Quebrangulo, a Vitória do Senhor Bom Jesus dos Pobres
O mais completo trabalho sobre a história de Quebrangulo, o livro “Quebrangulo, Quebrangulo sempre serás!”, foi escrito pelo professor José Maria Tenório Rocha e publicado em 1996 pela Prefeitura Municipal desse município na gestão do prefeito Marcelo Lima.
Em homenagem a este excelente estudo, reproduzimos o seu capítulo “Desvendando as Origens”.
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Famosa por ter sido a terra berço de um filho ilustríssimo — Graciliano Ramos — traduzido e publicado em quase todas as línguas do mundo, Quebrangulo surge em todas as enciclopédias brasileiras e internacionais, quando tratam do escritor, especialmente de seu nascimento.
A tendência dessas enciclopédias, porém, é grafar o termo Quebrangulo como Quebra-ângulo, para esses tratadistas, estaria errada a grafia Quebrangulo; mas não só as enciclopédias erram, também inúmeras são as pessoas residentes na região, principalmente as portadoras de pensamento e cultura tradicionais, que pronunciam o nome do município e cidade como Quebrangula; na visão do historiador e antropólogo Dirceu Lindoso, cientista social alagoano, o correto seria a fala do povo que é detentora do saber e da ciência vinda através da tradição que tem força, coerência e lógica, uma lógica popular, uma lógica que merece no mínimo respeito.
Quebra-Ângulo. Quebrângulo. Quebrangula ou Quebrangulo. Qual seria a grafia certa?
Origem: questão do nome
Ao tratar, o Padre Francisco Antonio da Costa Palmeira, de antigos habitantes da região onde se localiza Quebrangulo, informa que existiram quilombos “na fralda oriental da serra da Barriga, em distância de 14 léguas, e distante de Quebrangulo, quatro léguas. Onde nasce o riacho que faz a barra do rio Paraíba, conta-se que existiu um povoado de pretos foragidos, sob a direção de um chefe, vivendo todos da caça de caititus e de nozes de palmeira, e porque grande caçador de porcos fora o chefe do lugar, deram o nome de Quebrangulo, que segundo o entender de muitos significa matador de porcos.
Discordamos, entretanto, desta tese, preferindo a de João Severiano da Fonseca, que afirma ser o nome proveniente de Quibongolóla, vocábulo procedente de Ocubongolola, que significa: reunião, coisa ajuntada, confederação, na língua bunda, língua ou dialeto angolense.
Acerca do termo Quebrangulo, correm outras versões, entre elas a de Francisco Izidoro, que em trabalho sobre municípios alagoanos dá sua interpretação nos termos: “Forma o riacho Quebrangulo, com o rio Paraíba, um ângulo reto, achando-se colocado no vértice, a villa (…). A linha formada pelo riacho na distância de cem passos na foz, perde a direção reta e quebrada para o interior da Villa, segue ao norte, a leste, tomando depois a primitiva direção e forma logo a barra. Parece evidente que a palavra Quebrangulo é tradição fônica de Quebra-Angulo“.
Versões existem que não possuem a menor sustentação, é o caso daquelas que trazem em seu bojo o argumento que tem base na chegada do trem na cidade. Dizem essas que o termo correto é QUEBRA-ANGULO, pois o comboio ferroviário que segue na direção Maceió-Colégio, ao se aproximar da cidade, tem que seguir uma rota que forma uma espécie de ângulo reto, para entrar na cidade, logo essa rota QUEBRA O ÂNGULO, daí a formação da palavra QUEBRA- ÂNGULO.
Ora, a argumentação não se sustenta, simplesmente por um fato histórico comprovado documentadamente: O “Trem” chegou na cidade no ano de 1912, portanto muito distante do estabelecimento da cultura e da sociedade ali implantada, até mesmo se quisermos atentar para as datas respeitadas oficialmente.
