Castro Filho, o polêmico radialista da Patrulha do Ar

Prédio na Rua Pedro Monteiro, onde funcionou a Rádio Difusora de Alagoas

Antônio de Barros Castro nasceu em 14 de maio de 1919 em Pau d’Alho, Pernambuco, filho primogênito do casal Olga de Barros Castro e de Antônio de Barros da Silva Castro.

Seu pai faleceu em 9 de novembro de 1918, às 3h30 da madrugada, em Pau d’Alho. Foi vítima da Gripe Espanhola. Era filho do coronel Francisco de Barros Silva Castro e de Cláudina de Barros Silva Castro.

Quando Antônio de Barros faleceu, Olga, nascida em 1900, estava no quinto mês de gravidez do futuro radialista Castro Filho.

Sua mãe, viúva, não podendo cuidar do filho como queria, deixou que fosse criado pelos avós paternos, que tinham boa condição financeira e gostavam muito dele.

Quando tinha quatro anos de idade, voltou a morar com sua mãe, que casou-se novamente (dezembro de 1923, desta feita com o jovem paraibano Agripino Gouveia de Barros, um bacharel que havia concluído o curso de Direito na Faculdade de Direito de Recife em 15 de dezembro.

Desembargador Agripino Gouveia de Barros foi padrasto de Castro Filho

Olga e Agripino tiveram dois filhos, Jackson e Natércia, que passaram a receber do pai toda a atenção. Em relato para a família, muitos anos depois, Castro Filho revelou que sofreu muito nas mãos do padrasto.

Em fevereiro de 1933, Agripino Gouveia foi escolhido pelo chefe do governo provisório da Paraíba, Gratuliano da Costa Brito, para compor como desembargador o Tribunal Regional de Justiça Eleitoral daquele estado.

Meses depois, ainda em 1933, Olga faleceu vítima de tuberculose. Tinha 33 anos de idade.

Agripino Gouveia, que casou-se novamente e teve mais dois filhos (Paulo de Tarso e Agripino), chegou a presidir o Tribunal de Justiça da Paraíba entre 1948 a 1950. Foi ainda um dos fundadores e primeiro diretor da Faculdade de Direito da Paraíba.

De volta a Pau d’Alho

Aos 14 anos de idade, sem pai, sem a mãe e rejeitado pelo padrasto, Castro Filho retornou à casa dos avós paternos em Pau d’Alho. Foi aceito como um filho.

Percebendo que findavam seus dias, seus avós, Francisco de Barros Silva Castro e de Claudina de Barros Silva Castro, resolveram partilhar seus bens com os filhos em vida

A Castro Filho coube o expressivo quinhão que seria do seu pai. Como era um adolescente menor de idade, quis antecipar sua herança e passou a cedê-las aos tios por valores bem inferiores ao do mercado.

Jovem, com dinheiro, caminhou celeremente para a boemia e foi morar no Rio de janeiro, onde chegou a cantar na orquestra do maestro Severino Araújo.

Frequentava hotéis e restaurantes de luxo, onde promovia saraus com muita música. Como era de se esperar, o dinheiro e o patrimônio se transformaram em fumaça rapidamente.

Nesse período, descobriu que tinha uma bonita voz e desenvolveu o vício do tabagismo e a paixão pela política.

Pioneiro no Rádio em Alagoas

Não há informações precisas sobre o que levou Castro Filho a se estabelecer em Maceió, mas é provável que tenha sido como cantor e locutor que chegou à capital das Alagoas em 1942. Tinha 23 anos de idade.

Maceió tinha vivido suas primeiras experiências com a radiodifusão na década anterior. Uma delas foi a instalação, em novembro de 1935, do CRAF – Centro Regional de Anúncios Falados, uma iniciativa dos locutores José Renato e Josué Júnior e dos técnicos Jacques Mesquita, Miguel Correia de Oliveira e Luiz Gonzaga. Era um serviço de alto-falantes, que não demorou muito a fechar as portas.

Foi com estes mesmos equipamentos que Castro Filho, em 1944, instalou o Serviço de Alto-Falante de Maceió.

Castro Filho, Marônio e a esposa Maria José na Rua Godofredo Ferro, em Maceió no ano de 1951

Parte dos recursos para esse investimento veio do seu sogro, Francisco Cavalcanti Bandeira de Melo. Foi assim que conseguiu estender fios pelas principais ruas do Centro da cidade.

