Os “quebras” das casas de cultos evangélicos de Maceió (1874) e Penedo (1904)

Igreja Presbiteriana Independente em Pão de Açúcar

Entre os dias 14 e 18 de junho de 1874, o missionário norte-americano John Rockwell Smith foi recebido em Maceió para realizar algumas pregações da sua Missão. Os encontros ocorreram na casa do maçom Francisco de Moraes Sarmento, um alferes da 2ª Companhia do 2º Corpo de Cavalaria da Capital e proprietário de uma fábrica de charutos na Rua do Comércio, nº 121 e da Loja do Globo (tecidos, camisas, gravata, botinas…) na mesma rua, no nº 140. Anos depois, esse comerciante foi Juiz de Paz em Maceió.

J. R. Smith foi quem organizou, em 1878, a Primeira Igreja Presbiteriana de Pernambuco. Também foi de sua iniciativa a implantação das igrejas de Goiana (PE), em 21 de novembro de 1880; Paraíba, atual João Pessoa (PB), em 21 de dezembro de 1884; Pão de Açúcar (AL), em 18 de agosto de 1887; e Maceió, em 11 de setembro de 1887. Presidiu, entre 1915 e 1916, o Supremo Concílio Igreja Presbiteriana do Brasil. Faleceu em Richmond, EUA, em 31 de julho de 1940.

Foi cumprindo essa missão organizativa de sua igreja que realizava mais uma pregação naquela noite de 18 de junho, uma quinta-feira, na casa de Francisco de Moraes Sarmento. Já havia falado para os interessados nos dias 14, 16 e 17, sem problema algum.

Suas palavras foram avaliadas pelo dr. Dias Cabral, em artigo publicado no dia 21 de junho, como não tendo “as harmonias da dicção”. Era “rude como a dos galileus Pedro e João falando o grego e a dos capuchinhos italianos transformados em Nobrega e Anchieta”. O maçom Dias Cabral atestou também que “não houve quem se julgasse magoado de uma blasfêmia, nem se sentisse envergonhado de uma incivilidade”.

Reverendo John Rockwell Smith

Entretanto, as duras críticas à Igreja Católica e aos seus seguidores não foram bem aceitas por um grupo de católicos, que fora ao local da reunião para intimidar o orador.

Quando J. R. Smith ilustrava sua pregação, destacando que o dever do homem e garantir a lei do amor ao próximo, o pastor foi interrompido por esses católicos, que passaram a agredir a vida particular do orador, atribuindo-lhe a autoria de ações reprováveis. Afirmavam que ele não era pastor e questionavam que o seu corte de cabelo não se adequava aos adotados pelos líderes religiosos, e que na verdade ele era um vagabundo.

Os “amotinados” cobravam a presença das autoridades para impedir o ato religioso. Após apresentarem outras objeções à continuação da pregação, foram para a rua e de lá, com vaias e gritos, passaram a apedrejar o prédio, quebrando vidros, móveis e colocando em risco a vida dos presentes. A esposa de Francisco de Moraes Sarmento ficou ferida.

Em seguida, organizados em bandos, saíram pelas ruas ameaçando os possíveis lugares que serviriam de abrigo ao reverendo. Faziam alarido e soltavam bombas, reproduzindo “a inquisição com suas festas de queimadeiro”, lembrou Dias Cabral.

A manifestação continuou no dia seguinte. Afirmavam que o apedrejamento era uma reafirmação da “liberdade da multidão”. Exigiam que o pastor não mais pregasse para garantir a sua segurança. Também reivindicavam que não fossem obrigados a reparar os danos à residência e o desacato ao seu proprietário, Francisco de Moraes Sarmento.

Durante a noite, sabendo que J.R. Smith não falaria para ninguém, as turbas católicas festejavam nas ruas o silêncio imposto ao pregador presbiteriano. Gritavam: “Fora o anti Cristo! Morra o ladrão de galinhas!”.