Antigos habitantes
Segundo João Alberto Ribeiro, estudioso da História de Alagoas, em trabalho publicado pela primeira vez em 1891, no qual, infelizmente não citou fontes documentais, o território de Quebrangulo foi primitivamente habitado pelos índios Xucurus, que em meados do século passado [XIX] atravessaram serras e caatingas e vieram formar aldeias nas proximidades da serra da Palmeira dos Índios, onde se encontravam estabelecidos em suas malocas os Cariris egressos de aldeamentos de Urubá em Cimbres (Pernambuco) em 1740, por motivo das grandes secas que assolaram os sertões.
Capistrano de Abreu, reforça a tese do internamento dos índios do litoral, quando diz “No avanço para o sertão, defrontaram os índios que sobressaiam os Cariris, antigos dominadores do litoral, então acuados entre o São Francisco e a Ibiapaba”.
Abelardo Duarte afirma que era “comum a chegada de índios nas regiões, vizinhas a Quebrangulo, que segundo os antigos missionários, os índios Cariri faziam suas andanças “impelidos pelos tupis do litoral (…) tribos Cariris, contam-se as que se aldearam em São Braz, Porto Real do Colégio, Palmeira dos Índios e Quebrangulo“.
José Bento da Cunha Figueiredo Júnior em 1870, em relatório apresentado a Assembleia Legislativa Provincial, faz um exame geral dos índios da região e, muito embora os trabalhos fossem feitos em tempos posteriores aos inícios da povoação de Quebrangulo, nele descreve os remanescentes dos índios que habitaram aquela região. Afirmava aquele administrador:
“não existem índios a catequisar e, entre eles não se contam um só missionário. Os que abandonaram as aldeias, confundiram-se na massa geral da população, e será bem raro, encontrar algum que conserve o tipo primitivo.
As tribos que descendeu os atuais habitantes das aldeias são Cariris e Xucurus, que vieram de São Paulo, com as forças requisitadas para a destruição dos Palmares, mas é possível que existam também descendentes dos Tabajaras e Caetés, que se achavam no litoral e sertões da Província na época do descobrimento do Brasil (…).
O Aldeamento de Limoeiro (município de Assembleia e freguesia de Quebrangulo) — É o termo de Assembleia três léguas abaixo da povoação de Correntes em Pernambuco. Tem uma população de 110 almas com 51 fogos e rendimento regular de 60$000 a 100$000. Esta aldeia, como as de Urucu e Santo Amaro, presume-se fundada nos fins do século XVII, por ocasião de exterminar-se a célebre República dos Palmares, quando se distribuíram terras aos índios e soldados que ajudaram a destruição dos quilombos, sendo essas concessões confirmadas por Alvará de 4 de agosto de 1693 e Carta Régia de 28 de janeiro de 1698 e setembro de 1699″.
Consultando uma senhora residente em Quebrangulo desde seu nascimento, e presentemente contando com 105 anos de idade, ela relata que em sua infância, pôde observar “caboclos que trabalhavam na agricultura e dançavam toré à noite“.
Os caboclos, citados pela centenária senhora, eram presumivelmente descendentes diretos dos antigos Xucuru e Cariri.
Miscigenação
Sílvio Romero, demonstrando a influência do europeu e dos negros, na formação dos povos do Brasil atual, diz “o português e o negro não destruíram senão limitadamente, o silvícola americano. Cruzaram com ele”.
Observando o povo de Quebrangulo, é de se notar a influência indígena e negra em maior proeminência. Moreno Brandão em trabalho sobre a população de Alagoas, particularmente das regiões circunvizinhas a Quebrangulo, faz referência “que os Chucurus, por habitarem em pontos distantes da comunicação com os europeus, ou por outros motivos, resistiram a miscigenação com outras raças, com as quais, só lentamente vão caldeando”.
Os povos iniciais do município foram os Cariri, Xucuru e negros de várias procedências. Os índios, por habitarem a região mais propícia para a pecuária, se adaptaram mais a esse tipo de vida.