Anos depois, o deputado federal Medeiros Netto elogiou a iniciativa do “arrojado e temerário Antônio de Barros Castro”, que percebeu a inevitável redemocratização do país e que nesse novo ambiente haveria espaço para a propaganda política.

O interventor Ismar de Góis Monteiro ficou temeroso diante da possibilidade do seu grupo sofrer ataques políticos a partir desse sistema de comunicação, mas o padre Medeiros Netto, então Diretor de Educação do Estado, foi convencido pelo radialista dos seus bons propósitos e retirou os entraves para a sua consecução.

O estúdio ficava na Rua do Comércio, nº 600, trecho próximo à Praça dos Martírios, onde também funcionava o jornal A Voz do Povo, ligado ao Partido Comunista do Brasil.

O sistema funcionava com dezesseis bocas de som instaladas na Rua do Comércio, Praça dos Martírios, Av. Moreira Lima e Praça do Mercado (área onde depois construíram o Colégio Estadual e a Secretaria de Educação), transmitindo anúncios e música popular. O principal anunciante era o Café Afa.

Segundo Medeiros Netto, esse empreendimento tornou-se a grande escola que formou os radialistas das décadas seguintes. Ele cita Aldemar Paiva, Setton Neto, Odete Pacheco, Jesualdo Ribeiro e Correia de Oliveira.

Ainda em 1944, Castro Filho conseguiu com Getúlio Vargas e com o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) a permissão para funcionar uma rádio em onda média. Essa pequena estação foi montada aproveitando equipamentos dos restos de um avião B-29, sobra de guerra deixada no aeroporto de Maceió.

Medeiros Netto ainda aponta Castro Filho como um dos incentivadores para a criação da Rádio Difusora em 16 de setembro de 1948. O governador Silvestre Péricles teria lhe pedido para acompanhar a montagem da emissora, onde foi o primeiro locutor-chefe e diretor de estúdio.

Dez anos após a inauguração da Rádio Difusora, surgiu a Rádio Progresso de Alagoas, ZYL 25, que foi inaugurada no dia 15 de novembro de 1958.

Para conseguir esta concessão, o deputado federal Ary Pitombo contou com a ajuda do também deputado Oswaldo Ortiz Monteiro, do PTB paulista. Esse político paulista foi proprietário da TV Paulista canal 5, vendida em 25 de maio de 1955 a Victor Costa.

Não se sabe quem foram os primeiros diretores da emissora, mas em janeiro de 1959 assumiu nova direção formada por Dilermando Nabuco de Melo, diretor gerente; Edécio Lopes, diretor artístico; José Prezado, diretor comercial e Luiz Gonzaga, diretor técnico.

Castro Filho, que estava trabalhando no Rio de janeiro, para onde tinha ido após sofrer ameaças de morte, foi convidado para administrar a montagem da Rádio Progresso como o primeiro diretor geral da emissora.

Quando chegou a Maceió em meados de março de 1960 para assumir os trabalhos e reencontrar a família, foi preso e passou 63 horas detido, segundo o Jornal do Commercio (AM) de 24 de março de 1960. Citado como um dos diretores da Rádio Progresso, estava ameaçado de morte por elementos do PSP, partido de Muniz Falcão, e teve que se refugiar no quartel do 20º BC.

A Rádio Progresso não conseguiu se estabilizar e logo passou a viver o período de crise que a levou a ser transferida, em 1965, para os Diários Associados.

No dia 2 de outubro de 1960 foi inaugurada a Rádio Gazeta de Alagoas, AM, ZYL-21, um investimento do empresário, político e jornalista Arnon de Melo, que já era proprietário do jornal Gazeta de Alagoas.

Castro Filho também participou dos primeiros momentos desta emissora como um dos diretores. Em sua trajetória pelo rádio alagoano, este intrépido pernambucano foi ainda comentarista político da Rádio Palmares de Alagoas.

Castro Filho, de lenço branco no bolso, foi quem criou em Maceió as maratonas carnavalescas

Fizeram história no rádio a Patrulha no Ar (lançado em 1968) e o Programa Caipira Cel. Tabatinga.

Há registros de que Castro Filho chegou a montar uma rádio de sua propriedade no Tabuleiro do Martins e que, posteriormente, a vendeu para o deputado estadual Claudionor Albuquerque, de Arapiraca.

