso de títulos e provas para livre docente da Faculdade de Direito de Alagoas, na cadeira de Direito Civil. Quatro anos depois, em novo concurso, assumiu como titular a mesma cadeira. Interinamente, assumiu também as cadeiras de Direito Comercial, Teoria Geral do Estado e Direito Romano.
Militante do integralismo e seguidor de Plínio Salgado, pertenceu à Câmara dos Quatrocentos, órgão de assessoramento da chefia nacional da Ação Integralista Brasileira (AIB).
Nas eleições de 14 de outubro de 1934, foi eleito deputado estadual constituinte com os votos do núcleo provincial da Ação Integralista Brasileira. Apoiava a candidatura de Osman Loureiro ao governo estadual, o que desagradou a direção nacional da Ação Integralista e gerou polêmica nos jornais.
Tomou posse somente em 15 de julho de 1935 (os outros deputados assumiram em 26 de maio de 1935), depois de recurso apresentado junto ao STJE. Havia o questionamento sobre as candidaturas avulsas (sem filiação partidária), como a sua.
O Diário de Pernambuco registrou que, em sua posse, ao ser convidado a prestar o compromisso regimental, “o sr. Afranio Lages, chefe provincial da Ação Integralista, se [recusou] a fazê-lo nos termos em que o mesmo está redigido. [Disse] que jurar pela independência do Estado, como está escrito no Regimento, seria até incorrer na lei de segurança nacional”.
Houve discussão sobre o assunto e o líder da maioria, deputado Quintella Cavalcanti, concordou com ele. Afrânio Lages, então, prometeu defender a “autonomia” do Estado e não a “independência”.
Nesta mesma sessão, mais três deputados constituintes tomaram posse: Freitas Melro, Francisco Cavalcanti e Amarylio Salles.
Em meados de janeiro de 1936, renunciou à direção dos integralistas em Alagoas e ao mandato na Assembleia. A chefia nacional do Movimento Integralista aceitou a primeira desistência e indicou Luiz Leite e Oiticica para a direção da organização em Alagoas. Sobre o mandato parlamentar, o pedido foi para que permanecesse na Assembleia “batendo-se carinhosamente pelas nossas ideias”. Afrânio aceitou continuar e ali esteve até 10 de novembro de 1937, quando o golpe getulista implantou o Estado Novo e fechou as casas legislativas.
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Casou-se com Elia de Aguiar Porto em março de 1936. D. Lilita, como era mais conhecida, nasceu em 20 de janeiro de 1918, às 20h30, na extinta Praça Tavares Bastos, Centro de Maceió — onde depois funcionou o Colégio Estadual de Alagoas — e faleceu em Maceió no dia 18 de julho de 2019.
Era filha do bacharel Eduardo de Menezes Silva Porto (nasceu no Pilar em 15 de abril de 1881 e faleceu em Maceió no dia 29 de junho de 1956) e de Alice de Aguiar Porto (nasceu no Rio Grande do Sul em 5 de abril de um ano entre 1885 e 1893). Seu irmão, o bacharel Caio Aguiar Porto, também foi um personagem de destaque em Alagoas. Casou-se com a escritora Ilza Espirito Santo Porto.
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Eduardo de Menezes Silva Porto bacharelou-se na Faculdade de Direito do Recife em 1907, sendo nomeado imediatamente Juiz Substituto do Pilar e Mata Grande, em Alagoas. No Pará e no mesmo cargo, esteve em Baião e Igarapé-Assú, onde permaneceu entre 1907 e 1911.
Ainda em 1911, regressou a Alagoas para ser nomeado Juiz de Direito em Anadia. Foi removido para Palmeira dos Índios, até 1918, e depois para Viçosa. Em 1931 estava em União dos Palmares, posteriormente em Porto Calvo. Em 18 de agosto de 1934, assumiu a Procuradoria-Geral do Estado. Em seguida foi indicado como desembargador.
Era filho do também bacharel alagoano Francisco José da Silva Porto, que foi juiz de Direito e desembargador a partir de 1902. Presidiu o poder judiciário alagoano de 1903 a 1907 e de 1912 a 1921.
Sobre sua mãe, Amália de Menezes Silva Porto, essa pesquisa encontrou somente o seu nome.
