Olha o carteiro!

Memória do rádio alagoano

Palco da Difusora com o Elenco do Rádio Teatro em 1949. Florêncio Teixeira, Sinai Mesquita (filha de Jaques Mesquita), Ezequias Alves, Altair Costa, Jair Amaral, Silvia Lorene (ou Aydete Vianna, ao centro de blusa preta), Eunice Pontes, Reinaldo Costa (violão), Lima Filho (diretor do Rádio Teatro), Haroldo Miranda (controlista), C. Cavalcante, Jesualdo Ribeiro e Rosalvo Lima e Aldemar Paiva

Por Cláudio Alencar

*Publicado no livro Contando Histórias, Maceió, 1991.

Nos bons tempos do rádio teatro alagoano, quando um elenco de nomes famosos se dedicava, mais por amadorismo, ao teatro cego (como é também chamado o rádio teatro) grandes novelas foram levadas ao ar.

Verdade que os colaboradores chamados a fazer pontas cometiam gafes tremendas embora nos papéis centrais fossem convocados atores ou atrizes capazes. Lembro-me aqui e dou o meu testemunho da veracidade do ocorrido, de uma dessas gafes cometidas por Jocicler Taveiros, melhor desenhista do que rádio ator.

Deveria, numa das frases que lhe cabia dizer, interpretando, referir-se a uma usina e na hora movido por grande nervosismo, disse urina, quase estragando todo o restante do programa, tal o acesso de riso dos seus colegas em cena.

Uma outra foi do conhecido homem de rádio, o Marreco. Lima Filho, diretor de Rádio Teatro, precisava apenas de uma voz, uma pessoa que dissesse “Olha o Carteiro!” e aproveitou Marreco que, nessa época, atuava com Cleophas Rizzo, fazendo a dupla Marreco e Marroque.

Jorge Lamenha Lins, o popular Marreco

Lima Filho avisa a Marreco que quando acabasse a apresentação da dupla, no auditório da Difusora, descesse para o estúdio da rádio teatro para fazer aquela voz. Marreco concordou e, realmente, desceu após a sua exibição no auditório, apanhou o “script” da novela e ficou aguardando o momento de entrar.

A cena era da mocinha da novela, amorosa, ansiando pelo carteiro, talvez o mensageiro de uma carta do seu amor.

Lima Filho em 1954

Vale dizer que Marreco se atrasou um pouco e, quando entrou no estúdio já estava quase no momento de soltar a sua frase: “Olha o carteiro!

E juntamente quando a mocinha inicia a sua fala, evocando o seu amor distante e pedindo a Deus para tornar certeza aquela sua espera de uma carta do amado, Lima Filho faz sinal a Marreco e este, não sei porque cargas d’água, sai com esta: “Olha o Leiteiro!”.

Não precisa dizer que a mocinha abriu no riso e que Lima Filho resolveu, daí por diante, dispensar, a bem do serviço, o desmemoriado Marreco.

***

*Marreco era o nome artístico de Jorge Lamenha Lins.

4 Comments on Olha o carteiro!

  1. Themistocles Porto Vianna // 15 de novembro de 2022 em 02:09 //

    Fiquei emocionado em vê a minha tia Aydete Vianna de (Procuradora aposentada de Maceió) cujo nome artístico era Silvia Lorena. Parabéns 👏👏👏

  2. Claudio de Mendonça Ribeiro // 15 de novembro de 2022 em 05:53 //

    Bom dia, prezado Ticianelli.
    Muito grato pela publicação desta reportagem. Fraternal abraço.

  3. Jorge LAMENHA lins neto // 15 de novembro de 2022 em 12:04 //

    Fiquei muito feliz em ver essa reportagem. E ainda acho que a gafe cometida pelo meu pai Jorge LAMENHA lins filho Marreco foi traquinagem do meu velho ele era mestre do humor … eheheh

  4. JANE-CLER TAVEIROS // 5 de dezembro de 2023 em 18:05 //

    Jocicler Taveiros, meu saudoso pai! Disseram que era melhor desenhista do que rádio ator. Isso não sei, mas amava fazer gravações e cantar em casa com ele. Ah, e realmente ele era um excelente desenhista!

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