Praça Arthur Ramos teima em ser do Rayol, o Barão de Guajará
![Praça Rayol](https://i0.wp.com/www.historiadealagoas.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Inaugura%C3%A7%C3%A3o-da-Pra%C3%A7a-Arthur-Ramos-atual-Rayol-em-13-agosto-de-1950-4-e1587382514929.jpg?resize=820%2C410&ssl=1)
Nomeado pela Carta Imperial de 23 de junho de 1882, Domingos Antônio Rayol desembarcou no Porto de Jaraguá no dia 3 de setembro para assumir a presidência da Província das Alagoas, cargo em que permaneceu até 6 de dezembro daquele mesmo ano.
Não demorou muito tempo em Maceió. Como ele próprio explicou no relatório de transferência de governo, “o Imperador entendeu conveniente que eu fosse prestar os meus fracos serviços no Ceará”.
Nascido na cidade de Vigia, no Pará, em 4 de março de 1830, era filho de Pedro Antônio Rayol e de Arcângela Maria da Costa Rayol e casou-se com Maria Vitória de Chermont, sobrinha do Visconde de Arari.
Advogado formado pela Faculdade de Direito do Recife, em 1854, voltou ao Pará para trabalhar como procurador fiscal das Tesourarias de Fazenda do Império.
Foi eleito deputado provincial do Pará por várias legislaturas e, em 1864, deputado geral na 12ª legislatura por sua província natal.
Durante seu curto governo em Alagoas, iniciou as ações para “conseguir bom arruamento no bairro e freguesia de Jaraguá”. Enviou carta aos proprietários de terrenos vagos naquele local pedindo que cedessem essas áreas para a construção de praças e ruas mais espaçosas.
Para conhecer as estradas da província, visitou Alagoas (Marechal Deodoro) e Pilar, e já tinha projetado viajar pelo Rio São Francisco até Paulo Afonso.
Após deixar Alagoas, foi presidente das províncias do Ceará, de 12 de dezembro de 1882 a 17 de maio de 1883, e de São Paulo, de 18 de agosto de 1883 a 29 de março de 1884, nomeado por carta imperial de 30 de junho de 1883.
Era presidente da província de São Paulo, em 3 de março de 1883, quando foi agraciado com o título de barão de Guajará.
Homem culto e historiador, escreveu a obra “Motins Políticos ou História dos Principais Acontecimentos Políticos na Província do Pará”. Em 1900, foi um dos fundadores da Academia Paraense de Letras.
O prédio onde residiu Domingos Antônio Rayol por muitos anos em Belém do Pará foi adquirido quando do seu casamento com a sobrinha do Visconde de Arari. Passou a ser conhecido como o Solar do Barão de Guajará.
Após a sua morte em 27 de outubro de 1912, o Solar do Barão ficou fechado até 1942, quando o então prefeito de Belém, Abelardo Leão Condurú, adquiriu o prédio, recuperando-o e o destinando, desde 1944, a sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará.
A Praça do Rayol
Não se conseguiu identificar como se formou o largo que deu origem a Praça do Rayol, mas é provável que ele tenha surgido quando o presidente da província Domingos Antônio Rayol solicitou terrenos aos proprietários para a construção de praças e ruas mais amplas.
Esse Largo tinha conexão com a antiga Rua do Queimado (atual Rua Baptista Accioly), com a Rua Conselheiro Saraiva (atual Av. da Paz) e com a Rua da Igreja (atual Rua Barão de Jaraguá).
Em 3 de fevereiro de 1883, a Câmara Municipal de Maceió aprovou lei denominando de Rua do Rayol a Rua Nova de Jaraguá sem definir a sua localização. Como no ano seguinte os anúncios da Fundição Alagoana localizavam-na como instalada Rua Conselheiro Saraiva, esquina com a Rua do Rayol (ou Rua Rayol), sabe-se que a futura Rua Mato Grosso e atual Rua Desembargador Paulo da Rocha Mendes era essa via.
Entretanto, as ruas que circundavam o Largo também eram tratadas como sendo “Rua do Rayol“. Assim, quando esse espaço foi urbanizado, naturalmente passou a ser Praça Rayol. Os registros nos jornais com essa denominação surgem a partir de 1912, ano da morte deste ex-presidente da província.
O entorno da praça era então ocupado por residências, escritórios comerciais e depósitos de mercadorias, como uma extensão das atividades que aconteciam na Rua Sá e Albuquerque e Rua Conselheiro Saraiva, hoje Av. da Paz.