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Alice de Aguiar Porto era filha do bacharel alagoano Francisco Francino de Aguiar, que após breve período na advocacia foi nomeado promotor público da capital, permanecendo nessa função até ser indicado para juiz municipal no Pilar em 1881.
Em abril de 1884 foi habilitado a ocupar o cargo de Juiz de Direito. A partir de 4 de julho de 1885 exerceu a magistratura em Piratiny, no Rio Grande do Sul. Em 1890 foi removido para Bagé, RS, ali permanecendo até 18 de junho de 1892, quando foi colocado em disponibilidade. Reassumiu no mesmo ano e entrou novamente em disponibilidade em 1893.
Era sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas desde 26 de outubro de 1880. Foi também próspero comerciante, industrial e investidor. Seu nome aparece nos jornais da época como sócio da Companhia das Águas de Maceió, Companhia Alagoana de Trilhos Urbanos, Companhia de Transportes Marítimos e Companhia São Bento.
Sobre sua mãe, Idelvina da Costa Aguiar, a pesquisa encontrou apenas o seu nome.
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Francisco e Amália também foram pais do advogado alagoano José da Costa Aguiar, que faleceu em 19 de novembro de 1982 em Recife, aos 83 anos. É provável que Eduardo e José tivessem outros irmãos.
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Afrânio Salgado Lages e D. Lilita Lages colocaram no mundo cinco filhos: Afrânio Lages Filho (Aeroturismo Agência de Viagens Ltda), Vânia Porto Lages (casada com Arthur Coutinho), Ione Porto Lages (nasceu em 27 de abril de 1944, casou-se com Emílio Elizeu Maya Omena em 28 de julho de 1961), Vera Porto Lages (casada com Luiz Gilbert Pereira do Carmo Sarmento, filho de Climerio Wanderley Sarmento e Josepha Pereira do Carmo Sarmento, donos da Usina Peixe e falecido em 1º de outubro de 97) e Alice Maria Porto Lages, que em 4 de agosto de 1972 casou-se com Carlos Romero Lessa Lustosa Cabral, filho do então diretor regional dos Diários Associados Wilson Lustosa. Esse casamento foi muito noticiado por acontecer nos salões do Palácio dos Martírios.
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Durante o mandato de deputado estadual constituinte e da militância integralista, Afrânio Lages continuou a exercer a advocacia e destacando-se e liderando seus colegas. Em 1936, por exemplo, era o presidente do Instituto dos Advogados de Alagoas.
Em 1937, tornou-se catedrático de Direito Civil da Faculdade de Direito de Alagoas. Foi ainda professor e titular interino de várias outras cadeiras da mesma Faculdade: Direito Comercial, Direito Romano e Teoria Geral do Estado. Lecionou ainda no curso de doutorado dessa instituição e no Liceu Alagoano, na cadeira de Ciências Físicas e Naturais.
Em 29 de dezembro de 1937, Afrânio Lages foi preso no arrastão nacional que Getúlio Vargas ordenou contra os integralistas e outros opositores. Em Alagoas foram para a cadeia mais de 40 adeptos do fascismo tupiniquim. Entre eles o engenheiro Fernando Oiticica e o professor Júlio Ferreira Caboclo, que havia sido deslocado de Minas Gerais para Maceió. Foi expedida também ordem de prisão para o bacharel Mário Marroquim, que fugiu, mas foi detido em Recife. Entre os encarcerados estavam os dirigentes Armando Montenegro e Sebastião Cavalcanti.
Segundo os jornais da época, o movimento revolucionário integralista em Alagoas tinha até um canhão calibre 15 cm, que havia sido montado na Fábrica de Tecidos de Cachoeira pelo engenheiro mecânico Jefferson Bello, dirigente daquela empresa e chefe municipal dos integralistas em Santa Luzia do Norte. Na Usina Serra Grande também ocorreram prisões. Lá existia um ativo núcleo integralista.
Afrânio Lages e Mário Marroquim foram postos em liberdade no dia 7 de janeiro de 1938.
Mantendo parte das propriedades do pai, em 1943, seu nome é citado como proprietário do Engenho Novo, no Pilar.
