Abdon Arroxelas, o prefeito que asfaltou a primeira rua em Maceió
Francisco Abdon de Arroxelas nasceu no dia 30 de julho de 1876 em Maceió. Sua família morava na rua 16 de Setembro, um dos principais acessos ao bairro da Ponta Grossa. Notabilizou-se por dirigir a Prefeitura de Maceió no período de 11 de março de 1941 a 6 de abril de 1945, atendendo ao convite do seu sobrinho por afinidade e interventor de Alagoas, Ismar de Góis Monteiro.
Não se tem maiores informações sobre sua formação acadêmica, mas antes de entrar para o serviço público federal, lotado no Ministério da Fazenda, foi professor em Maceió.
O registro mais antigo do seu nome em jornais informa que em 1912 foi nomeado para a Alfandega da Bahia, progredindo de 4º Conferente para 3º Conferente.
Em 1920 era Inspetor da Alfandega em Vitória, Espírito Santo. Seu filho, Ubirajara Arroxelas estava sendo transferido para a Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro.
Esta função o levou a ser deslocado para diversos estados do país. Assim, em 1922 estava no Rio Grande do Sul e em 1933 em Paranaguá, no Paraná, após uma passagem, em 1932, por São Salvador.
Em 1934, assumiu a 2ª Secção da Alfandega de Santos, após um episódio em que o Inspetor foi ferido à bala e seu ajudante assassinado. No ano seguinte era Inspetor em Palmeira, município do Paraná.
Aposentou-se no Ministério da Fazenda em 1938 como oficial administrativo classe “E” do Quadro VII.
Em abril de 1949, comprou a Alfredo de Oliveira Soares Lima, em sociedade com outros investidores, um engenho em São Miguel dos Campos. Foi casado com Rosa Monteiro Arroxelas, com quem teve filhos e netos.
Prefeito de Maceió
Ao tomar posse na Prefeitura em 11 de março de 1941, Abdon Arroxelas entre as inúmeras dificuldades encontradas para administrar a capital alagoana, destacava-se a precária situação financeira do município, que foi resolvida em parte com o aumento da arrecadação.
Para tanto instituiu a escrita dos selos sobre Diversões, obrigando a uma escrituração regular; fez adotar livros para os lançamentos de impostos, cumprindo formalidades legais; organizou um prontuário rigoroso para controlar o destino de papeis a serem despachados, e centralizou a Contadoria, a cargo direto das extrações de empenhos.
Reformou ainda o Montepio dos Servidores Municipais, tornando-a capaz de cumprir o seu papel social.
Outro obstáculo era a falta de material de construção e os limites para o seu transporte, em pleno cenário da Segunda Grande Guerra Mundial.
Mesmo assim, foi responsável por obras importantes, entre elas a reforma do Teatro Deodoro e a pavimentação em paralelepípedo da Ladeira Rosalvo Ribeiro (da Catedral), Rua 16 de Setembro, Rua Oswaldo Sarmento, Rua Ângelo Neto, Rua Comendador Palmeira, Rua Saldanha da Gama, Rua Zadir Índio, Rua da Concórdia (atual Rua Celso Piatti em Jaraguá) e a Praça das Graças.
A Ladeira Rosalvo Ribeiro era uma subida tortuosa e íngreme e a preparação para a sua pavimentação em paralelepípedo, com rejunte de cimento, exigiu cortes na barreira e o deslocamento de aproximadamente 8 mil metros cúbicos de terra. Foi esse material que proporcionou o aterro do brejo que deu origem à Rua Pedro Monteiro.
Foi nessa intervenção que a antiga Estrada da Casa da Pólvora ganhou passeios (calçadas) e a barreira recebeu arborização ornamental.
Foi em sua gestão que aconteceram as primeiras pavimentações em asfalto na capital. A da Rua Santo Antônio, na Ponta Grossa, e a da Av. Fernandes Lima, ambas em parceria com a empresa aérea Panair do Brasil, que operava hidroaviões no Vergel do Lago e construiu o Aeroporto no Tabuleiro do Pinto.
Há registros de que durante a sua administração ordenou a retirada dos alguns trilhos de bondes do Centro de Maceió, sendo duramente criticado por ter deixado as ruas esburacadas.
Por outro lado, foi muito elogiado por ter definido o dia 27 de agosto como sendo feriado dedicado à padroeira de Maceió, N. S. dos Prazeres.
Também recebeu o reconhecimento dos servidores públicos municipais ao publicar o Decreto-lei nº 484, de 28 de outubro de 1942, reajustando os vencimentos e organizando algo próximo ao que seria hoje um Plano de Cargos, Carreiras e Salários, agrupando os servidores em estruturas lógicas e estabelecendo padrões uniformes de vencimentos.
A Prefeitura, na verdade, se incluía na reforma administrativa iniciada em maio de 1941 no estado pelo interventor Ismar de Góis Monteiro. Eram ações voltadas para a reforma e organização do serviço público civil e coordenadas por um grupo de trabalho que tinha também a participação do prefeito.
Sua gestão contou com o apoio e experiência de Alfredo Gaspar de Mendonça, então secretário-geral da Prefeitura.
Em fevereiro de 1945, meses antes do seu afastamento do cargo, esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo em busca de um engenheiro especialista em problemas urbanos para lhe confiar a elaboração de um plano de remodelação de Maceió. Não se publicou o resultado desta viagem, mas Abdon Arroxelas manteve contatos com as prefeituras destas capitais e com o Ministério da Viação.
Deixou a Prefeitura de Maceió, em 6 de abril de 1945, mas continuou participando da política, sendo eleito em julho do mesmo ano para a Comissão Executiva do Partido Social Democrático em Alagoas.
Para tornar público o motivo da sua renúncia, enviou mensagem ao interventor Ismar de Góis Monteiro e a publicou nos jornais argumentando, entre outras coisas, o seguinte: “Neste momento, recaindo em v. excia. a grave responsabilidade da coordenação das forças políticas do Estado e atento ao fato, atualmente, de que não posso mais prevalecer o mesmo critério do princípio do seu governo que norteou a escolha dos auxiliares do governo de v. excia., sinto-me bem em renunciar ao cargo de prefeito desta capital”.
Foi substituído pelo engenheiro Antônio Mário Mafra, então Superintendente da Administração do Porto de Maceió.
Faleceu em Maceió no dia 13 de fevereiro de 1958. Residia à Rua Epaminondas Gracindo, nº 141, na Pajuçara. Em setembro do ano seguinte a Câmara Municipal aprovou o projeto de Lei nº 945, homenageando-o com a denominação de uma das vias mais importantes da Ponta Verde.
excelente artigo, parabéns!
O povo de Maceió carece saber melhor a história deste alagoano.
Foi um bom prefeito. Meu bisavô Chico.
Bom saber.
Nessa época se fazia politica de verdade, em prol da população e do desenvolvimento da cidade .