Outra importante contribuição deste radialista para a cultura alagoana foi a criação das Maratonas Carnavalescas, que antecipou os festejos momescos em 15 dias. Antes começavam no Banho de Mar à Fantasia, no domingo anterior ao carnaval.

Na Política

Não foi possível identificar quando Castro Filho foi admitido como servidor público federal, lotado no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas (IAPETEC), mas é provável que isso tenha se dado quando da sua aproximação política com os trabalhistas ligados ao deputado federal Ary Pitombo.

Sua participação já era polêmica em 1945, quando pediu afastamento do partido (provavelmente o PSL) e publicou nos jornais de 5 de setembro que não concordava com as orientações da direção partidária em Maceió.

Uma anotação de 9 de fevereiro de 1977 em sua ficha do Serviço Nacional de Informação revela que nos anos 40, Castro Filho ingressou na Polícia Militar como oficial e que no governo de Arnon de Melo (31 de janeiro de 1951 a 31 de janeiro de 1956) foi demitido como incapaz.

Foi reincluído no governo seguinte, de Muniz Falcão, sendo ressarcido nas promoções, atingindo o posto de Major. Passou para a reserva remunerado como Tenente-Coronel. Há ainda o registro de sua passagem pela Guarda Civil em 1949.

Castro Filho foi um dos primeiros diretores da Rádio Difusora, Rádio Progresso e Rádio Gazeta

Em agosto de 1958, durante o governo de Muniz Falcão, o Boletim da ABI divulgou nota da Associação Alagoana de Imprensa denunciando ameaças a jornalistas. Segundo a publicação, o repórter Paulo Brandão tinha sido agredido em via pública “por um cunhado do governador acobertado por irmãos e capanga”.

O jornalista e professor Donizetti Calheiros teve a sua residência rondada por elementos suspeitos e “o confrade Castro Filho há dias se encontra recolhido à casa de um amigo em face da caçada de sicários governistas”.

clique aqui e conheça a história de donizetti calheiros

Foi motivado por estas perseguições que Castro Filho se refugiou no Rio de Janeiro por quase dois anos.

Anos 60

Insuflado pela popularidade que conquistara no rádio e por ter vínculos com os trabalhadores em Transportes e Cargas de Alagoas, relação construída a partir do IAPETEC, Castro Filho resolveu disputar o mandato de deputado estadual nas eleições de 1962.

Filiado ao Partido Social Trabalhista (PST), teve 479 votos, ficando na sexta suplência.

Essa baixa votação foi atribuída a anulação dos votos dados a Castro Filho, como era amplamente conhecido. Ele registrou sua candidatura como Antônio de Barros Castro, seu verdadeiro nome. Esse mesmo problema lhe trouxe prejuízos em todas as eleições que disputou.

Nesse período, sua militância política foi registrada pelos órgãos de segurança e ele passou a ser identificado como de esquerda, principalmente por suas ligações na luta sindical com o radialista Nilson Miranda, um dos dirigentes do Partido Comunista Brasileiro.

Em uma de suas fichas está anotado que ele teria participado de um curso na Universidade Amigos dos Povos Patrice Lumumba em Moscou, informação não confirmada por seus familiares.

No período anterior ao golpe militar de 1964, participou ativamente das manifestações políticas e era presença garantida nos comícios da Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e do Pacto de Unidade e Ação (PUA), uma organização intersindical de trabalhadores ferroviários, marítimos e portuários, não reconhecida pelo Ministério do Trabalho.

Em 29 de março de 1964, após a proibição do comício na Praça do Pirulito que deveria contar com a presença de Miguel Arraes e Leonel Brizola, Castro Filho instalou um estúdio da Rádio Progresso na sede do Sindicato do Trabalhadores no Petróleo, na Rua 2 de Dezembro.

clique aqui e conheça a história do último comício antes do golpe militar de 1964

Segundo registros da polícia, “à guisa de entrevistar autoridades, incitava o povo a reagir contra a Polícia, que ele chamava de Gorilas e Golpistas. Nessa noite entrevistou o deputado estadual Cláudio de Albuquerque Lima. Por várias vezes solicitou a presença da Força Federal nas ruas para dar liberdade ao povo de manifestar seu apoio ao sr. João Goulart”.

No dia 31 de março, à noite, após saber que o golpe militar estava em andamento, fugiu e se escondeu em Palmares, Pernambuco, onde foi preso no dia 14 de maio.