Foi nomeado juiz substituto do Tribunal Eleitoral de Alagoas, classe jurista, em 1950. No ano seguinte assumiu a presidência do Conselho Secional de Alagoas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), permanecendo nesse cargo até 1961.
Demonstrando que mantinha participação política, em 1º de fevereiro de 1951 foi indicado membro do Conselho de Finanças do Estado de Alagoas, atual Tribunal de Contas do Estado, pelo governador Arnon de Melo.
Também por indicação política, dirigiu a Caixa Econômica Federal em Alagoas entre 1952 e 1956. Nesse mesmo período esteve à frente do Conselho Estadual de Educação.
Foi presidente do Clube Fênix Alagoana de 1953 a 1956.
Voltou a concorrer a um mandato eletivo em 3 de outubro de 1954, conquistando, pela UDN, a suplência do senador Freitas Cavalcanti.
No ano seguinte, impulsionado por Arnon de Melo, disputou o governo do Estado contra Muniz Falcão. Era o candidato de unificação da UDN. A sua escolha surpreendeu os analistas. Esperava-se que o concorrente ao governo fosse Rui Palmeira ou Freitas Cavalcanti. Seu vice foi o engenheiro Antônio Mário Mafra. Muniz Falcão obteve 53.085 votos, vencendo Afrânio Lages, que recebeu 49.669 sufrágios.
Nomeado, em 17 de março de 1961, diretor da Carteira de Colonização do Banco do Brasil, deixou o cargo pouco meses depois, em julho. Optou por assumir a vaga aberta no Senado pelo titular Freitas Cavalcanti, que ganhara uma vaga no Tribunal de Contas da União.
No ano seguinte já era o vice-líder da UDN. Nesse mesmo ano tornou-se membro do Conselho Federal da OAB. Concluiu seu mandato de senador em janeiro de 1963.
Alguns meses depois tomou posse, por indicação do governador Luiz Cavalcante, na presidência da Companhia de Desenvolvimento de Alagoas (CODEAL), sociedade de economia mista que havia sido criada em 1959, no governo de Muniz Falcão, e que, pela Lei Estadual nº 2.618, de 28 de agosto de 1963, passava a ser uma sociedade por ações, autorizada a criar empresas subsidiárias.
Foi também representante de Alagoas no Conselho Deliberativo da SUDENE entre 1964 e 1966, e, entre 1964 e 1965, membro do Conselho Consultivo do Banco do Nordeste do Brasil.
Quando ocorreu a intervenção federal em Alagoas, com o general João José Batista Tubino assumindo o governo em 31 de janeiro de 1966, Afrânio Lages deixou a CODEAL, sendo nomeado dias depois diretor do Conselho de Desenvolvimento de Maceió (1966/67).
Ainda em 1966, a ARENA passou a discutir quem seria o eleito indiretamente pela Assembleia para suceder a Luiz Cavalcante após a interinidade do General Tubino, considerando que esse mesmo poder tinha impedido Muniz Falcão de tomar posse no governo. Surgiram vários candidatos, entre eles Afrânio Lages.
Em julho de 1966, houve uma reunião do Diretório Estadual do partido para a escolha do seu candidato. Afrânio Lages obteve votação inexpressiva. O mais votado foi o deputado estadual Lamenha Filho, que conseguiu o reconhecimento dos militares no poder e assumiu o governo em 15 de agosto daquele ano.
Quatro anos depois, em outubro de 1970, Afrânio Lages voltou a pleitear o cargo novamente numa escolha indireta. Dessa vez conseguiu, com a aprovação do general Emílio Garrastazu Médici. Foi eleito e assumiu o governo em 15 de março do ano seguinte, cumprindo o mandato até 15 de março de 1975.
A eleição indireta, que ocorreu no dia 3 de outubro de 1970, provocou problemas no MDB, que cogitou expulsar de suas fileiras os deputados Antônio Lopes, Antônio Amaral, José Vasconcelos, Higino Vital e Ademar Medeiros, que no Colégio Eleitoral votaram em Afrânio Lages, da Arena.
