O legado de nossa cultura

Rua do Comércio na altura da Lourdes Farmácia (Farmácia São Paulo), na esquina com a Av. Moreira Lima

José Maurício Brêda

Um percurso que fazia, há uns cinquenta anos, chamou-me a atenção, recentemente. A paisagem que se mostrou a minha frente era quase a mesma daqueles tempos. Descia a ladeira dos Martírios e esqueci um pouco a minha volta para olhar mais na frente.

Além do antigo Palácio da Intendência Municipal, em recuperação após ser vandalizado, e o majestoso Palácio dos Martírios, vê-se o prédio da velha Guarda Civil, fechado, mas que poderia ser aproveitado para uma repartição pública.

Praça dos Martírios e a Rua Melo Moraes, antiga Rua do Apolo

Os frondosos oitizeiros que encobrem o meu saudoso Colégio Diocesano, que lá está abrigando a Secretaria de Agricultura, e, bem ao longe, ainda resiste a Torre do Relógio do Mercado Público.

Desço a Melo Morais para entrar justamente na minha querida Rua do Macena, onde vou achar, incólumes, entre outras, duas edificações na esquina com a Av. Moreira Lima: a Casa Cabus, antiga Casa Síria, e a Tito Lemos. Nessa última, mesmo com suas janelas que lembram meus tempos de criança, colocaram uma espécie de letreiro que descaracteriza sua fachada.

Esquina da Av. Moreira Lima com Rua do Macena e a entrada para o Beco São José

Existem muitas outras casas da época que ainda preservam seus encantos. Na própria Moreira Lima, esquina com a rua do Comércio, existem duas belezas da arquitetura como o antigo Banco da Lavoura e logo em frente o prédio onde funcionou a Farmácia São Paulo.

Com acuidade e sutileza de observação acharemos outros tantos em nossa área central, pois não se tem o costume de andar apreciando o que nos rodeia. É como se colocássemos nossa mente no GPS e só nos preocupássemos com a rota e o destino.

Antigo Banco da Lavoura na esquina da Rua do Comércio com a Av. Moreira Lima

Façamos, cada um de nós, um passeio, especialmente em um domingo, pelas ruas centrais de nossa Maceió, para olharmos o que restou dessa incomparável arquitetura dos anos 1920, 1930, 1940 e 1950.

Não fiquemos matando a saudade visitando apenas as páginas do excelente Maceió Antigo [https://www.facebook.com/groups/maceioantigo], postado no Facebook e tão bem administrado pelo Edberto Ticianeli.

Aquelas páginas mostram o passado para lembrar o que fomos, mas leve seu smartphone e faça um joguinho de comparação, tirando fotos, para mostrar o que resta daquilo que nossa cultura não deixou que fosse preservado. E o maior exemplo foi o icônico Hotel Bela Vista.

7 Comments on O legado de nossa cultura

  1. Eduardo Auto Guimarães // 22 de março de 2021 em 21:38 //

    Quero parabenizar o JOSÉ MAURÍCIO BREDA, pelas boas lembranças e contribuir com o nosso amigo Ticianell. O José Maurício tem a grande vantagem e a Boa memória por ter morado na rua Cicinato Pinto, a antiga rua do Macena. Onde hoje situa-se a agência da caixa econômica Federal.

  2. Fernando ferreira // 22 de março de 2021 em 23:04 //

    Oh! Não fale do Hotel Bella Vista! Me dá uma imensa tristeza!

  3. Parabenizo a José Mauricio Breda pela oportunidade de realizar uma viagem no tempo, não chegando as décadas citadas no texto, mas, lembro muito bem várias destas paisagens. Parabéns Edberto pelo espaço tão importante para nos aprofundarmos na História de Alagoas.

  4. F lamarion Guerra // 25 de março de 2021 em 16:51 //

    Mais um belo passeio por partes do que restou da bela MACEIÓ antiga, na palAvra fácil e precisa do amigo Zé Maurício Breda.No próximo passeio Zé descreve Jaraguá e/,ou Bebedouro, antes que desapareça.Parabéns!!!

  5. André Soares // 26 de março de 2021 em 14:47 //

    Que beleza de texto Maurício.
    Fico pensando como seria sensacional se os nossos prédios fossem preservados. Alguns não mais existem, outros ameaçam ruir.

  6. Ronaldo Gonçalves // 28 de abril de 2021 em 18:13 //

    Muito bom o texto e as fotos.. Parabéns.

  7. LUIZ CLAUDIO MELO DOS SANTOS // 26 de agosto de 2022 em 18:08 //

    Alguém tem informações sobre o Tito Lemos? Um empresário benemérito dos pobres. Fundou a SAI, sociedade de amparo aos indigentes.

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