Tudo isso acontecia sem a mínima intervenção da Força Policial, cujo chefe de polícia, Joaquim Guedes Correia Gondim, era católico e resolveu considerar que o ocorrido era uma demonstração da soberania popular.

Seis anos depois, atuando em Recife, John Rockwell Smith continuava a ser combatido pela Igreja Católica de Alagoas, como consta no Protesto divulgado no Diário de Pernambuco de 21 de dezembro de 1880:

Os abaixo assinados coadjutor  pró-pároco e clero da freguesia da Nossa Senhora dos Prazeres da cidade de Maceió, aderem com toda a convicção que lhe inspira a única e verdadeira fé ensinada pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana ao solene protesto do Revm. Cabido da Santa Sé de Olinda contra os erros, heresias e blasfêmias publicada nas colunas do Jornal do Recife pelo ministro evangélico nesta cidade, Sr. J. R. Smith, contra a justiça de Deus, infalibilidade do papa, Sacramento do batismo e seu caráter indelével, necessidade das boas obras, celibato católico e contra as mais impiedades, já mil vezes vitoriosamente refutados pelos escritores católicos e ultimamente, pelo opúsculo Perguntas respeitosas e mais recentes, por vários artigos no Diário de Pernambuco.

Maceió, 10 de dezembro de 1880

Coadjutor pró-pároco José Vieira Marques, padre Manoel Antônio da Silva Lessa, padre Antônio Procópio da Costa, padre Pedro Lins de Vasconcelos, padre João Cancio Veríssimo dos Anjos, cônego Antônio José da Costa, padre José Gomes Lima, padre José da Anunciação Sousa, padre José Joaquim da Rocha, padre João Vasco Cabral das Algonez.

 

Sobrados na Rua do Comércio, em Maceió, 138 e 140. O de número 140 foi a Loja do Globo e depois Livraria Santos e a Relojoaria de Félix Lima. No pavimento superior morou Francisco de Moraes Sarmento

Fogueiras de bíblias

O maçom Wolney Leite escreveu “Breve notícia de um ato de fé”, também registrando esse acontecimento, que considerava como uma ação de fanáticos, identificando que contavam “com o beneplácito dos organismos policiais de outrora, que serviram como ponto de referência”.

Relatou também outros episódios com as mesmas características, no baixo São Francisco, especificamente nos municípios de Piaçabuçu, Penedo, Pão de Açúcar, Traipu. “Os missionários cumpriram uma saga vitoriosa, arrostando ingentes perigos e riscos de vida, mansamente continuando sua propaganda, fazendo novos prosélitos, não pelo terror que as penas infernais despertavam nas almas ignorantes, mas pela palavra calma, tranquila, serena, refletida pela piedade e sobretudo pelo exemplo de uma vida regrada e honesta”.

Entre os citados, o acontecimento de fanatismo religioso ocorrido em Penedo foi um dos mais noticiados. No dia 31 de janeiro de 1904, às 7h, logo após a missa e antes da Procissão do Triunfo, foram queimadas em praça pública, junto a um cruzeiro erguido para esse fim, aproximadamente 200 bíblias protestantes.

Wolney Leite classificou esse ato como de restauração dos autos de fé inquisitoriais. “O atraso espiritual volveu ao tempo das fogueiras que ardiam na praça pública, queimando corpos e pretendendo destruir o direito de cidadania”.

Toda essa mobilização contra “os agentes de Salomão” foi orquestrada por dois capuchinhos designados pelo Bispo Diocesano para atuarem em Penedo e que ali desembarcaram em 18 de janeiro. Frei Angélico e Frei Gaudioso, do Convento da Penha, em Recife, eram ligados ao célebre capuchinho italiano Frei Celestino de Pedavoli, fundador da Liga Anti Protestante em 1902 e responsável pela Igreja Basílica da Penha. Por sua iniciativa, em 22 de fevereiro de 1903, durante o carnaval, houve uma queima de bíblias, ditas como falsificadas, no largo à frente da Igreja da Penha, no bairro de São José, em Recife.

