Olha o carteiro!
Memória do rádio alagoano
Por Cláudio Alencar
*Publicado no livro Contando Histórias, Maceió, 1991.
Nos bons tempos do rádio teatro alagoano, quando um elenco de nomes famosos se dedicava, mais por amadorismo, ao teatro cego (como é também chamado o rádio teatro) grandes novelas foram levadas ao ar.
Verdade que os colaboradores chamados a fazer pontas cometiam gafes tremendas embora nos papéis centrais fossem convocados atores ou atrizes capazes. Lembro-me aqui e dou o meu testemunho da veracidade do ocorrido, de uma dessas gafes cometidas por Jocicler Taveiros, melhor desenhista do que rádio ator.
Deveria, numa das frases que lhe cabia dizer, interpretando, referir-se a uma usina e na hora movido por grande nervosismo, disse urina, quase estragando todo o restante do programa, tal o acesso de riso dos seus colegas em cena.
Uma outra foi do conhecido homem de rádio, o Marreco. Lima Filho, diretor de Rádio Teatro, precisava apenas de uma voz, uma pessoa que dissesse “Olha o Carteiro!” e aproveitou Marreco que, nessa época, atuava com Cleophas Rizzo, fazendo a dupla Marreco e Marroque.
Lima Filho avisa a Marreco que quando acabasse a apresentação da dupla, no auditório da Difusora, descesse para o estúdio da rádio teatro para fazer aquela voz. Marreco concordou e, realmente, desceu após a sua exibição no auditório, apanhou o “script” da novela e ficou aguardando o momento de entrar.
A cena era da mocinha da novela, amorosa, ansiando pelo carteiro, talvez o mensageiro de uma carta do seu amor.
Vale dizer que Marreco se atrasou um pouco e, quando entrou no estúdio já estava quase no momento de soltar a sua frase: “Olha o carteiro!”
E juntamente quando a mocinha inicia a sua fala, evocando o seu amor distante e pedindo a Deus para tornar certeza aquela sua espera de uma carta do amado, Lima Filho faz sinal a Marreco e este, não sei porque cargas d’água, sai com esta: “Olha o Leiteiro!”.
Não precisa dizer que a mocinha abriu no riso e que Lima Filho resolveu, daí por diante, dispensar, a bem do serviço, o desmemoriado Marreco.
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*Marreco era o nome artístico de Jorge Lamenha Lins.
Fiquei emocionado em vê a minha tia Aydete Vianna de (Procuradora aposentada de Maceió) cujo nome artístico era Silvia Lorena. Parabéns 👏👏👏
Bom dia, prezado Ticianelli.
Muito grato pela publicação desta reportagem. Fraternal abraço.
Fiquei muito feliz em ver essa reportagem. E ainda acho que a gafe cometida pelo meu pai Jorge LAMENHA lins filho Marreco foi traquinagem do meu velho ele era mestre do humor … eheheh
Jocicler Taveiros, meu saudoso pai! Disseram que era melhor desenhista do que rádio ator. Isso não sei, mas amava fazer gravações e cantar em casa com ele. Ah, e realmente ele era um excelente desenhista!