Antigas referências a Quebrangulo
Alagoas até 1819, “contava com oito vilas, quatro à beira-mar (Maceió, Porto Calvo, Porto de Pedras, Poxim) e quatro no interior (Alagoas, Anadia, Atalaia e Penedo”.
Quebrangulo desde o início de seus dias como povoação, pertenceu a Vila de Atalaia e, em 13 de outubro de 1831, por Decreto Imperial, passa a pertencer a Assembléia (atual Viçosa), que se desligara naquela data, de Atalaia.
O mais antigo testemunho escrito sobre a existência de Quebrangulo é feito no ano de 1801, ao ser criada a Villa de S. João de Anadia. No documento de criação da mesma, menciona o Povoado da Passagem e a Fazenda Lages, esta, na época, pertencia a Antonio Martins e em 1871 passou às mãos de Agostinho Coelho da Silveira.
O documento foi assinado pelos governadores interinos de Pernambuco em 18 de novembro de 1801, que ordenaram ao Ouvidor Manoel Joaquim, “que faça crear a Povoação ou o Arraial dos Campos em Billa com o nome de S. João de Anadia“.
Eis os limites que deram a esta villa, com o nome de S. João de Anadia, aos 29 do mês de dezembro de 1801: “Vindo as Alagoas, principiasse no fim da Matta do Engenho Furado e princípio do Taboleiro na Cruz das Almas, d’onde correndo rumo do norte para o sul diretamente chegasse até as terras do Engenho Jequiá em que topa com o Termo da Villa Real de S. José do Poxim, e que correndo por este pela estrada Nova até o rio de Coruripe em a Passagem de Madeira, prosseguisse pela estrada da Canabrava até o rio Piauy em que findaria no logar da PASSAGEM e deixando a corrente do sobredito rio, por ser extremamente tortuosa, seguirá rumo direito de leste para o oeste até a fazenda de Santo Antonio, concluiria até topar com o Termo de Garanhuns para onde descorrendo irá continuando até a FAZENDA DAS LAGES, e d’esta até o sítio do Pimenta, até a barra do riacho chamado Roncador, prosseguindo até o riacho de Cima, d’onde voltará buscando o rumo de oeste para o leste a findar ou concluir o termo no logar Cruz das Almas, no fim da Mata do Furado onde tem princípio a sobredita divisão”.
No Cartório de Registro de Imóveis de Atalaia, município que foi a mais antiga sede administrativa de Quebrangulo, fomos encontrar as referências mais antigas do município, que é a Notícia da venda da propriedade Riachão, em 1806, que era pertencente a Luiz de Carvalho da Silva e fora vendida a Domingos de Farias Cabral. Infelizmente esta notícia só foi encontrada no livro de índice de vendas de Propriedades, pois o livro competente estava corroído pela ação do tempo e, era impossível ler os termos das negociações.
A Carta Régia de 10 de março de 1811 assinada pelo então Príncipe Regente D. João VI, criava a Freguesia de Garanhuns, não faz menção aos limites da novel freguesia. Os limites das terras porém, são feitos dois anos depois, a 23 de dezembro de 1813, quando é feito o “Auto de Assinação do Termo da Freguesia de Garanhuns” e faz referências a Quebrangulo nos termos: os limites passarão pela “Serra do Caranguejo, que desse para a Povoação da Palmeira“.
Em 1812, podemos enunciar a venda de terras nos “Dois Braços“, pertencente a Anna Christo, vendendo a propriedade a Felippe Gomes da Silveira. Do mesmo ano, “Gravatá” era negociado pelo proprietário Mariano dos Santos a João Batista de Oliveira.
Como fizemos referências anteriores, o Livro de Registro de Propriedades devido a seu estado de conservação, não nos permitiu ler os termos das negociatas.