Basílica da Penha em Recife (1880). O Convento era anexo

Em Penedo, os freis conseguiram que as “bíblias falsificadas”, distribuídas pelos pregadores protestantes, fossem recolhidas e queimadas enquanto os fiéis gritavam: “Morra Salomão!… Morra a nova seita!”. Salomão era o reverendo polonês Salomon Louis Ginzburg, pastor com larga atuação em Pernambuco e vinculado à Sociedade Bíblica Americana. Foi ele quem fundou a Primeira Igreja Batista do Recife em 1886. Em Alagoas, foi o responsável pela instalação de igrejas em Penedo (1902), Pilar (1903) e Atalaia (1907).

Salomão publicou em sua Coluna Evangélica, no Jornal do Recife de 28 de fevereiro de 1904, que soube da visita dos frades capuchinhos a Penedo — se referia a eles como “enviados do príncipe das trevas” e citava Lucas, 10:18; João 14:30 e Apoc. 2:10 — por telegramas e cartas.

Informava ainda que após a queima de exemplares da “Bíblia Sagrada, livros, jornais e folhetos evangélicos”, houve “ataques, perseguições atrozes, cruéis, bárbaras e estúpidas contra o pequeno número de crentes do Senhor Jesus, como também contra cidadãos que se julgam com o direito de pensarem diferentemente da generalidade dos jesuítas e hipócritas”.

Dizia também que tomou um vapor e foi a Penedo “para apreciar o nefando procedimento do carolismo testemunhando-o com os meus olhos e gravando agora com estas linhas na história do Brasil o que são as missões da seita maldita e diabólica (Matheus, 23:13 a 34) que tem a sua sede na cidade (Roma) das sete cabeças e que se ostenta como cristã, iludindo e enganando a tantos infelizes e desgraçados (Apocalipse, cap, 17)”.

O pastor Salomão afirmava que os capuchinhos “começaram a vociferar contra os protestantes, contra os maçons e contra o casamento civil denominando-o mancebia civil”. Incitavam o povo, “na sua maioria sem instrução e ignorantes (alicerce e pedestal do romanismo), contra os crentes do Senhor e contra os maçons”.

Pastor Salomon Louis Ginzburg

A selvageria não ficou somente na queima de impressos protestantes. Na quarta-feira, 3 de fevereiro, os fanáticos atacaram as casas de cultos com as pedras que tinham sido coletadas para a fixação do cruzeiro. Segundo relato do reverendo Salomão, danificaram vidros, janelas, portas e telhados desses prédios.

No dia seguinte, como não era impedido pela Força Policial, o mesmo grupo tentou agredir Manoel Paulo Gorjal, descrito por Salomão como um “homem reconhecidamente pacífico e benfeitor, cujo crime único é ser crente em Nosso Senhor Jesus Cristo, e não acreditar nas asneiras e malícias dos padres e frades especuladores e indignos de um povo moralizado”.

Os manifestantes chegaram à casa de Manoel Paulo já à noite, bateram na porta pedindo água e quando ela foi aberta, invadiram a sua casa e destruíram tudo. O crente conseguiu escapar pelos fundos e atravessou o Rio São Francisco numa canoa para fugir do ataque.

No dia 5 de fevereiro, os atos de fanatismo continuaram. Agora divididos em três grupos, os agressores atacaram as casas de João da Hora, de Cypriano Sampaio (escapou pelo telhado) e de uma professora.

Seguiram-se outros atos de vandalismo e prepararam para o dia 6 de fevereiro o ataque à Loja Maçônica de Penedo, mas desistiram quando souberam que “encontrariam resistência na altura do ultrage, ao que não quiseram arriscar”, revelou Salomão, denunciando ainda que os vândalos souberam onde ele estava hospedado e por duas vezes atacaram o lugar. Escapou por ter recebido a proteção da polícia, que resolveu conter a onda de violência, impedindo também que as oficinas tipográficas, onde se imprimia o jornal Luz, fosse empastelada. Pertencia a Carvalho Filho.

