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Delegado Durval Armando de Góis Monteiro, que deu nome à principal avenida do Tabuleiro do Martins

Publicado em 04/08/2025 por Edberto Ticianeli

Delegado Durval Armando de Góis Monteiro, que deu nome à principal avenida do Tabuleiro do Martins

Durval de Góes Monteiro, como ficou mais conhecido, foi um dos nove filhos do casal Pedro Aureliano Monteiro dos Santos e Constança Cavalcanti de Góis Monteiro. Foram seus irmãos: Pedro Aurélio de Góis Monteiro (1889/1956), Manuel César de Góis Monteiro (1891/1963), Cícero Augusto de Góis Monteiro (1892/1932), Silvestre Péricles de Góis Monteiro (1896/1972), Edgar de Góis Monteiro (1901/1973), Ismar de Góis Monteiro (1906/1990), Rosa (Rosita) de Góis Monteiro e Maria da Conceição de Góis Monteiro.

Nasceu em São Luiz do Quitunde, Alagoas, no dia 18 de junho de 1894. Após os primeiros estudos em sua terra natal, passou a estudar em Maceió, no Colégio Dias Cabral. Essa mudança se deu em 1906, quando seu pai, o dr. Pedro Monteiro, deixou São Luiz do Quitunde com a família para se estabelecer em Maceió.

Ainda em 1906, Durval se transferiu para o Lyceu Alagoano, onde, anos depois, foi aprovado nos exames preparatórios, o que lhe permitiu cursar, a partir de 1911, a Faculdade de Direito de Recife. Foi diplomado em dezembro de 1915.

Em 3 de março de 1915, meses antes de ser bacharelado, foi nomeado Promotor Público em Murici, Alagoas. Não se demorou muito por lá. Em agosto de 1916 passou a morar na Rua Libertadora Alagoana, nº 10, em Maceió, onde assumira o cargo de Comissário de Polícia do 1º Distrito Policial. Seu nome é citado nos jornais, nesse mesmo mês, por sua participação na investigação de um incêndio na Fábrica Progresso, em Rio Largo.

Durval de Góes Monteiro

Permaneceu como Comissário de Polícia da capital até 13 de junho de 1918, quando pediu demissão. Seu irmão, Silvestre Péricles, que era o 2º Comissário de Polícia, lhe acompanhou. Era o fim do governo de Baptista Accioly.

Foi morar no Mato Grosso, onde ocupou o cargo de Promotor Público e também advogou.

Em agosto de 1922, quando era promotor público em Três Lagoas (MT), seu nome surgiu nos jornais por ter assinado uma nota convidando a população a comparecer à estação ferroviária e saudar o general Clodoaldo da Fonseca, comandante da 1ª Circunscrição Militar do Mato Grosso, que aderira à revolta iniciada no Rio de Janeiro a partir da noite de 4 de julho de 1922.

Três Lagoas fica na margem do Rio Paraná, fronteira com São Paulo, a 140 km de Araçatuba (SP). Em março de 1924 era promotor Público em Santana do Paranaíba (MT), atual município de Paranaíba.

Foi em Santana do Paranaíba que se casou com Antonieta Rodrigues de Mello. Tiveram um filho, Pedro Márcio de Góis (nasceu em 27 de março de 1929, em Niterói, RJ), que se casou, em 25 de janeiro de 1958, com Nair Corrêa Leite. Também era advogado.

Antonieta Rodrigues era filha de Lázaro Celso de Mello e de Ambrolina Cândida Rodrigues.

São Paulo no início da década de 1930

A partir de maio de 1926, Durval de Góes Monteiro inicia um verdadeiro périplo por delegacias de Polícia do Estado de São Paulo. Classificado como Delegado de Polícia de 5ª classe, em 28 de setembro de 1926 foi designado para o município de Jardinópolis.

Em 13 de abril de 1927, foi transferido para o município de Fartura. Meses depois, em 20 de setembro de 1927, foi publicada a sua remoção para o município de Salto.

No início de dezembro de 1927 passou a atuar em Tanabi. Dias depois, já em 1928, foi para Cafelândia. Nova remoção aconteceu em 15 de janeiro de 1929, levando-o para Aparecida do Norte. Também não se demorou por lá. Ainda em 1929, recebeu designação, no dia 24 de setembro, para Ariranha. Em janeiro de 1931 era Delegado Regional de Polícia em Bauru.