Segundo depoimento de familiares, passou 16 dias na Penitenciária de Maceió, mas foi liberado pelo coronel que comandava as investigações por estar convencido que Castro Filho não era comunista, mas sim um idealista.

Em agosto daquele mesmo ano já estava de volta ao microfone da Rádio Progresso. No dia 6, ele e Walter de Alencar foram advertidos pela direção e Castro Filho foi proibido, durante o seu programa “Alvorada Sertaneja”, de ordenar ao “controlista” do horário que ligasse o receptor da técnica, destinado as transmissões da “Voz do Brasil”. Caso desobedecesse, teria seu programa suspenso. O comunicado foi assinado por Pedro Macêdo.

Em 1966, já filiado ao MDB, voltou a disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Novamente sem êxito.

Castro Filho disputou a sua primeira eleição em 1960

No ano seguinte, sabe-se pelas fichas do SNI que esteve em Arapiraca por algum tempo montando uma estação de rádio “clandestina” para o deputado cassado Claudenor de Albuquerque Lima. Tinha vendido o equipamento da emissora que tentou montar no Tabuleiro do Martins.

A partir de 1968, com o programa Patrulha no Ar, na Rádio Progresso, conseguiu ampliar sua popularidade. Depois, esse mesmo programa foi levado para a Rádio Difusora de Alagoas.

Continuava a ser polêmico e ainda em 1968, por exemplo, entrevistou o estudante universitário Mário Jorge Uchoa, “solidarizando-se com o movimento de caráter subversivo e com as concentrações que os universitários pretendiam desencadear sobre o acordo MEC/USAID”, anotaram os órgãos de Segurança.

Ainda no início de 1968 foi processado pelo reitor A. C. Simões, da Universidade Federal de Alagoas. Castro Filho criticou duramente a instituição por não matricular todos os aprovados no vestibular para Medicina daquele ano. A UFAL matriculou 70 alunos e considerou 114 deles como excedentes.

Essa luta foi vitoriosa com a criação da Escola de Ciências Médica e o radialista, vez por outra, revelava o orgulho de ter contribuído para essa conquista.

O processo contra ele se arrastou até 1974, quando foi condenado a cinco meses e dez dias de detenção e multa de Cr$ 374,00 por ter caluniado o reitor A. C. Simões.

Teve a pena suspensa condicionalmente por dois anos, entretanto, segundo sua ficha nos órgãos de Segurança da época, ficou impedido de escrever ou falar qualquer coisa sobre a UFAL.

Sua atuação contundente em defesa de causas democráticas o levaram, cada vez mais, a ser identificado como opositor ao regime ditatorial.

Em 25 de outubro de 1968 recebeu um bilhete assinado por Osório Santiago, da célula local do Comando de Caça aos Comunistas, ameaçando-o de morte por sua atuação no programa Patrulha do Ar, onde supostamente pregava “essa subversão”. O bilhete se despedia com a saudação integralista: “Anauê pelo Brasil!”.

Voltou a se envolver em um fato de grande repercussão em janeiro de 1969. Deu voz em seu programa à denúncia de alguns funcionários do Departamento de Estrada de Rodagem do Estado contra irregularidades e corrupção atribuídas a um diretor daquele órgão.

O dirigente do DER promoveu ação na Justiça exigindo que o radialista apresentasse provas dos fatos denunciados. Por causa deste incidente, Castro Filho teve o seu programa na Rádio Progresso suspenso pelo superintendente dos Diários Associados em Alagoas, Oliveira Júnior.

Nesse mesmo período assumiu a presidência da Associação Beneficente dos Motoristas de Alagoas e logo se desentendeu com a Secretaria de Segurança ao alegar que os motoristas estavam sendo assassinados por falta de ações da Polícia.

Pelo rádio vinha denunciando uma onda de assaltos contra motoristas e enviou carta ao ministro da Justiça expondo o clima de insegurança na capital. Atingia principalmente os motoristas que faziam ponto na Praça dos Palmares.

O secretário de Segurança, coronel Anchieta do Vale Bentes, disse à imprensa que ele “agitou a opinião pública, ao ponto de obrigá-lo a intensificar o policiamento noturno da cidade, pois temia que as notícias sugestionassem os marginais e os levassem a cometer assaltos, acrescentando que esperou durante toda a semana por uma visita do presidente do Sindicato dos Motoristas ou mesmo de uma comissão”, publicou o Diário de Pernambuco de 20 de janeiro de 1970.