O jornal O Puritano (RJ), de 3 de março de 1904, também repercutiu as ações violentas ocorridas em Penedo contra os “cristãos evangélicos”. Sob o título “Perseguição Romanista”, na primeira página, denunciou que os “católicos romanos” destruíram “o Templo Evangélico, que incendiaram; perseguiram aos crentes, e, dirigindo-se à casa do Ministro Evangélico, emporcalharam as paredes, assim deixando o atestado material e imundo daqueles caracteres educados na Igreja Romana”. Tudo isso com o beneplácito das “autoridades locais que, segundo referem os artigos da imprensa do estado, foram coniventes com os devotos incendiários e com os beatos emporcalhadores”.

“Não querem os capuchinhos que os homens livres de Penedo tenham outra crença senão a deles e, por isso, usando um direito, como o jornal oficial ontem apregoou, excitam a população contra os protestantes, açulam o ódio da plebe contra os maçons, cuja maioria é profundamente católica, atiçam o furor popular contra os que se reservam a liberdade de pensar livremente, a despeito das garantias constitucionais que cercam todos os indivíduos”, também denunciou o Jornal de Debates, de Maceió.

Penedo no início do século XX

Justificativa para as fogueiras

A radicalização dos conflitos entre católicos e evangélicos, no final do século 19 e início do 20, se dava como reflexo do Regime Republicano, adotado a partir de 15 de novembro de 1889. O novo sistema político extinguiu o Padroado Régio, apartando, pelo menos juridicamente, a Igreja Católica do Estado (Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890). A ideia da liberdade religiosa permitiu o crescimento do protestantismo e de outras correntes cristãs no Brasil.

No embate entre os cristãos, Frei Celestino procurava justificar os atos de violência praticados pelos fanáticos católicos, como publicou ao aprovar as várias queimas de “bíblias protestantes”, entre elas a ocorrida no mês de outubro de 1906 em Caruaru, Pernambuco, diante um cruzeiro, mesmo local onde o evangélico José Antônio dos Santos havia sido assassinado a punhaladas por um militante da causa católica.

O jornal alagoano A Fé Christã, de 17 de novembro, republicou as explicações oferecidas pelo Frei Celestino no jornal A Província, do Partido Liberal de Pernambuco: “Mais uma vez cumpre-me declarar ao respeitável público que a incineração das bíblias protestantes foi feita espontaneamente pelo povo católico, sisudo, cordato e zeloso pela pureza e integridade de sua única verdadeira fé”.

Continuou: “Essa destruição de bíblias falsas, truncadas, mutiladas e de outros maus livros e jornais que, atacando a fé e a moral, são verdadeiros fatores da desordem pública, foi eminentemente evangélica, porque altamente recomendada no Evangelho. Jesus Cristo tem muitas vezes aconselhado e afirmado que o que é inútil e maléfico se lança ao fogo (vid. Math. III, 10; VII, 19; Luc. III, 9). Mais: nos Atos dos Apóstolos, XIX, 19, temos descrita a cena edificante de uma queima de livros mui custosos no preço, não menos, porém, prejudiciais nos efeitos”.

O religioso pergunta: “Ora, não será imperioso dever de todo o cristão, muito mais do missionário apostólico, destruir a literatura dos maus livros, como os da nova seita, que atacam a fé e a moral católica, com prejuízo da ordem social, em um país quase todo católico? Será isso intolerância?”.

