Quita, o matador de capivaras da Lagoa Manguaba
Octávio Brandão, ao se referir à Lagoa Manguaba, a do Sul, em seu livro Canais e Lagoas, dizia que enquanto a Lagoa Mundaú “se agita, ela [Manguaba] se espreguiça e… dorme. Em verdade ela tem alma de monja: é que os frades do velho convento da cidade de Alagoas [atual Marechal Deodoro] botaram a perder a alma da Lagoa do Sul…”.
Quarenta anos depois de constatado este sono lagunar, surgiu em uma revista de circulação nacional a notícia que alguém estava tirando proveito do momento de repouso da lagoa para caçar capivaras e jacarés de forma inusitada.
Segundo a reportagem, José Alves da Silva, mais conhecido como Quita, aproveitava as madrugadas para mergulhar na lagoa, de faca na mão, para caçar os animais que serviriam para o seu sustento.
A reportagem foi publicada na revista O Cruzeiro de 13 de abril de 1957 e revelou que naquela época as nossas lagoas abrigavam uma fauna que hoje os seus moradores ribeirinhos só conhecem por fotografias.
Percebe-se também na reportagem que o jornalista elogia o personagem por utilizar a “peixeira” contra “pacatos cidadãos”, refletindo a imagem de violento que o alagoano tinha no sul do país.
Veja o texto original:
A arma de Quita é a mão
Fotos de Virgilito Cabral
Como todo alagoano de boa cepa, José Alves da Silva, apenas “Quita” para os seus amigos, é um cabra destemido, cujo “hobby” predileto é pegar, à unha, jacarés discretos e capivaras assustadiças.
Por isso mesmo plantou seus teréns, com casa por cima, à margem da Lagoa Manguaba, famosa nas Alagoas como paraíso de sáurios cinquentenários e capivaras menos idosas, que vadeiam em promiscuidade com sururus, cavalas, camurins e outros exemplares da ictiologia sertaneja.
Pois ao invés de usar a sua “peixeira” contra pacatos cidadãos, o “Quita” derivou para um esporte que não é bretão: mergulha na lagoa, “quicé” na destra, e toca a esfaquear os perigosos habitantes das águas mansas.
Madrugadinha — isso todos os dias, santos ou não — José Alves troca a cabana pela lagoa, e realiza uma “safra” proveitosa, que lhe dá bom dinheiro.
esse grupo e algo espetacular porque só de tá vendo estas histórias já é muito bom.
parabéns ao criador e muito obrigado
Conheci o seu Quita, era meu vizinho na rua do meio em Marechal