Foi o governador Afrânio Lages, que, em 1971, assinou o contrato de financiamento com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e o Grupo Euvaldo Luz para a implantação da Salgema Indústrias Químicas. O BNDE financiou Cr$ 15 milhões, passando a ter 10% dos votos. A Du Pont ficou com 45% e Euvaldo Luz com 45%. Anunciava-se que se criariam 1.200 novos empregos.
Entre as várias realizações do início do seu governo, em setembro de 1971 assinou o contrato para a construção do Parque Santo Eduardo em Maceió. Com 1.054 residências, ao custo de Cr$ 9.320.000,00. Tinha o apoio do BNH. Foi erguido pela Construtora Comercial Silva S. A.
Instalou água, luz e saneamento no Conjunto Humberto de Alencar Castelo Branco, com 1.042 residências. Fez o mesmo no Jardim das Acácias, com 540 unidades residenciais
Com o fim do mandato, também concluiu sua participação em eleições. A saúde e outros motivos indicavam que esse deveria ser o seu proceder. Mas permaneceu advogando.
No jornalismo, contribuiu para as colunas da Gazeta de Alagoas e Jornal de Alagoas. Foi ainda colaborador do Diário Carioca (RJ). Pelas letras foi conduzido ao IHGAL, onde foi empossado em 29 de novembro de 1969. Ocupou a cadeira 15, cujo patrono é Francisco Antônio da Costa Palmeira.
Faleceu em Maceió no dia 12 de fevereiro de 1990. Morava na Av. Fernandes Lima, nº 8.
Em sua homenagem, no CEPA existe a Escola Estadual Professor Afrânio Lages e, em Maceió, uma das principais avenidas da cidade recebe o seu nome.
Armando Salgado Lages
Nasceu em 31 de março de 1913, em Maceió, onde faleceu em 24 de janeiro de 1979.
Não foi possível identificar seus primeiros aprendizados em Maceió, mas sabe-se que em 1937 recebeu seu diploma de médico na Faculdade de Medicina da Bahia.
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Armando Salgado Lages casou-se com Maria Doly Malta Brandão Gracindo e tiveram três filhos: Carlos Eduardo, Sérgio Roberto e Mário Jorge.
Maria Doly Malta Brandão Gracindo era uma das filhas de Ignácio Brandão Gracindo (1881-1956) e de Cinira do Couto Malta, filha do ex-governador Joaquim Paulo Vieira Malta (irmão de Euclides Malta) e de Zelina Rodrigues do Couto.
Ignácio Brandão Gracindo era filho de Epaminondas Hypólito Gracindo e Maria Brandão Gracindo. O outro filho desse casal foi Demócrito Brandão Gracindo, o pai do ator Paulo Gracindo.
Ignácio Brandão Gracindo e Cinira do Couto Malta tiveram os seguintes filhos:
Túlio Malta Brandão Gracindo (11 de outubro de 1911 – 2 de maio de 1975); Mauro Malta Brandão Gracindo (11 de outubro de 1911 – ????); Maria Gaby Malta Brandão Gracindo (1915, Atalaia – ???? – foi esposa do senador Rui Palmeira); Cinira Malta Brandão Gracindo; Maria Doly Malta Brandão Gracindo, esposa de Armando Salgado Lages; e Moacyr Malta Brandão Gracindo.
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Há registro de Armando Lages, no início da carreira profissional, exercendo a Medicina em Maceió, onde tinha clínica. Demorou-se pouco na capital. Não foi encontrada a data do seu ingresso no Serviço Nacional de Malária do Ministério da Educação e Saúde, ocupando o cargo de Chefe de Setor no Rio de Janeiro, mas os jornais divulgaram que em 18 de dezembro de 1945 foi dispensado por ter sido nomeado para cargo público.
Meses antes, em 16 de agosto de 1945, fora nomeado Médico Sanitarista nível I do Ministério da Educação e Saúde, e em 8 de novembro desse mesmo ano já ocupava o cargo em comissão de Delegado, padrão M, da Delegacia Federal de Saúde da 4ª Região, com sede em Fortaleza, ali permanecendo até os primeiros anos da década seguinte.
Em 11 de março de 1952, o Ministro das Relações Exteriores, embaixador João Neves da Fontoura, assinou portaria dispensando o dr. Antônio Jorge de Almeida das funções de membro da Comissão Estadual de Fiscalização dos Entorpecentes do Estado de Alagoas e designando para esta função o dr. Armando Salgado Lages.