A povoação inicial de Quebrangulo, contava com quatro casas, no lugar, onde atualmente se edifica a cidade, uma ficava situada na rua 16 de setembro, casa esta que pertenceu a Lourenço Costa em 1895 e duas a três casas na localidade onde atualmente se ergue o Mercado Público Municipal; citadas casas, eram casas residenciais e tomavam todo o quarteirão. Quebrangulo nessa época era apenas uma região de travessia, para os transeuntes que vinham de Palmeira dos Índios e seguiam a Assembléia ou dirigiam-se a Papacaça (atual Bom Conselho).
Naquele ano, 1814, nasceu no Engenho São Sebastião em Quebrangulo, José Joaquim da Costa Aguiar, o mesmo passou longos anos privados da visão, e faleceu em 6 de janeiro de 1884, contando com 70 anos, tendo em sua mocidade, exercido cargos de confiança do governo, por mandato popular. Após sua morte, foram transladados seus restos mortais para a Fazenda Santa Efigênia, de propriedade do seu filho Ten. Cel. José de Aguiar.
Manoel da Rocha, em 1815, vende terras em Lourenço a José Ambrósio Lins, por não podermos ler o documento da citada venda, não sabemos onde a mesma se situava.
Lourenço, atual Paulo Jacinto, foi a região onde em 1835, habitava a família Veiga, e, iniciava o povoamento da região.
O Pe. Francisco Palmeira assegura que “A Igreja do Rosário, foi construída em 1818, por uma antiga família conhecida pelo apelido de Casados, vulgarmente Rolecos, segundo todas as possibilidades, foi essa gente que deu começo a Povoação de Quebrangulo, e dela existem numerosos descendentes.
Uma outra família também antiga é a dos Barros e Montes (…) se estabeleceu na Passagem (…) (onde) se vê uma capela sob a invocação de N. Senhora das Dores, construída de taipa e telha em estado decente, tendo sido seus fundadores os mesmos Barros e Montes“.
Os Barros e Montes, que edificaram a igreja em 1818, provavelmente não chegaram à região nesse ano. Os Barros, do qual se faz referência, são os descendentes de José de Barros Lima, o famoso Leão Coroado, pois após os movimentos da Revolução Pernambucana de 1817, os seus descendentes foram considerados infames pela Coroa de Portugal e saíram de Pernambuco fugidos.
Atualmente, em 1970 em Quebrangulo, reside um dos seus parentes que conta com 99 anos e assevera o nobre senhor que seu avô, era chamado de José de Barros Lima, parente verdadeiro de Leão Coroado. José de Barros Lima, após chegar à região de Quebrangulo, procedente de Pernambuco, se estabeleceu na Carangueja. Sua esposa Luzia de Barros Lima, também daquela Província Imperial, era irmã de Mathias Coelho de Barros Lima, que por sua vez era parente direta de Alípio Coelho de Barros Lima, o primeiro Presidente da Câmara de Quebrangulo em 1872. Tanto Mathias Coelho, como Alipio Coelho, eram parentes próximos de Agostinho Coelho que se estabeleceu na Fazenda Lages e edificou um templo para pagar promessas.
Podemos assegurar que o povoamento de Quebrangulo foi iniciado em fins do século XVIII, ao mesmo tempo em que era povoado Quebrangulo, a Passagem, atual povoado em decadência, pertencente a Quebrangulo, também era iniciado seu núcleo populacional.
Outro documento que trata do povoamento de Quebrangulo, é a Carta de Doação feita a Sebastião Pedro de Carvalho e Póvoas, entregue por Sebastião Francisco de Mello e Póvoas; a Sesmaria ficava situada em terras do Riacho Tacuara do termo da Villa de Atalaia, “fazendo pião nos dois Braços pelo dito Rio Tacuara e rumo poente até se encontrar com terras de José de Oliveira Couto, para a banda do nascente e para o norte, até encontrar os Hereos de Poço Comprido“, passado a 13 de novembro de 1819, na Villa de Maceió.
