Quantos tiros atingiram Lampião em Angicos?
Perícia em objetos do Rei do Cangaço que estão no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas pode alterar a história de sua morte
Wellington Santos, jornalista (Tribuna Independente)
Passados 81 anos das mortes de Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, ocorridas durante o ataque à grota do Angico, no município de Poço Redondo (SE), executado por uma patrulha volante da PM alagoana em 28 de julho de 1938, as controvérsias sobre o último dia de vida do chefe cangaceiro ainda geram acirrados debates.
Um deles é sobre a quantidade de tiros que matou Virgulino Ferreira da Silva no combate que pôs fim à sua carreira criminosa que ultrapassou 20 anos.
Segundo afirma o historiador Frederico Pernambuco de Mello em seu livro “Apagando Lampião“, lançado ano passado, o mais famoso cangaceiro dos sertões teria sido morto com um único tiro de fuzil disparado pelo soldado Sandes, ex-coiteiro do chefe do bando.
Sandes, pertenceu ao grupo de combate chefiado pelo aspirante Francisco Ferreira de Mello, integrado na força volante que, sediada em Piranhas (AL) sob o comando do tenente João Bezerra da Silva, foi responsável pela eliminação de onze dos 50 bandidos acampados naquela madrugada fria de quinta-feira no Angico, uma grota cravada na serra que margeia o lado sergipano do Velho Chico.
O escritor conta que o soldado, então octogenário e doente terminal, o procurou em 2013 dizendo que desejava revelar ao mundo que fora ele o autor do tiro que matou o Rei do Cangaço.
Frederico publicou a história do policial sem fazer questionamentos, fato que causou rebuliço entre outros estudiosos do Cangaço, que consideraram a afirmação um tanto estranha, já que, segundo a grande maioria, depoimentos de outras testemunhas do combate levam a outra direção.
Frederico relata que o tiro dado por Sandes pegou no punhal que o cangaceiro levava na cintura, sendo desviado para o abdômen. Lampião, ainda de acordo com a versão do depoente ao autor, teria morrido instantaneamente.
Entretanto, essa versão é contestada pelo jornalista e historiador João Marcos Carvalho, diretor do documentário Os Últimos Dias do Rei do Cangaço, produzido pela TV Educativa de Alagoas, em 2018.
Nele, Carvalho conta outra história baseado e apoiado na perícia criminal feita no punhal, cartucheiras e bornais de Lampião apreendidos pela polícia instantes após o confronto final no covil dos cangaceiros e que, desde 1938, pertencem ao acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
A investigação forense realizada pelo perito criminal Vitor Portela, do Instituto de Criminalística alagoano, é o primeiro trabalho do gênero feito em peças do vestuário que pertenceram ao mais famoso bandido do Brasil.
“Em meticulosa perícia, Portela joga novas luzes nas dúvidas que ainda pairam com relação ao número de projéteis que atingiram o marido de Maria Bonita”, comenta Carvalho, acrescentado que Lampião foi alvejado por pelo menos três balas. (Baixe a perícia AQUI).
Em sua avaliação, uma resvalou no punhal antes de se alojar na região umbilical; outra, varou a cartucheira de ombro na altura do coração; e uma terceira penetrou no crânio, disparo reivindicado pelo soldado Panta de Godoy, ilustrado com uma radiografia da época.
“A grande novidade da perícia são os buracos de balas encontrados nas alças dos bornais de Lampião. Um nas costas e outro no ombro“, revela o diretor do documentário, garantido que esta ocorrência, até agora desconhecida entre os pesquisadores, vai aquecer novos debates sobre o assunto.
Matéria esclarecedora! Entretanto, meu protesto por ter o colega Wellington Santos qualificado Lampião como “bandido”!
Concordo com Iremar. Diante de Sérgio Moro, Lampião é um aprendiz !!!
Frederico deu uma entrevista ao jornalista Pedro Bial com essa tese. Mais não passou de uma tese. Acredito mais na perícia do Portela.
Matéria bem embasada. Parabéns ao chará.
Carvalho não está levando em conta os tiros dado em Lampião depois dele já morto.
Isso mesmo Sônia…!
Sônia não deve ter lido a matéria com atenção.
Nele eu digo que Lampião foi atingido também por um terceiro tiro, reivindicado pelo soldado Panta de Godoy, quando o cangaceiro já estava caído.
No documentário, eu mostro a radiografia da cabeça com o estrago feito pelo único tiro dado no crânio.
Como está dito na matéria, a grande novidade revelada na perícia são os dois furos de balas nos bornais, que, segundo o perito, não estavam sendo usados ao mesmo tempo pela pessoa que portava a cartucheira na hora do tiroteio final em Angico.
Gostaria de saber, com quantos tiros morreu Lampião. Na Pericia, trás a entrada e saída de balas
nos bornais. Os tiros que mataram Lampião, não entraram e saíram de seu corpo?
E somente entraram e saíram dos bornais, eles atingiram o corpo da vitima ou não ?
Quantos tiros mataram Maria Bonita ?
Engracado. Ninguem comenta nada ou faz elogios ao heroi policial que exterminou o bandido Lampião sujeito da pior especie. O sertão virou mar depois disso
Caro Antonio Vieira, os links abaixo respondem à sua crítica:
https://www.historiadealagoas.com.br/meu-marido-matou-lampiao.html
https://www.historiadealagoas.com.br/o-verdadeiro-heroi-de-angicos.html
https://www.historiadealagoas.com.br/osman-loureiro-e-o-estado-novo-em-alagoas.html