Parque Gonçalves Ledo do Alto do Brito

O surgimento dessa importante área comunitária em Maceió está atrelado ao crescimento da parte alta da cidade, conhecida até o início do século XX como Alto do Jacutinga, atual bairro do Farol.

As primeiras construções registradas no Jacutinga foram o Paiol da Pólvora e a casa do seu vigia. A Casa da Pólvora, como ficou conhecida, era o local de armazenamento das substâncias explosivas que eram comercializadas na capital ou utilizadas pelo governo para fins militares. Ao seu lado, no atual Mirante de São Gonçalo, ficava uma bateria com mais de 20 canhões.

Depois de abandonado por algum tempo, esse pequeno prédio foi modificado a partir de 1888 para receber a Igreja de São Gonçalo.

Outra obra que deu relevo ao Jacutinga foi o Farol, instalado nas proximidades da Casa da Pólvora em 1º de janeiro de 1857. Ao seu lado estava a casa do faroleiro.

O acesso a esses equipamentos também se dava pela Ladeira do Farol, atual Ladeira da Catedral.

O trecho entre o Farol, cujo espaço atualmente é ocupado pela Praça Dom Ranulpho, ao lado da sede do CREA/AL, e a Casa da Pólvora era conhecido como Rua São Gonçalo, atual Rua Osvaldo Sarmento.

Com o passar do tempo, foram surgindo outras ruas, como a Dr. José Bento Júnior, Rua Ângelo Neto (antiga do Arame) e Comendador Palmeira. Foram estas que permitiram a expansão do Alto do Jacutinga e deram acesso à área onde hoje está o Parque Gonçalves Ledo.

Alto do Brito

Segundo Félix Lima Júnior em Memórias de Minha Rua, foi o português Luiz de Brito quem mandou abrir uma ladeira onde antes existia a Grota do João Cardoso. Era uma via improvisada, estreita e imprestável durante o inverno. Recebeu o nome do seu benfeitor: Ladeira do Brito.

Os primeiros investimentos públicos nesta ladeira, que interligava a Rua do Sol e o Jacutinga, começaram em março de 1895, na gestão do intendente Coronel Lima Rocha. Foi ele quem mandou realizar escavações para nivelamento do declive e o seu calçamento.

A partir de então, o antigo Planalto do Outeiro passou a ser conhecido como Alto do Brito, envolvendo a Rua Ambrósio Lyra (mirante), Rua dos Bandeirantes e se estendendo até o descampado da cabeça da Ladeira, esquina com a Rua Comendador Palmeira.

Não foi possível identificar quando foram realizadas as primeiras intervenções urbanísticas no descampado do Alto do Brito, mas em 1905 os jornais já citam a área como Praça 11 de Junho, numa provável homenagem à data em que ocorreu a Batalha Naval de Riachuelo em 1865.

Em 1937 os registros já são de Praça Gonçalves Ledo. Como o Centenário da Independência foi comemorado em 1922, é provável que o patrono da praça tenha sido escolhido bem antes de 1937.

Foi ainda nas imediações deste descampado que se instalou em 31 de março de 1909 o campo de futebol (ground) do Alagoano Foot Ball Club. O terreno, de propriedade de Américo Guimarães, recebeu as dimensões próprias para o futebol em agosto daquele ano, como registrou o Gutenberg de 10 de agosto de 1909.

“Em virtude de nova demarcação, o terreno do Jacutinga, graciosamente cedido pelo coronel Américo Guimarães, ganhará mais 8 metros de largura, aproximando-se assim das dimensões regulares”. Há registros de que tinha arquibancadas.

A mesma reportagem constatava que a camisa de cor preta utilizada pelos atletas tinha se mostrado inadaptável por ser muito quente. Adotaram o azul claro, mas “o calção, o cinto, as meias e as botinas” permaneceram pretos.

Gonçalves Ledo

O homenageado foi um político e jornalista. Joaquim Gonçalves Ledo nasceu no Rio de Janeiro em 11 de agosto de 1781 e faleceu na Fazenda de Macacu, Sumidouro, em 19 de maio de 1847, no mesmo Estado.

Foi um dos artífices do movimento pela independência do Brasil. Atuou com destaque no “Dia do Fico“, em 9 de janeiro de 1822. Combatia os interesses de Portugal e reivindicava a constituição de um governo liberal.

Eleito deputado provincial no Rio de Janeiro, exerceu mandatos consecutivos até 1835, quando abandonou a política e a maçonaria para recolher-se em Sumidouro, onde morreria de ataque cardíaco em sua fazenda.

Existem rumores de que ele tenha incinerado seu arquivo de documentos relacionados a sua participação na independência do Brasil. Mesmo assim, a história revelou o destacado papel desempenhado por ele. Há quem avalie que foi o grande articulador da emancipação do país.

Sandoval Caju

Em 1962, durante o mandato do prefeito Sandoval Caju, a praça foi reurbanizada e, graças à quantidade de árvores ali existentes, ganhou o status de Parque.

Entre os equipamentos instalados, destacava-se o Pavilhão Euclides da Cunha, construído do outro lado da Ladeira do Brito. O pequeno prédio abrigava um salão de recepção e exposição, uma biblioteca, além de uma estação de sonorização e um televisor público.

Neste mesmo prédio também funcionou o “Quartel da Polícia Mirim” e a sede das secretarias dos três Rotary’s Club’s de Maceió.

Nos anos 70, no centro do Parque, por iniciativa do prof. Douglas Apratto, foi construída uma escola maternal pela Fundação Educacional de Maceió – FEMAC, onde funciona hoje a Escola Parque Lions Club.