Conselheiro Silvério Jorge, o primeiro presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas
Publicado em 21/07/2025 por Edberto Ticianeli
Silvério Fernandes de Araújo Jorge nasceu no dia 20 de junho de 1817 nas Alagoas, atual Marechal Deodoro. Era o filho único de Antônio Fernandes Jorge de Oliveira e de Maria Teresa de Abreu Araújo.
Tinha 17 anos de idade, em 1834, quando prestou exames preparatório no Seminário de Olinda. Aprovado, no ano seguinte, efetivou sua matricula na Faculdade de Direito de Olinda em 14 de março. Funcionava no Mosteiro de São Bento. O curso tinha sido criado em 1827.
Continuou o curso a Faculdade de Direito de São Paulo, para onde se transferiu em 1839. Foi diplomado em 29 de outubro de 1840.
De volta a Alagoas, foi nomeado, em 1842, promotor público da comarca de Maceió. Em agosto de 1845, resolveu lançar o jornal “Voz Alagoense“. Marcou a data da primeira publicação para 1º de setembro e comunicou essa intenção ao presidente da Província, Henrique Marques de Oliveira Lisboa. O governante, que não queria oposição na imprensa, tirou dele o cargo de promotor. O jornal teve vida curta.
Voltou a ocupar cargo público em março de 1847, assumindo a Procuradoria Fiscal da Tesouraria de Alagoas. Ficou por lá somente até 18 de setembro do mesmo ano.
Em 24 de agosto de 1848 foi nomeado por decreto juiz municipal e de órfãos dos termos reunidos de Penedo e Traipu. Pediu a sua remoção para o termo de Maceió e foi atendido ainda em 1848, no dia 2 de novembro.
Por nomeação da corte, desembarcou em Cuiabá em 22 de agosto de 1850 como juiz de Direito daquela comarca, ocupando cumulativamente o cargo de chefe de polícia da província de Mato Grosso.
Foi transferido para a Paraíba em 28 de outubro de 1853, onde exerceu o cargo de chefe de Polícia. No ano seguinte, em 28 de setembro, foi designado para a comarca de Oeiras, no Piauí. Esse decreto foi anulado, mas dias depois, em 5 de outubro, foi deslocado para a comarca de Atalaia, em Alagoas.
Eleito deputado geral quando ainda estava na província de Mato Grosso, exerceu o mandato na legislatura 1853-1856. Foi reeleito para a legislatura 1856-1859, mas já morando em Alagoas, onde atuava como juiz em Atalaia. A partir de 6 de novembro de 1862, passou a exercer esse mesmo cargo em Maceió, onde também foi, em 1865, juiz dos Feitos da Fazenda Geral e Provincial de Alagoas.
Em 30 de março de 1867, ainda estava como juiz de direito em Maceió, quando foi agraciado com a comenda da Imperial Ordem da Rosa.
Com essa titulação, foi nomeado primeiro vice-presidente da província em 11 de julho de 1868. Dias depois, autorizado por carta imperial, assumiu a presidência. Seu mandato se estendeu entre 27 de julho a 2 de outubro de 1868.
Em 2 de dezembro de 1869, estava entre os fundadores do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, atual Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi seu primeiro presidente e quem dirigiu a sessão de instalação.
Voltou à presidência da Província em 2 de julho e a exerceu até 28 de setembro de 1871.
Em 5 de junho de 1872 foi nomeado desembargador da Relação do Maranhão (o Tribunal de Justiça de então). Somente tomou posse no dia 30 de agosto. Não ficou lá por muito tempo. Em 3 de novembro conseguiu a sua remoção para a Relação de Pernambuco. Assumiu em 18 de dezembro.
Em menos de um ano, em 6 de novembro de 1873, foi novamente deslocado, desta feita para a Relação de Fortaleza, onde também exerceu, a partir de 28 de julho de 1875, o cargo de procurador da Coroa, Soberania e Fazenda Nacional. Assumiu a presidência da Relação em 1º de fevereiro de 1876. Em 18 de outubro desse mesmo ano, foi agraciado por D. Pedro II com o título do Conselho.
Estava de volta à Relação de Pernambuco em 24 de novembro de 1877, onde também se tornou procurador da Coroa, Soberania e Fazenda Nacional a partir de 25 de março de 1881.
Foi nomeado ministro do Supremo Tribunal de Justiça em 27 de novembro de 1886, somente tomou posse em 23 de fevereiro do ano seguinte. Dias depois da posse, em abril de 1887, tirou licença por três meses para tratamento de sua saúde. Em julho, a licença foi renovada por mais três meses. Em setembro tramitava no Senado autorização (nº 15) para licença por mais um ano. Foi aprovado em 16 de setembro de 1887 e em seguida sancionado pelo Ministério da Justiça. No dia 20 de setembro, Silvério Fernandes embarcou para Recife em busca de tratamento, possivelmente para a perda da visão. Em 15 de setembro de 1888, dias antes de encerrar sua licença, foi atendido o seu pedido de aposentadoria. Tinha perdido totalmente a visão.
Em 8 de novembro de 1888, foi condecorado pelo imperador com a Grã-Cruz da Imperial Ordem de Cristo. Faleceu às 23h do dia 9 de julho de 1893, no Hospital Militar de Recife.
Em sua homenagem, a antiga Rua São Félix, que tinha sido Rua Beira do Rio, passou a ser a Rua Conselheiro Silvério Jorge, por determinação da Lei Municipal nº 53, de 2 de março de 1899.
Família
Silvério Fernandes de Araújo Jorge casou-se, em 1840, com Maria Vitória Nascimento Pontes (nasceu em 20 de junho de 1821 e faleceu em 31 de outubro de 1910). Era filha de Manoel do Nascimento Pontes e de Adriana Maria de Pontes.
Tiveram os seguintes filhos:
Manoel Fernandes de Araújo Jorge (1841-1905);
Adriano Augusto de Araújo Jorge (25 de maio de 1846 – 2 de abril de 1901);
Teresa Maria de Araújo Jorge (*1848);
Silvério Fernandes de Araújo Jorge Filho (1849 – 27 de março de 1911);
Antonino Augusto de Araújo Jorge (*1856);
Eduardo Augusto de Araújo Jorge (*1857);
Rodrigo Adolpho de Araújo Jorge (agosto de 1858 – 13 de fevereiro de 1932);
Florentina de Araújo Jorge (1859);
Paulina de Araújo Jorge (1861);
Josephina Olympia de Araújo Jorge (1863 – 24 de abril de 1869).
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