Mais adiante, Frei Celestino rebate o argumento que a bíblia protestante, de Lutero e Calvino, seria igual à católica. Explica que no livro da “nova seita” faltam “sete livros hagiógrafos, divinamente inspirados; faltam as anotações explicativas absolutamente indispensáveis para a exata inteligência do sacro texto; falta, enfim, a interpretação legítima, feita por uma autoridade viva, por um magistério autêntico, oficial, infalível”.

Frei Celestino confessa ainda que o incêndio com os impressos protestantes era maior: “Saiba o respeitável público que em São Paulo, capital de um dos mais florescentes Estados desta jovem República, os bravos legionários de São Pedro (a Legião de São Pedro era uma associação de católicos paulistas), nos dois anos próximos passados, perante enorme multidão de povo, ao estalar de baterias e foguetes, queimaram mais de 10.000 volumes heréticos protestantes, entre os quais figuravam 275 bíblias; 171 livros do Novo Testamento; 168 dos evangelhos catecismos, romances, revistas, jornais, folhetos e opúsculos, ao todo 10.330! Não houve entre os nova seitas de lá quem reclamasse contra esse ato, repetido segunda e terceira vez (Vid. Mixordia protestante, n. 17, A. Campos, e Correio Paulistano, n. 14. 688)”.

Nesse período, também foram registradas fogueiras de bíblias em São Brás, em Alagoas; em Santa Cecília, São Paulo; e em Recife, em 1907.

Antes, em 1901, Caruaru já tinha sido palco de outra ação violenta de fanáticos católicos. O Diário de Pernambuco de 25 de setembro daquele ano publicou o comunicado que o delegado de Caruaru fez à Repartição Central da Polícia de Pernambuco.

A nota informa que às 10h da noite de 16 de setembro de 1901, num lugar de nome Cedro, “um grupo de indivíduos caracterizados e competentemente armados, dirigiu-se à casa de José de tal, conhecido como José de Guilhermina, na ocasião em que este em companhia de outras pessoas liam livros da seita evangélica, inutilizou o candieiro, quebrou louça e deu vários tiros, tendo apenas sido ferido o evangelista José Marins”.

“O aludido grupo dirigiu-se em seguida à casa de Maria Francisca do Nascimento, residente na mesma localidade e obrigou-a a entregar-lhe uma bíblia evangélica que se achava em seu poder”. A correspondência diz ainda que o delegado “procede as diligências legais no intuito de descobrir os autores de semelhante fato”.

A Liga Anti Protestantes encerrou suas atividades em 1908. Frei Celestino, o religioso que mais incentivou essa prática, faleceu no Convento da Penha em 1910.

Outro grande “quebra” ocorreu em Alagoas, em 1912, como parte da mobilização política contra o governador Euclides Malta. As ações desse episódio foram dirigidas contra os candomblés de Maceió, base eleitoral do grupo maltino, que foi despejado do poder. (Veja mais AQUI)

5 Comments on Os “quebras” das casas de cultos evangélicos de Maceió (1874) e Penedo (1904)

  1. Claudio de Mendonça Ribeiro // 21 de março de 2023 em 07:57 //

    Um feliz dia para todos nós, prezado Ticianeli, abençoado por Jesus.

  2. Acompanho Ticianeli há bastante tempo. Em seu site História de Alagoas, resgata a memória de nosso Estado e seus ilustres personagens. Nossa cultura merece mais apoio, nosso povo merece conhecer nossa história. Apoiem esta iniciativa, vale a pena conhecer a História de Alagoas.

  3. Sérgio Rocha // 21 de março de 2023 em 14:32 //

    Relatos entristecedores da fé humana. Onde sabe-se que há um Deus para todos. Tenha sua fé, respeite a do outro e serás respeitado. Que esse fato nunca mais se repita.

  4. André José Soares Silva // 27 de março de 2023 em 04:41 //

    Importante artigo Ticianele. A nossa história sendo revisitada.

  5. Cassie Smith // 17 de novembro de 2024 em 01:38 //

    I am an descendent of John Rockwell Smith and am researching his life and work.

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