De 1820, temos conhecimento da escritura de terras, passada na Villa de Atalaia, depois transcrita pelo tabelião de Assembléia em 1833. As escrituras tratam de terras que foram vendidas na Carangueja, negociadas por Manoel da Cruz Vilela, ao Alferes Luiz da Costa Pereira Guimarães(14), demarcando da “Barra do Riacho Gavião, subindo pelo riacho de cima (até) encontrar com os testados de Felix de Souza Fontis, daí (…) seguirá pela entrada do Borjo Velho da Carangueja de Cima (…) daí volta em procura do Riacho Carangueja“.
Outra escritura de terras, com a mesma data (20 de abril de 1820), vendida ao mesmo Alferes Luiz da Costa Pereira Guimarães e demarcando” entre o riacho Carangueja e Guariba, pegando da Barra do Riacho da Onça, donde finda a terra que vendi a Bento Moreira, todos pelo riacho Carangueja acima(…) Cassamba da Sapucaia, como consta da escritura de compra que foi (feita) ao meu tio José de Mello, e daí pela estrada do Riacho das Guaribas (…) em rumo certo vier da Barra do Riacho da Honça“.
Ambas as terras foram vendidas por trezentos mil réis ao citado Alferes, que veio habitar em Quebrangulo, procedente de Pernambuco (Garanhuns).
Além dessas duas partes de terras, o mesmo cidadão adquire outra parte, dessa vez uma sesmaria, em 1° de outubro de 1823, que constava de “oito a dez léguas para o centro da Serra dos Dois Irmãos (…) principiando, no pé da Caxoeira da Serra do Riacho Cassambinha, descendo por elle abaixo thé completar a dita legoa com meia para cada lado do dito riacho”.
Porém, o que chama mais a atenção é que, no mesmo documento, o recebedor diz “he lavrador e não tem terras que cultive…”. Como explicar que o mesmo Alferes não possuía terras, se havia comprado as duas acima citadas, e pago, conforme foi acertado com o vendedor?
A Passagem, em 1822 existia com vários moradores, o que prova é a “proposta feita para o posto de Capitão de Ordenanças do Termo dividido, dado Capitão, José Camelo de Amorim, que pega da Passagem (…) até o lugar do Riachão. Primeiro lugar: Alferes João Correia de Araújo, branco, casado, morador na mesma Passagem (…) na companhia dividida, de idade de Cincoenta Anos, pouco mais ou menos, que possui bens suficientes e de reconhecida capacidade…”.
A mesma proposta foi assinada pelo Capitão-mor Pedro Antonio da Costa, e aprovada no mesmo ano, ficando o referido senhor na qualidade de Capitão de Ordenanças na Passagem.
O governo de Alagoas faz em 1822 a doação de sesmaria a José Simplicio de Albuquerque, tratando-se de “meia légua de terra e huma de comprimento na margem do Riacho Taquara Termo da Villa de Atalaia, dividindo-se pela parte do norte, com os hereos do Rio Pirangi, no sobredito Riacho Taquara, que serve de limites a esta capitania e a de Pernambuco pelo sul com terras de Luiz José Lopes Couto, pelo Oeste, com as pretendidas por José Joaquim Coelho e, pelo leste com terras realengas (…) pagando o foro anual de seis mil réis”(18).
Para completarmos as notícias sobre a antiguidade de Quebrangulo e Passagem, temos um ofício enviado do Presidente da Câmara de Atalaia ao Presidente da Província, datado de 22 de abril de 1828, nos termos: “este lugar (…) Passage de Quebrangulo, Jucara, Riachão, não as completemos na informação que demos por não as acharmos estarem na circunstância de se criar cadeiras de primeiras letras, por serem lugares pouco povoados, apesar de que há nos circuitos dos ditos lugares muita população e é de presumir ser admitível haver tais cadeiras pondo em consideração que há nos mencionados lugares dos seus circunvizinhos: a bem da educação da mocidade (…) V. Excia determinará o que justo for” (19).