A reportagem assinada pelo correspondente Bernardino Souto Maior informava ainda que se ele não se apresentasse “dentro das próximas horas as provas dos assaltos, dos quais certos motoristas dizem ter sido vítimas, poderá ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional, como agitador”.

Soube que seria preso pelo Delegado da Roubos e Furtos, Rubens Quintella, e fugiu de Maceió.

Nas eleições de 1970 candidatou-se novamente a deputado estadual, ficando na terceira suplência do MDB com 3.816 votos. Foi o candidato mais bem votado em Maceió.

Quando, em agosto daquele ano, inscreveu seu nome no TRE, teve a candidatura impugnada pelo Procurador Regional Eleitoral, dr. Carlos Guido, que alegou irregularidades na vida pública do concorrente oposicionista. Em setembro conseguiu liberar seu registro.

Dois anos depois, finalmente, conseguiu seu primeiro mandato. Foi eleito pelo MDB vereador por Maceió nas eleições de 15 de novembro de 1972. Teve 1.572 votos.

Não exerceu o mandato. Renunciou para assumir, como suplente que era, a vaga de deputado estadual nos primeiros dias de 1973. O deputado Higino Vital da Silva tinha sido eleito prefeito de Arapiraca.

Castro Filho em 1973, no mandato de deputado estadual

Tentou a reeleição para deputado estadual em 1974, sem êxito. Nas eleições de 1976, quem se candidatou a vereadora pela ARENA foi Maria José Cavalcanti de Castro, sua esposa.

No curto mandato de deputado estadual (1973/74), ficou conhecido por suas intervenções diárias na tribuna da Assembleia Legislativa.

Fazia dois discursos por sessão e a maioria deles contra seu ferrenho adversário, o ex-governador Afrânio Lages, um político surgido na década de 30 com passagem pelo movimento integralista.

Foi de autoria do deputado Castro Filho a indicação (nº 680/63 e 980/74) para a construção da interligação entre Maceió e Marechal Deodoro, obra realizada no governo de Divaldo Suruagy com a construção de duas pontes.

Teve ainda participação decisiva na luta pela aprovação dos Estatutos da Polícia Civil, que foi objeto de sua indicação.

Foi na Assembleia que estabeleceu boas relações com o também deputado Divaldo Suruagy. Quando assumiu o governo do Estado em 1975, Suruagy o convidou para ser seu Chefe do Gabinete Civil. Permaneceu trabalhando no Palácio dos Martírios até a sua morte em janeiro de 1982.

Em 5 de outubro de 1976, novamente Antônio de Barros Castro estava envolvido em polêmica. O assessor de Segurança e Informação da COBAL, general Ruy de Oliveira Couto, compareceu à Secretaria de Segurança Pública de Alagoas para o denunciar por fazer provocações contra um dos diretores da CEASA em Alagoas, o dr. José Lenilson de Carvalho.

Na denúncia o general se referia a Castro Filho como um agitador “que se diz estar com o governo”, mas que era desleal. “Com que governo esta o radialista Castro Filho? Será o de Cuba? Com o nosso evidentemente que não está”.

No início de 1977, participou das ações para a criação em Alagoas do Partido Democrático Republicano, PDR, ligado ao ex-vice-presidente Pedro Aleixo. O projeto político não vingou.

Vinculou-se então ao PTB de Ivete Vargas, mas desfilou-se em 29 de junho de 1981 para ingressar no PDS de Divaldo Suruagy, onde pretendia ser candidato a deputado estadual nas eleições de novembro de 1982.

Castro Filho exibindo, dias antes de falecer, o remédio para o coração que sempre tomava antes de dormir

Faleceu às 13h30 de 8 de janeiro de 1982 de ataque cardíaco, aos 62 anos de idade. Havia se sentido mal na noite anterior e foi socorrido na manhã seguinte no Prontocor, no Farol. Sofria do coração há muito tempo. Tentou por duas vezes realizar cirurgia no Sul do país, mas foi desaconselhado pelo risco.

Seu corpo foi velado, durante à noite, na Loja Maçônica Virtude e Bondade, na Rua Barão de Penedo. No início da manhã foi levado para o saguão da Assembleia Legislativa de onde foi conduzido por amigos e familiares até o mausoléu da Maçonaria, no Cemitério de São José, Trapiche da Barra, onde foi sepultado às 11 horas.