Lá estavam a Companhia Agro Fabril Mercantil e a firma Vasconcellos & Vasconcellos, alvo de denúncia por estarem “fazendo descarga e pesagem de açúcar banguê de 3ª classe”. O dr. Heleriano Wanderley, inspetor de Higiene Estadual, esteve no local “verificando a imundice da Praça do Rayol”, como publicou o Jornal de Recife de 26 de janeiro de 1922.
Com o crescimento do número de habitações nas proximidades da praça, o seu uso foi sendo alterado e a partir de 1935 passou a receber festejos natalinos.
Para o Natal de 1936, por exemplo, foram programadas as apresentações de um conjunto dramático e de um Pastoril dirigidos por Etelvino Lima. O Pastoril tinha o “concurso de 16 senhorinhas”. O evento foi animado pela Jazz Band Capitólio e pela banda do Regimento de Polícia Militar. Neste ano, a praça recebeu ainda uma Chegança.
Em 31 de julho de 1933, o Decreto Municipal nº 94 resolveu homenagear a José Joaquim de Oliveira, fundador da Associação Comercial, e lhe deu o nome à praça, que passou a ser a Praça Comendador Oliveira.
Praça Arthur Ramos
![](https://i0.wp.com/www.historiadealagoas.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Inaugura%C3%A7%C3%A3o-da-Pra%C3%A7a-Arthur-Ramos-atual-Rayol-em-13-agosto-de-1950-fala-o-vereador-Jos%C3%A9-Antonio-autor-da-Lei.jpg?resize=820%2C613&ssl=1)
O vereador José Antônio, autor da Lei que mudou o nome da praça, discursa durante a inauguração da reforma em 13 agosto de 1950
No dia 31 de outubro de 1949 morreu em Paris Arthur Ramos, ilustre médico pilarense que ficou internacionalmente conhecido por seus estudos sobre o negro e a identidade brasileira.
Aproveitando a reforma da Praça Comendador Oliveira, a prefeitura da capital resolveu homenageá-lo atribuindo seu nome àquele espaço público.
O prefeito de Maceió era o também médico viçosense João Teixeira Vasconcelos. Foi ele quem sancionou a Lei nº 105, de 20 de dezembro de 1949, autorizando a construção da praça e a sua nova denominação.
Teixeira tinha assumido a administração da capital para o período de 15 de abril de 1948 a 11 de outubro de 1950. O governador era Silvestre Péricles de Góis Monteiro.
A reforma da praça foi inaugurada no dia 13 agosto de 1950 com a presença do governador, do prefeito e do vereador José Antônio — autor do Projeto de Lei que modificou o nome da praça —, além de outras autoridades, incluindo o futuro prefeito Campos Teixeira, que assumiu a gestão municipal em outubro daquele ano.
Mesmo com a denominação oficializada por força de Lei, a praça continuou a ser reconhecida pela população como Rayol, mesmo tendo este cidadão paraense governado Alagoas por somente três meses.
Foi reurbanizada pelo prefeito Sandoval Caju, com a reinauguração ocorrendo no dia 22 de fevereiro de 1962.
Em 2.000, atendendo à vontade popular o então vereador Arnaldo Fontan, fez aprovar a Lei n° 4.942, de 6 de janeiro de 2000, oficializando Rayol como sua denominação.
Fontan, que apresentou o projeto de Lei em 10 de dezembro de 1999, assumiu interinamente a Prefeitura dias depois e coube a ele também sancionar a norma aprovada pela Câmara.
Ah, que saudade da minha juventude! Meu primeiro emprego no Supermercado Ceia de Jaraguá, que pertencia ao Grupo Leão, passava todos os dias de segunda à sexta-feira pela Praça Rayol, que saudade daquele primeiro encontro com meu pequerinha, hoje pai dos meus três filhos. Nunca, que saberia do Nome de Praça Arthur Ramos. Muito legal reviver o passado de nossa história.
É muito bom esse resgate da nossa história. O site é de consulta obrigatória.
Muito bom seu texto, apenas gostaria de colaborar com uma correção. Domingos Raiol era barão do Guajará.
Obrigado, Denize. Graças a sua obervação corrigimos um grave erro.
qual seria a localidade dessa praça atualmente?
A Praça Rayol fica em Jaraguá. É o espaço em frente ao Bar Orakulo.
Parabéns, Edberto. Seu trabalho vai de encontro àqueles que se dedicam a apagar os fatos e os nomes da nossa História.