Passo de Camaragibe, a entrada para o rio dos camarás
Habitada inicialmente por índios potiguares e depois pelos colonizadores liderados por Cristóvão Lins — um fidalgo de origem alemã que chegou à região em fins do século XVI, expulsou os índios e construiu sete engenhos de açúcar —, Passo de Camaragibe traz até no nome a junção destas duas origens.
O termo “passo”, para Dirceu Lindoso, pode ser explicado pelo dicionário português de Moraes e Silva, de 1844. Quer dizer, literalmente, “estrada aberta que dá passagem”, ou ainda, “espaço por onde alguém há de sair, entrar, passar, porto em terra, ou no mar”.
O porto de estuário e a passagem de terra que dava entrada às mercadorias e às levas de escravos para os engenhos de açúcar, povoados e vilas interiores do fértil vale do Rio Camaragibe, justificaram a identificação dessa área como “passo“.
A palavra Camaragibe, por sua vez, tem origem diversa. Pode ser do tupi “camara-juba“, que é uma árvore amarela ou “camará g-y-pe”, rio dos camarás, numa referência aos tupinambás.
O primeiro povoamento se formou à margem do rio Camaragibe e em torno de uma igreja, por isso, sua primeira denominação foi Matriz de Camaragibe. Um outro povoado, porém, logo começou a surgir no ponto em que o rio tinha menor profundidade.
No período da dominação holandesa da capitania de Pernambuco, entre 1624 e 1654, Passo de Camaragibe foi palco de algumas contendas entre forças flamengas e lusas.
A primeira ação holandesa em Camaragibe se deu em outubro de 1632, quando tropas comandadas por Lichtardt e guiadas por Calabar desembarcaram na Barra Grande (Maragogi), passaram por Porto de Pedras e depois se apoderaram do gado de Camaragibe, tocando fogo em tudo que não podiam levar. Em seguida foram para o Porto do Francês (Marechal Deodoro).
Por sua proximidade com Porto Calvo, Passo de Camaragibe esteve envolvida nos combates entre as forças de Dom Luiz Rojas e Borja e as de Arkchoff, em 1636, que deixaram um rastro de atrocidades, com a matança de mulheres e crianças, além de saques e incêndios.
Da mesma forma, em junho de 1645, quando João Fernandes Vieira estabeleceu-se na região para preparar a ofensiva contra os holandeses, que somente aconteceu em setembro do mesmo ano quando Cristóvão Lins reuniu forças para impor a rendição ao forte do Camaragibe, ocupado pelos holandeses.
Após a invasão holandesa e a morte de Calabar, Passo de Camaragibe tornou-se um ponto ideal para controlar as comunicações entre o norte e o sul da capitania. Esta posição estratégica ajudou a desenvolver a região, promovendo o povoado a sede da freguesia.
Não há data precisa sobre a instalação da freguesia, criada sob a invocação de Bom Jesus e transferida para Nossa Senhora da Conceição, padroeira do município.
É provável que tenha sido em 1749. A freguesia foi elevada à vila pela Lei 197, de 1852; e à cidade, em 1880, pela Lei nº 842.
Formação Administrativa
Distrito criado com denominação de Passo de Camaragibe, pela lei provincial nº 417, de 9 de junho de 1864.
Elevado à categoria de vila com a denominação de Passo de Camaragibe, pela Lei Provincial nº 197, de 28 de junho de 1852, desmembrada de Porto de Pedras.
Sede na povoação de Passo de Camaragibe. Instalada em, 4 de setembro de 1852.
Elevado à condição de cidade com a denominação de Passo pela Lei Provincial nº 842, de 14 de junho de 1880.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município se denominava Passo de Camaragibe e aparece constituído de três distritos: Passo de Camaragibe, Matriz de Camaragibe e Urucu.
Pelo Decreto nº 587, de 14 de setembro de 1912, o município passou a denominar-se simplesmente Camaragibe.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município de Camaragibe é constituído de três distritos: Camaragibe, Matriz de Camaragibe e Urucu.
Assim permanecendo nas divisões territoriais datadas de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937.
Pelo Decreto-lei Estadual nº 2361, de 31 de março de 1938, o município de Camaragibe voltou a denominar-se Passo de Camaragibe.
Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1950, o município era constituído de três distritos: Passo de Camaragibe, Matriz de Camaragibe e Urucu.
Assim permanecendo em divisão territorial data de 1º de julho de 1955.
Foi a Lei Estadual nº 2093 de 24 de abril de 1958, que desmembrou do município de Passo de Camaragibe o distrito de Matriz de Camaragibe, que foi elevado levado à categoria de município.
Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960, o município era constituído de dois distritos: Passo de Camaragibe e Urucu.
Pela Lei Estadual nº 2468, de 25 de agosto de 1962, foi desmembrado do município de Passo de Camaragibe o distrito de Urucu e elevado à categoria de município com a denominação de Joaquim Gomes.
Em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1963, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Fontes: IBGE, Enciclopédia Municípios de Alagoas e História da Civilização das Alagoas, de Jayme de Altavila.
mais fotos da cidade
como era o rio camaragibe
Matéria muito linda de se ler.Conheço uma pessoa q mora aí em Passos.Adoro ela,sou de São Paulo e não conheço Passo de Camaragibe. Gostaria muito de ir conhecer. Essa minha amiga tem banca na feira ai em Passo.Muito linda a história da cidade.