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Complemento da Editoria do História de Alagoas, com informações do IBGE.
Formação Administrativa
A autonomia administrativa de Vitória teve início com a aprovação da Lei Provincial nº 301, de 13 de junho de 1856, sancionada pelo então presidente da Província Silvino Elvídio Carneiro da Cunha. Passava a ser a freguesia do Senhor Bom Jesus dos Pobres (distrito), separado eclesiasticamente de Assembleia (Viçosa).
Como desdobramento dessa primeira conquista, o distrito foi elevado à categoria de vila com denominação de Quebrangulo, pela Lei Provincial nº 624, de 16 de março de 1872, desmembrado de Viçosa (ex-Assembleia).
O município foi instalado em 5 de setembro de 1872. Seu primeiro intendente foi o presidente da Câmara Municipal. Entretanto, continuava sob a jurisdição de Palmeira dos Índios. Somente no governo de Silvestre Péricles (Lei nº 1.473 de 17 de setembro de 1949) foi que passou a ser comarca independente.
Em 1890 a vila voltou a ser distrito de Assembleia. Essa definição foi adotada pelo Decreto Estadual nº 4, de 20 de fevereiro daquele ano, sancionado pelo governador Pedro Paulino da Fonseca. Seu território foi dividido entre Viçosa e Palmeira dos índios.
Dias depois, foi publicado o Decreto Estadual nº 46, de 25 de setembro de 1890, modificando o nome da vila de Assembleia para Viçosa.
No dia 27 de setembro de 1890, com a sanção do Decreto Estadual nº 47, Quebrangulo voltou a se emancipar de Viçosa e reconquistou a categoria de vila, mas agora com a denominação de Vitória. Foi mais uma conquista de seu povo e de seus representantes políticos, que pressionaram o governador, cobrando a anulação do Decreto Estadual nº 4, de 20 de fevereiro de 1890. Ameaçaram até solicitar a incorporação do município a Pernambuco.
Alcançou a categoria de cidade, ainda com a denominação de Vitória, pela Lei Estadual nº 593, de 6 de junho de 1910. Um ato do governador Euclides Malta.
Voltou a ser Quebrangulo pela Lei Estadual nº 1.139, de 20 de junho de 1928, ato sancionado pelo governador Álvaro Correa Paes.
Em divisões territoriais datadas de 31 de julho de 1936 e 31 de julho de 1937, o município aparece constituído de dois distritos: Quebrangulo e Paulo Jacinto.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de dois distritos: Quebrangulo e Paulo Jacinto.
Pela Lei nº 1.747, de 2 de dezembro de 1953, é desmembrado do município de Quebrangulo o distrito de Paulo Jacinto. Elevado à categoria de município.
Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960, o município é constituído do distrito sede.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Quando estudei em Recife, na década de 70, a turma tinha quatro quebrangulenses que não cansavam de louvar a terrinha – tanto como berço de Graciliano Ramos como por ser o melhor lugar do mundo, segundo eles. Algumas vezes fui convidado para participar de uma famosa festa anual, acho que festa da chita, mas o deslocamento Recife/Quebrangulo, por ser complexo e demorado, desanimava em atender aos convites. À época, tivesse lido este seu artigo certamente ficaria mais propenso em enfrentar a aventura rodo-ferroviária.
Eu,Almir Cavalcante.
Nascido na Cidade de Quebrangulo/AL
Em 29/ 10/ 1956
‘Quero em breve ,divulgar o meu poema… que relata a minha Cidade .’
Um abraço e até lá…
Almir Cavalcante, tudo bem? Estou pesquisando a história da minha família e meu bisavô João Cavalcante de Araújo nasceu em 1920 na vila de Vitória, e pelo que li corresponde hj ao município de Quebrangulo. Teria alguma informação para compartilhar?