No dia 10 de abril de 1931, já sob o governo de Getúlio Vargas, quando era delegado em Lins, foi removido pela Secretaria de Segurança Pública. Não aceitou a nova designação para Campinas e exonerou-se do cargo. Na verdade, seu ato foi político, como explicou em nota enviada ao Chefe de Polícia: “Incondicionalmente ao lado do general Miguel Costa, em toda emergência, reitero meu pedido de demissão já há dias feito. Não devo servir sob as ordens daquele que deseja a separação de São Paulo da minha estremecida pátria”. Seu irmão, general Góes Monteiro, lhe encaminhou comentário: “Estou de acordo com sua atitude”.

Essa crise paulista começou com o rompimento entre os generais Miguel Costa e Góes Monteiro com o interventor federal Laudo de Camargo.

Em agosto de 1931, Durval passou a servir junto a chefatura de Polícia na capital. Também não ficou muito tempo na capital. Em 20 de julho de 1932 era delegado em Agudos, quando enviou para o seu irmão, general Góes Monteiro, o seguinte telegrama:

General Góes Monteiro — Onde estiver — Não acredito que a espada de ouro, oferecida pelos nossos descendentes de Rosa da Fonseca se volte contra S. Paulo que nada mais quer que o regime da Lei. Alagoas, a nossa terra querida, que guarda os ossos do nosso querido pai, vive governada por um tenente, afilhado de Juarez Távora. Não desembainhes tua espada de ouro de Alagoas, em favor de indignos. Lembra-te que em Alagoas, na Igreja de São Benedito, repousa os restos de nosso pai. Deves ser por S. Paulo. É preferível quebrar a espada, a ser indigno do ideal do Brasil! (a) Durval Góes Monteiro, delegado de Polícia de Agudos”. Este telegrama foi publicado no Jornal Nacional (21 de julho de 1932), um dos porta-vozes dos paulistas na contrarrevolução de 1932.

O general não atendeu ao irmão e as forças paulistas foram derrotadas pelo governo federal. Nos combates tombou sem vida o capitão Cícero de Góes Monteiro, atingido por estilhaço de granada em 31 de outubro de 1932. Pelo rádio, o general Góes Monteiro avisou a Durval da morte do irmão deles, que foi enterrado no Rio de Janeiro.

Barricada numa rua de São Paulo durante a contrarrevolução de 1932

Em março de 1933, voltou a ser delegado em Lins, de onde saiu ainda em 1933 para Mogi das Cruzes. Nesta transferência, foi reclassificado como Delegado de 4ª classe. Em meados de 1935, já morava na capital paulista, na rua Silveira Martins, nº 55.

Nova remoção ocorreu em 7 de dezembro de 1937. Assumiu o cargo de delegado adjunto da Delegacia Regional de Araraquara. Tinha sido promovido a delegado de 3ª Classe. Deixou de ser o delegado adjunto em 6 de junho de 1938, quando foi classificado como delegado de 2ª Classe, ainda na Regional de Araraquara.

Em 1939, já doente, assumiu a 11ª Delegacia da Capital. Com o quadro de saúde agravado, Durval passou a receber em sua casa a visita de várias autoridades. O seu irmão, general Góes Monteiro, também foi se despedir dele, deixando o Rio de Janeiro na noite de 19 de dezembro de 1939, em vagão especial.

Durval Armando de Góis Monteiro faleceu em 22 de dezembro de 1939, às 23 horas, na capital paulista. Morava na Rua Tabatinguera, nº 235. Por ordem de seu irmão, o general Góes Monteiro, um carro ferroviário especial transportou o corpo para o Rio de Janeiro, onde foi sepultado no jazigo perpétuo da família, no Cemitério São João Batista. Tinha 44 anos de idade.

Rua Durval de Góes Monteiro em Murici, Alagoas

Em Maceió, foi homenageado pela Lei nº 125, de 7 de julho de 1950, definindo que o trecho da BR 104 entre a Gruta de Lourdes e o entroncamento com a BR 316, no antigo Posto da Polícia Rodoviária, passava a ser denominado como Av. Durval de Góes Monteiro.

Em Murici, uma de suas principais vias também o homenageou. É aquela paralela ao Rio Mundaú, onde fica a Igreja Matriz de N. S. das Graças. Outra Rua Durval de Góes Monteiro existe no distrito de Muriqui, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro.

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