Já estava em Maceió desde o início de 1951, quando assumiu o Departamento Estadual de Saúde. O governador era Arnon de Melo (31 de janeiro de 1951 a 31 de janeiro de 1956).
Não ficou na Saúde até o final do governo. Com 7.953 votos (o 4º mais votado), conquistou uma vaga na Câmara dos Deputados em 3 de outubro de 1954. Seu mandato, iniciado em janeiro do ano seguinte, se estendeu até 1958. Tentou a reeleição naquele ano, sem sucesso.
Foi então nomeado pelo presidente Juscelino Kubistchek para o Conselho Fiscal da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – NOVACAP, em Brasília, em 11 de abril de 1959, onde permaneceu até meados da década de 1960.
Com a volta da UDN ao poder de Alagoas pelas mãos do Major Luiz Cavalcante (31 de janeiro de 1961 a 31 de janeiro de 1966), o dr. Armando Lages reassumiu a gestão da Saúde no Estado, já organizada como Secretaria da Saúde e Assistência Social.
Em 5 de setembro de 1967, pediu dispensa de representante do Ministério da Saúde no Conselho Deliberativo da Sudene. Estava lá desde 3 de maio de 1964.
Reconhecido nacionalmente como um bom sanitarista, em 20 de janeiro de 1968 foi eleito secretário executivo da Sociedade Brasileira de Higiene.
No governo do seu irmão Afrânio Lages (15 de março de 1971 a 15 de março de 1975), voltou à na Secretaria de Estado dos Negócios da Saúde e Serviço Social e iniciou um mandato histórico por suas realizações, entre elas a inauguração do Laboratório Industrial Farmacêutico de Alagoas – Lifal, em março de 1974.
Foi Armando Lages quem implantou o serviço de assistência odontológica e médica às populações residentes às margens das lagoas. Ele chamava essa ação de Comando Lacustre de Medicina Preventiva.
Faleceu em Maceió no dia 25 de janeiro de 1979, vítima de trombose. Tinha 65 anos de idade. Estava enfermo há quatro anos.
Em sua homenagem, a Unidade de Emergência de Maceió recebeu o seu nome, Armando Lages.
Muito grato, prezado Ticianeli.
Corrigindo José Lages Filho, teve mais uma filha Sônia Maria Lages Pontes de Miranda.
Obrigado pela informação, Rafael. Já acrescentamos.
Abeillard (filho mais velho de José Gonçalves Lages) casou-se com Nair e tiveram dois filhos Abenair Gomes Lages e Estacio Gomes Lages, este último faleceu criança. Nair era filha de José Maia Gomes e Eudocia Ferreira Maia. José Maia Gomes proprietário da usina Campo verde.
Tive prazer de conhecer o Dr. Afrânio Lages Filho no tempo que trabalhei no aeroporto Campos dos Palmares onde o dr. Afrânio sempre ia fazer suas visitas de trabalho. Pessoa simpaticíssima.
Vânia Porto Lages (casada com o pecuarista Emílio Omena), Ione Porto Lages (nasceu em 27 de abril de 1945.
verifique este texto, pois conversando com amigos que conviveram com os personagens disseram que D. Vânia foi casada com o usineiro Arthur Coutinho e D. Ione é casada com o usineiro Emilio Omena.
Obrigado pela contribuição. Alteramos a informação.
Ione Porto Lages nasceu em 27/04/1944 casada comEmilio Elizeu Maya de Omena em 28/07/1961
Alice de Aguiar Porto era gaúcha.Vera Porto Lages foi casada com Luiz Gilbert Pereira do Carmo Sarmento ,filho de Climerio Wanderley Sarmento e Josepha Pereira do Carmo Sarmento,donos da Usina Peixe e falecido em 1/10/97.Marieta Lages teve um filho José e duas Iolanda,mortos com poucos meses.Ester do Rego Barros era uma prima do Recife.
O nome de Sônia Vandesmet Berard Lages .Era filha do barão de Vandesmet,dono da Usina Brasileiro e de Gastonne Vandesmet Berard.
Fiz as correções. Obrigado.