Logo após a sua morte, a Câmara Municipal de Maceió o homenageou aprovando a Lei nº 2982 de 25 de agosto de 1982, denominando de Deputado Castro Filho, a Rua nº 29, do Loteamento Jardim Petrópolis, no Farol.

Família

Conheceu sua futura esposa no início da década de 1940. Maria José Cavalcanti era ainda uma normalista de 20 anos de idade, nascida em São José da Lage (17 de novembro de 1925) e filha de Francisco Cavalcanti Bandeira de Melo e de Maria Madalena Cavalcanti.

O namoro era furtivo. “Seu” Lico, o pai da moça, não aceitaria o namoro de sua filha mais velha com um cantor.

Certo dia, ao se despedir da namorada na Estação Ferroviária de Maceió, foi visto por um amigo do pai dela quando a beijava na face. “Seu” Lico soube e armou uma tocaia para pegar o atrevido. Chegando da viagem, Castro Filho teve que correr para não morrer.

A solução foi pedir a mão da namorada em casamento. Três meses depois, em 24 de dezembro de 1943, se uniram perante o dr. Artur da Silva Jucá, juiz de Direito. Testemunharam o ato Gerson Cavalcanti Bandeira de Mello e o dr. Hebel Quintela de Oliveira.

Após o casamento, Maria José Cavalcanti prestou concurso e tornou-se funcionária pública federal. Com quatro anos de casado, Castro Filho, para surpresa de todos, abandonou a vida boêmia.

Nos primeiros dias de casados, moraram na casa de “Seu” Lico, mas logo alugaram uma casinha na Rua Comendador Palmeira. Tempo depois foram para a Rua do Sol. Estiveram ainda na Rua Buarque de Macêdo, e, a partir de 1952, na casa própria da Rua Godofredo Ferro, nº 115, onde residiram por 13 anos.

Em meados de 1967, com o assassinato do filho Marônio, a família foi morar na Rua Epaminondas Gracindo, nº 96, e depois na Rua Vital Barbosa, nº 608, na Pajuçara

Marônio Cavalcanti de Castro foi o primeiro filho do casal. Nasceu em 30 outubro 1944, em Maceió e após cursar contabilidade no Colégio Guido de Fontgalland, trabalhou em um escritório de um construtor civil e posteriormente ingressou na Petrobras. Ficou alguns meses no Tabuleiro do Martins e depois foi transferido para Sergipe.

De folga, preparava-se para voltar a Maceió quando foi agredido e golpeado na cabeça de forma traiçoeira por um algoz. Perdeu massa encefálica, foi operado, mas não resistiu e faleceu às 23 horas do dia 24 de maio de 1966. Era noivo e pretendia casar-se no dia 8 de dezembro de 1966.

A primeira filha do casal foi a economista e administradora Vitória Régia Cavalcanti de Castro Pereira, que nasceu em 8 de maio de 1946. Casou-se com o advogado e funcionário do Banco do Nordeste Paulo Talvone Monte Pereira. Tiveram uma única filha, a estilista Ana Rosa de Castro Pereira, residente em Milão, Itália.

A advogada Rosa Maria Cavalcanti de Castro Laier foi a segunda filha de Castro Filho e Maria José. Nasceu em 1º de junho de 1949. Casou-se com o geólogo Frederico Pereira Laier e tiveram três filhas: a geóloga Ana Patricia Cavalcanti de Castro Laier; a advogada Luciana de Castro Laier Klug (mora na Alemanha); e Fabiana Cavalcanti de Castro Laier de Souza Guerreiro (veterinária).

A última filha a nascer do casal Castro Filho/Maria José foi a pedagoga Ana Gardênia Cavalcanti de Castro Lima em 1º de agosto de 1956. Casada com Dilson Gomes de Lima, tiveram os filhos: Dilson Gomes de Lima Júnior (empresário) e Ana Karina Cavalcanti de Castro Lima (advogada).

1 Comentário on Castro Filho, o polêmico radialista da Patrulha do Ar

  1. Claudevan melo // 6 de fevereiro de 2023 em 08:41 //

    Tenho no meu acervo um disco acetato de 78rpm com o jingle da campanha do Padre Medeiros Neto a deputado federal.

    Disco adquirido em Niteroi da filha do radialista Castro Filho a sra. Rosa Laier.

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